QUEM SOMOS

CAVALEIROS - alusão aos Templários, às Cruzadas e à Távola Redonda. HERMON - o termo remete-nos ao Monte Hermon, em cujo topo se forma a neblina que se condensa em forma de garoa, o orvalho consagrado pelo Salmo 133. Essa precipitação "tolda parcialmente o sol escaldante do sul do Líbano, e umedece seu solo, transformando-o numa das regiões mais férteis e amenas do Oriente Médio."

Nós Cavaleiros do Hermon, na constante busca para tornar feliz a humanidade, sob a égide do Grande Arquiteto do Universo, que é Deus, nos reunimos às sextas-feiras a partir das 20h00 , na Avenida Pompéia, 1402 - Templo Ir.'. Willian Bucheb - São Paulo - SP.

sábado, 1 de abril de 2017

A FALTA DE COMPREENSÃO E A MÁCULA AO IDEAL DE FRATERNIDADE


“Sonho com o dia em que todos levantar-se-ão e compreenderão que foram feitos para viverem como irmãos”.
Nelson Mandela

Vamos falar sobre fraternidade. Ensina a Maçonaria que vontade e inteligência, sem o sentimento fraterno para com seus semelhantes, poderá transformar o homem em um monstro de egoísmo, e este apesar de todo o mal que poderá causar, desaparecerá, ou seja a existência não será registrada para a posteridade. Devemos sempre aplicar o princípio racional de três virtudes, Vontade – Inteligência – Amor Fraternal, assim conciliando antagônicos chegaremos ao sentimento comum, de modo que um irmão jamais possa prejudicar o outro.
É cediço, fraternidade deriva do termo latino frater, que significa "irmão". A fraternidade universal se traduz na boa relação entre os homens, em um ambiente onde há uma sinergia própria dos irmãos consanguíneos.
Fraternidade fundamenta-se no respeito pela dignidade da pessoa humana promulgando a igualdade de direitos entre todos.
Dentro de uma conceituação filosófica ela se une aos ideais da Revolução Francesa em 1789, embasados na busca de liberdade, igualdade e fraternidade, por isso talvez, dentro da Maçonaria tenha a palavra alçado o mais alto dos pódios.
Todavia, pergunto a fraternidade alçada ao patamar mais alto é realmente exercida pelos maçons de hoje?
De todas as agremiações ou associações existentes no orbe, deve-se tirar o chapéu para a instituição Maçonaria, pois esta se faz a mais completa de todas e, se não for a mais, sem dúvida está dentre as mais complexas, sendo perfeita e justa independente do rito que pratique. Qual outra associação se caracteriza pela estrutura humana que possui, onde homens de todas as etnias, credos e crenças, independente do ofício que exerça, recebem estímulos, a buscarem, de modo uníssono em sacras premissas,  a felicidade e aliada a evolução da raça humana. No entanto, mentes vazias de alguns (iniciados por algum motivo), criam necessidades questionáveis, transitando e contaminando os meios maçônicos, como consequência nossa Excelsa e Sublime Ordem afasta-se de sua realidade, fragiliza a unidade universal, pois esses não esclarecidos ferem suas raízes, esquecem suas origens.
A Maçonaria nunca impôs limites à livre investigação da verdade e é, com o fito de garantir essa liberdade, que ela exige de todos tolerância e assim a convivência harmônica.
A maçonaria em verdade, não é possuidora de doutrinas científicas tampouco sistemas religiosos; apenas clama pelo trabalho, instiga o pensamento, organiza o ensinamento dos leigos pelos mais esclarecidos; não realiza progresso científico, pois esse juntamente com a ciência é fruto do labor de toda humanidade. A obra maçônica possui natureza moral e social. O pensamento funda no amor o edifício moral e social da Humanidade; motivo pelo qual o espírito de fraternidade não pode sofrer máculas, pois estaria solapando o templo do pensamento maçônico.
Os ensinamentos maçônicos gradativamente nos revelam como devemos lapidar nosso “EU”, dando-nos condição para enxergarmos a ação tacanha e maléfica em nosso meio; melhor ainda: a ação de um gênio mal que habita no âmago de nosso ser, sempre espreitando, aguardando o melhor dos momentos para aflorar e assim dividir, separar; desunindo e desestabilizando a egrégora manifestada no ambiente fraternal. É como o cristão vê o mal que dividiu o Reino de Deus, separando-se dos anjos fiéis à vontade do Senhor; segundo a visão religiosa o mal personificado na figura diabólica vaga no mundo, como fez nos céus, tendo como premissa lançar a divisão desunir, afastar os que congregam de um mesmo pensamento.
A grande diferença, entre nós maçons e os religiosos, esteja na maneira como garantirmos a união fraternal, pois reconhecemos em nós mesmos a disposição mesquinha do ser, por isso sujeitamo-nos à pratica constante de lapidação do caráter e da moral, o que chamamos de Desbaste da Pedra Bruta, representado nas inúmeras representações esculturais onde o homem com o malho e o cinzel, quebra o bloco bruto de pedra em torno de si, resurgindo como uma nova criatura, de ampla visão e caráter ilibado, porém consciente que sempre haverá algo a melhorar em sua auto lapidação.
Porém, o questionamento feito é, um tanto quanto paradoxal, acerca da falta de espírito fraterno dentro de uma instituição cujo ensinamento e vivência se dão pela excelência do amor fraternal. 
Indubitavelmente encontramo-nos em uma era onde o mundo está dividido pela desigualdade, além das secções geográficas, políticas e tantas outras. Mas a grande divisão não são estas apresentadas, a grande divisão se manifesta no pior dos lugares e infelizmente também atingindo muitos irmãos; a pior das divisões está no fundo do coração humano, fruto do orgulho e da mesquinhez que ilude insinuando ser possível a autossuficiência, como se o ser humano fosse capaz de nascer, crescer, viver e morrer sem nunca ter precisado de ninguém. Sentimento pernicioso, conduzindo o indivíduo à crença de que é melhor do que o outro, que é mais importante, ou que pode mais do que seu semelhante.
Infelizmente esse nefasto sentimento ocupa alguns irmãos, afastando-os da razão e do entendimento da palavra fraternidade. Não é difícil encontrarmos nas lojas irmãos que se dedicaram ao apoio a outros irmãos e tiveram como resposta a falta de reconhecimento, ou pior a tentativa por parte do irmão “necessitado”, de inverter a situação se passando por vítima, em uma promíscua demonstração de mau-caratismo, ou virando as costas para aquele que na melhor das intenções lhe estendeu a mão.
Lembremos aquele que estende a mão para outro não deve esperar nada em troca, porém, aquele que falta ao espírito de fraternidade e esquece os preceitos não deve ser digno de confiança.
Novamente busquemos similitude nos ensinamentos contidos em livros sagrados acerca da fraternidade, vejamos dois exemplos, Bíblia e Alcorão:

Se teu irmão pecar contra ti, vai e, em particular com ele, conversem sobre a falta que cometeu. Se ele te der ouvidos, ganhaste a teu irmão. Porém, se ele não te der atenção, leva contigo mais uma ou duas pessoas, para que pelo depoimento de duas ou três testemunhas, qualquer acusação seja confirmada. (Bíblia)
E se alguém salvar uma vida, será como se tivesse salvo toda a humanidade"
(Alcorão)
Alguns homens se esquecem de tudo, menos de serem ingratos. (Alcorão)

Em um primeiro momento vemos a necessidade de perdoar, porém de se resguardar contra aqueles que não se permitem assumir que erraram. Em segundo momento o Alcorão ensina a unidade de uma fraternidade universal, por fim no terceiro exemplo, também do Alcorão, podemos ver a fragilidade humana manifestada na ingratidão, o que afasta-nos da pureza do espírito fraternal.
Ao não nos permitirmos perdoar, ou nos damos ao luxo de não reconhecermos nossos erros, o que é mais comum, estamos enaltecendo a divisão, a qual nos conduzirá a acusarmos uns aos outros, colocando a culpa neste ou naquele e, então, não seremos mais capazes de operar a conciliação e a reconciliação. Observem como se dividem as casas, as famílias; não falemos de divergências de opinião e de expressões de vida, pois estas são como a boa e doce bebida, divergir sem desrespeitar é saudável para a construção do templo chamado indivíduo, pois, na mesma casa, um pode pensar de um jeito, outro de outro; o marido pode ver de uma forma e a mulher de outra. Isso não é divisão, a diferença, a opinião diversa traz o crescimento, há evolução, é o ensinamento adquirido ao estudarmos o pavimento mosaico, diferenças dentro de um mesmo ambiente de respeito se completam; todos comungando de um mesmo saber, crescendo como maçons e como seres melhores. Se for ao contrário disto, dando a divergência lugar à divisão nefasta, fomentando o desrespeito e a falta de consideração, estará livre o caminho para a destruição de nosso templo interior e de nossa Ordem como um todo, pois não estaremos mais confiando uns nos outros, estaremos longe do cantado por Davi em seu Salmo 133.
Fragmentação [causada pelo mal agir] se dá quando um se põe contra o outro, quando um não é mais capaz de conviver com o outro; quando nos fazemos inábeis para suportar diferenças, porque queremos o mundo do nosso jeito, de nossa forma e da nossa maneira de pensar. Boicotamos-nos e deixamos o sentimento mundano invadir nossas mentes e por estarmos cegos para esse contágio, acabamos por não nos vigiarmos e assim ao estarmos em nossas Lojas, contaminamos a egrégora e deturpamos os ensinamentos com presunções espúrias sem direito a assento em nossas reuniões.
A energia da mudança que pretende evolução do espírito deve tomar o maçom, tem que estar ligada ao amor fraternal, pois se assim não for, estará o maçom no curso do mau intelecto, tornar-se-á servidor das forças do mal por falta de discernimento.
Por fim, a divisão, arma do mau intelecto, tenta reinar no seio da Ordem, por intermédio dos grupos e das lideranças que, muitas vezes, exercem certa influência sobre os mais novos. Por vaidades, já presenciamos muitas Lojas baterem colunas ou irmãos se desligarem dos quadros, como se a culpa fosse da Maçonaria, porém a culpa está no maçom que, apesar da boa visão, nega-se a enxergar com os olhos da alma e reconhecer que na sua conduta existe o maléfico espírito da divisão e da desunião humana. Já vimos esse mal em nossas casas, em nossas famílias; por isso, precisamos mais do que nunca adquirir o hábito de pedir perdão a nossos irmãos, mesmo não sendo o culpado dos desentendimentos, precisamos sublimar o espírito a sua condição mais elevada, além do pensamento e compreensão esperada de um homem mediano, precisamos ser mais maçons e menos profanos de avental.
Antes de questionarmos a Ordem e seus puros métodos de ensinamento, devemos aprender a nos respeitarmos, ensinarmos aos aprendizes mais valores e moral maçônica, ao invés de tentarmos passar teorias que sabemos de ouvirmos falar, contaminando assim a pureza de nossas instruções. Para que no futuro não digamos que não valeu a pena e que nada tem a se aprender.

BIBLIOGRAFIA
  • Ritual do Aprendiz Maçom GLESP-2006
  • Alcorão Sagrado – Federação das Associações Mulçumanas do Brasil
  • Bíblia Sagrada – Almeida revisada e Atualizada – Sociedade Bíblica do Brasil
  • WIRTH, Oswald - Os Mistérios da Arte Real - Ritual do Adepto. Do original: Les Mystères de L’Art Royal — Rituel de L’Adepte, de Oswald Wirth, Ed. “Le Symbolisme”, 1972. Tradução para o português de M.B.T.
                                            
Ir\ EUCLIDES CACHIOLI DE LIMA
Past-Master
ARLS Cavaleiros do Hermon - 335

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