A Semiótica (do grego sēmeiōtikos
- literalmente, "a ótica dos sinais"), é a ciência que estuda os
fenômenos culturais como se fossem sistemas de significação. Este termo é
derivado da palavra grega “sēmeion”, que significa "signo". John
Locke usou os termos "semeiotike" e "semeiotics" no livro
4, capítulo 21 do Ensaio acerca do Entendimento Humano (1690).
Importante notar que o interesse
pela ciência dos signos surgiu, de forma independente, na Europa e nos Estados
Unidos. Mais frequentemente, costuma-se chamar "Semiótica" à ciência
geral dos signos nascidas do americano Charles Sanders Peirce e
"Semiologia" à vertente europeia do mesmo estudo, as quais tinham
metodologia e enfoques diferenciados entre si. Neste ponto de nosso caminhar,
vemos a Ordem utilizando-se desta ciência para reforçar conceitos e
definições importantíssimos ao progresso do Iniciado, resgatando o simbolismo
já apresentado anteriormente, agregando a ele a conotação prática útil na
preparação do estudioso rumo a sua elevação.
Mais complexa que a vertente
europeia, em seus princípios básicos, a vertente americana (peirciana)
considera o signo em três dimensões. Ocupa-se do estudo do processo de
significação ou representação, na natureza e na cultura, do
conceito ou da ideia.
A semiótica tem a sua origem na
mesma época que a filosofia e disciplinas afeitas. Da Grécia até os nossos dias
desenvolve-se continuamente. Porém, há cerca de dois ou três séculos, é que se
começaram a manifestar aqueles que seriam apelidados pais da semiótica. Os
problemas concernentes à semiologia e à semiótica, assim, podem retroceder a
pensadores como Platão e Santo Agostinho, por exemplo.
No estudo geral dos signos
desenvolvido por Charles Sanders Peirce (vertente americana, 1839-1914), o
Homem significa tudo que o cerca numa concepção triádica (primeiridade,
secundidade e terceiridade), e é nestes pilares que toda a sua teoria se baseia.
É por este viés que apresentaremos a análise dos conceitos (e de sua
importância) no esclarecimento do por que definições já passadas nas primeiras
instruções, são resgatadas aos aprendizes na reta final do primeiro grau.
Primeiridade - a qualidade
da consciência imediata é uma impressão (sentimento) in totum, invisível, não analisável, frágil. Tudo que está
imediatamente presente à consciência de alguém é tudo aquilo que está na sua
mente no instante presente. O sentimento como qualidade é, portanto, aquilo que
dá sabor, tom, matiz à nossa consciência imediata, aquilo que se oculta ao
nosso pensamento. A qualidade da consciência, na sua imediaticidade, é tão
tenra que mal podemos tocá-la sem estragá-la. Primeiridade é a compreensão
superficial de um signo. S.˙. T.˙. e P.˙. são um bom exemplo de
primeiridade aplicada ao trabalho de desbaste da P.˙. B.˙. na vida do
A.˙. M.˙.. Apesar de se tratar de fortes recursos de identificação, são
perfeitamente compreensíveis em sua expressão latu-sensu, e cumprem sua função per si, sem a necessidade de
abstrações ou debruçamento por parte dos que os utilizam para que tenham o
efeito pretendido. Não há de fato o quê compreender, mas somente o quê
observar.
Secundidade - na arena da
existência cotidiana, estamos continuamente esbarrando em fatos que nos são
"externos", tropeçando em obstáculos, coisas reais, factivas que não
cedem ao sabor de nossas fantasias. O simples fato de estarmos vivos,
existindo, significa que estamos reagindo em relação ao mundo. Existir é sentir
a ação de fatos externos resistindo à nossa vontade. Existir é estar numa
relação, ter um lugar nas determinações do universo, resistir e reagir, ocupar
um tempo e espaço particulares. Onde quer que haja um fenômeno, há uma
qualidade, isto é, sua primeiridade. Mas a qualidade é apenas uma parte do
fenômeno, visto que, para existir, a qualidade tem que estar encarnada numa
matéria. O fato de existir (secundidade) está nessa corporificação material.
Assim sendo, Secundidade é quando o sujeito lê o signo com compreensão e profundidade
de seu conteúdo. A palavra chave deste conceito é ocorrência, o conceito em ação. Podemos ver a
ideia de compreensão de significado de forma latente no discurso dos vigilantes quando
se referem aos artefatos de trabalho, agregando definições morais ao objeto em
si, levando o Ap.˙. a resgatar o ensino recebido previamente a respeito de
sua significação (Avental - trabalho, Esquadro - retidão, Compasso – justa
medida, Nível e Prumo – igualdade e justiça, Maço – inteligência, Cinzel –
razão, Pavimento Mosaico - fraternidade). Ademais, ao repetir este ensino, os fazem
com que o neófito se lembre de suas responsabilidades mais básicas, entre
as quais a de ser, naturalmente, um cidadão diferenciado principalmente por
suas virtudes morais (signo + significado).
Terceiridade - corresponde à
camada de "inteligibilidade", ou pensamento em signos, através da
qual representamos e interpretamos o mundo. Por exemplo: os pilares, simples e
positivos pilares, são “o primeiro”. Os pilares, como representação das LL.˙. da
L.˙., aqui e agora, onde se encarnam os pilares são “o segundo”. A síntese
intelectual, elaboração cognitiva – os pilares da Sabedoria, Força e Beleza -,
são “o terceiro”. A terceiridade vai além deste espectro de estrutura verbal da
oração. Ou seja, o indivíduo conecta sua experiência de vida à frase meramente
dita, fornece um contexto pessoal ao discurso. Sucintamente, podemos dizer que
terceiridade está ligada a nossa capacidade de previsão de futuras ocorrências
da secundidade, já que não só conhecemos o acontecimento na medida de
possibilidade natural, como já o vimos em ação, e como tal, já nos é
intrínseco. Outro exemplo de momento onde a ideia de terceiridade aparece na
instrução é quando o A.˙. é provocado a perceber que os sustentáculos da
abóbada celeste que cobre a L.˙., simbolizados por doze “lindas colunas
zodiacais” as quais em algumas culturas definem, entre outras coisas, as
características da personalidade do ser humano, remontam à Universalidade da M.˙.,
que aceita o desafio de orientar o aperfeiçoamento de todo homem livre e de
bons costumes, independente de suas características aparentemente inatas
(signos do zodíaco).
Finalmente, o V.˙.M.˙. transmite
aquela que é talvez a grande mensagem do primeiro Grau. As bases e os
fundamentos da caminhada do M.˙. são lançados aos iniciados e delas
eles não devem se apartar jamais. Tudo que se pode fazer deve ser feito, e bem
feito, porque somente cheios do vigor e da energia do novo irmão é que
poderemos, repetidas vezes, descobrir a P.˙. B.˙., desbasta-la e poli-la,
ajusta-la ao edifício, e imediatamente partir para a busca de uma próxima,
perseguindo o alvo de concluir a importante obra de construção social para a
qual fomos recrutados. O resultado final é o que importa. Agindo assim, quando passarmos
pelo trolhamento, responderemos com convicção a que viemos: levantar TT.˙. à
Virt.˙., cav.˙. masm.˙. aos VVíc.˙., incessantemente do meio dia a meia noite,
vencendo as paixões, submetendo as vontades, progredindo sempre.
Colaboração do Ir.'. Rodrigo C.G.
- autor do Blog Schola Moralis
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