Gostaria simplesmente de ter a
capacidade de marketing das agências de publicidade de certos partidos
políticos!
Em que pese discussões políticas
partidárias serem proibidas dentro de uma Loja, estas não são quando das
relações interpessoais envolvendo os Maçons.
Quando entrei na Ordem tinha para mim
o ideal, o mesmo ideal que possuía quando fui nas têmperas do Regimento de
Cavalaria Forjado, fui recebido maçom com a certeza de que poderia e deveria
mudar a sociedade, ainda que fosse a pequena fração da sociedade a qual
pertencia e pertenço. Mesmo sentimento que seis anos antes do ingresso na
Cavaleiros do Hermon fui acometido quando resolvi servir e proteger o Povo
Paulista e Brasileiro.
Encontrei irmão nos quatro cantos das
Terras de Pindorama, combati o bom combate nos mais longínquos rincões,
guardando sempre a minha fé e meus ideais de bem servir. Porém, hoje, tendo
saber o que acontece com os mais jovens, mas não os mais jovens de idade
profana, falo daqueles que ingressaram nos últimos 5 anos nos quadros da Ordem.
Onde está o interesse em servir?
Onde está a pré-disposição?
Onde está o compromisso e o
comprometimento?
Onde está o cumprir o juramento?
Onde está a Proatividade?
Onde está o ser Maçom?
Talvez estas perguntas consigam
responder o estudo realizado a dois ou três anos relativos a evasão maçônica;
as lojas estão se esvaziando pelo choque de identidade e principalmente o
choque de gerações. Ao que parece o daninho espírito inovador vem vencendo a
batalha.
Porque você meu irmão ingressou na
maçonaria? Se responder esta pergunta, me diga porque então não faz acontecer o
motivo pelo qual lhe fez procurar a instituição?
Você se deixa levar o abater por
situações que presencia, ouve ou vê? Se sua resposta for sim, então não está
preparado para ser maçom, pois ser maçom é não se abater com aquilo que te
aborrece, afinal, caso se deixe vencer ou ferir, fatalmente desistirá, estando
a vitória em mãos erradas; no entanto caso se resigne da derrota e tenha assim um senso mínimo de
resiliência, saberá que toda associação composta por pessoas possui suas
falhas, cabendo aos bons simplesmente trabalhar, fazendo do seu mundo o melhor
dos mundos possíveis, ainda que em um primeiro momento utilizemos da visão
utópica de Cândido a ele imposta pelos ensinamentos de Pangloss[1],
seu mestre.
E assim deve ser na maçonaria, na
Loja, ou seja, independente das possíveis frustrações, se você realmente quer
ser maçom, tem que ser resiliente, porém se quiser estar acima da média, ser um
diferencial entre os comuns, ser de fato maçom e não apenas estar maçom, ai
começamos a ver o quão é difícil atingirmos a meta, porém não impossível, assim
como tudo aquilo que alguém se propõe a fazer e ser o melhor.
Ao vermos uma bailarina dançando
sublime, flutuando no palco como se tivesse o peso de uma pluma, com seu belo e
atraente traje, falamos isso é comum, é fácil, é só uma dança; mas esquecemos
quantas horas de dedicação isso levou, quantas hora de diversão foram
sacrificadas, mas principalmente, esquecemos que a grande maioria dos
bailarinos desistem antes de terem a oportunidade de uma grandiosa
apresentação; parecer leve e bailar como uma pena ao vento exige que se esforce
e supere a dor de como se estivesse andado descalço nas pontas dos pés sobre o
asfalto quente; esquecemos ao ver a beleza da dança de pedir para ver os pés descalços de uma bailarina.
Enfim, se maçom é exigir maturidade
espiritual, é se dedicar para que se mantenha o espírito de grupo, ainda que
comunguem disso apenas um punhado de irmãos; ser maçom e fazer a maçonaria com
a alma é saber que teremos dores e frustrações; é portanto saber que por baixo
de uma bela sapatilha existe um pé com dedos calejados e sofridos, porém que se
esforçam para que o espetáculo, a beleza, a firmeza, o comprometimento e a
busca por um ideal, sempre vençam.
Retornando a frase inicial “Gostaria simplesmente de ter a capacidade
de marketing das agências de publicidade de certos partidos políticos!”. Coloco
esta frase, pois algumas agências são de tamanha competência que conseguem em
época de eleições, a cada dois anos, fazer com que muitos de nós votemos nos
mesmos que nada fizeram e ainda fraudaram, tolheram, achincalharam, sucatearam
e outras tantas atrocidades fizeram em detrimento de nosso povo.
Mas gostaria dessa capacidade, ou
encontrar irmão que tivessem essa capacidade coercitiva e aglutinadora, para de
fato poder dar novo folego a mais bela e importante associação que já existiu,
existe e não sei se no futuro existirá.
A maçonaria dentro de seus
fundamentos comunga de uma filosofia. Alveriano de Santana Dias, inicia seu
artigo “A MAÇONARIA SIMBÓLICA E A FILOSOFIA”[2]
com a seguinte reflexão inquisitória: O
que se entende por Filosofia Maçônica? Como ela exercita seus Postulados,
Normas, Constituições, Regulamentos e Regimentos Maçônicos? É esclarecido ou
informado ao profano que ele vai fazer parte de uma Instituição Filosófica, ou
simplesmente exigimos dele uma boa conduta “moral”? Será o suficiente para o
que pretende a Instituição que tem a filosofia do “ser livre e de bons
costumes” como seu postulado? Ao Aprendiz são apresentadas as diretrizes para
que ele possa exercitar a arte do pensar, procurando, primeiro, conhecer a “si”
mesmo e, depois, praticar a caridade, que é peculiar a todos aqueles que,
mergulhados em seu “EU”, encontram respostas para os seus questionamentos e,
posteriormente, exercitar esse aprendizado? O que dizer, então, do Companheiro
e do Mestre Maçom?
A propaganda feita ao aprendiz,
quando ainda profano, certamente lhe inferiu sentimentos que teria mudada sua
vida ao pisar em um templo, porém, sabemos que pouco se explora da filosofia
maçônica tão vasta, ocasionando assim a desconstrução do pensamento e aplicação
do saber maçônico para efetiva aplicabilidade no dia a dia do maçom no mundo
profano.
O homem maçom, não sabe como praticar
a maçonaria, não tem a menor ideia de como exercitar o que aprendeu, por ter
aprendido mal.
DIAS ainda conclui: “... vem ocorrendo uma inversão de valores,
ocasionando uma constante evasão nos quadros de obreiros das Lojas. O principal
motivo é que as reuniões estão limitadas às leituras dos rituais e ao bater dos
malhetes. Desse modo, quando o obreiro chega a Mestre, tem uma visão equivocada
de que não há mais nada a fazer ou aprender, muito menos a ensinar aos neófitos
sobre o que pretende a Maçonaria, por desconhecimento da sua base filosófica ou
por simples acomodação. É o retrocesso... O conhecimento, que se arrasta
durante séculos, aos poucos, vai ficando no ostracismo”.
Por isso, indaguei a vontade de
termos em nossos quadros pessoas capazes de introduzir o amor à sabedoria
maçônica, ou seja, a filosofia e sua aplicação, na cabeça dos novos maçons,
como fazem os publicitários com eleitores, pois a campanha feita é impressa no
subconsciente do eleitor, fazendo com que o mesmo se apaixone pelas ideias de
seus candidatos. Talvez seja isso que nos falte, a impressão do amor à ordem em
nosso subconsciente.
Por fim, encerro mais uma vez com o
enigma de Voltaire "devemos cultivar
nosso jardim", criando dentro do que é possível o melhor dos mundos,
ou a melhor das Lojas dentro daquilo que compete a cada um de nós.
Fraternalmente,
Ir⸫ EUCLIDES CACHIOLI DE LIMA
[1] François-Marie
Arouet, mais conhecido pelo pseudônimo Voltaire - Cândido ou O
Otimismo ou simplesmente Cândido - jovem, Cândido, vivendo
num paraíso edênico e recebendo ensinamentos do otimismo
de Leibniz através de seu mentor, Pangloss. A
obra retrata a abrupta interrupção deste estilo de vida quando Cândido se
desilude ao testemunhar e experimentar eminentes dificuldades no mundo.
Voltaire conclui a obra-prima com Cândido — se não rejeitando o otimismo — ao
menos substituindo o mantra leibniziano de Pangloss, "tudo vai pelo melhor
no melhor dos mundos possíveis", por um preceito enigmático: "devemos
cultivar nosso jardim."
[2] REVISTA O BUSCADOR REVISTA DE
CIÊNCIA MAÇÔNICA - LOJA MAÇÔNICA DE
ESTUDOS E PESQUISAS RENASCENÇA - O Buscador - Campina Grande- PB Brasil Ano I
N° 2 pag. 21 – 31 abr/jun - 2016
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