Imagem extraída de: http://super.abril.com.br/historia/decifrando-a-maconaria
Em
Maçonaria a Iniciação é a chave, o ponto de partida, precedida, tão somente,
pelos atos preparatórios…
Uma
Iniciação sempre traduz uma expectativa porque é um princípio, e todo começo
importa em fato novo.
O
vocábulo Iniciação não se apresenta isolado; deva-se entender a palavra sob o
aspecto filosófico, portanto ela é compreendida como sendo entrar em iniciação,
ou seja, ingressar num início.
Uma
iniciação não é um ato comum e tampouco exclusivo da Maçonaria ou de outra
Instituição paralela. A criança é iniciada na escola quando ingressa no
complexo (para ela) mundo das letras e dos números, da escrita e da oralidade.
A puberdade envolve uma iniciação ao sexo.
A
evolução normal dos povos civilizados apresenta uma tendência para a
simplificação.
A
iniciação maçônica de hoje difere muito da dos tempos iniciais, como acontece
com os processos iniciáticos religiosos. O homem atual desenvolveu o poder da
síntese, deixando de lado as evoluções desnecessárias. Questiona-se muito a
respeito da validade ou não deste comportamento que, atingindo a Igreja, lhe
causou certos transtornos.
O
fator que mantém as tradições e que apresenta a iniciação maçônica como
tradição do que era em séculos passados, é o símbolo. A supressão de certos
atos, com a justificativa de modernizá-los, de simplificá-los, de adaptá-los às
circunstâncias da atualidade. Na Maçonaria atual, modernizada, não abre mão de
certos atos simbólicos porque eles representam de modo compreensível todo um
conjunto de mistérios.
A
revelação não supre o valor do símbolo. O mistério permanece e cada vez mais
ele pode ser fortalecido e também ampliado, renovado e recriado. A mística é a
grande atração para os maçons. Eles aceitam e mantêm a tradição.
Paralelamente
à iniciação, o iniciado deixa ou adquire hábitos, jura, promete novas atitudes,
novos comportamentos, nova filosofia de vida. Podemos exemplificar com a
iniciação do sacerdote da Igreja que faz voto de celibato. Os Templários faziam
voto de pobreza.
Se
fôssemos verificar a respeito das variações iniciáticas entre os povos,
religiões, raças e posições geográficas, nos perderíamos em um emaranhado de
conceitos, válidos todos eles quando questionados e quando recebida a
justificativa.
A
criação do homem, embora lendária, foi uma iniciação. Juntado o pó com a água,
feito o barro, concluída a modelagem, veio o sopro divino e, ainda que surgindo
adulto, o primeiro homem símbolo teve um longo aprendizado. A sua posição era
cômoda porque nada tinha para deixar atrás ou de lado. Tudo era princípio.
Houve, sim, um voto. Apenas um: o de não comer dos frutos da Árvore do
Conhecimento.
Não
temos qualquer preocupação em duvidar desse princípio da criação. Mesmo que
tenha sido uma tradição simbólica, início da saga hebraica, ele representa um
ponto de partida. Se, antes, já existia o ser humano – os denominados “filhos
da terra” – desses não temos a história. Iremos nos defrontar com teorias, as
mais credenciadas, mas não poderemos sobre essas teorias construir nossa
filosofia.
A
Maçonaria acredita num princípio e obedece aos Landmarks, que são os princípios
básicos de sua doutrina. A importância de estabelecer critérios analíticos em
torno desse princípio não é vital. O posicionamento maçônico atual é o de crer
e aceitar a existência de um Deus a quem denomina de Grande Arquiteto do
Universo e da existência de uma vida após a morte.
Portanto,
iniciação implica em aceitarmos um novo princípio, com todas as injunções que o
compõem, inclusive com abrir mão de tudo o que era antes da iniciação.
Esta
seção, separando o passado do presente, não é possível ocorrer no plano físico.
O
iniciado, ao deixar o Templo, ao retornar ao “mundo”, esquece a sua nova
condição e readquire o comportamento que tinha isto paulatinamente, porque a
“natureza não dá saltos”. O mundo então o recebe como ser mais aperfeiçoado.
Toda iniciação se desenvolve no plano mental, espiritual e místico.
Muitos
tendem a dar à Maçonaria um aspecto religioso e assim, dentro das Lojas,
formam-se correntes as mais diversas. O religioso, de forma geral, tende a
adaptar a Maçonaria aos seus princípios; assim, sob o ponto de vista espírita,
o maçom espírita praticante construirá em sua iniciação um panorama que não
conflite com sua crença. Porém, sem afirmar que a Maçonaria é agnóstica, a
religião, embora extremamente necessária, não está incluída na filosofia
maçônica.
Crer
em Deus e numa vida futura não implica em qualquer princípio religioso. A
religião fundamenta-se sempre, na fé. A Maçonaria prescinde desta fé. O maçom
religioso será, sempre, um maçom compreensivo. O religioso crê no dualismo:
Deus e Diabo. A Maçonaria aceita a Deus como um Princípio, sem a preocupação de
perquirir sobre a origem deste Princípio, O homem, é criatura; o Criador é
Deus. O homem é eterno; a Eternidade é Deus.
Temos,
portanto, na iniciação um aspecto curioso: trata-se de uma Iniciação Maçônica e
não de uma iniciação religiosa. Uma iniciação escolhida, aceita, experimental,
e não uma iniciação imposta. A religião pode ser seleção, mas genericamente é
imposta.
Nossos
pais, por exemplo, nos impõem um nome que devemos suportar até a morte.
Paralelamente, nossos pais nos dirigem para uma religião: a religião deles. Na
maturidade, o homem pode escolher o seu próprio destino religioso, porém, a
influência do lar será à base de tudo.
A
Maçonaria aproxima o seu adepto a Deus. Ela o apresenta como uma obra
perfeitamente construída, adornada e acabada por um Grande Arquiteto. O
mistério se denomina, também, Deus. Para a Maçonaria o Diabo nada é; ela aceita
o dualismo como equilíbrio de forças. O Diabo será apenas oposição, descrença,
desamor. O homem passa constantemente por iniciações. Nem sempre, são
iniciações conscientes.
A
Iniciação Maçônica, como vimos, é formada por um conjunto de fatores.
Inicialmente individual, para posteriormente integrar-se a um grupo.
As
iniciações inconscientes resultam de uma evolução espiritual; o que se processa
no homem, dentro de seu universo, ainda não está muito bem definido, mas
existe. E a materialização do “conhece-te a ti mesmo”, da revelação do grande
mistério da Criação. Homem, quem és?
A
Maçonaria dá muitas respostas, mas se torna necessário que o candidato passe,
efetivamente, por uma Iniciação. A Maçonaria precisa com muita urgência, para
sobreviver, de iniciados, e não de elementos que passam por uma iniciação sem
que a morte se efetive. Para uma comparação, com a finalidade de que haja
compreensão maior, foi necessário para Jesus que morresse para cumprir a sua
missão de redimir o homem. Sem uma morte, não haverá iniciação.
…
Portanto, em resumo, a Iniciação nada mais é do que a aceitação da morte.
Assim, esta morte perde o seu aspecto trágico.
Quando
o homem se convencer de que a Iniciação para uma nova aventura. Todos aqueles
que tiverem um amigo maçom e que forem propostos como candidatos ao ingresso na
Maçonaria, terão uma oportunidade única e exclusiva. Sempre, contudo, que o
candidato busque entender a Iniciação.
Em
outros países – Estados Unidos, Argentina, Chile, Uruguai, etc. – as Lojas
distribuem aos candidatos um manual que serve de orientação, inclusive dos
familiares. Nós, brasileiros ainda temos tabus quanto ao ingresso na Ordem. O
candidato, já adentrando a Câmara das Reflexões, ainda ignora o que seja a
iniciação. Esta falha é imperdoável.
Cabe
ao apresentador, ao padrinho esclarecer seu afilhado acerca do que seja a iniciação
maçônica. Obviamente se esse mestre souber realmente da importância deste
conhecimento.
O
homem em núpcias prepara-se para a iniciação do casamento, tendo já passado por
um período de noivado. O casamento indubitavelmente é uma das fases mais
importantes tanto para o homem quanto para a mulher. Trata-se de uma iniciação
séria que cada vez menos é assim considerada, pois assistimos a desfazimentos
de casamento por motivos os mais fúteis possíveis.
O
importante da iniciação do casamento é que se apresenta contínua. Cada dia que
passa surgem problemas que devem ser solucionados, e isto perdura até o fim;
não o fim de um casamento mas o da vida.
Passado
o período de “mel”, surgem os filhos e a grande problemática do amadurecimento,
o encaminhamento dos filhos para a vida, as questões que, eles geram as
preocupações. Depois, vêm os netos, as enfermidades, a velhice. Muitas vezes o
casamento se interrompe com a morte da companheira, afastamento permanente que
causa traumas.
Mesmo
havendo separação, prematura ou não, as funções geradas pelo casamento não
cessam; em caso de separação judicial, subsiste a manutenção do outro cônjuge,
dos filhos menores e desamparados: uma continuidade trágica, perturbadora, que
traz, sempre, infelicidade.
Assim
é o maçom. A sua iniciação não apresenta um ponto estanque; é contínua e
permanente, porque a cada dia que passa novas experiências surgem. Até o fim, o
fim da vida, o maçom prossegue nos atos misteriosos e místicos da iniciação. O
maçom é para sempre, in eterno. O maçom depois de iniciado sempre será maçom.
Temos
a iniciação profissional. No início entusiasta, depois rotineira. Conforme a
profissão, ela se apresenta insossa, repetitiva, um castigo, tudo sempre igual:
um patrão, uma tarefa, sempre em busca da aposentadoria. Há profissões, porém,
que exigem progresso, atividade constante, e que dão grande satisfação; como
acontece nas pesquisas científicas.
A
Maçonaria também possui essa parte: a grande busca, a experiência, o próximo
como elemento de trabalho operativo. Essas iniciações são simultâneas:
religiosas, espiritualistas, científicas, operacionais, místicas, enfim, um
corolário de princípios que não cessa prossegue até o fim da vida, desta vida.
Não
podemos fixar uma norma a respeito da iniciação; a Maçonaria dispõe de tradição
para realizar iniciações formalmente iguais, revestidas de simbolismo escolar.
No entanto, nem a Maçonaria, nem as religiões, nem a própria vida, iniciam
alguém.
A
iniciação é mística individual, pois ela se realiza dentro do indivíduo.
Obedece-se a ritos rígidos, esses são externos, daí que a cerimônia iniciática
se reveste de características fixas, enquanto a cerimônia mística envolve a
personalidade do iniciando e difere de indivíduo para indivíduo. Com isto,
surge a incógnita da possibilidade ou não de encararmos uma iniciação rotulada
de atualizada ou moderna.
A
iniciação, seja qual for, será sempre paralela ao desenvolvimento espiritual do
indivíduo. Uma obra clássica não significa antiga, de séculos passados. O
clássico pode ser moderno e atual; o que classifica é o lugar que encontra na
sociedade. Assim, podemos fixar uma iniciação clássica como a aceita por uma
maioria. Sempre, porém, ela será atual no conceito do iniciando e não no
conceito do iniciador.
A
instrução era feita, a cinqüenta anos atrás, de conformidade com os métodos
tradicionais; primeiramente, a alfabetização, para depois, ano após ano, num
trabalho de paciência beneditina, incutir na mente do aluno o conhecimento
previamente programado, numa escala crescente para desenvolver o raciocínio até
atingir a universidade, onde a personalidade do mestre passava a plasmar a
cultura.
Hoje,
a televisão se encarrega de tudo. Amanha, quem sabe, a telepatia dará a
orientação precisa e correta. Portanto, quando se cogita de entender o que seja
uma iniciação, deve-se atentar a todas as suas nuances e facetas, para, depois,
colher os resultados. E por este motivo que sempre alertamos: o iniciado não é
o que passa por uma iniciação, mas o que inicia.
O
segredo, o grande segredo maçônico é o comportamento do iniciando na Câmara das
Reflexões, tão conhecida pelos maçons e de certo modo um assunto esotérico,
ainda particular, de vendado de forma muito discreta numa linguagem apropriada
compreensão dos maçons, daqueles verdadeiramente iniciados.
O
candidato, concluída a sindicância e aprovado pelo plenário, sem voto divergente,
é chamado. Esta chamada contém muito misticismo. Dissera Jesus ao discípulo:
“vem e segue-me”. O candidato, nesta altura já avisado de que a sua entrada
para a Maçonaria foi aceita, responde a chamada. É muito importante ser
chamado.
Na
competição atual, o homem busca alcançar um espaço; ele desbrava caminhos, luta
e nem sempre vence. Porém, na Maçonaria, quando menos espera, recebe o chamado,
transmitido pelo seu apresentador, seu padrinho. Esse chamado deve ser
atendido? O que passa pela mente do candidato?
O
atender o chamado significa um ato de obediência. A obediência de modo geral,
significa submissão, ou seja, uma concordância tácita de que tem disposição
para ingressar em uma Instituição que desconhece. O enigma deve ser decifrado e
o homem, por ser desafiante, ousado, impetuoso, passa a enfrentar o
desconhecido. Ignora o nome dos participantes da Instituição onde anuiu
ingressar, ignora a filosofia do grupo, os conceitos, a parte esotérica. Porém,
aceita e acompanha o padrinho até o Templo.
Atender
ao chamamento é o resultado do trabalho de preparação que aludimos acima. Toda
Loja, toda jurisdição maçônica trabalhou com muito interesse para atrair o novo
irmão que irá beneficiar com a sua personalidade e presença a fraternidade
universal.
É
o retorno, o eco das vibrações enviadas através da mente, da voz, das práticas,
do misticismo, do mistério. Se o chamamento for bem equacionado, se as
vibrações emanadas tiverem sido bem distribuídas, indubitavelmente atingiram em
cheio o candidato e ele não poderá, de modo algum, negar o chamamento.
Não
será ele quem decide. A congregação é que decidiu recebê-lo. E a fatalidade da
preparação a que ninguém escapa a atração irresistível em busca, inconsciente,
da perfeição. Assim, o candidato se entrega totalmente à iniciação. Aqui cessa
a participação individual para dar lugar à participação do grupo.