QUEM SOMOS

CAVALEIROS - alusão aos Templários, às Cruzadas e à Távola Redonda. HERMON - o termo remete-nos ao Monte Hermon, em cujo topo se forma a neblina que se condensa em forma de garoa, o orvalho consagrado pelo Salmo 133. Essa precipitação "tolda parcialmente o sol escaldante do sul do Líbano, e umedece seu solo, transformando-o numa das regiões mais férteis e amenas do Oriente Médio."

Nós Cavaleiros do Hermon, na constante busca para tornar feliz a humanidade, sob a égide do Grande Arquiteto do Universo, que é Deus, nos reunimos às sextas-feiras a partir das 20h00 , na Avenida Pompéia, 1402 - Templo Ir.'. Willian Bucheb - São Paulo - SP.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

CONSCIÊNCIA


Charles Evaldo Boller
Sinopse: Considerações a respeito do treinamento e uso da consciência.

O maçom é sempre obediente? Não! Ele obedece a uma treinada consciência voltada para o bem e baseada em princípios morais.
Consciência é capacidade humana que pode ser treinada e desenvolvida. É o utilitário de segurança mais usado pelo homem sábio com vistas à pureza moral. É ela quem efetua comparações com padrões de moral que freiam o mal. A constante convivência com pessoas detentoras de elevada moral injeta na mente comportamentos, pensamentos, crenças e diretrizes que a treinam. Estudar e filosofar temas morais também contribui na sua boa edificação. Mas não é suficiente! É necessário querer e estar disposto em aceitar mudanças, orientações e advertências. Quando certa ação conflita com o padrão desenvolvido no condicionamento moral, soa o aviso de alerta ao inicio da contenda, empunha-se a consciência como escudo. Ela acusa e defende o homem do proceder que prejudica. Deixa de funcionar se estiver cauterizada, tornada insensível por inúmeros atentados que a desrespeitam. A consciência gera culpa e esta imobiliza a ação errada. A companhia de pessoas promíscuas e praticantes de atos atentatórios à moral prejudica seu bom condicionamento. É semelhante ao arrancar de terminações nervosas da carne que fica destituída de tato. A ação da pessoa passa a ser controlada pelo temor a castigos e não mais ao sentimento de culpa que imobiliza a ação do mal.
No Rito Escocês Antigo e Aceito o adepto recebe de herança cultural a direção que preconiza a obediência de caserna, disciplina marcial e rígida, influência de vetustas ordens de cavalaria e profissionais. A companhia de pessoas boas e disciplinadas auxilia no desenvolvimento de boa consciência. Razão da boa e criteriosa escolha de novos obreiros. Profano que não possui estatura mínima em sentido moral é impedido de entrar na Maçonaria, daí a importância de rigorosas sindicâncias. Uma vez iniciado, a convivência pacífica e amorosa entre os maçons proporciona a sintonia fina da consciência sensível e inteligente. Quem não treina a sua consciência faz de si um animal incapaz de ocupar-se de outra coisa, a não ser daquela do destino próprio dos animais.
Se a consciência do maçom está afinada com a moral, este pode até dispensar o livro da lei no altar dos juramentos. O detentor de boa consciência tem um livro da lei escrito no coração e na mente. Para o cristão, a bíblia judaico-cristã é símbolo da sua consciência. Representa espiritualidade e racionalidade de todo homem bom dotado de consciência voltada ao bem. Aquele que passa por transformação em sentido lato, reunindo em si bons princípios morais, éticos, religiosos, emocionais, físicos e espirituais tem o alicerce de sua consciência construído sobre a rocha. O maçom usa da inteligência para educar-se e afinar a consciência ao que ditam as leis naturais estabelecidas pelo Grande Arquiteto do Universo. Desenvolve e entende a mensagem contida na filosofia da Maçonaria, em cuja escalada peregrina ao interior de si. Trabalha a pedra por dentro nos exercícios de individuação tornando-se consciente do milagre da vida que o anima. E nesse seu mundo interior desenvolve acurada consciência, instrumento que o desculpa e acusa, diferencia entre bem e mal, percebe certo e errado.
Na história da Maçonaria observa-se que quando de parte de maçons ocorreu desobediência civil, aconteceram fatos que promoveram melhorias às sociedades humanas. Treinado a consciência o maçom desobedece tudo o que possa bloquear o exercício da liberdade responsável, o bom uso da liberdade com possibilidades de escolhas. O maçom obedece mais à consciência criada pelo Grande Arquiteto do Universo que às leis, dogmas religiosos e ideologias políticas. Parte do princípio que aceitar de forma passiva às leis injustas as tornam legítimas. A sua espiritualidade associada à sua boa consciência levam-no a caminhar conforme os elementos de seu projeto existencial onde não obedece a ordens que conflitam com a moral guardada pela consciência. Tem o dever juramentado de rebelar-se contra leis e dominações injustas. Cultiva e condiciona sua consciência para a ação orientada ao amor fraterno; aquele sentimento em ação que soluciona a todos os problemas de relacionamento e humaniza o homem. O treinamento da consciência é atividade permanente do maçom e é por isso que ele começa cada tarefa invocando a glória do Grande Arquiteto do Universo.

BIBLIOGRAFIA:
 1. ALMEIDA, João Ferreira de, Bíblia Sagrada, ISBN 978-85-311-1134-1, Sociedade Bíblica do Brasil, 1268 páginas, Baruerí, 2009;
 2. BAYARD, Jean-Pierre, A Espiritualidade na Maçonaria, Da Ordem Iniciática Tradicional às Obediências, tradução: Julia Vidili, ISBN 85-7374-790-0, primeira edição, Madras Editora limitada., 368 páginas, São Paulo, 2004;
 3. CAMINO, Rizzardo da, Reflexões do Aprendiz, Coleção Biblioteca do Maçom, primeira edição, Editora Maçônica a Trolha limitada., 157 páginas, Londrina, 1992;
 4. RODRIGUES, Raimundo, A Filosofia da Maçonaria Simbólica, Coleção Biblioteca do Maçom, Volume 04, ISBN 978-85-7252-233-5, primeira edição, Editora Maçônica a Trolha limitada., 172 páginas, Londrina, 2007.

Data do texto: 08/12/2011.

Sinopse do autor:
Charles Evaldo Boller, autor, engenheiro eletricista e maçom de nacionalidade brasileira. Nasceu em 4 de dezembro de 1949 em Corupá, Santa Catarina. Com 62 anos de idade.
Loja Apóstolo da Caridade 21 Grande loja do Paraná.
Rito: Rito Escocês Antigo e Aceito
Local: Curitiba.
Grau do Texto: Aprendiz Maçom.
Área de Estudo: Comportamento, Consciência, Educação, Espiritualidade, Filosofia, História, Liberdade, Maçonaria, Política.

Extraído de:

Imagem extraída de:
  

quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

HUZZÉ, A ORIGEM DA ACLAMAÇÃO ESCOCESA
Luiz Sergio Castro


Na maçonaria brasileira, os irmãos praticantes do REAA (Rito Escocês Antigo e Aceito) estão bem familiarizados com a tripla aclamação Huzzé, utilizada na abertura e no fechamento dos trabalhos, mas a sua origem é um pouco duvidosa devido a confusão de teorias criadas por escritores que talvez não tivessem o acesso a tanta informação quanto temos atualmente, e com a facilidade que a internet nos proporciona.
Cito abaixo algumas teorias bem conhecidas sobre a origem da aclamação:

– Huzzé é derivada de uma palavra hebraica que significaria uma espécie de “acácia”, como símbolo de imortalidade;

– Palavra formada pela raiz O’z e sufixo Zé, significando “É minha força” uma alusão ao GADU;

– Origem espanhola – alguns dizem que Cavaleiros Templários que fugiram da França frente às perseguições do Rei Filipe e do Papa Clemente V e se refugiaram no sul da Espanha, uniram-se a população local para combaterem durante a guerra civil que assolava a região e a cada vitória eles gritavam a palavra Huzzé em celebração;

– Aclamação realizada para expulsar o “ar impuro”, mandando embora todo o negativismo que carregamos no dia-a-dia profano;

– Huzzé seria uma espécie de Hurra, como a aclamação Hip, Hip, Hurra;

Diante desta confusão, busco na história a origem e inserção desta prática na maçonaria.

Um pouco de história

Tudo indica que a aclamação Huzzé, deriva da palavra Huzza dos ingleses, onde a pronúncia com o tempo, criou a modificação na escrita.
O livro Essential Militaria de Nicholas Hobbes nos informa que nos séculos XVII e XVIII, Huzza era um cumprimento ou saudação usado pelos marinheiros, para homenagear quem embarcava ou desembarcava. Menciona também que a expressão era um grito repetido em uníssono, sincronizadamente, quando os marujos atuavam em conjunto para puxar os cabos das velas ou as amarras das embarcações.
Há relatos de que nos séculos XVIII e XIX, três Huzzas eram dados pela infantaria britânica antes dos disparos, como meio de ganhar moral e de intimidar o inimigo. Há quem diga que eram dois huzzas curtos seguidos de um terceiro, mais longo, dado durante a carga final.
Foi dessa forma, acreditamos, que o brado utilizado no REAA deve ter chegado aos marinheiros ingleses e depois, pelo fato da Inglaterra ser um país onde as atividades navais ocupavam grande destaque, passado ao resto da sociedade não só como exclamação de alegria e aprovação, mas também como designativo de união e atitude solidária. Disso, talvez, advenha sua adoção pela maçonaria.

Mas quando esta aclamação passou a ser utilizado pelos maçons?

William Preston, em seu livro Illustrations of Masonry, descreve com detalhes o evento ocorrido em 1753 na Escócia, no evento de lançamento da pedra fundamental do conjunto de edifícios chamados “The New Exchange of Edinburgh”, onde foi realizada uma procissão de 672 irmãos, que foi iniciada em frente a famosa Mary´s Chapel, em caminhada até o local onde seria lançada a pedra fundamental.
A procissão foi recebida por mais de 150 militares juntamente com uma companhia de granadeiros, em duas linhas, sob as armas, que escoltaram a procissão. Este fato foi de tão importância para os maçons, que o Grão-Mestre da Escócia, Lorde Carysfort, descreveu a honra de estar presente a tal acontecimento e ao realizar a cerimônia de lançamento da pedra fundamental, deu três pancadas na pedra com o Maço, seguido de três huzzas, provavelmente em homenagem aos militares ali presentes tendo visto a forte relação dos militares com a maçonaria.
Após alguns procedimentos do evento, o Grão-Mestre proferiu a frase “Que a mão generosa do céu abasteça esta cidade com abundância de milho, vinho, óleo e todas as outras conveniências da vida! Huzza, Huzza, Huzza!!!”.
Outro livro descreve a utilização da aclamação na Escócia ainda no século XVIII, geralmente em lançamentos de pedras fundamentais. A obra escrita William Alexander Laurie em 1804, sob o nome “The history of free masonry and the Grand Lodge of Scotland” cita que a prática militar de aclamar três Huzzas juntamente com o tocar de trombetas, diversas vezes foi realizada para recepcionar os maçons nos eventos.
O escritor inglês John Dunton, no livro “Cartas da nova Inglaterra”, registra o costume militar de se saudar autoridades com gritos de Huzza, muito comum entre os militares ingleses e escoceses. Huzza era o grito de guerra usado pelas tropas da marinha inglesa, bem como a do corpo de granadeiros.
Em 1778, para celebrar a aliança realizada com a França, o general George Washington diz ao seu exército: “Huzza, Viva o rei da França, Huzza, Vivam os amigos das potências europeias, Huzza, Viva o Estados Unidos da América”.
E finalmente, o exército Inglês faz uso dessa expressão (Huzza) em uma canção de marcha dirigida contra os franceses:

“And, Monsieurs, you’ll find us as good as our words:
Beat drums, trumpets sound, and Huzza for our King!
Then welcome Bellisle, with what troops thou canst bring!
Huzza! for Old England, whose strong-pointed lance
Shall humble the pride and the glory of France.”

Observando a aclamação nos rituais
Embora a aclamação Vivat, Vivat, Vivat, já apareça em 1737, com a divulgação de “La réception d’un Frey-Maçon” e no rito adohiramita com o “Recueil Precieux de la Maçonnerie Adonhiramite”, o triplo Huzzé e suas variantes não aparecem nos documentos do século XVIII.
Nas primeiras divulgações como o Maçonaria Dissecada (1730) e o Três Batidas Distintas (1760), apesar de aparecerem os três golpes de malhete na abertura dos trabalhos, não faz referências a aclamação.
Somente em 1804, no “Guia dos Maçons Escoceses”, também chamado de “Livro dos três graus simbólicos do rito antigo e aceito”, que a tripla aclamação surge na abertura e fechamento dos trabalhos da loja, neste momento escrito como “Houzze”.
Depois, em 1813, no livro “Tuileur de l’Écossisme” de Delaulnaye, novamente é registrada a utilização da aclamação escocesa (Houzze) na abertura da loja.

Conclusão

Estou convencido que a tripla aclamação escocesa foi inserida na maçonaria por influência dos militares e dos eventos ocorridos no século XVIII e descritos acima, era muito comum o alto escalão militar estar composto por maçons que ocupavam também cargos de importância na administração da maçonaria. O Huzzé foi usado inicialmente como uma exclamação de alegria e comemoração, simples assim, sem invenções e significados mirabolantes.
Bibliografia:
Illustration of Masonry – William Preston
The history of free masonry and the Grand Lodge of Scotland – William Alexander Laurie
Essential Militaria – Nicholas Hobbes
Tuileur de l’Écossisme – Delaulnaye

Por Ir.'.  Luciano Rodrigues