QUEM SOMOS

CAVALEIROS - alusão aos Templários, às Cruzadas e à Távola Redonda. HERMON - o termo remete-nos ao Monte Hermon, em cujo topo se forma a neblina que se condensa em forma de garoa, o orvalho consagrado pelo Salmo 133. Essa precipitação "tolda parcialmente o sol escaldante do sul do Líbano, e umedece seu solo, transformando-o numa das regiões mais férteis e amenas do Oriente Médio."

Nós Cavaleiros do Hermon, na constante busca para tornar feliz a humanidade, sob a égide do Grande Arquiteto do Universo, que é Deus, nos reunimos às sextas-feiras a partir das 20h00 , na Avenida Pompéia, 1402 - Templo Ir.'. Willian Bucheb - São Paulo - SP.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

SOCIEDADES SECRETAS – MAÇONARIA E O PERÍODO DITATORIAL

NOTA INTRODUTÓRIA

Curiosidades - Você sabia que Getúlio Vargas mandou fechar a Maçonaria Brasileira?

Para quem conhece um pouco da Ordem, sabe que absolutismo e ditadura nada tem haver com nossos ideais de Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Getulhão sabia disso também! Pois bem, o historiador e nosso Irmão Frederico Guilherme costa em seu livro “A Trolha na Universidade” no capítulo 34, publicou uma ata da Loja “Fraternidade de Santos” de 1º de fevereiro de 1938 que reproduzirei parte dela a seguir para contextualizar a informação acima.
“Levando-se em conta a situação da loja e seu patrimônio, os Obreiros deliberaram, entre outras medidas o seguinte:
a)      – Considerando, que a Comissão Executiva do Estado de Guerra, nomeada pelo Exm° Sr. Presidente da República, deixou uma ordem mandando fechar o Grande Oriente do Brasil, os Grandes Orientes dos Estados e todas as Lojas maçônicas do país;”
Diante do exposto, acredito que a Maçonaria com seu currículo de lutas contra a tirania pelo mundo, deve ter deixado o Getúlio desconfortável, levando o mesmo a tomar a atitude de fechar nossa Augusta Fraternidade a fim de evitar futuras ameaças.




SOCIEDADES SECRETAS – MAÇONARIA E O PERÍODO DITATORIAL

A maioria dos maçons apoiou inicialmente o golpe, em um contexto que a situação do país era caótica. Castellani ainda afirma que o apoio da Maçonaria se deu devido à intenção do presidente de dar um rumo ordeiro à nação e devolver o governo aos civis, fato que não ocorreu devido a influencia da ala radical do exército. Ao contrário do Estado Novo, período ditatorial em que o Presidente Getúlio Vargas mandou fechar quase que todas as lojas maçônicas, o governo instaurado em 64 praticamente não repreendeu a instituição maçônica, de fato, o autor ressalta que era a própria Maçonaria que expurgava os membros considerados radicais. Além disso, existiam aproveitadores na ordem que usavam da tendência política dominante para perseguir outros maçons considerados adversários e os acusá-los de serem comunistas.
Este clima tenso fez que com que pessoas de destaque como o secretário de cultura sofressem pressões da ordem e fossem julgados como “pessoas de esquerda”, portanto, inadequados de pertencerem à Maçonaria. A partir de 1968 o sistema ditatorial começou a ficar mais repressivo. Artur da Costa Silva era o presidente do período, o congresso foi fechado e foi instaurado o Ato Institucional n° 5(AI 5) que acabava com várias garantias institucionais e jogava o Brasil em um período de muita censura e repressão. Devido á tensão da época, a atividade maçônica começou a diminuir se restringindo a fatos administrativos internos. Castellani afirma que no dia 24 de junho de 1969, o Grão Mestre Geral Moacir Arbex Dinamarco escreveu no seu relatório geral a seguinte mensagem: “(…) Demonstramos o pensamento da Maçonaria sobre a relevância do papel das forças armadas na defesa do regime democrático. Não nos acomodamos quanto à crise estudantil e, em declaração incisiva, colocamo-nos como mediador da mesma, procurando serenar o episódio”. Apesar de o Grão Mestre Moacyr afirmar que defendia um regime democrático, ele fazia exatamente o oposto, defendendo em nome da Maçonaria, um regime ditatorial.
Depois de Costa e Silva, o Brasil foi governado por Emílio Garrastazu Médici, que inaugurou a época mais dura e repressiva do regime. Essa época foi marcada por dissidências dentro da Maçonaria, em partes causadas pelo aumento do número de maçons contrários à ditadura militar. Em 1973 ocorreu uma cisão na Ordem Paulista, que ficou conhecido como “Cisma Paulistinha”, esse evento foi causado basicamente por disputas políticas internas referentes às sucessões de cargos maçônicos.
Depois da Era Médici, o general Ernesto Beckmann Geisil assumiu o controle do regime, e foi o principal responsável pelo início da lenta e gradual abertura política do país. O auge do apoio institucional da Maçonaria aconteceu no dia 15 de março de 1974, quando o presidente Geisel recebeu em audiência, o Grão Mestre Geral Osmame Vieira de Resende e o seu Adjunto o senador do partido situacionista Osíris Teixeira. No referido evento, Teixeira leu um ofício que reafirmava o apoio do Grande Oriente ao governo instaurado em 1964. De acordo com Castellani esse evento se fez sem consulta ao chamado “povo maçônico”, que desiludido e não percebendo a volta do regime democrático, já não apoiava, em sua maioria, o regime vigente.
Em 1979, João Batista Figueiredo assumiu a presidência, em um governo que se caracterizou por atitudes menos repressivas. No dia 28 de agosto, o presidente sancionou a lei de anistia, que foi promulgada no dia 1º de novembro. A Maçonaria apoiou a lei da anistia, apesar de haver maçons que não concordaram com essa ideia. A instituição também apoiou as eleições diretas para presidente no ano de 1984, o que de fato não ocorreu, visto que alguns grupos políticos queriam manter-se no poder. Pela via indireta foi eleito Tancredo Neves, que morreu antes de tomar posse, sendo assim o cargo foi entregue a José Sarney. Sarney conduziu o país em um regime impopular e marcado pela alta inflação, mas que entraria na história por ter sido o primeiro governo civil depois de duas décadas de ditadura militar.

Texto: Marcus Vinícius Galindo

Saiba Mais:

·         ALMERI, Tatiana. Raízes Secretas. In: Sociedades Secretas: Maçonaria,
Illuminatis, Cavaleiros Templários. Direção: Sandro Aloísio. Ed: Escala. São
Paulo, 2009. P. 104.
·         CASTELLANI, José. A Ação Secreta da Maçonaria na Política Mundial. Ed:
Landmark , São Paulo. 2007

Extraído de : http://monicanobrega.com.br/sociedades-secretas-maconaria-e-o-periodo-ditatorial/ 


sábado, 26 de novembro de 2016

RETORNANDO AO EIXO




RESILIÊNCIA: A capacidade do indivíduo construir-se positivamente frente as adversidades. 






“Mas, se a sociedade não pode igualar os que a natureza criou desiguais, cada um, nos limites da sua energia moral, pode reagir sobre as desigualdades nativas, pela educação, atividade e perseverança”.                               (Ruy Barbosa)


Não existe discípulo igual ao mestre, todo aquele, porém, que for bem instruído será como seu mestre”. Nessa instrução contida no Evangelho de Lucas 6:40, podemos claramente ver a necessidade de instruirmos para sermos constantemente lapidados.
Sabemos que nos dias atuais vivemos em uma concorrência constante com as facilidades, sejam estas promovidas pelo avanço tecnológico, seja pelo sentido putrefo do termo, ou seja, se dá um jeitinho para tudo. Desse modo, questionamos como devemos nos portar sem sermos passados para trás, ou o que fazer para não ser prejudicado pela pesada mão da falta de ética, ausência da sã moral, ou a falta de profissionalismo que envolve grande parte dos jovens viventes em um período imediatista. Voltemos ao dia de nossa iniciação, “-Não vos assustem essas espadas voltadas para vós!... Pela direção que tomam, são a irradiação intelectual que cada Maçom, de hoje em diante, projetará sobre vós...”[1], deste trecho podemos extrair  que os maçons mais experientes naquele momento emanaram sobre o iniciado as benesses da Arte Real, devendo portanto o iniciado, o novo maçom, debruçar-se as práticas do agir nos ditames da razão e assim, gradativamente ser treinado com finalidade de chegar a plenitude maçônica em condições de prever dentro de probabilidades situações nas quais possa se ver envolvido, sabendo como agir quando a situação puder tomar um viés diverso do pretendido.
O fato, dificílima é a tarefa de nos mantermos calmos a frente de adversidades, mas temos que entender isso como necessário, e criar diante as pequenas frustrações um método para treinarmos nossos espíritos para uma situação realmente dificultosa.
E a esta conduta que nos encoleriza chamaremos de humor, mas um humor maldoso, nefasto ou mesmo vingativo pueril.
Um grande talento nunca se rende às alterações de humor nem permite que seu temperamento peculiar corra cegamente[2]. Ergue-se acima de tão vulgar falta de compostura. Um dos grandes efeitos da sabedoria é autorreflexão o que entendemos por V\I\T\R\I\O\L\, quando conseguirmos reconhecer a presente disposição, conseguiremos realmente dominar nossos espíritos, vencendo os humores e não se arrastando tiranicamente de uma loucura para outra.
Ao exercitarmos a previsão de consequências lógicas, conseguiremos afastar esse humor, pois esse humor nefasto que nos toma e nos cega nada mais é do que uma indisposição do Espírito tacanho que se aloja em cada um de nós, mas os sábios, há! Sempre os sábios, estes se comportam perante esta doença como se esta fosse uma doença física. As pessoas doentes condenam o elixir sublime como bebida de forte amargor, mas o pensamento corrige-as e assim devemos nos policiar para corrigir nossos maus humores, dando livre passagem ao nosso temperamento básico, trata-se de aplicarmos a técnica da emoção oposta, a fim de equilibrar as escadas da prudência. Neste sentido, toda vez que for tolhido de um direito, buscará a forma racional e justa de reavê-lo, não se pode deixar-se levar pela síndrome do “talião” olho por olho; quando aviltados e instigados a sairmos de nossa emoção, sermos frívolos bastante para mantermo-nos serenos e não alterarmos o status quo, retribuir a ofensa com sorriso e entender que aquele que nos ataca não possui argumentos, motivo pelo qual tenta nos rebaixar ao seu nível. Esta é a hora de voltar à prancheta.
Passados alguns anos tivemos a satisfação de ouvir a apresentação do Trabalho de 3ª Instrução do grau de Aprendiz, elaborada pelo Irmão Marcelo Silva, o noviço sabiamente ensinou a todos nós ao concluir que “Todos os dias, e em todos os momentos invocamos a presença do G\A\D\U\ para que nos guarde e guie com a luz da verdade e sabedoria divina, nós Maçons a cada dia aprendemos mais sobre nossas virtudes, e qualidades dos seres humanos, e trabalhamos duramente para adquirirmos a cada dia o de melhor de todos os sentimentos existentes, buscando no nosso passado os erros e acertos e transformando a saudade em esperança de mudança[3]. Ficando demonstrada na brilhante peça de arquitetura a importância de nos renovarmos e de ensinarmos seriamente aos nossos iguais, um pouquinho daquilo que aprendemos, a final as qualidades dos seres humanos nem sempre são louváveis, e não sendo eles obrigados a entenderem isso, a nós nos cabe essa obrigatoriedade, e assim ensinando pelo exemplo e pela doutrinação.
Sathya Sai Baba na obra Krishna e a Arte de Liderar ensina que “Os alicerces do contentamento devem surgir da mente, e aquele que tiver tão pouco conhecimento da natureza humana a ponto de procurar a felicidade modificando qualquer coisa que não sua própria disposição, desperdiçará sua vida em esforços inúteis e multiplicará as mágoas que tenciona remover[4]. Demonstrando que às vezes devemos mudar de estratégia, rever os conceitos e posicionamentos que adotamos para assim alterarmos todo um sistema viciado e corrompido.
  
CONCLUSÃO
Ao estabelecermos em nossas vidas o V\I\T\R\I\O\L\, estaremos automaticamente revendo as estratégias para nosso dia a dia, assim conseguindo prever os possíveis óbices, desse modo, faz-se necessária a colocação de limites aos nossos desejos, os seja, invés de desejar destruir, ou que os problemas que nos rodeiam sejam afastados, devemos ser resilientes e como ensinado pelo Mestre Ruy Barbosa “nos limites da sua energia moral, pode reagir sobre as desigualdades nativas, pela educação, usando portanto dos ensinamentos adquiridos dentro do Templo Maçônico e aplicarmos a todos que nos cercam, assim construindo não apenas  o nosso templo interior, mas também estaremos assentando com a argamassa mística da Moral cada tijolo da grande fortaleza da ética e das boas práticas.
O Conhecimento representa a peça fundamental para o desenvolvimento coordenado e seguro. O homem, desde seu surgimento, busca verdades e confirmações que sempre estiveram ao seu alcance. Bastando, para alçá-las apenas o olhar introspectivo.


BIBLIOGRAFIA
·         Ritual do Aprendiz Maçom GLESP-2006
·         DA CAMINO, Rizzardo. Simbolismo do Terceiro Grau. Madras Editora Ltda. São Paulo, 2006.
·         CHIBBER, Dr. M.L. Krishna e a Arte de Liderar. Do original: Leadership – Book for Yout, Parents and Teachers. Fundação Sri Sathya Sai Baba do Brasil. Madras Editora Ltda. São Paulo, 2003.
·         GRACIAN, Baltasar. Espelho de Bolso para Heróis. Original: A Pocket Mirror for Heroes. Edições Temas da Actualidade, S.A. Lisboa / PT, 1996.
·         DA SILVA, Marcelo. Terceira Instrução de Aprendiz Maçom. ARLS Cavaleiros do Hermon – 335 GLESP. São Paulo, 2010.

Rogo ao G\A\D\U que à todos Ilumine e Guarde, Fraternalmente:                                          
                                                 

Ir\ EUCLIDES CACHIOLI DE LIMA
Past-Master


Or\De  São Paulo, 25 de novembro de 2016 ( E\V\)




[1] Ritual do Aprendiz Maçom, pg. 55 – REAA – GLESP - 2ª Edição, Janeiro, 2006.
[2] Espelho de Bolso Para Heróis, pg. 13.
[3] Marcelo Silva – 3ª Instrução do Grau de Aprendiz. Outubro de 2010.
[4] Sathya Sai Baba – Krishna e a Arte de Liderar. Pg. 115 – Citando Peter F. Drucker, Effective Executive, Pan Books London.

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

A PARÁBOLDA DO PASTOR E O FIEL


As parábolas sempre ilustram com muita força e até com certa dramaticidade os ensinamentos morais. A frequência dos irmãos aos trabalhos é um dos itens constantes de todas as pautas das reuniões.        
Há os que não vão aos trabalhos da oficina, porque acham que a mesma nada mais tem a lhes ensinar. São os presunçosos. Se forem telhados, não sabem fazer o sinal de Aprendiz. Há os que não vão à Oficina porque acham que as reuniões se tornaram desinteressantes e monótonas. Estes fazem parte daquele grande grupo que entraram para à Maçonaria, mas a Maçonaria não entrou neles. Acham as reuniões desinteressantes mais nada fazem para torná-las melhores. São os reformistas e críticos de palavras, nada fazem porque faltam-lhes luzes para fazer, ou porque são egoístas, não querem dividir os seus conhecimentos, quando raramente possuem algum, são os verdadeiros inoperantes da Ordem.  
Os argumentos, de todos os grupos de faltosos, são extremamente frágeis e na realidade se baseiam, também com a Maçonaria em três colunas, ou melhor, três antes coluna: a ignorância, o desinteresse e o perjúrio. Ser perjúrio não é somente quem revela os nossos segredos Iniciáticos, mas também é perjúrio aquele que não cumpre com as obrigações contraídas para com a sublime Ordem no Cerimonial da Iniciação.
Outro dia encontramos um destes pseudo irmão e perguntei-lhe: por que não tens mais ido à Loja? - ao que ele me respondeu de pronto: para que, só para bater malhetes? - Então lhe repliquei: sabes o que significa "bater malhetes"? - Ele se coçou todo, gaguejou, desculpou-se e se escafedeu-se deixando atrás de si a poeira ofuscante da sua ignorância.
Aprendemos com um Mestre, a quem respeitamos e admiramos uma parábola que vamos aqui tentar reproduzir aos irmãos.           
Londres, fria, úmida, nevoenta e cinzenta, havia num bairro um templo religioso, possivelmente Anglicano, no qual pregava um mesmo pastor há mais de vinte anos. E os Londrinos, como os ingleses de um modo geral, são extremamente tradicionalistas e naquele Templo, vinham fiéis das redondezas, sempre os mesmos, sempre ocupando os mesmos lugares, a sucessão de cada semana e desta forma todos já se conheciam pelos nomes conforme devem ser os Maçons em Loja.  
Num certo final de semana, o pastor notou ausente, uma cadeira que estava vazia e era a cadeira de um dos mais assíduos fiéis.
O pastor preocupou-se, mas passado o culto, o fato foi esquecido, absorvido que foi o pastor pelas suas outras atividades.     
Nova semana, novo culto, e novamente a mesma cadeira vazia, o pastor perguntou aos fiéis: alguém viu o fulano, estaria doente, estaria acontecendo alguma coisa? - Ninguém soube responder.   
Na semana seguinte o fato se repetiu pela terceira vez e o pastor, após o culto resolveu visitar o fiel.     
Chegando lá, encontrou-o à beira da lareira, em frente ao fogo. Então o pastor lhe perguntou:
- Estás doente?O fiel lhe respondeu:- Não, estou muito bem de saúde.E o pastor replicou:- Estás com algum outro problema?O fiel lhe respondeu:- Não, não estou com problema nenhum, muito pelo contrário, estou muito bem:Então o pastor lhe admoestou:- Mas não tens ido mais ao culto...Dito isso o fiel dirigindo-se ao pastor disse:
- Eu frequento aquele culto há mais de vinte anos, sento naquela cadeira, efetuo as orações e entoo os mesmos hinos, durante todo este tempo eu já aprendi tudo de culto, sei todo o livro do culto de cór. Então eu acho que não preciso mais ir lá, por isso não estou indo. Atônito, o pastor pensou um pouco, dirigiu-se à lareira, atiçou o fogo e de lá retirou a maior das brasas que se encontrava na lareira, colocando-a sobre a saleira de mármore da janela, ante o olhar curioso do fiel.          
A brasa, em questões de minutos, perdeu o brilho, se revestiu de uma túnica cinzenta, transformando-se em carvão e cinza, fora do convívio com as outras brasas.
O fiel levantou-se colocando as mãos na cabeça, disse:Por favor, homem para com isso, eu compreendi a lição.Doravante não mais faltarei ao culto.Tornando-se, a partir daquele dia, a cadeira, novamente ocupada.    
Meus irmãos, os Maçons são como as brasas, para manterem a luz dos conhecimentos, o calor da fraternidade e a chama do ideal, necessário é, que estejam no convívio permanente das outras brasas.      
Não faz Maçonaria fora do Templo. A Maçonaria que se pratica na vida profana é uma obrigação do iniciado e é reativada à cada Sessão, como uma espécie de bateria que precisa ser recarregada.          
Se algum irmão acha que nada mais tem aprender, então ele dever ter atingido a Gnose perfeita e é chegado o momento dele começar a ensinar.

Bibliografia: ENTRE O ESQUADRO E O COMPASSO
IRMÃO WALTER PACHECO JR


terça-feira, 9 de agosto de 2016

O SEGREDO DA MAÇONARIA

Por João Anatalino


A lenda da Palavra Perdida 
A Lenda da Palavra Perdida é uma alegoria cabalística, provavelmente criada pelos autores gnósticos dos primeiros séculos da era cristã. Ela tem como tema central a crença no poder do Nome Sagrado de Deus e que este era um segredo iniciático da maior relevância. Embora os sacerdotes da religião judaica já trabalhassem com esse tema desde os primórdios da adoção do Javismo como religião nacional, foi, entretanto, com o entrelaçamento das crenças judaicas com a filosofia grega, que o tema ganhou maior relevância e passou a integrar o conjunto das alegorias que davam corpo á doutrina que nós hoje conhecemos como gnosticismo.
Na Maçonaria o simbolismo que envolve o Inefável Nome de Deus é um tema de grande importância iniciática. De uma forma geral, os maçons adotaram a tradição cabalística de que o verdadeiro significado desse Nome é um segredo guardado a sete chaves pelos Mestres da sabedoria arcana. Assim, os ritos maçônicos trabalham com a ideia de que os sons vocálicos originais do Tetragrama YHVH são interditos ao vulgo, e a pronúncia correta dessa palavra está confinada á sabedoria de muitos poucos escolhidos.   
Essa ideia está expressa na alegoria da Palavra Perdida, que é desenvolvida no ritual de alguns graus dos Ritos Escocês e do Arco Real através da Lenda de Enoque e as Duas Colunas de Bronze. Em resumo essa lenda diz o seguinte:

As colunas de Bronze
Enoque, durante um sonho que teve, foi informado que Deus tinha um nome secreto que aos homens não era lícito saber, porque se tratava de uma palavra de grande poder. Esse nome, Deus o comunicou aos seus ouvidos, mas proibiu que o divulgasse a qualquer outro ser humano. Nessa ocasião o Senhor o informou também sobre o castigo que iria ser lançado sobre a humanidade pecadora, através do dilúvio.
O Inefável Nome de Deus era a chave que poderia proporcionar aos homens todo o conhecimento secreto e um dia, quando fossem merecedores, ele lhes seria revelado. Mas para que essa Palavra Sagrada não fosse perdida após a catástrofe que destruiria a humanidade inteira, Deus instruiu Enoque para que a gravasse numa pedra triangular, numa língua só inteligível aos anjos e a ele próprio (a Cabala). Portanto, mesmo que alguém descobrisse um dia a grafia do Verdadeiro Nome de Deus, isso de pouco adiantaria ao seu descobridor, pois a pronúncia dessa Palavra Sagrada lhe estaria interdita.(1)
Antes do dilúvio havia sobre a terra civilizações bastante desenvolvidas em termos de artes e ciências. Era uma civilização bárbara, liderada por  homens gigantes, os filhos que os anjos caídos (os nefilins da Bíblia) tiveram com as filhas dos homens. Essa civilização era má, arrogante e descrente. Por isso Deus anunciou a Enoque que iria destruí-la. Para preservar os conhecimentos dessas antigas civilizações Enoque fez com que vários textos, contendo conhecimentos científicos, fossem gravados em duas colunas, e em cada uma delas esculpiu o nome sagrado. (2)
Uma delas era feita de mármore, a outra fundida em bronze. Essas colunas ele as pôs como sustentáculo em um suntuoso templo que mandou construir em um lugar subterrâneo, só dele e de alguns eleitos, conhecidos.  Esse templo tinha nove abóbadas, sustentadas por nove arcos. No último arco Enoque mandou gravar o Delta Luminoso, que simbolizava o Nome Inefável, e fez um alçapão onde guardou a pedra na qual ele havia gravado esse Nome.
Com o evento do dilúvio todas as antigas civilizações foram destruídas e seus conhecimentos científicos e artísticos perdidos. Noé e sua família, os únicos sobreviventes dessa catástrofe, nada sabiam dessas antigas ciências. Das colunas gravadas por Enoque, somente a de bronze pode ser recuperada pelos descendentes desse patriarca. Nela constava o Verdadeiro Nome de Deus, mas não a forma de pronunciá-lo, pois essa sabedoria estava escrita na coluna de mármore. Assim, essa pronúncia permaneceu desconhecida por muitos séculos, até que Deus a revelou a Moisés em sua aparição no Monte Sinai.
Mas Moisés foi proibido de divulgá-la, a não ser ao seu irmão Aarão, que seria, futuramente, o Sumo Sacerdote do povo hebreu. Deus prometeu a Moisés, todavia, que mais tarde o poder desse Nome seria recuperado e transmitido a todo o povo de Israel. Segundo a tradição cabalística isso só aconteceu nos tempos de Shimon Ben Iohai, o codificador da Cabala, mas nem todo o povo de Israel compartilhou dessa sabedoria, uma vez que ela continuou sendo transmitida apenas aos rabinos que atingiam os graus mais altos na chamada Assembléia Sagrada.
Segundo essa lenda, Moisés havia mandado que o Nome Inefável, com a pronúncia correta, fosse gravado em uma medalha de ouro e guardado na Arca da Aliança juntamente com as tábuas da lei. Dessa forma, o Sumo Sacerdote, em qualquer tempo, poderia compartilhar dessa sabedoria e invocar o Grande Arquiteto do Universo na forma correta. 
Esse era o segredo da Schehiná, ou seja, a estratégia segundo a qual Deus se manifestava ao povo de Israel, através da Arca da Aliança. Porém, a Arca da Aliança foi perdida em uma batalha que os israelitas travaram contra os sírios. Mas, guardada por leões ferozes, os sírios nunca conseguiram abri-la e mais tarde ela foi recuperada pelos sacerdotes levitas. Durante as batalhas que o povo de Israel travou contra os filisteus pela posse da Palestina, a Arca foi perdida mais uma vez, sendo capturada pelo exército inimigo. Os filisteus, que não sabiam do poder que tinham nas mãos, fundiram a medalha de ouro com o Nome Inefável e a colocaram num ídolo dedicado ao Deus Dagon.(3)
Esse foi um dos motivos pelos quais Deus instruiu Sansão para que este praticasse seu último ato de força no Templo dos filisteus em Gaza, matando um grande número deles. E dessa forma o registro escrito dessa Palavra foi perdido para sempre.
 Assim, durante longo tempo a forma de pronunciar o Nome Inefável ficou oculta, até que Deus o revelou a Samuel e este o transmitiu aos reis de Israel, Davi, e depois a Salomão.
Após construir o Templo de Jerusalém, (que reproduzia a forma e a estrutura do templo construído por Enoque, inclusive com os nove arcos, onde, no nono, se erguia o Altar do Santo dos Santos, no qual a Arca da Aliança estava depositada), Salomão determinou a Adoniran, Stolkin e Joaben a construção de um templo dedicado á Justiça. Estes, após escolher e cavar o terreno para a preparação dos alicerces verificaram que o lugar escolhido era exatamente o mesmo onde Enoque havia construído o seu templo. Após demoradas pesquisas e árduos trabalhos escavando as ruínas, descendo a diversos níveis subterrâneos, os mestres destacados por Salomão, sob o comando de Adonhiran, descobriram a coluna de bronze onde o sagrado Delta estava gravado. Foi essa coluna que serviu de modelo para Hiram fundir as duas colunas de bronze que ornavam o Templo de Salomão.
Dessa forma, o Verdadeiro Nome de Deus foi recuperado e pode ser transmitido ao povo de Israel na sua forma escrita, mas a sua pronúncia permaneceu um segredo compartilhado por poucas pessoas, pois a coluna de mármore, onde essa sabedoria estava inscrita, fora destruída pelo dilúvio. Somente Salomão, o Rei de Tiro e os três mestres que desceram ao subterrâneo detinham esse conhecimento, pois este lhes fora transmitido pelo profeta Samuel, antes de morrer. Com o desaparecimento daqueles personagens, ficou perdida novamente a pronúncia da Palavra Sagrada.

Os mórmons e a Lenda de Enoque
Esse é o conteúdo da lenda maçônica, que revela um conhecimento iniciático de grande relevância, pois o personagem Enoque não é exclusivo da tradição hebraica. Ele, na verdade, é um arquétipo presente na mitologia de vários povos antigos e cultuado como “mensageiro dos deuses” e arauto do conhecimento divino, transmitido aos homens na terra.

No Egito ele era associado ao deus Toth, que teria trazido aos homens o conhecimento da escrita, da metalurgia e da agricultura. Na Grécia foi conhecido como Hermes, o Senhor da Magia e da ciência. Na tradição celta havia um personagem análogo, que ficou conhecido na mitologia daquele povo como Merlin, o mago, guardião dos portais do conhecimento. Entre os maias ele foi Quetzacoatal, o civilizador, que trouxe para aquele povo o conhecimento que ostentava aquela antiga civilização.
Em todas essas tradições, o personagem aparece como guardião das chaves do conhecimento, que antigas civilizações ostentaram e perderam em virtude do mau uso que fizeram deles.
A lenda maçônica, tal qual ela aparece nos rituais, não será encontrada nos chamados apócrifos de Enoque. Ela provavelmente foi inspirada nos textos dessas obras, mas não consta textualmente delas. Vale registrar que ela encontra um curioso paralelo no Livro de Mórmon, onde um personagem chamado Mórmon, referido como profeta-historiador, invoca os conhecimentos de uma antiga civilização que teria sido a antecessora dos maias, astecas e incas, as grandes civilizações da América.
Um desses livros registra o ministério pessoal que Jesus Cristo teria desenvolvido junto aos povos americanos logo após a sua ressurreição, ensinamentos esses que teriam sido registrados por Mórmon, que os entregou ao seu filho Morôni, que por seu turno os ocultou em um monte chamado Cumora. Durante cerca de dezoito séculos esses ensinamentos, que haviam sido gravados em placas de ouro, ficaram perdidos. Mas em 21 de setembro de 1821 Cumôni teria aparecido a um maçom- profeta de nome Joseph Smith e mostrado o lugar onde as placas estariam escondidas. Depois ensinou ao mesmo Smith como decifrar e traduzir para o inglês os referidos escritos.(4)
Assim nasceu o Livro de Mórmon, Bíblia da Igreja dos Santos dos Últimos Dias. Trata-se, como se vê, de uma curiosa versão da lenda maçônica das Colunas de Enoque, e não é possível saber no que uma influenciou a outra. Considerando que tanto o profeta-historiador Joseph Smith, quanto seu sucessor no comando da Igreja mórmon, Brigham Young, eram maçons, bem como um bom número dos primeiros líderes dessa seita, pode-se especular que eles tinham conhecimento dessa fonte e a utilizaram para compor o seu curioso trabalho.

A Lenda de Enoque na Maçonaria
A lenda de Enoque, na tradição maçônica se refere ás viagens que o iniciando tem que fazer, a exemplo dos três Mestres de Salomão, para encontrar a Palavra Sagrada. Simbolicamente, para o maçom, essas viagens equivalem a uma descida dentro de si mesmo a fim de liberar a luz que existe dentro dele. Aqui temos novamente a evocação, tão cara aos gnósticos e aos alquimistas, da necessidade de encontrar “dentro de si mesmo” aquela energia que faz o homem integrar-se à divindade.
Diz a lenda maçônica que com a perda do verdadeiro significado, o Nome Sagrado foi substituído pelas iniciais IHVH, que depois de pronunciada é coberta com três Palavras Sagradas, três sinais e três palavras de passe; somente após o cumprimento desse ritual se chega ao Nome Inefável. De acordo com essa tradição, os cinco primeiros iniciados no grau de Cavaleiro do Real Arco foram os próprios reis Salomão e Hiram, rei de Tiro, e os três Mestres que descobriram o templo sagrado de Enoque. Um juramento de não pronunciar o Verdadeiro Nome de Deus em vão foi feito pelos mestres recém-eleitos, juramento esse que se repete na elevação ao referido grau.
Diz ainda a lenda que mais tarde outros Mestres foram admitidos nessa sabedoria, até o numero de vinte e sete, sendo a cada um deles distribuído um posto. Outros Mestres, que tentaram obter o grau sem o devido merecimento receberam o justo castigo, sendo executados e sepultados no subterrâneo onde a pedra gravada com o Nome Inefável fora encontrada.(5)  

A cristianização da lenda

Por fim, cabe considerar que a Maçonaria cristã se apropriou dessa lenda para aproximá-la da tradição associada com o magistério de Jesus Cristo. Essa transposição iniciática foi feita pelos adeptos da filosofia rosa-cruz, que incorporaram nela a mística da paixão, morte e ressurreição de Cristo. Assim, a Palavra Perdida passou a ser soletrada pelas iniciais da inscrição que Pilatos mandou colocar na cruz de Jesus: INRI, que na tradição rosacruciana designa as iniciais de uma de suas mais significativas metáforas.
Isso porque INRI é um acróstico da frase “Ígnea Natura Renovatur Integra”, que quer dizer “a natureza se renova pelo fogo”, metáfora alquímica que simboliza o processo pelo qual os alquimistas obtinham a pedra filosofal, ou seja, diluindo e recompondo a matéria prima da obra infinitas vezes até atingir a sua “alma”. Assim, Pilatos, na verdade, estaria revelando, nos dizeres colocados na cruz de Cristo, o processo segundo o qual nossas almas poderiam obter a salvação, ou seja, morrendo e revivendo infinitas vezes, até depurar por completo o “grão de luz” que constitui o seu núcleo. Dessa forma, o corpo de Jesus simboliza a “matéria prima” da Grande Obra de Deus.
Para os maçons, todavia, face á influência dos pitagóricos e dos gnósticos, a questão que está ligada ao Verdadeiro Nome de Deus exprime também as idéias que a Maçonaria tem de tempo infinito, espaço infinito, a vida infinita, enfim, todas as manifestações da essência divina na realidade universal, que são tanto adjetivas quanto substantivas. Explicando que nenhum dos nomes de Deus adotados pelo homem é considerado pela Ordem como certo e definitivo, a Maçonaria sugere que o Irmão apenas admita que Deus existe, mas não lhe dê nenhum nome nem tente conformá-lo á uma imagem, pois que esse conceito não pode ser reduzido á fórmulas que a mente humana pode desenvolver.
Esse postulado sugere ainda que o espírito humano está ligado á essência primeira e única de todas as coisas e não necessita de quaisquer outros canais de ligação com a Divindade, a não ser a sua própria consciência e a sua sensibilidade.
Assim, pode-se dizer que para a Maçonaria o simbolismo do Nome Sagrado está no ensinamento iniciático que ele veicula. Esse ensinamento nos diz que existe uma chave, uma palavra, um verbo, a partir do qual todas as coisas foram e são construídas. Essa palavra, esse verbo, se traduz peloInefável Nome de Deus, verdadeiro e único Principio Criador, imutável e apriorístico, de onde tudo emana e para onde tudo um dia retorna. É uma inspiração que vem do Evangelho de São João, onde se diz que no principio era o Verbo, o Verbo era Deus, e um Deus era o Verbo. Que ele estava no inicio com Deus e nada do que foi feito foi feito sem Ele, e tudo o que foi feito, foi feito por Ele.   Na doutrina joanista, esse Verbo, o Logos, é o atributo de Jesus Cristo, pois este, sendo o Filho de Deus, é feito da mesma essência do Pai e representaria a própria encarnação divina na terra. Assim, para os cabalistas cristãos, Jesus é a própria Shehiná, a manifestação divina no mundo.

A Palavra Perdida é o “Logos”
A Bíblia diz que quando Deus se apresentou a Moisés no Monte Sinai ele não disse qual era seu nome. Ele, conhecido pelos israelitas como oInominado, por ser absoluta potência, não tinha um nome que pudesse ser pronunciado por lábios humanos. Ele Era. Por isso Ele disse “Eu sou”, significando com isso que Ele era o Verbo Divino, a partir do qual tudo o que existe no universo toma forma e consistência. Ser é a qualidade essencial de Deus. Qualidade essa que Ele transmitiu aos homens quando lhes deu nome e consciência de si mesmos.
Porque todo verbo é uma potência a ser desenvolvida. E todo verbo, em si mesmo, não tem sentido nem significado se não tiver um predicado. Deus então criou o universo para que ele fosse o seu predicado, da mesma forma que os homens têm uma missão a cumprir, missão essa que os predica.
Isso significa que o Verbo, transmitido ao homem na forma do seu espírito, o fez senhor da criação terrestre. E como o homem aprendeu a articular “eu sou”, teve também que perguntar a si mesmo “o que?” E foi para responder a essa inquietante pergunta “eu sou o que?”, que ele também se viu obrigado a construir um predicado para si mesmo. Esse foi o detalhe que fez a diferença entre os homens e as outras espécies animais.
Por isso é que “ser é verbalizar”. Ser é dar sentido á existência, é ter uma resposta para a pergunta: o que somos nós? Em certos momentos da vida até podemos confundir o ser com “estar” ou “ter”. Mas estar vivo não é ser vivo, estar feliz não é ser feliz, e ter algo que se parece com vida ou felicidade não é ser realmente vivo e feliz. Ser é um estado de perfeita organização interior que não pode ser afetado por nenhum acontecimento exterior.
É nesse sentido que a Maçonaria adota como núcleo simbólico a procura da Palavra Perdida, alegoria que evoca o poder místico que o Verdadeiro Nome de Deus possui. A Palavra Perdida é o chamado Nome Inefável, cujo conhecimento confere ao seu detentor o supremo conhecimento, senha necessária, segundo as tradições gnósticas e cabalistas, para o homem possa entrar no céu, depois de subir todos os graus da Escada de Jacó. E nessa alegoria tipicamente cabalista está presente todo o conteúdo iniciático da proposta espiritual da Maçonaria. E na Maçonaria, como na Cabala, esse é o seu verdadeiro e único segredo.


NOTAS

(1) Na imagem, o Delta com o Tetragrama Sagrado.

(2) A Bíblia se refere aos três descendentes de Cain, Jubal, Jabel e Tubal-Cain como aqueles que iniciaram a civilização nas técnicas da agricultura, pastoreio e metalurgia.

(3) Conforme o ritual da Maçonaria.

(4)Foto de Joseph Smith, fundador da Igreja Mórmon. Fonte: veja.abril.com.br

(5) Aqui se encontra outra referência á Lenda de Hiram.



terça-feira, 26 de julho de 2016

A ORIGEM E O DESENVOLVIMENTO DO RITO ESCOCÊS ANTIGO E ACEITO



Por Kennyo Smail

Afinal, qual é a origem do Rito Escocês Antigo e Aceito? Ele é Escocês, Francês ou Americano? Muitos são os maçons que afirmam, sem pestanejar: "É francês!" Mas veremos que tudo depende do que você considera por "origem".
Se você responder que a origem do REAA é escocesa, você não estará de todo errado. A base do Rito é historicamente tida como levada pelos Stuarts e sua corte, quando exilados na França. Todos eram de famílias escocesas.
James VI era rei da Escócia em 1601 quando, com 35 anos de idade, foi iniciado na maçonaria escocesa, na Loja Petth and Scone.[1] [2] É o primeiro Chefe de Estado que se tem notícia da iniciação na Maçonaria. Dois anos após sua iniciação, ele assumiu também o trono da Inglaterra e Irlanda, passando a ser para esses "James I" e iniciando assim a 'Era Stuaitista", O Rei James I ficou conhecido por ter idealizado e patrocinado a tradução da Bíblia para a língua inglesa, a qual até hoje é descrita como versão autorizada pelo Rei James. Acredita-se que todos os homens da família e nobres de sua corte tradicionalmente ingressavam na Maçonaria.
Resumindo um pouco a história, de forma a focarmos no que realmente interessa à Maçonaria, em 1715, os Stuarts foram exilados na França, mais precisamente em Bar le Duc.
Nesse mesmo ano, James Radclyffe, Conde e melhor amigo do pretendente ao trono, James III, "The Old Pretender", acompanhado de seu irmão Charles Radclyffe, ambos fiéis declarados à causa Stuart, retomaram à Escócia para participarem de uma rebelião. A rebelião fracassou e ambos foram presos, sendo que o Conde James Radclyffe foi executado e Charles Radclyffe conseguiu fugir e retomar à França
Dez anos depois, Charles Radclyffe, então secretário do Príncipe Charles Edward Stuart, conhecido como The Young Pretender", na França, atendendo o desejo do príncipe e de sua corte, funda a primeira Loja Maçônica "Escocesa” em território francês. [3] Através de sua liderança, as Lojas jacobitas, logo chamadas na França de Lojas Escocesas rapidamente se proliferam em território francês. E, na mesma intensidade da proliferação de Lojas, ocorreu a proliferação de graus e de ritos.
Em 1745, apoiando uma frustrada tentativa dos Stuarts de retomada do trono da Inglaterra, o Conde Charles Raclyffe é capturado e executado em Londres. Porém, sua iniciativa maçônica foi o embrião do que viria a se tornar, dentre vários ritos maçônicos, o Rito de Heredom.
Já a partir do Rito de Heredom, se você responder que a origem do REAA é francesa, isso não será de todo um equívoco. Os 25 graus do Rito de Heredom e sua difusão nos Estados Unidos é que deram origem ao REAA. Entretanto, temos aí uma diferença de 8 graus entre o Rito de Heredom (25 graus) e o Rito Escocês Antigo e Aceito (33 graus). Que Maçom nunca se perguntou quais seriam esses 8 graus, não é mesmo?
Para desvendar esse mistério, apresento a tabela na página anterior, comparativa entre os 25 Graus que formavam o Rito de Heredom e os 33 Graus que formam o Rito Escocês Antigo e Aceito.
Interessante observar que, originalmente, o grau de Intendente dos Edifícios precedia o grau de Preboste e Juiz, ao contrário do que se tem hoje. O mesmo ocorreu entre o grau Cavaleiro Prussiano, que precedia o Grande Patriarca (atual Mestre Ad-Vitam], e que também foram invertidos quando da organização do REAA. Os graus que surgiram nos Estados Unidos e foram acrescentados entre os graus do Rito de Heredom, formando o sistema do Rito Escocês Antigo e Aceito como o conhecemos, são os graus hoje numerados entre o 23º e o27º, e os graus 29, 31 e 33.
Mas do Rito de Heredom, O REAA não herdou apenas os graus. Para isso, precisamos retomar à França do Século XVllI.
Nos anos 1750, o Rito de Heredom, então popularmente chamado entre os Maçons franceses de Maçonaria Escocesa, estava se desenvolvendo rapidamente, dominando a política interna da Maçonaria naquele país.
Foi então que, em 1756, surgiu o Conselho dos Cavaleiros do Oriente, dirigido por Maçons da classe média [burgueses], com o intuito de organizar os Altos Graus do rito.
Já os Maçons de classe mais alta e da nobreza, não desejando ficar para trás dos burgueses, criaram o Supremo Conselho de Imperadores do Oriente e do Ocidente[5] Ora, um Supremo Conselho soa maior do que um simples Conselho, e Imperadores são logicamente superiores do que simples Cavaleiros. Além disso, Oriente e Ocidente é o dobro do que apenas Oriente!

Dessa forma, esse Supremo Conselho de Imperadores do Oriente e do Ocidente conseguiu prevalecer sobre o semanticamente diminuído Conselho dos Cavaleiros do Oriente, se tornando a legítima "incubadora" do Rito de Heredom.
Como emblema, esse Supremo Conselho de Imperadores do Oriente e do Ocidente buscou inspiração no Império Romano que, em seu auge, governou o Oriente e o Ocidente e adotou um sistema de dois governantes simultâneos. Nessa fase do Império Romano, adotou-se a águia bicéfala para simbolizá-lo.[6]O Supremo Conselho encontrou na águia bicéfala o símbolo ideal para Oriente e Ocidente e acrescentou uma coroa sobre ambas as cabeças da águia para simbolizar a realeza, afinal de contas, tratava-se de um Conselho de Imperadores.
Quando do surgimento do Supremo Conselho do Rito Escocês Antigo e Aceito, em Charleston, nos Estados Unidos, com seu sistema de 33 Graus, aproveitou-se o emblema do Rito de Heredom, da águia bicéfala coroada sobre uma espada, acrescentando acima dessa um triângulo inscrito com o número 33.
E já que mencionamos os Estados Unidos, se você responder que a origem do REAA é americana, não haverá como desmenti-la. Foi nos Estados Unidos, que, por iniciativa dos chamados 11 cavalheiros de Charleston, na Carolina do Sul, definiu-se o sistema composto por 33 graus e o batizou com o nome de Rito Escocês Antigo e Aceito. Nessa ocasião, lá nos Estados Unidos, nasceu o primeiro Supremo Conselho do REAA no mundo, em maio de 1801[7]
Assim sendo, se você considerar a origem com base no nome e formato, o Rito é americano. Se considerar a origem com base no local onde sua prática se desenvolveu, o Rito é francês. Mas se considerara origem com base em suas raízes e tradições, o rito é escocês.
Não há como dizer que uma origem é mais legítima que a outra. Não podemos ignorar o fato de que, no mundo inteiro, os negros são chamados de afrodescendentes, os descendentes de japoneses de nipônicos, os judeus de sionistas. Os bisnetos de irlandeses nascidos nos EUA, por exemplo, ainda se consideram irlandeses. Em todos esses casos, a origem não está no local onde nasceram, mas no local onde, de alguma forma, estão suas raízes. Foi seguindo essa linha de raciocínio que os americanos denominaram o Rito de Escocês. Já seguindo o ponto de vista formal, legalista, o rito é indiscutivelmente americano, pois foi nos EUA que ele foi organizado, definido, nomeado, e onde a primeira instituição para administrar o Rito foi criada.
Porém, ao observar suas práticas, não há como descartar a essência da Maçonaria Francesa incrustada em seus rituais.
Enfim, temos então um. rito de raízes escocesas, desenvolvido na França e concluído nos EUA. Uma polinacionalidade condizente com a complexidade e profundidade de seus graus, e com sua prática em dezenas de países espalhados pelo mundo.

Notas
 (1) SCHUCHARD, Marsha Keith. Restring the Temple of Vision;: Cabalistic freemasonry and Stuart Culture. Leiden: E. J. Brill, 2002.
 (2) LOMAS, Robert. The Early History of freemasonry, in: OLSEN, Oddvar. The Templar Papers. Franklin Lakes, NJ: The Career Press, 2006.
 (3) ORVAL, José. Une historie humaine de la Franc-Maçonnerie spéculative. Liege: Céfal, 2006.
 (4) MACKEY, A. G. An Encyclopedia of Freemasonry and  its Kindred  Sciences. New York e Londres: The Masonic History Company, 1914.
 (5) MORRIS, Brent, The Complete Idiot's Cuide to Freemasonry . New York: Alpha Books/Penguin, 2006.
 (6) MACKEY, A. G. An Encyclopedia of Freemasonry and tis Kindred Sciences. New York e Londres: The Masonic History Company, 1914.
 (7) COIL, Henry Wilsom BROWN, William Moseley. Cotl's Masonic Encyclopedía. NewYork: Ed. Macoy, 1961.

Fonte: Revista Astreia

quarta-feira, 25 de maio de 2016

COERÊNCIA MAÇÔNICA ENTRE RITOS

Texto de Kennyl Ismail

“Eu não sei a chave para o sucesso, 
mas a chave para o fracasso é tentar agradar a todos.”
Bill Cosby

A Sublime Ordem Maçônica sempre teve como um de seus pilares a exaltação da razão e o combate à sua ausência, ou seja, a ignorância, a intolerância e o fanatismo. A coerência, um fruto da razão, é a relação lógica e não contraditória entre as ideias. Seguindo uma retórica dedutiva, seria “coerente” supor que o maçom, enquanto ser pensante, deve ser “coerente” em suas escolhas. Porém, infelizmente, não se pode esperar isso de todos. O uso da razão gera conhecimento, e o conhecimento é necessário para a busca da coerência. Entretanto, se você não usa a razão ou não detém o conhecimento determinado, não há como ser coerente.
Há aqueles que querem agradar a todos. Contudo, o oposto da razão, como se sabe, é a emoção. E agradar é, em sua natureza, uma ação emocional. Com isso, corre-se o risco de ser incoerente. Há também aqueles que não possuem o conhecimento necessário para a ação, realizando assim ações não racionais. E ações não racionais também tendem a serem incoerentes. O maçom deve tentar não cair na tentação de tais incoerências, as quais são suscetíveis na Maçonaria Brasileira, principalmente quando se trata da adoção de Ritos.
O Rito Adonhiramita é um importante rito na história da Maçonaria Brasileira. Porém, é o único Rito Adonhiramita num país que adota uma série de ritos Hiramitas. Ou você compreende que o princípio Adonhiramita é o correto ou que o Hiramita é o correto. Considerar os dois corretos é impossível. No Brasil, houve nos últimos anos uma tentativa de “hiramizar” o Rito Adonhiramita, interpretando que o nome Adonhiram era a junção do prefixo “Adon” com o nome “Hiram”, o que significaria “Sr. Hiram”, entendendo assim se tratar da mesma pessoa.
Importante registrar que esse não era o entendimento inicial dos maçons adonhiramitas, que compreendiam que Adonhiram e Hiram eram personagens distintos, mas defendiam a teoria de que Adonhiram era o responsável pela construção do Templo. Mackey declarou que isso se deveu pelos ritualistas franceses criadores do rito não serem versados no conteúdo bíblico, tendo confundido o papel dos personagens.[1] Esse problema do desenvolvimento dos ritos latinos já foi abordado nesta obra, e concordamos com Mackey nesse ponto. Mackey ainda aponta os escritos de Guillemain de St. Victor (1786, p. 77-78 apud MACKEY, 1914, p.20), um dos principais nomes do Rito Adonhiramita, que declarou:
Todos nós concordamos que o grau de Mestre é baseado no arquiteto do Templo. Agora, as Escrituras dizem, de forma muito clara, no 14º versículo do 5º capítulo do 3º Livro de Reis, que a pessoa foi Adonhiram. Josephus e todos os escritores sagrados dizem a mesma coisa, e, sem dúvida, distinguem ele de Hiram de Tiro, o artífice dos metais. De modo que é Adonhiram então quem somos obrigados a honrar.
Sobre a tentativa de “hiramizar” Adonhiram, temos que considerar que nomes próprios são nomes próprios. Não entendo por correto utilizar um acrônimo de um nome sagrado de Deus para dizer que “Adonhiram” é “Adon + Hiram”, que significaria “Lorde Hiram”. É como pegar “Donald” e dizer que é “Don + Ald”, que significaria “Dom Ald” ou “Lorde Ald”. Adonhiram é um nome próprio. Moisés não é “Monsenhor Isés”. Isaac não é “Ilustre Saac”. Abraão não é “Abade Raão”. Salomão não é “Santo Lomão”. E Adonhiram não é “Lorde Hiram”.
Ainda sobre o Rito Adonhiramita, o qual tem origem francesa, sabe-se que, tendo por um dos principais motivos as duras críticas das quais o rito era alvo, o Rito Francês ou Moderno surgiu na França para substituí-lo, e isso foi devidamente feito. Em outras palavras, o Rito Moderno foi considerado pelos franceses como uma evolução, em detrimento do Rito Adonhiramita, o qual foi descontinuado na época. Nada impede de uma Obediência discordar dos franceses e adotar o Rito Adonhiramita. Porém, um maçom praticar o Rito Adonhiramita, extremamente místico, e praticar ao mesmo tempo o Rito Moderno, o qual veio substituí-lo, com a proposta oposta, de desmistificar, é incoerente. Uma incoerência histórica e filosófica.
O próprio Rito Moderno também tem seus conflitos. Em 1817, quando passou pela reforma doutrinária no Grande Oriente da França, o qual suprimiu a obrigação da crença num Ser Supremo, a reação da Grande Loja Unida da Inglaterra foi rápida e drástica, declarando a irregularidade daquela Obediência, rompimento que dura até os dias de hoje. Considerar a decisão do Grande Oriente da França como justa é considerar a decisão da Grande Loja Unida da Inglaterra como injusta, ou o contrário. Tendo o Rito Moderno como símbolo da maçonaria francesa adogmática e o Ritual de Emulação como símbolo da maçonaria inglesa teísta, é evidente que seus princípios são conflitantes. Praticar ambos também o é.

Outra clara incoerência é adotar o Rito Escocês Retificado – RER e adotar o Rito Escocês Antigo e Aceito – REAA. O RER foi uma iniciativa de Jean Baptiste de Willermoz com o propósito de “retificar” a Maçonaria chamada “Escocesa”, na época o Rito da Estrita Observância e, em especial, o Rito de Heredom, cujos 25 graus serviram de base para o REAA. Willermoz foi explicitamente contra os graus “de vingança” presentes no Rito de Heredom, os quais permaneceram no REAA.
Ainda, podemos recordar aos Irmãos que o Rito Schröder, criado por Ludwig Friedrich Schröder, rejeita todo tipo de esoterismo e Altos Graus na Maçonaria. Um irmão que opta por ser adepto desse rito não deveria ingressar em qualquer Alto Grau de rito algum da Maçonaria.
Assim, uma mesma Obediência abrigar Adonhiramita com Moderno, Moderno com Emulação, RER com REAA, ou Schröder com outros ritos pode ser justificado como resultado de decisões condescendentes de seus dirigentes ao longo da história, fruto daquele desejo de agradar a todos, e revestido pelo conceito de “Colégio de Ritos”. Por outro lado, os maçons, esses sim não podem ignorar completamente as histórias e filosofia própria de cada rito, praticando-os de forma ignóbil e superficial, desconsiderando seus princípios e suas histórias em nome de uma visão pseudo-holística, praticando simultaneamente ritos e rituais originalmente conflitantes.
Nenhuma desculpa histórica local ou fraterna justifica incoerências lógicas. Também não se está discutindo aqui o poder e querer, a legalidade ou a regularidade. Apenas deve-se levar em consideração que, sendo a Maçonaria uma organização baseada na Razão, não é isso que muitas vezes seus adeptos têm refletido. Cada maçom, sendo homem livre e dotado de razão, tem a capacidade de ser coerente em suas escolhas e atos, em vez de querer agradar a todos ou mesmo seu próprio ego.
É como praticar diversas religiões, em especial as que se contradizem mutuamente, como as de uma única vida terrena com as reencarnatórias, ou o judaísmo com o cristianismo, por exemplo. Você pode ser adepto de uma e conviver fraternalmente com os adeptos de outras, e até mesmo visitar cerimônias religiosas dessas, respeitando-as. No entanto, ser adepto de duas ou mais contraditórias é logicamente impossível. Na Maçonaria também.
Por fim, antes que alguém diga que tudo é Maçonaria, tudo é lindo, e são apenas caminhos diferentes que levam ao mesmo lugar, devemos mostrar também a imensa incoerência de tal justificativa: se assim for, sejam coerentes com tal pensamento e aceitem todas as centenas de Ritos e Obediências que existem por aí como regulares, pois “é tudo Maçonaria”. Caso contrário, usem a peneira de suas consciências corretamente, sem relativismo, inclusive nos Ritos.

[1] MACKEY, A. G. Adonhiramite Masonry. In: An Encyclopedia of Freemasonry and tis Kindred Sciences. New York e Londres: The Masonic History Company, 1914, p. 19.

Fonte: No Esquadro

Extraído de: http://omalhete.blogspot.com.br/2016/05/coerencia-maconica-entre-ritos.html - Acesso em: 251553MAI2016.