PÁLIO
Mestre de Cerimônias, 1º E 2º Diáconos
Ao iniciarmos nossos trabalhos sem dúvidas um dos momentos mais
emocionantes é a abertura do livro da lei quando o mestre de cerimônias
juntamente com os diáconos formam a proteção do Past-Master, o que veremos mais
a frente. No entanto faz necessário decifrarmos quais personagens são
representadas pelos oficiais Mestre de Cerimônia, 1º e 2º Diáconos.
Segundo a doutrina maçônica os diáconos tem, cada um, uma pomba como jóia
significando suas qualidades de mensageiros, o primeiro se coloca perto e à
direita do venerável, para pô-lo em comunicação com o primeiro vigilante, e o
segundo, que se coloca perto e à direita
do primeiro vigilante, para transmitir suas ordens ao segundo vigilante
e demais membros da oficina.
A palavra diácono origina-se do grego com o significado de servidor. Eles
são os embaixadores, os arautos, os que conduzem a palavra sagrada e a de
passe. Muitos autores comparam os diáconos a querubins o que ao meu ver não é
correto afinal os querubins foram colocados sobre a arca da aliança, no
propiciatório, foram colocados dois querubins, símbolo da vigilância e guarda.
O profeta Ezequiel descreve tais seres como sendo alados, de luminosidade
intensa, com quatro faces de animais dotados de plenos poderes. Por
comunicarem-se com os humanos os anjos dessa hierarquia fez com que, ao meu
ver, fossem por alguns doutrinadores maçônicos personificados na figura dos
diáconos.
Hermes/Mercúrio coordena a
condução do corpo de Sarpedon, auxiliado por dois entes alados,
Hypnos (Sono) e
Thanatos (Morte). Vaso das coleções do
Metropolitan, New York
Discordando de tal posicionamento, entendo que os diáconos, até por
questão de origem do nome, se assemelham muito mais aos deuses gregos Hypnos e
Tânathos, sono e morte respectivamente. Vejamos o porquê, Hermes (Mercúrio dos
romanos) deus veloz e com acesso livre em todos os planos, material e
imaterial, físico ou etéreo, era o mensageiro dos deuses era ele também o
responsável por conduzir, todos aqueles desencarnados que eram trazidos por
Tânathos, pelo rio do Ades, levando estes ao Mundo Inferior ou aos Campos
Elíseos. Assim também podiam encontrar com Hermes aqueles que ao se entregarem
a Hypnos, fossem de encontro a Morfeu para viajarem pelo mundo dos sonhos.
Aprendemos que o Mestre de Cerimônia equipara-se a Mercúrio/Hermes, o
mensageiro, que vai do oriente ao ocidente, do norte aos sul, do plano material
ao plano espiritual; temos ainda que levar em consideração a forte influência
greco-romana presente em nossos rituais, portanto ao procedermos um
sincretismo, ao vermos Mercúrio/Hermes no Mestre de Cerimônias, é possível
vermos Hypnos e Tânathos na figura dos Diáconos.
Diz uma velha frase militar “O sono
é o prelúdio da morte”, ou seja, Hypnos caminha ao lado de Tânathos; o
primeiro faz com que o ser liberte sua alma, mas lembrando que deverá retornar,
o mundo dos sonhos nos leva ao plano espiritual, mas sempre temos de retornar
ao corpo, somos uma pomba impedida de voar livre, nos lembra o 1º Diácono; o
segundo, Tânathos, conduz a alma a liberdade do corpo físico, ao mundo
espiritual sem o compromisso de retorno.
Hypnos vive no plano etéreo busca a cada noite as almas para um novo
aprendizado, pra acostumarem-se a liberdade eterna que se aproxima a cada dia;
por isso o 1º Diácono senta-se no Oriente, próximo à razão ao conhecimento a
liberdade de transitar que é dada aos que ali tem acesso; Tânathos por sua vez
transita no plano material, pois ali encontrará aqueles que deverão ganhar a
liberdade eterna da alma, ali encontrará os que devem ser vigiados e ali irá velar
para que todos se conservem com disciplina e ordem, pois somente assim
conseguirão adquirir o conhecimento necessário para ganharem a liberdade sem
sofrimento, fato esse que pode ser observado nas falas do 2º Diácono.
Dessa forma auxiliam
Mercúrio/Hermes, o mensageiro, que transita incansavelmente por toda a Loja,
por todo o Universo.
O PÁLIO
Dito. Vejamos agora a
questão do Pálio. Trata-se do manto
grego que os romanos adotaram, e que era usado pelos imperadores nas audiências
públicas. Na Idade Média simbolizava a presença divina, colocados sobre as
estátuas dos santos, nas fachadas e nos altares das igrejas medievais, ou ainda
o sobrecéu portátil sustentado por varas usado nas procissões, para cobrir o
sacerdote que leva o sacrário. Disse ainda das armações construídas sobre as
camas dos reis franceses ou nos tronos construídos para Napoleão.
Usado nas cerimônias de coroação dos reis da Inglaterra. Em sua
versão mais moderna são os chamados toldos de proteção construídos sobre as
portas e janelas. De modo geral, é tudo o que oferece algum tipo de proteção às
pessoas ou aos objetos.
Na Maçonaria dá-se o nome a cobertura formada pelos bastões dos
Diáconos e do Mestre de Cerimônias sobre o Altar dos Juramentos nos momentos em
que se abre e se fecha o Livro da Lei.
O triedro assim formado, com sua forma piramidal, é considerado um
poderoso concentrador de energias cósmicas. Esta definição dada por Nicola
Aslan e Rizzardo da Camino.
A formação do Pálio é
original do Rito Adoniramita, no qual o Pálio é feito pelo cruzamento das
espadas do M.’. Cerimônias e dos dois Diáconos.
Copiado do Rito
Adoniramita, o Pálio foi introduzido no REAA, nas Lojas do GOB, onde os
Diáconos e o M.’. de Cerimônias também portam espadas.
Algumas das Grandes
Lojas, desde sua fundação pelo Supremo Conselho do REAA, continuaram a fazer o
Pálio, agora com os Diáconos e o M.’. Cerimônias portando bastões.
Em 1999, o GOB excluiu
dos rituais do REAA a formação do Pálio, uma vez que só o Mestre de Cerimônias
acompanha o Irmão Orador na abertura e no fechamento do Livro da Lei. Em nome
da pureza do REAA.
Os rituais do REAA da
Grande Loja de Cuba, da Grande Loja de Oaxaca, no México, da Grande Loja
Regular de Portugal não prevêem a formação do Pálio. O mesmo acontecia com a
Grande Loja da Guanabara, sucessora da Grande Loja Symbólica do Rio de Janeiro
e antecessora da GLMERJ.
Nas Grandes Lojas - ou
pelo menos na GLMERJ - procurou-se também, por volta de 1986, corrigir esta
prática, mas ao invés de se eliminar o cruzamento dos três bastões, eliminou-se
apenas o cruzamento do bastão do Mestre de Cerimônias. O pior é que se
continuou chamando de Pálio ao cruzamento dos dois bastões dos Diáconos. Fato que podemos observar também no
GOP.
O Templo Maçônico, em suas dimensões, sendo o comprimento três vezes
maior do que a largura. O ponto de cruzamento das diagonais traçadas dos
vértices opostos deste retângulo se encontra no “ponto geométrico conhecido”. Este
ponto, encontra-se exatamente sobre o Altar dos Juramentos e sobre as três
Luzes Simbólicas, o Livro da Lei, o Compasso e o Esquadro, sem os quais não
pode uma Loja legitimamente funcionar. Por favor não confundam com as Luzes,
referente V.˙.M.˙., 1º e 2º VVig.˙.
Este é o motivo porque não devemos utilizar nenhum tipo de pálio – ou
abóbada – e, sim, devemos dar a devida importância à Lâmpada, o que
infelizmente não é feito em nossos rituais. Ao formarmos o Pálio acabamos por
ofuscar a presença da Divindade em nossos Templos, pois colocamos uma barreira entre
sua luz e a quem esta deve se aspergir.
Incorreto também é o uso de lâmpadas incandescentes, deveríamos sim
utilizar da lâmpada de pavio e velas de cera de abelha com pavios de ceda, porém esse é assunto para tratarmos em outro
trabalho.
Assim justifico meu estudo sobre o Pálio Maçônico, entendendo o
porquê de algumas potências divergirem em alguns pontos de um mesmo rito.
Concluindo que independente de a Luz da Lâmpada irradiar-se diretamente
sobre a cabeça do oficiante ao abrir e fechar o Livro da Lei, ou se o Pálio
original, formado pelos Diáconos e pelo Mestre Cerimônias impede a ação direta
dessa Luz, como afirmam alguns estudiosos, a minha verdade é que sem sombra de
dúvidas executamos, ao abrir ou fechar os trabalhos de uma loja de maçons, um
dos mais belos e importantes atos contidos no Rito Escocês Antigo e Aceito,
motivo pelo qual devemos nesses momentos elevar nossos pensamentos e durante a
abertura dos trabalhos rogar ao G.˙.A.˙.D.˙.U.˙. por, sabedoria, conhecimento,
inteligência e discernimento, para sairmos dali melhores do que entramos; e ao
final dos trabalhos devemos repetir tais atos mas simplesmente para agradecer e
exaltar o Grande Geômetra, Arquiteto do Universo.
Rogo ao G.˙.A.˙.D.˙.U.˙. que a todos ilumine e guarde.
Fraternalmente:
EUCLIDES CACHIOLI DE LIMA
M.˙.M.˙.
BIBLIOGRAFIA
·
DA CAMINO. Rizzado, - Dicionário Maçônico –
Madras Editora. São Paulo 2001.
·
FIGUEIREDO.
Joaquim Gervásio, - Dicionário de Maçonaria Seus Mistérios, seus ritos, sua
filosofia, sua história. Editora Pensamento. São Paulo 2008.
Antonio Rocha Fadista
- www.formadoresdeopiniao.com.br