QUEM SOMOS

CAVALEIROS - alusão aos Templários, às Cruzadas e à Távola Redonda. HERMON - o termo remete-nos ao Monte Hermon, em cujo topo se forma a neblina que se condensa em forma de garoa, o orvalho consagrado pelo Salmo 133. Essa precipitação "tolda parcialmente o sol escaldante do sul do Líbano, e umedece seu solo, transformando-o numa das regiões mais férteis e amenas do Oriente Médio."

Nós Cavaleiros do Hermon, na constante busca para tornar feliz a humanidade, sob a égide do Grande Arquiteto do Universo, que é Deus, nos reunimos às sextas-feiras a partir das 20h00 , na Avenida Pompéia, 1402 - Templo Ir.'. Willian Bucheb - São Paulo - SP.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

quinta-feira, 21 de abril de 2022

A TRADIÇÃO INVENTADA DO PEDREIRO TIRADENTES

 




Meus irmãos hoje no dia 21 de Abril a data histórica muito se comenta e se diz em torno de uma construção mitológica com cor local. Com inspiração nos escritos de Françoise Jean de Oliveira Souza; foi possível construir este ensaio subjetivo e sem pretensões...

 

A Inconfidência como objeto passível de ser novamente apropriado permitiu à historiografia refazer as linhas gerais do levante sempre que a conjuntura política brasileira teve necessidade de reavivar o sentimento nacional. Seu legado simbólico foi retomado de tempos em tempos, mais especificamente nos momentos de rupturas históricas no decorrer do século XX. Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek e até mesmo os militares de 1964, autointitulados “os novos inconfidentes”, apropriaram-se do fato histórico em favor de seus interesses políticos. Sob novas roupagens, o mito repetia-se incessantemente.

Contudo, não foram apenas os governos que utilizaram a influência do movimento e de seu herói. Muitas instituições também procuraram um “lugar ao sol” nessa festa de apropriações simbólicas. Foi o caso da maçonaria, que tomou Tiradentes como seu símbolo maior no Brasil ainda no século XIX. A partir de 1870, ocorreu um crescimento acelerado do número de lojas maçônicas no país e muitas delas foram batizadas de “Tiradentes”. Frequentemente, suas bibliotecas tinham o inconfidente por patrono e até mesmo os jornais maçônicos carregavam seu nome. Já no século XX, Tiradentes pareceu ganhar em definitivo um lugar de destaque no panteão maçônico, tornando-se patrono da Academia Maçônica de Letras.

Mas por que esse mineiro poderia representar a maçonaria? Que legitimidade haveria nisso? “Simples”, responderiam os historiadores ligados a essa organização: Tiradentes teria sido maçom, e a Inconfidência Mineira, uma conspiração maçônica em prol da libertação nacional!

Muitos maçons, historiadores ou não, aventuraram-se a escrever sobre o episódio para desvendar sua “verdadeira” história e demonstrar o papel crucial da maçonaria na definição dos acontecimentos de 1789. Em geral, essas narrativas começam demonstrando que a Inconfidência não foi um episódio regional. Tal movimento teria feito parte de um projeto internacional elaborado para tornar livres todos os povos oprimidos. A Inconfidência, a Revolução Francesa e a Independência dos Estados Unidos seriam expressões de um mesmo fenômeno: o do anseio revolucionário por independência, democracia e liberdade que sacudiu a Europa e a América por meio das atividades maçônicas.

Tiradentes somava as novas ideias absorvidas. Passou a frequentar a biblioteca do cônego Luís Vieira da Silva, e, ali conheceu as teses dos franceses Rousseau, Montesquieu e outros iluministas, que secundavam o pensamento do inglês John Locke. Ao retornar a Vila Rica, aproveita a ocasião para fazer propaganda sobre os planos que havia idealizado. Procurou os companheiros que compartilhavam de seu pensamento e daí em diante foi se formando, assim, a ideia da Conspiração Mineira.

Desse modo, o sentimento nativista não seria suficiente para explicar os anseios dos inconfidentes pela República. Acreditar apenas nisso, segundo os escritores da maçonaria, seria “ingenuidade e romantismo”. Os conspiradores mineiros agiriam inspirados não só pela ideia de nação brasileira, mas, principalmente, pelos sentimentos de sua organização. “Mirando-se no exemplo vitorioso da revolução americana guiada por George Washington, Thomas Jefferson, etc., (…) os líderes inconfidentes questionaram o que a metrópole impunha como sendo inquestionável”, escreve o maçom Raymundo Vargas. Eles não teriam planejado uma revolta se não tivessem certeza de que os “irmãos” americanos prestariam auxílio ao restante do continente. O projeto também incluía a Europa, e a França foi o palco escolhido para os contatos que uniriam o Brasil “a essa corrente universal de liberdade”.

A narrativa maçônica apresenta-se confusa para aqueles que sabem que a instituição foi fundada no Brasil em 1801. Mas aqui também podemos usar a cronologia para esclarecer os fatos: a primeira loja maçônica documentada no Brasil, chamada de Cavaleiros da Luz, foi fundada entre 1795 e 1797, em Salvador. A Inconfidência ocorreu anos antes, em 1789. A Inconfidência poderia caracterizar-se como um movimento maçônico se ainda não havia lojas no Brasil? De acordo com seus escritores, haveria, sim, centenas de maçons organizados em lojas, mas estas funcionavam clandestinamente, já que a ordem se encontrava proibida pela legislação portuguesa.

O relato que inaugurou a crença em uma Inconfidência de caráter maçônico partiu de Joaquim Felício dos Santos, que, curiosamente, não era maçom. Em sua obra Memórias do distrito diamantino da comarca do Serro Frio (1924), ele escreve que a “Inconfidência de Minas tinha sido dirigida pela maçonaria, Tiradentes e quase todos os conjurados eram pedreiros-livres”. Com base nessa passagem, estudiosos, maçons ou não, começaram a associar automaticamente a Inconfidência à maçonaria. Surgiu a crença de que Tiradentes, que ia muito à Bahia para refazer o sortimento de mercadorias de seu negócio, acabou, numa de suas viagens, tornando-se maçom. Ele seria o responsável pela criação de uma loja maçônica, local onde os conjurados teriam sido iniciados na organização, “introduzida por Tiradentes quando por aqui passava vindo da Bahia para Vila Rica”, escreve Tenório D’Albuquerque.

Prova maior da importância do triângulo como símbolo maçônico teria se dado no momento da execução de Tiradentes, quando o maçom e capitão Luiz Benedito de Castro não distribuiu as tropas em círculo como de costume, e sim formou um triângulo humano em torno do patíbulo. A multidão “não poderia compreender o significado simbólico daquele triângulo, mas Tiradentes, no centro dele, compreendia aquela última e singela homenagem”, descreve Raymundo Vargas.

Finalmente, as narrativas maçônicas encontram explicação também para um instigante mistério: o sumiço da cabeça de Tiradentes. A urna funerária contendo a cabeça do herói da Inconfidência teria sido retirada secretamente às altas horas da noite pelos irmãos maçons remanescentes do movimento. O roubo da cabeça seria, segundo Raymundo Vargas, uma das primeiras afrontas da maçonaria às autoridades repressoras portuguesas, mostrando-lhes que “a luta só começava”. Segundo autores maçons, não teria sido por acaso que, no mesmo local onde a cabeça de Tiradentes fora exposta, o então presidente da província mineira e grão-mestre da maçonaria brasileira em 1874 Joaquim Saldanha Marinho, em 3 de abril de 1867 ergueu uma coluna de pedra em memória do mártir maçom.

Vários outros aspectos da Inconfidência foram trabalhados pelos autores ligados à organização, tais como a personalidade maçônica do Visconde de Barbacena ou as “irrefutáveis” provas da viagem de Tiradentes à Europa para fazer contato com seus irmãos da ordem. Percebe-se que a maçonaria, por meio de seus intelectuais, construiu uma série de argumentos para não deixar dúvida quanto ao papel de destaque dessa instituição no desenrolar de todos os fatos da Conjuração. Recentemente, surgiram alguns trabalhos elaborados por historiadores maçons mais criteriosos que refutam muitas das teses aqui apresentadas. Contudo, estes ainda não foram suficientes para derrubar do imaginário maçônico a figura do herói mineiro.

De fato, existem vestígios de que maçons passaram pelas Minas setecentistas. Analisando os processos inquisitoriais luso-brasileiros de fins do século XVIII e início do XIX, encontram-se denúncias contra mineiros de Vila Rica e do Tijuco, acusados de libertinos, heréticos e maçons. Sabe-se também que muitos estudantes brasileiros em Coimbra e Montpellier iniciaram-se na maçonaria europeia e trouxeram seus valores e ideias para o Brasil. Alguns deles, como José Álvares Maciel e Domingos Vidal, ajudaram nos planos dos inconfidentes.

Para além da discussão da veracidade ou não desses relatos acerca da Inconfidência, é interessante perceber de que maneira a elaboração de tal narrativa histórica favorece a instituição dos pedreiros livres. Em diversos momentos, a presença da maçonaria em território brasileiro foi questionada. Com a Proclamação da República, por exemplo, a Igreja Católica perdeu o título de religião oficial do Estado e, para tentar reaver sua influência política, reforçou o combate à organização. O catolicismo oficial passou a apresentar a maçonaria como uma sociedade “estranha” à cultura brasileira, vinda de fora, representante do imperialismo e, logo, uma ameaça à soberania nacional. Mais tarde, com esses argumentos, Getúlio Vargas a colocaria na ilegalidade.

Diante de situações como essas, tornou-se fundamental para a maçonaria apresentar-se à sociedade brasileira como uma instituição que, ao contrário do que dizem seus opositores, mostra se presente há tempos em nosso território e em nossa cultura. Assim, a narrativa da Inconfidência como um movimento maçônico pode ser denominada de “’tradição inventada”, expressão cunhada por Eric Hobsbawm que indica a criação de um passado com o qual se busca estabelecer uma continuidade. Construir por meio de uma historiografia uma tradição na qual os maçons teriam feito parte do momento fundador da nação brasileira é, sem dúvida, uma maneira de assegurar sua presença no Brasil. Ao associar a imagem de Tiradentes à sua, essa ordem passa a ser lembrada como a defensora dos nobres valores carregados pelo herói nacional. Mais do que uma forma de defesa, a apropriação maçônica da simbologia da Inconfidência lhe dá legitimidade perante a sociedade. Por ora, a estratégia teve êxito na medida em que a insurreição de 1789 e a atuação maçônica encontram-se, ainda hoje, intimamente associadas no imaginário popular.

 

Considerações finais

O enigmático mártir em leitura pragmática jamais foi maçom pois não havia maçonaria ainda no Brasil e sim maçons e não há registros que tenha viajado além mar para ser iniciado, sob outro viés em uma leitura passional nosso alferes tem muitos predicados que o credenciam como maçom ou profano de avental.

 

Autor:  Ir⸫ Ivan Froldi Marzollo – Advogado – Pós-graduado em Maçonologia: História e Filosofia (UNINTER)

 

BIBLIOGRAFIA

Castellani, José  – Os Maçons que Fizeram a História do Brasil

Faraco, Sérgio – Tiradentes: Alguma Verdade

Fernandes, Paulo de Tarso – Raízes de Liberdade (Palestra)

Ferreira, Manoel Rodrigues e Tito Lívio – A Maçonaria na Independência Brasileira

Figueiredo, E.  – A Ideia de Igualdade

  

Texto fornecido pelo Ir⸫ Sérgio Eduardo Correia - M⸫I⸫  CH335




quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

"DEVEMOS CULTIVAR NOSSO JARDIM"

 


"DEVEMOS CULTIVAR NOSSO JARDIM"

Gostaria simplesmente de ter a capacidade de marketing das agências de publicidade de certos partidos políticos!

Em que pese discussões políticas partidárias serem proibidas dentro de uma Loja, estas não são quando das relações interpessoais envolvendo os Maçons.

Quando entrei na Ordem tinha para mim o ideal, o mesmo ideal que possuía quando fui nas têmperas do Regimento de Cavalaria Forjado, fui recebido maçom com a certeza de que poderia e deveria mudar a sociedade, ainda que fosse a pequena fração da sociedade a qual pertencia e pertenço. Mesmo sentimento que seis anos antes do ingresso na Cavaleiros do Hermon fui acometido quando resolvi servir e proteger o Povo Paulista e Brasileiro.

Encontrei irmão nos quatro cantos das Terras de Pindorama[1], combati o bom combate nos mais longínquos rincões, guardando sempre a minha fé e meus ideais de bem servir. Porém, hoje, tento saber o que acontece com os mais jovens, mas não os mais jovens de idade profana, falo daqueles que ingressaram nos últimos 5 anos nos quadros da Ordem.

Onde está o interesse em servir?

Onde está a pré-disposição?

Onde está o compromisso e o comprometimento?

Onde está o cumprir o juramento?

Onde está a Proatividade?

Onde está o ser Maçom?

Talvez estas perguntas consigam responder o estudo realizado a dois ou três anos relativos a evasão maçônica; as lojas estão se esvaziando pelo choque de identidade e principalmente o choque de gerações. Ao que parece o daninho espírito inovador vem vencendo a batalha.

Porque você meu irmão ingressou na maçonaria? Se responder esta pergunta, me diga porque então não faz acontecer o motivo pelo qual lhe fez procurar a instituição?

Você se deixa levar o abater por situações que presencia, ouve ou vê? Se sua resposta for sim, então não está preparado para ser maçom, pois ser maçom é não se abater com aquilo que te aborrece, afinal, caso se deixe vencer ou ferir, fatalmente desistirá, estando a vitória em mãos erradas; no entanto caso se resigne  da derrota e tenha assim um senso mínimo de resiliência, saberá que toda associação composta por pessoas possui suas falhas, cabendo aos bons simplesmente trabalhar, fazendo do seu mundo o melhor dos mundos possíveis, ainda que em um primeiro momento utilizemos da visão utópica de Cândido a ele imposta pelos ensinamentos de Pangloss[2], seu mestre.

E assim deve ser na maçonaria, na Loja, ou seja, independente das possíveis frustrações, se você realmente quer ser maçom, tem que ser resiliente, porém se quiser estar acima da média, ser um diferencial entre os comuns, ser de fato maçom e não apenas estar maçom, aí começamos a ver o quão é difícil atingirmos a meta, porém não impossível, assim como tudo aquilo que alguém se propõe a fazer e ser o melhor.

Ao vermos uma bailarina dançando sublime, flutuando no palco como se tivesse o peso de uma pluma, com seu belo e atraente traje, falamos isso é comum, é fácil, é só uma dança; mas esquecemos quantas horas de dedicação isso levou, quantas hora de diversão foram sacrificadas, mas principalmente, esquecemos que a grande maioria dos bailarinos desistem antes de terem a oportunidade de uma grandiosa apresentação; parecer leve e bailar como uma pena ao vento exige que se esforce e supere a dor de como se estivesse andado descalço nas pontas dos pés sobre o asfalto quente; esquecemos ao ver a beleza da dança de pedir para  ver os pés descalços de uma bailarina.

Enfim, se maçom é exigir maturidade espiritual, é se dedicar para que se mantenha o espírito de grupo, ainda que comunguem disso apenas um punhado de irmãos; ser maçom e fazer a maçonaria com a alma é saber que teremos dores e frustrações; é portanto saber que por baixo de uma bela sapatilha existe um pé com dedos calejados e sofridos, porém que se esforçam para que o espetáculo, a beleza, a firmeza, o comprometimento e a busca por um ideal, sempre vençam.

 

Retornando a frase inicial “Gostaria simplesmente de ter a capacidade de marketing das agências de publicidade de certos partidos políticos!”. Coloco esta frase, pois algumas agências são de tamanha competência que conseguem em época de eleições, a cada dois anos, fazer com que muitos de nós votemos nos mesmos que nada fizeram e ainda fraudaram, tolheram, achincalharam, sucatearam e outras tantas atrocidades fizeram em detrimento de nosso povo.

Mas gostaria dessa capacidade, ou encontrar irmão que tivessem essa capacidade coercitiva e aglutinadora, para de fato poder dar novo folego a mais bela e importante associação que já existiu, existe e não sei se no futuro existirá.

A maçonaria dentro de seus fundamentos comunga de uma filosofia. Alveriano de Santana Dias, inicia seu artigo “A MAÇONARIA SIMBÓLICA E A FILOSOFIA”[3] com a seguinte reflexão inquisitória: O que se entende por Filosofia Maçônica? Como ela exercita seus Postulados, Normas, Constituições, Regulamentos e Regimentos Maçônicos? É esclarecido ou informado ao profano que ele vai fazer parte de uma Instituição Filosófica, ou simplesmente exigimos dele uma boa conduta “moral”? Será o suficiente para o que pretende a Instituição que tem a filosofia do “ser livre e de bons costumes” como seu postulado? Ao Aprendiz são apresentadas as diretrizes para que ele possa exercitar a arte do pensar, procurando, primeiro, conhecer a “si” mesmo e, depois, praticar a caridade, que é peculiar a todos aqueles que, mergulhados em seu “EU”, encontram respostas para os seus questionamentos e, posteriormente, exercitar esse aprendizado? O que dizer, então, do Companheiro e do Mestre Maçom?

A propaganda feita ao aprendiz, quando ainda profano, certamente lhe inferiu sentimentos que teria mudada sua vida ao pisar em um templo, porém, sabemos que pouco se explora da filosofia maçônica tão vasta, ocasionando assim a desconstrução do pensamento e aplicação do saber maçônico para efetiva aplicabilidade no dia a dia do maçom no mundo profano.

O homem maçom, não sabe como praticar a maçonaria, não tem a menor ideia de como exercitar o que aprendeu, por ter aprendido mal.

DIAS ainda conclui: “... vem ocorrendo uma inversão de valores, ocasionando uma constante evasão nos quadros de obreiros das Lojas. O principal motivo é que as reuniões estão limitadas às leituras dos rituais e ao bater dos malhetes. Desse modo, quando o obreiro chega a Mestre, tem uma visão equivocada de que não há mais nada a fazer ou aprender, muito menos a ensinar aos neófitos sobre o que pretende a Maçonaria, por desconhecimento da sua base filosófica ou por simples acomodação. É o retrocesso... O conhecimento, que se arrasta durante séculos, aos poucos, vai ficando no ostracismo”.

Por isso, indaguei a vontade de termos em nossos quadros pessoas capazes de introduzir o amor à sabedoria maçônica, ou seja, a filosofia e sua aplicação, na cabeça dos novos maçons, como fazem os publicitários com eleitores, pois a campanha feita é impressa no subconsciente do eleitor, fazendo com que o mesmo se apaixone pelas ideias de seus candidatos. Talvez seja isso que nos falte, a impressão do amor à ordem em nosso subconsciente.

Por fim, encerro mais uma vez com o enigma de Voltaire "devemos cultivar nosso jardim", criando dentro do que é possível o melhor dos mundos, ou a melhor das Lojas dentro daquilo que compete a cada um de nós.         

Fraternalmente.

Irmão Euclides CACHIOLI de Lima
Mestre Instalado 

Publicado na Revista A VERDADE, nº 540 - Setembro-Outubro/2020 - Ano LXVII 9Revista da Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo.


[1] Brasil, como era chamado pelos nativos até o descobrimento em 1500.

[2] François-Marie Arouet, mais conhecido pelo pseudônimo Voltaire - Cândido ou O Otimismo ou simplesmente Cândido - jovem, Cândido, vivendo num paraíso edênico e recebendo ensinamentos do otimismo de Leibniz através de seu mentor, Pangloss. A obra retrata a abrupta interrupção deste estilo de vida quando Cândido se desilude ao testemunhar e experimentar eminentes dificuldades no mundo. Voltaire conclui a obra-prima com Cândido — se não rejeitando o otimismo — ao menos substituindo o mantra leibniziano de Pangloss, "tudo vai pelo melhor no melhor dos mundos possíveis", por um preceito enigmático: "devemos cultivar nosso jardim."

[3] REVISTA O BUSCADOR REVISTA DE CIÊNCIA MAÇÔNICA  - LOJA MAÇÔNICA DE ESTUDOS E PESQUISAS RENASCENÇA - O Buscador - Campina Grande- PB Brasil Ano I N° 2 pag. 21 – 31 abr/jun - 2016

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

ALTAR PARTICULAR



ALTAR PARTICULAR

“Vocês não sabem que são santuário de Deus e que o Espírito de Deus habita em vocês?”
1 Coríntios 3:16

INTRODUÇÃO

Iniciaremos o presente estudo buscando a reflexão acerca de nossas condutas em relação a nós mesmos, buscando responder ao final, se é que será possível, o quão estamos realmente conectados com o Sagrado, desta forma, podendo avaliar quais mudanças ou aperfeiçoamentos são necessários para melhorarmos como pessoas. Como texto base da presente reflexão crítica sobre o “ser” será utilizado o texto “O ALTAR”, o qual encontra-se disponível no Breviário Maçônico de autoria do Ir⸫ Rizzardo da Camino.
Obviamente outras fontes de consulta serão utilizadas, tais como, artigos, livros e até mesmo reflexões decorrentes de conversas com pessoas dos mais variados círculos e níveis culturais, que serviram de experiência (relativo a formação do pensamento crítico do autor) para o amadurecimento da conclusão.
Desta feita, vamos aos estudos. Boa leitura.


BREVIÁRIO MAÇÔNICO
21 de janeiro
O ALTAR
O Altar é um móvel colocado em local elevado, sendo suporte de algo sagrado, permitindo a presença do ser humano aos seus pés.
Na maçonaria temos dois altares: o sagrado e o dos perfumes.
No Altar sagrado são colocados o Livro Sagrado, o Compasso e o Esquadro.
Essas joias são consideradas sagradas porque representam o trabalho orientado pela Lei Divina.
Impropriamente, diz-se que o Venerável Mestre e os Vigilantes ocupam altares respectivos; o que vem a ser ocupado são tronos.
O maçom tem consciência que possui dentro de si um templo que construiu com seu próprio esforço e auxílio de seus Irmãos.
Nesse Templo existe um Altar, a cujos pés o maçom prostra-se reverentemente.
Nos momentos de entrega mental, o maçom deve prostrar-se diante desse Altar, íntimo, todo seu, e elevar aos páramos celestiais o seu pensamento de gratidão, pela vida que lhe é o bem maior.
Trata-se de uma liturgia intimista, que é praticada a sós, em um contato com o Criador a quem se suplica o recebimento das benesses a que se faz jus.
Altar invisível para o mundo, mas palpável para aquele que crê.[1]

Diante a tal texto vem a questão, como atingir esse altar, o que nos leva a crer que realmente exista um altar espiritual, e porque chamarmos essa coisa invisível e impalpável de altar?
Filosoficamente podemos afirmar que a fé está ligada à cegueira do ser racional, Pitágoras, Heráclito e Xenofánes desacreditavam da religião, marcando a nítida ruptura entre razão e fé. A Filosofia pontua o embate entre a razão e a fé ao tentar explicar de maneira racional tais fenômenos, recusando desta forma a fé cega.
Com o surgimento do Renascimento[2], pensadores como Galileu, Bruno e Descartes, reinventaram o pensamento contra a fé cega das crenças religiosas, valorizando sempre a razão humana. Posteriormente o movimento Iluminista, envolvia um sentimento que dá forma ao discurso onde deve a humanidade, por seu pensamento, estar superior as crenças e superstições, pautando-se na razão. Para a religião, a Filosofia é a ciência da incredulidade; já a Filosofia vê a religião como preconceituosa e desatualizada.
Desta feita, a inquirição filosófica fez com que o Cristianismo se transformasse em Teologia, ciência na qual a temática é Deus, assim, os textos da história contida em escrituras ditas sagradas recebem um novo status o de teoria. A crença cristã queria fundamentar o seu domínio ideológico, debatendo sobre alguns temas.  Porém ainda há certas crenças que não poderiam ser compreendidas por meio da razão e, sem provas lógicas. Para tais enigmas impossíveis de descodificar, os chamados dogmas, a religião tentará fazer por meio do que se chama Fé.
Certa vez conversando com um Professor, ele me disse sobre a fé, que a mesma é:
- “Acreditar na realização de um sonho com fé é muito mais que simplesmente acreditar... e ter a certeza das coisas que ainda não aconteceram e imaginá-las como concretas e já alcançadas. Isso é ter fé”[3].
Em seguida o Professor questionando o que é FÉ inabalável, continua:
- “A Bíblia Sagrada responde em Hebreus Cap. 11. 1 ‘Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que se não veem’.”. Ele ainda afirma, que a “gratidão deve ser em todas as coisas... inclusive naquelas que ainda não aconteceram, pois com essa fé nós acreditamos em coisas que ainda não aconteceram. Tenha atitude e que essa seja com alegria, pois estamos certos da Vitória!”.
Dei-me então o direito a réplica, de forma a coadunar com sua explanação, e assim, despido de razão cega ou fé insana respondi:
- Sem a fé somos espíritos vagos, ou corpos sem almas, pois nos falta a esperança.
- Sem a esperança somos vulneráveis à vontade de forças externas, as quais talvez não estejam dispostas ao auxílio, ou a orientação; mas sim ao domínio e controle nefasto das almas timoratas, reclusas ao que acreditam ser um porto seguro, por isso não arriscam a navegarem em águas profundas.       
- A Fé nos guia, a Esperança nos encoraja, e claro, a Gratidão nos retribui, enchendo-nos de vitórias e assim nos dando a Coragem para navegar, para ampliar nossa zona de conforto, consequentemente voltando sempre no principal, que é a Fé, pois esta, sempre aumentará.
Desta maneira, naquele momento pude ver que realmente tanto a razão filosófica quanto a fé se completam, precisamos sim agirmos com a razão, porém, enquanto seres dotados de uma força superior inexplicável precisamos de um alimento e este se chama fé.
Mas como nos alimentarmos da fé, ou daquilo que dela se deriva? A resposta para esta questão está justamente ligada ao tema, pois o suprimento da alma é servido no Altar.
Abordaremos a seguir a história de um personagem fantástico, o qual nos fará compreender melhor nosso estudo. 
Ao ler os últimos capítulos do livro bíblico de Ezequiel, será quase impossível não nos admirarmos com a forma pela qual o profeta nos descreve do templo dedicado ao Deus de Israel. Facilmente a imaginação nos revela a grandiosidade daquela obra e sua beleza incomum, um templo majestoso, estonteante, ludibriante.
Grandiosidade e beleza descomunal que talvez fosse inexplicável dentro da visão racionalista, porém falamos de Fé, e em especial da fé contida no coração de um escolhido de Deus, logo, cumpre evidenciarmos em breve relato a vida de Ezequiel. Sabemos, pois, que nem todos comungam de uma religião monoteísta com raiz abraâmica, ou mesmo nem todos são religiosos, portanto, natural que leitores não tenham tido contato com as escrituras, as quais tragam em seus bojos relatos sobre este profeta.

“A FORÇA DE DEUS FORTALECE” – OU SIMPLESMENTE EZEQUIEL
Ezequiel, era um sacerdote que foi chamado para profetizar durante o Exílio do povo judeu na Babilônia, tendo exercido sua atividade entre os anos 593 a 571 AC. Atribui-se a ele a criação da escola de profetas, onde ensinava a Lei à beira do Rio Quebar na cidade de Babilônia.
Em suas visões acerca da glória do Criador do Universo e os sinais que aconteceram em sua própria vida, procura demonstrar que as ações de Deus são fortes e marcantes. Ezequiel perdeu a sua esposa como sinal da queda de Jerusalém[4].
A sociedade, contemporânea a Ezequiel, acreditava ser um breve período de turbulências, tudo voltaria a ser como antes, sendo os chamados desígnios Divinos mero sistema que lhe dava segurança, eram regras que poderiam serem descumpridas, pois as leis divinas não estão materializadas entre os homens. O profeta por sua vez, sabia que a sociedade por sua corrupção moral e ética agonizava de maneira irrecuperável, pois Jerusalém seria destruída.

Destruirei o meu belo e admirável santuário, a força da vossa nação. Os vossos filhos e filhas na Judeia serão mortos à espada.[5]

Afirma Ezequiel que a sociedade sofria de uma moléstia crônica, quiçá incurável, afinal abandonaram o projeto de Deus em troca de uma vida luxuosa e fascinante, a ambição desregrada passava a ser um hábito. Então, Ezequiel vê o próprio Deus deixando o Templo e largando os rebeldes ao bel-prazer dos amantes.
Com uma linguagem simbólica, indicava os passos para a construção de uma nova sociedade. Assim deveriam assumir a responsabilidade pelo fracasso de um sistema corrompido; uma reforma não gera nenhuma sociedade nova, apenas reanima o velho sistema, com o tempo voltando os mesmos vícios; o povo Judeu deveria ser realmente temerário ao Criador, assumindo o seu projeto; e, a partir daí, construir uma sociedade justa e fraterna, voltada para a liberdade e a vida.
Verificamos, que a doutrina mostrada pelo profeta tem, por núcleo, a renovação interior; o templo deixado por Deus não era o templo físico. Ezequiel mostrou que a mudança deve ser por completo, não se deve reformar, mas sim quebrar e reconstruir: é preciso que cada um criar, para si, um coração novo e um espírito novo; ou ainda, o próprio Deus dará "outro" coração, um coração "novo", infundindo, no homem, um espírito "novo". Por fim, Ezequiel dá origem à corrente apocalíptica.

O TEMPLO
Quando falamos de um templo dedicado a uma divindade, entendo que este devesse ser erigido, com todo o cuidado necessário para render a divindade o culto merecido e não para agradar aos olhos do povo. Dar o que Deus merece, e não o que os homens almejam ou merecem.
Templos, por mais suntuosos que sejam, não detém a glória divina, tampouco retém a santidade. Um belo e confortável templo é sem dúvida agradável para se congregar, contudo não se traduz em ser o melhor local para adorar a Deus, uma vez que o melhor local para se adorar a divindade está dentro de cada um. O melhor templo para meu Deus está dentro de mim.
Logo, quando buscamos a nossa religião, a nossa religa+ação, ato de religar, ou como se diz atualmente reconectar, ao Ser superior, não precisamos necessariamente estarmos em um templo, pois o templo já está em nós, nós somos o mais perfeito templo da Divindade.
Na visão hermetista, ou hermética, "O que está em cima é como o que está embaixo. O que está dentro é como o que está fora.", verificamos que a máxima significa que o seu consciente (em cima) é como o seu subconsciente (em baixo) e o que está dentro (as emoções geradas em seu subconsciente) é como aquilo que está externo (resultado no mundo físico gerado pelo universo baseado em emoções e vibrações geradas pelo seu corpo). E ainda o macrocosmo é igual ao microcosmo, o Universo está dentro de cada um. Este portanto é o denominado princípio de correspondência, o qual nos diz que o verdadeiro no macrocosmo é também verdadeiro no microcosmo e vice-versa.
Nesta visão, considerando sermos um reflexo do universo, ser o homem a criação à imagem e a semelhança do Celestial, podemos então começar a entender que respeitar o outro é respeitar a divindade, pois o Deus que habita em mim é o mesmo Deus que habita em você.
Ao nos recolhermos e meditarmos, buscarmos a prática do bem e do amor ao próximo, exercermos a prática das orações, inicia-se a nova e principal construção dentro do templo interior, iniciamos a construção do nosso Altar Particular, onde de fato oferecemos nossas vidas aquele que nos deu o sopro da vida.

CONCLUSÃO
Deus é espírito, e é necessário que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade (João 4:24). Então, adorar em espírito e em verdade é algo íntimo onde somente a onipotência divina e o próprio adorador saberão se o culto rendido é verdadeiro.
Para se estar em comunhão com o Divino não se faz necessário externar a prática, pois esta é de foro íntimo, podemos facilmente vivermos sem o fanatismo que cega, afastando-nos da razão.
Praticando boas ações, dentro de uma conduta moral e ética, colocamo-nos como exemplos para a sociedade, sem, no entanto, impormos a nossa ideia de conduta social, afinal o exemplo arrasta.
Criamos assim o hábito da prática do bem, fazemos rodar a roda da virtude, construindo uma sociedade justa e fraterna, começando esta construção ao assentarmos com a argamassa do espírito o primeiro tijolo de nosso Altar Particular, aquele que está alocado dentro do Templo Humano, nossos corações.
Concluo portando com as últimas frases de nosso texto base:

Trata-se de uma liturgia intimista, que é praticada a sós, em um contato com o Criador a quem se suplica o recebimento das benesses a que se faz jus.
Altar invisível para o mundo, mas palpável para aquele que crê[6].


Ir EUCLIDES CACHIOLI DE LIMA
Mestre Maçom (M I∴)


[1] Breviário Maçônico / Rizzardo da Camino, - 6. Ed. – São Paulo. Madras, 2014, p. 40.

[2] Renascimento, Renascença ou Renascentismo, termos usados para identificar o período da história da Europa entre meados do século XIV e o fim do século XVI (1300 a 1600). Não há consenso sobre a cronologia, havendo variações de datas conforme cada historiador.
[3] Palavras do Mestre e Doutor Marcelino Fernandes - Coronel Corregedor PMESP Coach e Master em PNL by Society of NLP™ USA; Criador do Método M.A.I.S. e Diretor da Faculdade Legale, em conversa em rede social (instagram) com o autor Euclides Cachioli.

18 Ezequiel 24:15-27:11

A morte da mulher de Ezequiel

15 De novo veio a mim a palavra do Senhor16 “Homem mortal, vou tirar-te a tua mulher, que é o teu encanto. Morrerá de repente, mas não deverás mostrar pesar algum. Não chores; não deixes que te corram as lágrimas. 17 Poderás lamentar-te, mas só em silêncio. Não deixes que haja gemidos à beira da sepultura. Não andes de cabeça destapada nem descalço; não aceites ofertas de comida que os amigos te possam trazer em sinal de simpatia.”
18 Disse estas palavras de manhã ao povo e pela tarde a minha mulher morreu. Na manhã seguinte, fiz tudo como o Senhor me disse.
19 Ouvi o povo que perguntava: “Mas o que é que isto tudo significa? O que pretendes tu dizer-nos com isso?”
20 Respondi-lhes: “O Senhor mandou-me 21 comunicar ao povo de Israel o seguinte: ‘Destruirei o meu belo e admirável santuário, a força da vossa nação. Os vossos filhos e filhas na Judeia serão mortos à espada.


[5] Idem, 18.
[6] Breviário Maçônico / Rizzardo da Camino, - 6. Ed. – São Paulo. Madras, 2014, p. 40.

"DEVEMOS CULTIVAR NOSSO JARDIM"






Gostaria simplesmente de ter a capacidade de marketing das agências de publicidade de certos partidos políticos!
Em que pese discussões políticas partidárias serem proibidas dentro de uma Loja, estas não são quando das relações interpessoais envolvendo os Maçons.
Quando entrei na Ordem tinha para mim o ideal, o mesmo ideal que possuía quando fui nas têmperas do Regimento de Cavalaria Forjado, fui recebido maçom com a certeza de que poderia e deveria mudar a sociedade, ainda que fosse a pequena fração da sociedade a qual pertencia e pertenço. Mesmo sentimento que seis anos antes do ingresso na Cavaleiros do Hermon fui acometido quando resolvi servir e proteger o Povo Paulista e Brasileiro.
Encontrei irmão nos quatro cantos das Terras de Pindorama, combati o bom combate nos mais longínquos rincões, guardando sempre a minha fé e meus ideais de bem servir. Porém, hoje, tendo saber o que acontece com os mais jovens, mas não os mais jovens de idade profana, falo daqueles que ingressaram nos últimos 5 anos nos quadros da Ordem.
Onde está o interesse em servir?
Onde está a pré-disposição?
Onde está o compromisso e o comprometimento?
Onde está o cumprir o juramento?
Onde está a Proatividade?
Onde está o ser Maçom?
Talvez estas perguntas consigam responder o estudo realizado a dois ou três anos relativos a evasão maçônica; as lojas estão se esvaziando pelo choque de identidade e principalmente o choque de gerações. Ao que parece o daninho espírito inovador vem vencendo a batalha.
Porque você meu irmão ingressou na maçonaria? Se responder esta pergunta, me diga porque então não faz acontecer o motivo pelo qual lhe fez procurar a instituição?
Você se deixa levar o abater por situações que presencia, ouve ou vê? Se sua resposta for sim, então não está preparado para ser maçom, pois ser maçom é não se abater com aquilo que te aborrece, afinal, caso se deixe vencer ou ferir, fatalmente desistirá, estando a vitória em mãos erradas; no entanto caso se resigne  da derrota e tenha assim um senso mínimo de resiliência, saberá que toda associação composta por pessoas possui suas falhas, cabendo aos bons simplesmente trabalhar, fazendo do seu mundo o melhor dos mundos possíveis, ainda que em um primeiro momento utilizemos da visão utópica de Cândido a ele imposta pelos ensinamentos de Pangloss[1], seu mestre.
E assim deve ser na maçonaria, na Loja, ou seja, independente das possíveis frustrações, se você realmente quer ser maçom, tem que ser resiliente, porém se quiser estar acima da média, ser um diferencial entre os comuns, ser de fato maçom e não apenas estar maçom, ai começamos a ver o quão é difícil atingirmos a meta, porém não impossível, assim como tudo aquilo que alguém se propõe a fazer e ser o melhor.
Ao vermos uma bailarina dançando sublime, flutuando no palco como se tivesse o peso de uma pluma, com seu belo e atraente traje, falamos isso é comum, é fácil, é só uma dança; mas esquecemos quantas horas de dedicação isso levou, quantas hora de diversão foram sacrificadas, mas principalmente, esquecemos que a grande maioria dos bailarinos desistem antes de terem a oportunidade de uma grandiosa apresentação; parecer leve e bailar como uma pena ao vento exige que se esforce e supere a dor de como se estivesse andado descalço nas pontas dos pés sobre o asfalto quente; esquecemos ao ver a beleza da dança de pedir para  ver os pés descalços de uma bailarina.
Enfim, se maçom é exigir maturidade espiritual, é se dedicar para que se mantenha o espírito de grupo, ainda que comunguem disso apenas um punhado de irmãos; ser maçom e fazer a maçonaria com a alma é saber que teremos dores e frustrações; é portanto saber que por baixo de uma bela sapatilha existe um pé com dedos calejados e sofridos, porém que se esforçam para que o espetáculo, a beleza, a firmeza, o comprometimento e a busca por um ideal, sempre vençam.

Retornando a frase inicial “Gostaria simplesmente de ter a capacidade de marketing das agências de publicidade de certos partidos políticos!”. Coloco esta frase, pois algumas agências são de tamanha competência que conseguem em época de eleições, a cada dois anos, fazer com que muitos de nós votemos nos mesmos que nada fizeram e ainda fraudaram, tolheram, achincalharam, sucatearam e outras tantas atrocidades fizeram em detrimento de nosso povo.
Mas gostaria dessa capacidade, ou encontrar irmão que tivessem essa capacidade coercitiva e aglutinadora, para de fato poder dar novo folego a mais bela e importante associação que já existiu, existe e não sei se no futuro existirá.
A maçonaria dentro de seus fundamentos comunga de uma filosofia. Alveriano de Santana Dias, inicia seu artigo “A MAÇONARIA SIMBÓLICA E A FILOSOFIA”[2] com a seguinte reflexão inquisitória: O que se entende por Filosofia Maçônica? Como ela exercita seus Postulados, Normas, Constituições, Regulamentos e Regimentos Maçônicos? É esclarecido ou informado ao profano que ele vai fazer parte de uma Instituição Filosófica, ou simplesmente exigimos dele uma boa conduta “moral”? Será o suficiente para o que pretende a Instituição que tem a filosofia do “ser livre e de bons costumes” como seu postulado? Ao Aprendiz são apresentadas as diretrizes para que ele possa exercitar a arte do pensar, procurando, primeiro, conhecer a “si” mesmo e, depois, praticar a caridade, que é peculiar a todos aqueles que, mergulhados em seu “EU”, encontram respostas para os seus questionamentos e, posteriormente, exercitar esse aprendizado? O que dizer, então, do Companheiro e do Mestre Maçom?
A propaganda feita ao aprendiz, quando ainda profano, certamente lhe inferiu sentimentos que teria mudada sua vida ao pisar em um templo, porém, sabemos que pouco se explora da filosofia maçônica tão vasta, ocasionando assim a desconstrução do pensamento e aplicação do saber maçônico para efetiva aplicabilidade no dia a dia do maçom no mundo profano.
O homem maçom, não sabe como praticar a maçonaria, não tem a menor ideia de como exercitar o que aprendeu, por ter aprendido mal.
DIAS ainda conclui: “... vem ocorrendo uma inversão de valores, ocasionando uma constante evasão nos quadros de obreiros das Lojas. O principal motivo é que as reuniões estão limitadas às leituras dos rituais e ao bater dos malhetes. Desse modo, quando o obreiro chega a Mestre, tem uma visão equivocada de que não há mais nada a fazer ou aprender, muito menos a ensinar aos neófitos sobre o que pretende a Maçonaria, por desconhecimento da sua base filosófica ou por simples acomodação. É o retrocesso... O conhecimento, que se arrasta durante séculos, aos poucos, vai ficando no ostracismo”.
Por isso, indaguei a vontade de termos em nossos quadros pessoas capazes de introduzir o amor à sabedoria maçônica, ou seja, a filosofia e sua aplicação, na cabeça dos novos maçons, como fazem os publicitários com eleitores, pois a campanha feita é impressa no subconsciente do eleitor, fazendo com que o mesmo se apaixone pelas ideias de seus candidatos. Talvez seja isso que nos falte, a impressão do amor à ordem em nosso subconsciente.
Por fim, encerro mais uma vez com o enigma de Voltaire "devemos cultivar nosso jardim", criando dentro do que é possível o melhor dos mundos, ou a melhor das Lojas dentro daquilo que compete a cada um de nós.         

Fraternalmente,

Ir⸫ EUCLIDES CACHIOLI DE LIMA



[1] François-Marie Arouet, mais conhecido pelo pseudônimo Voltaire - Cândido ou O Otimismo ou simplesmente Cândido - jovem, Cândido, vivendo num paraíso edênico e recebendo ensinamentos do otimismo de Leibniz através de seu mentor, Pangloss. A obra retrata a abrupta interrupção deste estilo de vida quando Cândido se desilude ao testemunhar e experimentar eminentes dificuldades no mundo. Voltaire conclui a obra-prima com Cândido — se não rejeitando o otimismo — ao menos substituindo o mantra leibniziano de Pangloss, "tudo vai pelo melhor no melhor dos mundos possíveis", por um preceito enigmático: "devemos cultivar nosso jardim."
[2] REVISTA O BUSCADOR REVISTA DE CIÊNCIA MAÇÔNICA  - LOJA MAÇÔNICA DE ESTUDOS E PESQUISAS RENASCENÇA - O Buscador - Campina Grande- PB Brasil Ano I N° 2 pag. 21 – 31 abr/jun - 2016