QUEM SOMOS

CAVALEIROS - alusão aos Templários, às Cruzadas e à Távola Redonda. HERMON - o termo remete-nos ao Monte Hermon, em cujo topo se forma a neblina que se condensa em forma de garoa, o orvalho consagrado pelo Salmo 133. Essa precipitação "tolda parcialmente o sol escaldante do sul do Líbano, e umedece seu solo, transformando-o numa das regiões mais férteis e amenas do Oriente Médio."

Nós Cavaleiros do Hermon, na constante busca para tornar feliz a humanidade, sob a égide do Grande Arquiteto do Universo, que é Deus, nos reunimos às sextas-feiras a partir das 20h00 , na Avenida Pompéia, 1402 - Templo Ir.'. Willian Bucheb - São Paulo - SP.

quarta-feira, 20 de abril de 2016

OS 12 TRABALHOS DE HÉRCULES

*IMAGEM: http://festaleza.blogspot.com.br/2012/04/domingos-filosoficos-nova-acropole.html


Entre os heróis gregos destacava-se Héracles, mais conhecido pelo nome romano -Hércules - cultuado em toda a Grécia. Tratava-se de um herói nacional. Tornou-se famoso por ter realizado doze trabalhos, em benefício dos gregos.
Hércules, filho de Zeus e da princesa Alcmena era odiado por Hera, mulher de Zeus. Quando Hércules casou-se com Mégara, uma princesa tebana, Hera fez com que ele enlouquecesse e pusesse fogo em sua casa, matando sua mulher e seus filhos. Quando Hércules recuperou a razão, procurou o auxílio do oráculo de Delfos. O oráculo disse-lhe que deveria servir doze anos a seu primo Euristeu, rei de Argos.
Hércules realizou então 12 trabalhos para o rei Euristeu.
·Primeiro trabalho: matar o leão de Neméia. A partir de então Hércules passou a usar a pele resistente do leão como armadura.
·Segundo trabalho: matar a Hidra de Lerna, uma serpente com sete cabeças venenosas. Hércules queimou todas as cabeças do animal, menos uma, que era imortal. Essa foi enterrada por baixo de uma pedra. Após matar a Hidra, Hércules mergulhou suas flechas no veneno da Hidra, tornando-as venenosas.
·Terceiro trabalho:a captura do javali de Erimanto.
·Quarto trabalho: capturar a corsa de Cerinéia, que tinha os cascos de bronze e os chifres de ouro.
·Quinto trabalho: expulsar as aves do lago Estinfale, na Arcádia.
·Sexto trabalho: limpar os estábulos do rei Augias, da Élida, em um só dia. Os estábulos estavam muito sujos, mas Hércules desviou o curso de dois rios para passarem por dentro deles e realizou o trabalho.
·Sétimo trabalho: capturar o touro selvagem de Minos, rei dos cretenses.
·Oitavo trabalho: capturar os cavalos devoradores de homens do rei Diomedes da Trácia. Hércules matou Diomedes e deu sua carne aos cavalos.
·Nono trabalho: obter o cinto de Hipólita, rainha das Amazonas, as mulheres guerreiras.
·Décimo trabalho: ir buscar o gado do monstro Gerião, que vivia além das colunas de Hércules (Estreito de Gibraltar).
·Décimo primeiro trabalho: levar as maçãs de ouro do jardim das Hespérides para Euristeu.
·Décimo segundo trabalho: capturar Cérbero, o cão de três cabeças que guardava os infernos, e mostrá-lo a Euristeu.
Com os três últimos trabalhos, Hércules conquistou a imortalidade, pois Gerião e Cérbero representavam a morte e as maçãs eram o fruto da Árvore da Vida.
Em uma ocasião, Hércules viajava com sua mulher Dejanira quando permitiu que um centauro chamado Nesso a carregasse para atravessar um rio. Nesso tentou violentá-la e Hércules matou-o com uma flecha envenenada. Ao morrer, Nesso disse a Dejanira para guardar seu sangue para usá-lo como filtro de amor. Mais tarde, Hércules apaixonou-se por Iole, uma mulher que ele havia capturado. Enciumada, Dejanira mergulhou uma túnica no sangue de Nesso e a deu para Hércules. Assim que a vestiu, o veneno começou a queimar sua carne. Não suportando a dor, pediu a seus amigos que o colocassem em uma pira funerária e a acendessem. Depois que seu corpo foi carbonizado, Hércules foi levado ao Olimpo (a morada dos deuses) e tornou-se imortal.
11/05/06.

Fontes consultadas:
Grimal, Pierre - A Mitologia Grega, SP, ED. Brasiliense.
Kury, Mário da Gama - Dicionário de Mitologia Grega e Romana, RJ, Jorge Zahar Editor.
Quesnel, Alain - Grécia: Mitos e Lendas, SP, Ed. Ática.


Em: http://www.historiamais.com/hercules.htm   -  Acesso em: 201100ABR2016.

RITUAIS E SÍMBOLOS MAÇÔNICOS: UMA FILOSOFIA PARTICULAR?


Para o desenvolvimento contínuo dos graus propostos do 1º ao 30, todo Maçom é colocado em uma posição de descobrir a riqueza dos múltiplos significados dos símbolos maçônicos. Eles abrem um mundo alegórico estruturado, significativo, oferecendo a possibilidade de numerosos desenvolvimentos filosóficos entendidos no sentido amplo, que demonstra que a Maçonaria oferece um sistema abrangente e coerente, permitindo a qualquer iniciado completar sua iniciação de outra forma que não a virtual.
Maçonaria apresenta uma abordagem original visando despertar ou reativar a interioridade do ser para promover a abertura de sua consciência, cuja constante simbólica principal será uma viagem na escuridão em direção à Luz. Isso vai se desdobrar gradualmente grau após grau, para transcender e unificar com clareza qualquer forma de dualidade. Os graus do 15 ao 30 são enriquecidos pela influência de várias tradições, incluindo a bíblica, cavalheiresca, hermética, rosacruz e gnóstica, bem como um fundo lendário que sugere uma pluralidade de sentidos. Estes graus podem ser considerados graus filosóficos tanto por sua origem quanto por seu simbolismo. Esta versatilidade lhes confere uma natureza universal.
O foco é colocado sobre a aquisição de virtudes e da Virtude no grau de aprendiz. Quando de sua admissão, todo candidato é reconhecido como livre e de bons costumes, uma condição sine qua non para ser admitido à iniciação.
A Virtude aparece aqui como um estilo de vida que nasce da força em si mesma. Ela é um suporte contínuo da ação e supõe uma intenção de realizar o bem em si mesmo de uma forma cada vez mais eficaz e refletida. Sua busca corresponde a uma tomada de consciência da fragilidade como a fraqueza da condição humana. É uma conquista de lucidez que atravessa do abandono voluntário dos vícios e paixões, designados sob o nome de metais, para acessar a força da libertação interior que é a verdadeira liberdade. A Virtude é sinônimo de força e grandeza da alma.
O iniciado busca a luz, porque ela é para ele um símbolo do Princípio e do Absoluto. A jornada da alma, do berço à passagem ao Oriente eterno, é a busca deliberada de um caminho de vida que exige libertar-se de todas as suas zonas de sombras para elevar-se espiritualmente em direção desta Luz inefável.

Ser reconhecido Livre e de bons costumes 
A qualidade da liberdade reivindicada na admissão à Maçonaria consiste em uma disposição pessoal interior. Ela exige ter a vontade de se libertar de tudo o que não é essencial para a sua realização espiritual. Isso requer empregar o tempo que for necessário para avançar para este objetivo. Os bons costumes exigem uma vontade de superar os vícios e paixões que mantêm o ser em um estado de dependência.

O espírito de fraternidade
Uma prática que se torna um dever é o espírito de fraternidade que estabelece e favorece as relações e as trocas entre indivíduos de meios sócio-culturais, religiosas e políticos diferentes. A fraternidade é uma ética de vida onde se não se encontra nem o espírito competitivo nem o da concorrência, e que vai, obviamente, completamente contra o estado de espírito dominante na sociedade atual. Tratar como irmão o seu próximo exite amá-lo como a si mesmo; o que exige que cada maçom a prática da fraternidade iniciática ligada a um despertar da consciência que se origina em uma Sabedoria especialmente iluminada.

Dever e Liberdade
O dever não é definido como um constrangimento, mas como uma obrigação moral livre que é sempre possível ignorar. O fato de se ser capaz de fugir do constrangimento, de desobedecer e transgredir as proibições tem sua origem na boa ou má gestão do livre arbítrio de cada um e na mesma liberdade individual. Na verdade, se as restrições são uma alienação da liberdade, por outro lado, os deveres permitem lançar os alicerces de um edifício, proporcionando uma regra a seguir. A expressão da liberdade do maçom, bem entendido, é o próprio Dever.

Silêncio e segredo
O silêncio e o segredo estão intimamente ligados ao longo do processo iniciático. O silêncio revela a arte de ouvir e respeitar um ao outro. Saber segurar a palavra quando é imprudente se exprimir, saber manter o silêncio diante de uma pessoa que não é capaz de entender é o primeiro passo em direção ao autocontrole. Guardar o segredo e permanecer fiel ao seu compromisso são os dois eixos principais a seguir. Querem impor, se discernimento, uma verdade ou conceito a alguém que não está pronto para recebê-lo é claramente um erro, porque sem a compreensão a pessoa só poderá ter uma atitude hostil e preconceituosa devido à preocupação ou perturbação ressentida.
Toda sociedade iniciática, toda confraria que realiza uma seleção para a admissão dos seus membros, se mune, ipso facto, de um aspecto secreto ou oculto, fechado a todo público considerado profano. As noções e conceitos de segredo fazem parte da maçonaria e remontam a uma juramento feito pelo iniciado a desde o seu início, e atestado por sua presença nos manuscritos maçônicos mais antigos conhecidos, desde 1696. Toda organização iniciática não pode revelar seu segredo ou segredos porque eles são incomunicáveis ​​e ligados ao grau de entendimento, de realização e de despertar da consciência de cada iniciado. O segredo disso é pessoal, individual e, finalmente, inefável; ele não se revela a não na experiência íntima do sujeito.

Espírito de tolerância
A tolerância é um estado de espírito construtivo sem preconceitos que exige saber escutar, observar e sempre conhecer melhor seu próximo, sem o julgar. A aceitação da diferença do outro é um passo no caminho para a abstenção de juízo. É um reconhecimento do direito à diferença. A tolerância é uma atitude de espírito pela qual é proibido fazer um juízo de valor definitivo, que aprisionará a pessoa em questão em uma grade de leitura restritiva e limitada a apenas algumas aparências específicas. A tolerância não deve, contudo, levar a aceitar tudo. É preciso estar ciente do que é compromisso impossível e que não podemos conciliar tudo. Não julgar, é estar imbuído desse espírito de tolerância que permite acessar uma forma de sabedoria, de entendimento, de escuta e aplicação efetiva dos princípios iniciáticos, esclarecidos pelos valores mais elevados.

Pesquisa do Conhecimento, da Verdade e da Luz
É necessário distinguir o Saber do Conhecimento. O saber pode ser definido como sendo de natureza secular e externa ao ser. Ele responde aos critérios de racionalidade objetiva. Pode-se considera como uma acumulação de dados enquanto que o Conhecimento é de ordem metafísica. Ela toca a interioridade e a essência sutil das coisas, porque ele propõe uma visão coerente e abrangente do universo.
A busca da verdade é complexa porque existe um conjunto de verdades relativas que se aproximam da Verdade Absoluta, sem, contudo, atingir a Verdade transcendente. Livros sagrados, contos, lendas e sistemas filosóficos expressam, todos, uma parcela de verdade. Mas ninguém, em termos absolutos, pode pretender deter toda a verdade. Em essência, esta Verdade é adogmática. Querer aprisioná-la na estrutura rígida de um sistema é destruir todas as condições necessárias para a sua apreensão.
Todo ser, homem ou mulher, não pode ser verdadeiro e buscar a Verdade, se não é decididamente “um ser livre e de bons costumes”. Toda busca pela verdade exige lutar contra todas as formas de preconceito, erros e abusos de todos os tipos, permanecendo firmemente apegado à vontade de não se desviar dela e servir a nobre causa da justiça.
A via iniciática permite subir em direção à Luz, sob a condição de ter sabido descer anteriormente ao mais profundo de sua própria escuridão. A importância da descida é proporcional à capacidade da elevação.
Esta Luz, símbolo essencial da busca iniciática se desdobra gradualmente grau após grau, permitindo liberar gradualmente as suas zonas de sombras e encontrar uma unidade em si mesmo.

Filosofia da média justa e do equilíbrio
Um autocontrole autêntico conduz a uma liberação do pensamento por uma elevação do espírito em direção à Luz e a Verdade, que contribui para o aperfeiçoamento do comportamento do maçom. É o amor ao Bem, ao Belo, ao Verdadeiro e ao Justo que permite progredir em direção a esta Luz inefável, a de seu mestre interior, que cada um deve ser capas de encontrar em si mesmo. Estes graus propõem desenvolvimentos da lenda de Hiram. Eles lembram a importância do aprofundamento do dever e a necessidade de reunir o que está espalhado nessa busca árdua, mas essencial da Palavra Perdida.
No grau de Mestre, o iniciado cruza um limite e se encontra no coração de uma dramaturgia composta de episódios cuja continuação só é perceptível através do acesso aos graus além do grau de Mestre cujos elementos filosóficos e simbólicos estão imbricados uns com os outros. Ao fazer isso, eles trazem uma sucessão de esclarecimentos adicionais sobre o grau de Mestre. Estes graus, chamados de “graus de perfeição” são aqueles que vão do grau 4 ao 14. Eles traçam o Caminho de uma progressão que permite aprofundar o sentido da Virtude em seu ideal mais alto. A conclusão dada a lenda de Hiram coloca em evidência os conceitos fundamentais que são a vingança e a justiça.

Vingança ou Justiça
Isso levanta a questão de se exercitar a vingança ou a justiça sobre os assassinos do Arquiteto. Os graus de Eleitos convidam a seguir, em todas as circunstâncias e imperativamente, o único caminho exigente da sua consciência.
Esta sucessão de rituais se propõe a dar uma conclusão moral ao assassinato do Mestre desaparecido e fechar o ciclo de lenda hirânica.
A busca do Caminho do Meio exige saber colocar em adequação suas ações com os seus princípios. O Mestre deve realizar um esforço sutil para harmonizar os antagonismos. A este respeito, convém notar que o essencial do ensinamento iniciático é oferecido nos rituais dos três primeiros graus. No entanto, seu estudo necessita, para não dizer exige, um aprofundamento proposto pelo progresso contínuo do conjunto dos graus, do Mestre Secreto ao Cavaleiro Kadosh, sugerindo uma busca e um compromisso permanentes.
Três graus, designados sob o nome de graus de Eleitos resumem o percurso iniciático dos três primeiro graus, aprendiz, companheiro e mestre, mas vividos em um novo ciclo. O primeiro, ou Eleito dos Nove, evoca a transgressão da lei e destaca os perigos e malefícios dos impulsos vingativos. O segundo, ou Eleito dos Quinze, faz passa da vingança à justiça coletiva, para que todas as paixões sejam esgotadas. O terceiro, enfim, é uma forma de consagração do iniciado que é reconhecido como Emerek, ou verdadeiro Homem em todas as circunstâncias, isto é, um autêntico Mestre Maçom. Ele marca a conclusão do ciclo do assassinato do arquiteto do templo e a morte de seus assassinos, o que convida à reflexão sobre os problemas da justiça e da vingança. Pode-se definir a vingança como justiça individual expedita, sob o impulso da paixão e da cegueira, enquanto que o senso de justiça é uma abordagem que se origina de um consenso de reparação, de acordo com a lei da ação e reação, com a vontade de punir os criminosos por um ato equivalente em troca. Renunciar à vingança pessoal para passar à justiça coletiva é próprio de verdadeira mestria que converte a sombra em luz, e ajuda a estender a equidade ao plano social.
A vingança é uma forma de justiça que segundo a lei de talião é necessário ao justiceiro encontrar uma compensação e um alívio. Portanto, a questão se coloca, um indivíduo isolado pode arrogar-se o direito de julgar e fazer justiça de acordo com seus sentimentos e não com o direito? Podemos considerar a justiça como o estabelecimento de uma relação de equilíbrio entre os homens.

Alquimia e Maçonaria
A Alquimia, assim como a Maçonaria, propõe uma meditação simbólica profunda. A alquimia é baseada em um amplo sistema cosmogônico que se refere à Unidade primordial manifestada em três reinos: mineral, vegetal, animal. O Rito Escocês Antigo e Aceito, no conjunto de seus graus, empresta muita coisa da alquimia. Isto é tanto mais compreensível vez que a Maçonaria e alquimia têm em comum a regeneração do ser e a realização espiritual. Há uma clara semelhança entre os temas alegóricos usados ​​no método simbólico e iniciático, tanto em alquimia quanto na Maçonaria. Na alquimia, o vil chumbo deve ser transformado, durante purificações e transmutações para se tornar ouro. Na Maçonaria, a pedra bruta lavrada a que é identificado o aprendiz será cortada e polida para se tornar perfeita a ter lugar no edifício sagrado.
Em um processo alquímico muito específico, o maçom é convidado a visitar o interior da terra e se corrigir, ou seja, purificar-se, para encontrar a pedra oculta dos sábios, ou a pedra filosofal. Exige-se dele que aceite os métodos de aprendizagem para aprender profundamente a corrigir em si mesmo o que precisa ser corrigido, portanto, saber mudar seu chumbo em ouro. Esta transmutação implica um ideal de perfeição que tende à sabedoria. Todas estas mutações levam o mestre de encontrar o seu verdadeiro lugar, a sua função na terra e atingir seu pleno potencial de acordo com suas habilidades, dando sentido à sua vida.

O espírito da cavalaria
O termo cavaleiro é o título genérico trazido ao Rito Escocês Antigo e Aceito pelos detentores dos graus 15 ao 30, inclusive; ou seja, do Cavaleiro do Oriente e da Espada até o Cavaleiro Kadosh.
Podemos considerar que o conjunto desta sucessão de títulos de Cavaleiros empresta ao Mestre Maçom uma forma de nobreza pela qual é reconhecida sua capacidade de adquirir e praticar virtudes cavalheirescas. O acesso a um certo grau de iniciação, a partir dos graus capitulares corresponde a um enobrecimento natural do ser. Isto recorda a origem da instituição da nobreza que inicialmente não era herdada.
A função cavalheiresca envolve a luta contra o mal, o autocontrole, uma ética moral através da prática de sentimentos nobres e elevados, em que a generosidade e grandeza de alma é colocada a serviço dos pobres e dos oprimidos.
Encontramos esse espírito na divisa do grau, Vencer ou Morrer. Embora a Cavalaria tenha desaparecido enquanto instituição social, a Maçonaria propõe conservá-la através do ensino das virtudes que a caracterizaram, especialmente neste grau que premia os Eleitos por sua virtude.
O dever mais importante da Maçonaria é consagrar-se à prática efetiva da Virtude. O Mestre Maçom não deve somente se opor a todas as formas de opressão, tirania e intolerância, mas também deve se comprometer a trabalhar positivamente colocando-se ao serviço dos outros. A ignorância, a intolerância, o fanatismo, o orgulho e a ambição devem ser combatidos implacavelmente. Trata-se aí, e este é um dos sentidos de dever dos Eleitos, realizar a inevitável morte de seu ego, para erradicar qualquer inclinação a se comportar como mau companheiro. A partir do grau 15, o Mestre Maçom veste o hábito de Cavaleiro, que é também o de Príncipe, de Peregrino e de Pastor, o que corresponde à definição de “viajante nobre” que empreendeu uma busca iniciática. Herdeiro do espírito da cavalaria, o maçom defende contra todas as formas de injustiça em uma ação controlada animada por uma ética de amor e equidade.

Publicado Originalmente em Revista Franc-Maçonnerie No. 46
por  Irène Maingu - Tradução José Filardo

Em: http://omalhete.blogspot.com.br/2016/04/rituais-e-simbolos-maconicos-uma_20.html#more
Acesso em: 201236ABR2016.

AS COLUNAS ZODIACAIS DO TEMPLO

O Ser Humano tem buscado ao longo dos tempos, respostas para os mistérios da vida de várias formas, desde a observação dos fenômenos naturais, na tentativa de reprodução desses mesmos fenômenos, do exercício para a compreensão dos fatos formulando hipóteses, teorias e leis. Antigamente, o homem não dispunha de metodologia científica e para não se sentir distante da compreensão dos mistérios do universo e da verdade absoluta, lançou-se a especulação, trabalhando o incompreensível e o imponderável. Por meio do Misticismo, o homem começou a se aproximar das respostas que queria no aspecto intelectual e espiritual.
O estudo dos corpos celestes e de suas influencias sobre o planeta Terra e os seres humanos, por meio da Astrologia, é um dos grandes exemplos da união de limites imprecisos, entre ciência e o misticismo. Embora a Maçonaria moderna seja baseada em ideias iluministas, liberais, progressistas e normalmente vinculadas ao uso da razão, na busca da verdade absoluta, ela utiliza em seus rituais, na sua simbologia e na sua estrutura filosófica e doutrinária, padrão místico de diversas seitas, religiões e civilizações antigas.
O estudo das colunas zodiacais torna-se fascinante quando tentamos entender a sua simbologia, expressada por meio de figuras e imagens provenientes de vários povos, relacionando de maneira extraordinária o cosmos, o homem e a Maçonaria.
Os signos zodiacais são originários da babilônia, mas o egípcios desenvolveram magnífico trabalho de representação zodiacal. Os chineses também representaram as constelações por meio de imagens de animais. O registro mais antigo que se tem de astrologia está no livro de Jô, o mais antigo Canon Hebreu, anterior ao de Moisés, que fala dos 12 signos e prova que os primeiros fundadores da ciência zodiacal pertenciam a um povo primitivo, antediluviano. Os povos sumerianos e babilônicos criaram a astrologia, os egípcios deram base científica e os árabes, no período medieval, salvaram-na do total desaparecimento.
Pode-se imaginar que tudo começou em tempos imemoriais, quando o homem, em vigília a zelar pelos rebanhos, observava os corpos celestes no firmamento intrigando-se com os seus regulares movimentos. Percebeu então que lenta e regularmente os astros mudavam de posição em relação ao nascer do Sol, e que depois de determinado tempo voltavam com absoluta regularidade ao mesmo ponto no firmamento.
Não pode deixar de observar que o nascimento helíaco de certos grupos de estrelas se repetia em períodos coincidentes com determinados acontecimentos importantes de sua vida, como o nascimento de crias nos rebanhos, a recorrência regular de épocas de chuva, a germinação de culturas sazonais, e outros fatos de sua vida repetitiva de pastor-agricultor.
Sentiu então a necessidade de memorizar e registrar esses fatos astronômicos que começavam a se tornar importantes para orientação de suas atividades. Quando um determinado grupo de estrelas precedia o nascer do Sol era hora de plantar, ou era hora de transferir os rebanhos para outras pastagens, ou era hora de tosquia, ou era hora de colher, ou era tempo de cio entre os animais e era preciso acasalá-los, ou vinha o tempo de nascimentos em sua família. Foi uma consequência inevitável, que aos poucos ele tentasse melhor identificar esses tão importantes grupos de estrelas com nomes próprios, que naturalmente se relacionavam com suas atividades. Recorrer ao nascimento helíaco como ponto de referência foi um passo inicial importante, foi a descoberta de um referencial, foi o início da marcação e medição do tempo.
Nascimento helíaco de um astro é o seu aparecimento logo acima do horizonte imediatamente antes do nascer do Sol.
Assim os grupos de estrelas referenciais de tempo foram recebendo nomes tirados da vida quotidiana daqueles primeiros astrônomos. Esses nomes nada tinham a ver com a formação característica dos conjuntos estelares. Eram simples nomes apenas, nada relacionados com poderes mágicos e premonições.
O zodíaco, que em grego significa ciclo dos animais, é uma faixa celeste imaginária, que se estende entre 8 a 9 graus de cada lado da aclíptica e que com essa coincide. Eclíptica é o caminho que o Sol, do ponto de vista da Terra, parece percorrer anualmente no céu. Essa faixa foi dividida em 12 casas de 30 graus cada uma, e o Sol parece caminhar 1 grau por dia. Os planetas conhecidos na antiguidade (Mercúrio a Saturno) também faziam parte do zodíaco, pois suas órbitas se colocavam no mesmo plano da órbita da Terra. O zodíaco então é dividido em doze constelações, que são percorridas pelo Sol, uma vez por ano.
A maior evidência de que os nomes das constelações que formam o nosso zodíaco tiveram uma origem conforme descrito anteriormente está na sua relação com a vida pastoril. Podemos classificar os signos do Zodíaco em grupos de três formando quatro categorias distintas:
I) Os três reprodutores de seus rebanhos: Touro, Capricórnio (bode), Áries (carneiro).
II) Os três inimigos naturais dos rebanhos e dos pastores: Leão, Escorpião, Câncer (caranguejo).
III) Os três auxiliares mais importantes dos pastores: Sagitário (defensor, arqueiro), Aquário (aguadeiro ou carregador de água), Libra (pesador e sua balança).
IV) Os três mais destacados valores sociais da comunidade pastoril: Virgem, Gêmeos (benção dos Deuses), Peixes (alimentação).
No sempre presente afã humano de mistificar tudo o que não conhece ou não consegue explicar, já desde remota antiguidade começaram os homens a cercar de mistério as constelações do zodíaco, atribuindo-lhes poderes místicos e premonitórios e assim, creditando aos astros seus sucessos e infortúnios.
Um dos ramos dessa cultura mística, mediante observação de reis e pessoas, procurou determinar uma relação entre o dia do nascimento da pessoa e seu caráter. O processo empírico com que foi desenvolvido o sistema partiu do que se conhecia do homem em sentido moral, ético, beleza, força, determinação, para conectá-lo à posição dos astros. Uma espécie de engenharia reversa, que parte do resultado para lhe determinar fonte ou origem. Assim originaram-se os diversos métodos astrológicos, cujo objetivo era decifrar a influência dos astros no curso dos acontecimentos terrestres e na vida das pessoas, em suas características psicológicas e em seu destino, explicar o mundo e predizer o futuro de povos ou indivíduos. O mais famoso de todos, segundo especialistas, foi o sistema dos astecas. Com isso se influenciou o povo em ver nas previsões dos astrólogos a delineação de rumos para as suas vidas, a semelhança que se dava aos fenômenos naturais influenciáveis pelas linhas de força da gravitação universal.
As colunas zodiacais num templo maçônico do rito escocês antigo e aceito são doze. Servem como símbolos de demarcação do caminho do homem maçom em desenvolvimento. Localizam-se todas no ocidente e são sinais do crescimento do aspecto material, moral e ético do iniciado, que durante sua jornada transcende em sua religião com a divindade. São seis em cada lado, normalmente engastadas nas paredes e sempre na mesma ordem. Constituem mais da metade de toda a decoração da Loja. Suas representações gráficas apresentam misturas dos quatro elementos místicos estudados por Aristóteles da Grécia antiga e sete astros.
Os rituais maçônicos usam os signos, sinais do zodíaco, em sentido simbólico, não falam em horóscopo, ou em diagrama das posições relativas dos planetas e dos signos zodiacais num momento específico, como o do nascimento de uma pessoa, ou com a intenção de inferir o caráter e os traços de personalidade e prever os acontecimentos da vida de alguém, ou um mapa astral, ou mapa astrológico.
O homem livre não carece disso quando estuda e evolui.
Na filosofia maçônica, as colunas zodiacais são apenas símbolos para estudo, destituídas da atribuição de aspectos da predição do comportamento do homem. É fácil deduzir que sua existência no rito escocês antigo e aceito tem finalidade educacional, parte de uma metodologia pedagógica específica à semelhança de outros símbolos e ferramentas.
As colunas zodiacais representadas no Templo são colunas da ordem jônica tendo, cada uma, sobre seu capitel, o pentaclo correspondente (pentaclo é a representação de cada signo com o planeta e o elemento que o caracteriza). As colunas são postadas longitudinalmente junto às paredes, sendo seis ao Norte e seis ao Sul. A sequência das colunas é de Áries a Peixes, iniciando-se com Áries ao norte próxima à parte Ocidental, e terminando com Peixes ao Sul também próxima à parte Ocidental.
Os signos zodiacais relacionados com o Grau de Aprendiz Maçom são: Áries, Touro, Gêmeos, Câncer, Leão e Virgem. O signo zodiacal relacionado com o Grau de Companheiro é Libra; e os inerentes ao Grau de Mestre Maçom são os signos de Escorpião, Sagitário, Capricórnio, Aquário e Peixes. Acompanhe cada um da sua representatividade:
Coluna nº 1: Áries, localizada junto à coluna do Norte, corresponde à cabeça e ao cérebro do homem e representa Benjamim e como faculdade intelectual, a vontade ativa gerada pelo cérebro. Corresponde ao planeta Marte e ao elemento fogo, representando no aprendiz o fogo interno, o ardor encontrado no Candidato à procura de Luz.
Coluna nº 2: Touro, localizada junto á coluna do Norte, corresponde ao pescoço e à garganta. É Issachar por representar a natureza pronta para fecundação, simboliza que o candidato, depois de ser adequadamente preparado, foi admitido nas provas de iniciação. Corresponde ao planeta Vênus e ao elemento Terra.
Coluna nº 3: Gêmeos, localizada junto á coluna do Norte, corresponde aos braços e às mãos, são os irmãos Simeão e Levi, como faculdade intelectual é a união da intuição com a razão. Corresponde ao planeta Mercúrio e ao elemento Ar. Representa a terra já fecundada pelo fogo, á vitalidade criadora, simboliza o recebimento da luz pelo candidato.
Coluna nº 4: Câncer: localizada junto à coluna do Norte, representa o nascimento da vegetação, a seiva da vida, simboliza a instrução do iniciado e a absorção por parte dele, dos conhecimentos iniciáticos da Maçonaria. Corresponde aos órgãos vitais respiratórios e digestivos. É Zabulão, como faculdade intelectual representa o equilíbrio entre o material e o intelectual. Corresponde ao planeta Lua, como era conhecido na antiguidade e somente mais tarde, verificou-se tratar de um satélite da terra e ao elemento Água.
Coluna nº 5: Leão, localizada junto ao Oriente, corresponde ao coração, centro vital da vida física; é Judá. Como faculdade intelectual, os anelos do coração, pois se pensava ser ele o órgão do intelecto. Corresponde ao planeta Sol e ao elemento fogo, é para o Aprendiz a luz que vem do Oriente, é o calor dos Irmãos dentro da Loja. É o emprego da razão a serviço da crítica, é a seleção de conhecimento.
Coluna nº 6: Virgem, localizada junto ao Oriente; corresponde ao complexo solar que assimila e distribui as funções no organismo. É Ascher. Como faculdade intelectual exprime a realização das esperanças. Corresponde ao planeta Mercúrio e ao elemento Terra. Representa, para o Aprendiz, o aperfeiçoamento, quando já pode se dedicar ao desbastamento da Pedra Bruta.
Coluna nº 7: Libra, localizada junto à coluna do Sul, caracterizada por Vênus e o ar se refere ao grau de Companheiro Maçom. Simboliza o equilíbrio entre as forças construtivas e destrutivas.
Coluna nº 8: Escorpião, localizada junto à coluna do Sul, caracterizada por Marte e pela água. A partir dessa coluna até a coluna de Peixes, todas se referem ao grau de Mestre Maçom. Essa coluna representa as emoções e sentimentos poderosos, rancor e obstinação e a constante batalha contra as imperfeições.
Coluna nº 9: Sagitário, localizada junto à coluna do Sul. Caracterizada por Júpiter e pelo fogo. Representa a mente aberta e o julgamento crítico.
Coluna nº 10: Capricórnio, localizada junto à coluna do Sul, caracterizada por Saturno e pelo elemento Terra. Simboliza a determinação e a perseverança.
Coluna nº 11: Aquário, localizada na coluna do Sul, caracterizada por Saturno e pelo elemento Ar. Representa o sentimento humanitário e prestativo.
Coluna nº 12: Peixes, localizada na coluna do Sul, caracterizada por Júpiter e pela Água. Simboliza o desprendimento das coisas materiais.
A relação citada em relação às seis colunas do Aprendiz maçom pode ser simbolizada da seguinte maneira:
Áries – Fogo – Marte: O ardor iniciático conduzindo à procura da Iniciação;
Touro – Terra – Vênus: O Recipiendário (aquele que é solenemente recebido em uma agremiação), judiciosamente preparado, foi admitido às provas;
Gêmeos – Ar – Mercúrio: O Neófito recebe a luz;
Câncer – Água – Lua: O Iniciado instrui-se, assimilando os ensinamentos iniciáticos;
O Iniciado julga por si próprio e com severidade, as ideias que puderem seduzi-lo;
Virgem – Terra – Mercúrio: Tendo feito sua escolha, o Iniciado reúne os materiais de construção para desbastá-los e talhá-los, segundo o seu destino.
Para o grau de Companheiro Maçom temos:
Libra – Ar – Vênus: O Companheiro em estado de desenvolver seu máximo de atividade utilmente empregada.

As demais colunas se referem ao grau de Mestre Maçom.
As colunas zodiacais simbolizam o crescimento do iniciado no aspecto material, moral e ético, ou seja, é a demarcação do caminho que ele deve percorrer, a direção a ser seguida na busca da perfeição, por aqueles que procuram a verdade embasada na filosofia Maçônica. Nesse período de evolução, aqueles que continuarem nessa caminhada, descobrirão valores até então desconhecidos, segredos lhe serão revelados. Na jornada do iniciado se revela a existência de outros valores e segredos só desvelados aos que persistem nos estudos do rito e perseverantes em seu aprimoramento moral e intelectual.
O homem passa a contemplar outra maravilha, outro universo, uma miniatura daquele cosmos conhecido e representado pelas colunas zodiacais. Esse é o verdadeiro centro do universo da ótica do iniciado. É quando ele desvela o seu mundo interior, a suprema verdade do triunfo humano, a espiritualidade do maçom, ou aquilo que ele considera a representação dela. O conjunto aponta o cosmos, de onde é réplica uma realidade física e transcendental interna, o seu macrocosmo, o seu universo interior, onde ele encontra os vestígios do Grande Arquiteto do Universo e torna-se homem completamente livre e útil ao propósito Divino e realmente útil à humanidade.



Publicado original em - REVISTA UNIVERSO MAÇÔNICO - 15JUN2012. 
http://www.revistauniversomaconico.com.br/simbologia/as-colunas-zodiacais/  -  Acesso em: 201246ABR2016


segunda-feira, 11 de abril de 2016

MÚSICA E MAÇONARIA


(*) Antonio Díez


A música é a arte de produzir e combinar sons, acordes de todos os elementos de criação sonora: instrumentos, ritmos, sonoridades, timbres, tons, organizações seriais, melodias, harmonias, etc. Em seu sentido mais primitivo é a arte de produzir e de combinar os sons de uma maneira tão agradável ao ouvido, que suas modulações comovem a alma.
Em todas as civilizações, a música cobra um papel importante nos atos mais relevantes, social ou pessoalmente, aonde exerce um papel mediador entre o diferenciado (material) e o indiferenciado (a vontade pura), ou entre o intelectual e o espiritual. Por ele cobra especial importância nas cerimônias ritualísticas, ainda pela sua capacidade de promover as emoções. A música representa o equilíbrio e ordem; é uma linguagem universal.
Na Maçonaria a música representa uma das sete artes liberais, simbolizando a harmonia do mundo e especialmente a que deve existir entre os maçons. Através da beleza dos sons e da harmonia dos ritmos se chega à sabedoria do silêncio.
A música é a arte de organizar os sons. Toda arte consiste em organizar um material de acordo com as ‘Leis’ e um propósito.
A música é nela mesma e por essência, uma maçonaria, uma construção de caráter iniciático. Os elementos que a compõem não são os sons, pedras brutas, se não as notas, pedras talhadas. Os três parâmetros que precisa a talha da pedra, a precisa o som:

A Força que reside na densidade.
A Sabedoria em seu ‘tempo’ ou longitude.
A Beleza em sua altura ou frequência.

As pedras justas e perfeitas do edifício musical devem ser encaixadas: a música é uma construção, uma arquitetura, uma ‘arte real’ que nos revela as leis universais da ‘Grande Obra’ que podemos organizar em três etapas.
O Silêncio, vazio necessário antes da manifestação, é o estado de aprendizagem. O Som, a manifestação, a tomada de consciência, o despertar do companheiro. A Melodia, a organização do som pelo maestro.
Pode-se encontrar outra analogia em três etapas, entre o método de formação do músico e do maçom:

O Aprendiz: Estuda a música em si mesmo (canta). Aprende a decodificar uns símbolos ou signos (solfejo) e escolhe seus instrumentos. Para ele precisa de um mestre ou instrutor.
O Companheiro: Alcança a soltura na interpretação dos signos e na utilização de seus instrumentos. Colabora com outros companheiros no canto e na interpretação (polifonia, conjuntos instrumentais). Estuda a história, os estilos e aos grandes mestres. Nesta etapa o companheiro entra em um processo de auto-formação.
O Mestre: Sua tarefa é alcançar uma interpretação pessoal, uma vivência que faça possível a transmissão do trabalho. O mestre trabalha em solidão, mas precisa de um aprendiz, do qual aprende tudo o necessário para alcançar o autêntico mestrado. Com esta relação se encerra o ciclo.
A música na Loja está representada pela Coluna de Harmonia que é o conjunto instrumental ou reprodutor musical destinado à execução da música maçônica no curso das cerimônias ritualísticas.
Nas Lojas, até que no século XVIII começaram a se introduzir instrumentos de corda, trombetas e tambores, só se empregavam vozes.
A designação de ‘Coluna de Harmonia’ aparece no final do reinado de Luís XV para se referir ao conjunto de instrumentos que  tocavam na cerimônias, que contava com um máximo de sete instrumentistas: 2 clarinetes, 2 trompas, 2 fagotes e 1 tambor.
Logo, a competência entre as lojas por contar com os mais virtuosos instrumentistas originou que se admitisse nas mesmas músicos, que isentos de cotizações prestavam estes serviços (ainda que só podiam aspirar ao grau de Mestre), e compunham obras para as diferentes cerimônias maçônicas (sessão, banquetes, fúnebres, iniciações, etc.); estes irmãos artistas tinham o mesmo direito a voto que o resto dos irmãos e na grande cerimônias, celebrações e banquetes estavam obrigados a contribuir com sua arte.
A Coluna de Harmonia tem como missão colaborar um complemento ao ritual, portanto é uma música funcional, cujo valor não depende em primeiro lugar de seu valor intrínseco, se não de sua adequação ao destino que se lhe objetivava.
Quiça a mais alta representação da música maçônica corresponda a W. A. Mozart quem foi iniciado como aprendiz maçom no dia 14 de dezembro de 1784 na loja A Esperança Coroada (La Esperanza Coronada) e com este motivo se interpretou na loja sua cantata ‘A ti alma do Universo, OH Sol’ (K.429) na que a ária do tenor é um hino ao sol e à luz; cantata duplamente adaptada à celebração da grande festa maçônica de São João do verão (mais conhecida como de solstício de verão) e ponto culminante do ano maçônico; e que encaixa igualmente na cerimônia de iniciação do primeiro grau maçônico, quando o aprendiz, depois de ter sofrido as provas simbólicas, recebe a luz.
Agradecido e apaixonado pela sua Loja, compôs para ela os mais notáveis cantos, nos que não se limitou a expressar de uma maneira simples e bela o sentido das palavras, se não que deu às notas todo o calor de sua fantasia, todas as nobres e levantadas aspirações de uma alma comovida pelo bom e pelo belo e ardendo de amor pela humanidade. Com motivo da cerimônia de elevação de seu pai ao grau de companheiro, pôs música a um poema de Joseph Von Ratschky, ‘A viagem do companheiro’ (K 468) para canto e acompanhamento de piano.
Uns meses antes da ascensão ao terceiro grau da maçonaria assistiu em 11 de fevereiro de 1785, na loja vienense ‘A verdadeira Concórdia’, a iniciação maçônica de seu amigo Joseph Haydn no grau de aprendiz, e a quem Mozart, com este motivo, dedicou os ‘Seis quartetos de corda’.
Pouco antes da dupla investidura que Mozart e seu pai receberam em 2 de abril de 1785 como mestres maçons na loja vienense ‘A esperança coroada’, compôs para esta loja duas de sua mais importantes composições maçônicas: ‘A alegria maçônica’ (K 471) e a ‘Música fúnebre maçônica’ (K 477).
Em 1786, com motivo de uma reorganização das lojas vienenses ordenadas pelo imperador José II, Mozart compôs para sua loja ‘A nova esperança coroada’ duas cantatas maçônicas: ‘Para a abertura da loja’ (K 483) e ‘Para o fechamento da loja’ (K 484).
Encontramo-nos, entretanto, com três obras de Mozart ligadas à maçonaria e nela que descobrimos a Mozart comprometido com a liberdade e com os ideais da Revolução Francesa, especialmente em ‘Vós que honrais ao Criador do Universo infinito’ (K 619), que é uma mensagem dirigida à juventude alemã no momento em que comporia a ópera da fraternidade universal. As outras duas composições estritamente maçônicas às que Mozart pôs música foram uma pequena cantata maçônica, ‘Elogio da amizade’ (K 623), (datada em Viena em 15 de novembro de 1789) e ‘Cruzemos nossas mãos’ (K 623a) e que se canta formando a cadeia de união.
Sua obra póstuma, seu canto de cisne foi a que intitulou ‘Pequena Cantata Maçônica’, cuja audição deu em uma sessão de sua loja, dirigindo ele mesmo a audição, dois dias antes de sentir-se atacado pela enfermidade misteriosa que lhe conduziu ao sepulcro.
Resulta emocionante ver a Mozart no umbral da morte, esquecendo-se de si e de sua augusta física, cantando a fraternidade unida no trabalho, e a presença da luz no ímpeto e no calor da esperança. Três semanas mais tarde, falecia.
Uma relação de músicos ou músicas inspiradas pelos ideais maçônicos seria inacabada, mas talvez os mais representativos sejam: J. Haydn, I. S. Bach, L. W. Beethoven e F. Liszt.

(*) Antonio Díez
Fonte: Revista Hermética Nº 5.

Tradução livre feita por: Juarez de Oliveira Castro.

Em: http://omalhete.blogspot.com.br/2016/04/musica-e-maconaria.html  -  Acesso em: 111433ABR16. 

quinta-feira, 7 de abril de 2016

QUE É UMA INICIAÇÃO MAÇÔNICA

Imagem extraída de: http://super.abril.com.br/historia/decifrando-a-maconaria 

Em Maçonaria a Iniciação é a chave, o ponto de partida, precedida, tão somente, pelos atos preparatórios…
Uma Iniciação sempre traduz uma expectativa porque é um princípio, e todo começo importa em fato novo.
O vocábulo Iniciação não se apresenta isolado; deva-se entender a palavra sob o aspecto filosófico, portanto ela é compreendida como sendo entrar em iniciação, ou seja, ingressar num início.
Uma iniciação não é um ato comum e tampouco exclusivo da Maçonaria ou de outra Instituição paralela. A criança é iniciada na escola quando ingressa no complexo (para ela) mundo das letras e dos números, da escrita e da oralidade. A puberdade envolve uma iniciação ao sexo.
A evolução normal dos povos civilizados apresenta uma tendência para a simplificação.
A iniciação maçônica de hoje difere muito da dos tempos iniciais, como acontece com os processos iniciáticos religiosos. O homem atual desenvolveu o poder da síntese, deixando de lado as evoluções desnecessárias. Questiona-se muito a respeito da validade ou não deste comportamento que, atingindo a Igreja, lhe causou certos transtornos.
O fator que mantém as tradições e que apresenta a iniciação maçônica como tradição do que era em séculos passados, é o símbolo. A supressão de certos atos, com a justificativa de modernizá-los, de simplificá-los, de adaptá-los às circunstâncias da atualidade. Na Maçonaria atual, modernizada, não abre mão de certos atos simbólicos porque eles representam de modo compreensível todo um conjunto de mistérios.
A revelação não supre o valor do símbolo. O mistério permanece e cada vez mais ele pode ser fortalecido e também ampliado, renovado e recriado. A mística é a grande atração para os maçons. Eles aceitam e mantêm a tradição.
Paralelamente à iniciação, o iniciado deixa ou adquire hábitos, jura, promete novas atitudes, novos comportamentos, nova filosofia de vida. Podemos exemplificar com a iniciação do sacerdote da Igreja que faz voto de celibato. Os Templários faziam voto de pobreza.
Se fôssemos verificar a respeito das variações iniciáticas entre os povos, religiões, raças e posições geográficas, nos perderíamos em um emaranhado de conceitos, válidos todos eles quando questionados e quando recebida a justificativa.
A criação do homem, embora lendária, foi uma iniciação. Juntado o pó com a água, feito o barro, concluída a modelagem, veio o sopro divino e, ainda que surgindo adulto, o primeiro homem símbolo teve um longo aprendizado. A sua posição era cômoda porque nada tinha para deixar atrás ou de lado. Tudo era princípio. Houve, sim, um voto. Apenas um: o de não comer dos frutos da Árvore do Conhecimento.
Não temos qualquer preocupação em duvidar desse princípio da criação. Mesmo que tenha sido uma tradição simbólica, início da saga hebraica, ele representa um ponto de partida. Se, antes, já existia o ser humano – os denominados “filhos da terra” – desses não temos a história. Iremos nos defrontar com teorias, as mais credenciadas, mas não poderemos sobre essas teorias construir nossa filosofia.
A Maçonaria acredita num princípio e obedece aos Landmarks, que são os princípios básicos de sua doutrina. A importância de estabelecer critérios analíticos em torno desse princípio não é vital. O posicionamento maçônico atual é o de crer e aceitar a existência de um Deus a quem denomina de Grande Arquiteto do Universo e da existência de uma vida após a morte.
Portanto, iniciação implica em aceitarmos um novo princípio, com todas as injunções que o compõem, inclusive com abrir mão de tudo o que era antes da iniciação.
Esta seção, separando o passado do presente, não é possível ocorrer no plano físico.                                                     
O iniciado, ao deixar o Templo, ao retornar ao “mundo”, esquece a sua nova condição e readquire o comportamento que tinha isto paulatinamente, porque a “natureza não dá saltos”. O mundo então o recebe como ser mais aperfeiçoado. Toda iniciação se desenvolve no plano mental, espiritual e místico.
Muitos tendem a dar à Maçonaria um aspecto religioso e assim, dentro das Lojas, formam-se correntes as mais diversas. O religioso, de forma geral, tende a adaptar a Maçonaria aos seus princípios; assim, sob o ponto de vista espírita, o maçom espírita praticante construirá em sua iniciação um panorama que não conflite com sua crença. Porém, sem afirmar que a Maçonaria é agnóstica, a religião, embora extremamente necessária, não está incluída na filosofia maçônica.
Crer em Deus e numa vida futura não implica em qualquer princípio religioso. A religião fundamenta-se sempre, na fé. A Maçonaria prescinde desta fé. O maçom religioso será, sempre, um maçom compreensivo. O religioso crê no dualismo: Deus e Diabo. A Maçonaria aceita a Deus como um Princípio, sem a preocupação de perquirir sobre a origem deste Princípio, O homem, é criatura; o Criador é Deus. O homem é eterno; a Eternidade é Deus.
Temos, portanto, na iniciação um aspecto curioso: trata-se de uma Iniciação Maçônica e não de uma iniciação religiosa. Uma iniciação escolhida, aceita, experimental, e não uma iniciação imposta. A religião pode ser seleção, mas genericamente é imposta.
Nossos pais, por exemplo, nos impõem um nome que devemos suportar até a morte. Paralelamente, nossos pais nos dirigem para uma religião: a religião deles. Na maturidade, o homem pode escolher o seu próprio destino religioso, porém, a influência do lar será à base de tudo.
A Maçonaria aproxima o seu adepto a Deus. Ela o apresenta como uma obra perfeitamente construída, adornada e acabada por um Grande Arquiteto. O mistério se denomina, também, Deus. Para a Maçonaria o Diabo nada é; ela aceita o dualismo como equilíbrio de forças. O Diabo será apenas oposição, descrença, desamor. O homem passa constantemente por iniciações. Nem sempre, são iniciações conscientes.
A Iniciação Maçônica, como vimos, é formada por um conjunto de fatores. Inicialmente individual, para posteriormente integrar-se a um grupo.
As iniciações inconscientes resultam de uma evolução espiritual; o que se processa no homem, dentro de seu universo, ainda não está muito bem definido, mas existe. E a materialização do “conhece-te a ti mesmo”, da revelação do grande mistério da Criação. Homem, quem és?
A Maçonaria dá muitas respostas, mas se torna necessário que o candidato passe, efetivamente, por uma Iniciação. A Maçonaria precisa com muita urgência, para sobreviver, de iniciados, e não de elementos que passam por uma iniciação sem que a morte se efetive. Para uma comparação, com a finalidade de que haja compreensão maior, foi necessário para Jesus que morresse para cumprir a sua missão de redimir o homem. Sem uma morte, não haverá iniciação.
… Portanto, em resumo, a Iniciação nada mais é do que a aceitação da morte. Assim, esta morte perde o seu aspecto trágico.
Quando o homem se convencer de que a Iniciação para uma nova aventura. Todos aqueles que tiverem um amigo maçom e que forem propostos como candidatos ao ingresso na Maçonaria, terão uma oportunidade única e exclusiva. Sempre, contudo, que o candidato busque entender a Iniciação.
Em outros países – Estados Unidos, Argentina, Chile, Uruguai, etc. – as Lojas distribuem aos candidatos um manual que serve de orientação, inclusive dos familiares. Nós, brasileiros ainda temos tabus quanto ao ingresso na Ordem. O candidato, já adentrando a Câmara das Reflexões, ainda ignora o que seja a iniciação. Esta falha é imperdoável.
Cabe ao apresentador, ao padrinho esclarecer seu afilhado acerca do que seja a iniciação maçônica. Obviamente se esse mestre souber realmente da importância deste conhecimento.
O homem em núpcias prepara-se para a iniciação do casamento, tendo já passado por um período de noivado. O casamento indubitavelmente é uma das fases mais importantes tanto para o homem quanto para a mulher. Trata-se de uma iniciação séria que cada vez menos é assim considerada, pois assistimos a desfazimentos de casamento por motivos os mais fúteis possíveis.
O importante da iniciação do casamento é que se apresenta contínua. Cada dia que passa surgem problemas que devem ser solucionados, e isto perdura até o fim; não o fim de um casamento mas o da vida.
Passado o período de “mel”, surgem os filhos e a grande problemática do amadurecimento, o encaminhamento dos filhos para a vida, as questões que, eles geram as preocupações. Depois, vêm os netos, as enfermidades, a velhice. Muitas vezes o casamento se interrompe com a morte da companheira, afastamento permanente que causa traumas.
Mesmo havendo separação, prematura ou não, as funções geradas pelo casamento não cessam; em caso de separação judicial, subsiste a manutenção do outro cônjuge, dos filhos menores e desamparados: uma continuidade trágica, perturbadora, que traz, sempre, infelicidade.
Assim é o maçom. A sua iniciação não apresenta um ponto estanque; é contínua e permanente, porque a cada dia que passa novas experiências surgem. Até o fim, o fim da vida, o maçom prossegue nos atos misteriosos e místicos da iniciação. O maçom é para sempre, in eterno. O maçom depois de iniciado sempre será maçom.
Temos a iniciação profissional. No início entusiasta, depois rotineira. Conforme a profissão, ela se apresenta insossa, repetitiva, um castigo, tudo sempre igual: um patrão, uma tarefa, sempre em busca da aposentadoria. Há profissões, porém, que exigem progresso, atividade constante, e que dão grande satisfação; como acontece nas pesquisas científicas.
A Maçonaria também possui essa parte: a grande busca, a experiência, o próximo como elemento de trabalho operativo. Essas iniciações são simultâneas: religiosas, espiritualistas, científicas, operacionais, místicas, enfim, um corolário de princípios que não cessa prossegue até o fim da vida, desta vida.
Não podemos fixar uma norma a respeito da iniciação; a Maçonaria dispõe de tradição para realizar iniciações formalmente iguais, revestidas de simbolismo escolar. No entanto, nem a Maçonaria, nem as religiões, nem a própria vida, iniciam alguém.
A iniciação é mística individual, pois ela se realiza dentro do indivíduo. Obedece-se a ritos rígidos, esses são externos, daí que a cerimônia iniciática se reveste de características fixas, enquanto a cerimônia mística envolve a personalidade do iniciando e difere de indivíduo para indivíduo. Com isto, surge a incógnita da possibilidade ou não de encararmos uma iniciação rotulada de atualizada ou moderna.
A iniciação, seja qual for, será sempre paralela ao desenvolvimento espiritual do indivíduo. Uma obra clássica não significa antiga, de séculos passados. O clássico pode ser moderno e atual; o que classifica é o lugar que encontra na sociedade. Assim, podemos fixar uma iniciação clássica como a aceita por uma maioria. Sempre, porém, ela será atual no conceito do iniciando e não no conceito do iniciador.
A instrução era feita, a cinqüenta anos atrás, de conformidade com os métodos tradicionais; primeiramente, a alfabetização, para depois, ano após ano, num trabalho de paciência beneditina, incutir na mente do aluno o conhecimento previamente programado, numa escala crescente para desenvolver o raciocínio até atingir a universidade, onde a personalidade do mestre passava a plasmar a cultura.
Hoje, a televisão se encarrega de tudo. Amanha, quem sabe, a telepatia dará a orientação precisa e correta. Portanto, quando se cogita de entender o que seja uma iniciação, deve-se atentar a todas as suas nuances e facetas, para, depois, colher os resultados. E por este motivo que sempre alertamos: o iniciado não é o que passa por uma iniciação, mas o que inicia.
O segredo, o grande segredo maçônico é o comportamento do iniciando na Câmara das Reflexões, tão conhecida pelos maçons e de certo modo um assunto esotérico, ainda particular, de vendado de forma muito discreta numa linguagem apropriada compreensão dos maçons, daqueles verdadeiramente iniciados.
O candidato, concluída a sindicância e aprovado pelo plenário, sem voto divergente, é chamado. Esta chamada contém muito misticismo. Dissera Jesus ao discípulo: “vem e segue-me”. O candidato, nesta altura já avisado de que a sua entrada para a Maçonaria foi aceita, responde a chamada. É muito importante ser chamado.
Na competição atual, o homem busca alcançar um espaço; ele desbrava caminhos, luta e nem sempre vence. Porém, na Maçonaria, quando menos espera, recebe o chamado, transmitido pelo seu apresentador, seu padrinho. Esse chamado deve ser atendido? O que passa pela mente do candidato?
O atender o chamado significa um ato de obediência. A obediência de modo geral, significa submissão, ou seja, uma concordância tácita de que tem disposição para ingressar em uma Instituição que desconhece. O enigma deve ser decifrado e o homem, por ser desafiante, ousado, impetuoso, passa a enfrentar o desconhecido. Ignora o nome dos participantes da Instituição onde anuiu ingressar, ignora a filosofia do grupo, os conceitos, a parte esotérica. Porém, aceita e acompanha o padrinho até o Templo.
Atender ao chamamento é o resultado do trabalho de preparação que aludimos acima. Toda Loja, toda jurisdição maçônica trabalhou com muito interesse para atrair o novo irmão que irá beneficiar com a sua personalidade e presença a fraternidade universal.
É o retorno, o eco das vibrações enviadas através da mente, da voz, das práticas, do misticismo, do mistério. Se o chamamento for bem equacionado, se as vibrações emanadas tiverem sido bem distribuídas, indubitavelmente atingiram em cheio o candidato e ele não poderá, de modo algum, negar o chamamento.
Não será ele quem decide. A congregação é que decidiu recebê-lo. E a fatalidade da preparação a que ninguém escapa a atração irresistível em busca, inconsciente, da perfeição. Assim, o candidato se entrega totalmente à iniciação. Aqui cessa a participação individual para dar lugar à participação do grupo.
  

quarta-feira, 6 de abril de 2016

O AVENTAL

Após a cerimônia de iniciação, o Venerável Mestre entrega o Avental ao Mestre de Cerimônias, para com ele revestir o neófito. O agora Maçom, só poderá entrar no Templo de sua Loja, ou de qualquer outra, vestindo o Avental. Tal insígnia maçônica, nas palavras do Irmão Assis Carvalho, “é o principal Símbolo que compõe a Indumentária Maçônica.” O Avental, para o citado autor, possui uma característica especial que o diferencia de outras insígnias: está presente desde os remotos tempos Operativos.
Para compreendermos melhor sua função e o porquê de suas diferentes formas, utilizaremo-nos de uma análise histórica do Avental. Contudo, ressalte-se, concentraremos nossos esforços em uma análise histórica e funcional, tendo em vista o Grau de Aprendiz, já que sabidamente, muitos dos símbolos que são ostentados em Aventais de Graus mais elevados ainda fogem e devem mesmo fugir de nossa compreensão de Aprendiz. Para alguns escritores, a origem do Avental está ligada a tempos muito remotos, como o Paraíso Terrestre. Alguns irmãos vêem Adão como o inventor do Avental, representado na folha de parreira, a qual cobria seus órgãos genitais. Quanto a esta origem, as objeções são muito grandes, tendo em vista que a base cientifica ou mesmo filosófica para tal tipo de análise se mostra praticamente inexistente. Se é verdade que a Maçonaria não pretende ser apenas uma sociedade cientifica e filosófica, é fato que toma como base dados científicos para justificar muita de suas concepções. Ao fazer uma análise de tal porte, deveria-se esperar uma explanação um pouco mais exaustiva, tendo em vista a originalidade da ideia. Contudo, pelas bases às quais tivemos acesso, tal assertiva se mostra não muito consistente.   O Irmão Assis Carvalho, inclusive, demonstra uma certa ironia ao comentar tal fato, classificando como “uma fantasia, um afã criativo” enfim, conotando que a origem do Avental não está, em hipótese alguma, ligada à figura religiosa de Adão.
Outros também vêem uma origem mais que milenar para o surgimento do Avental, tendo como base os Mistérios Egípcios, Persas, Indus, entre outros. Nesse ponto, descreveremos uma das possíveis formas de tal Avental egípcio: era triangular, com a cúspide para cima e com vários adornos diversos dos hoje existentes. Alem disso, a faixa ao redor do corpo que o sustentava não tinha apenas este propósito, mas estava intensamente magnetizada com o corpo. Há também, acerca deste possível Avental, descrições mais pormenorizadas sobre o Avental dos Mestres, o que, como já se afirmou, não se mostra pertinente com a proposta deste trabalho. Contudo, vale ressaltar que se faziam presentes as rosetas e uma cor azul pálida, simbolizando a inocência branca sendo substituída pelo conhecimento, o céu azul. Uma outra corrente associa o surgimento do Avental às Guildas e corporações Medievais. Tais associações, que deram origem à Maçonaria Operária, tinham por hábito distribuir entre seus Membros, aventais para o exercício do ofício ao qual estavam ligados. Esses aventais, portanto, apresentavam entre si leves diferenças com base nos diferentes trabalhos e conhecimento acerca do ofício em questão, tais como Sapateiro, Ferreiro Açougueiro, entre outros. O Avental dos antigos operários da Maçonaria Operativa estava ligado à idéia de trabalho, era um instrumento do próprio. O Avental era feito com a predominância do couro de carneiro, um couro espesso, com vistas a proteger os obreiros de labutas muitas vezes perigosas para o corpo humano. Enfim, o Avental era uma proteção para o corpo dos maçons primitivos, cobrindo, em linhas gerais, desde o pescoço até o abdômen, sendo que o do aprendiz cobria uma parte maior do corpo do que o avental do Companheiro e do Mestre, pois como o aprendiz não possuía, ainda, a habilidade necessária com as ferramentas, além de iniciar o trabalho na Pedra Bruta, estava sujeito a fazer um uso maior do avental do que os mestres. Uso maior não em  tempo, e sim, stricto sensu, de aproveitar o avental conforme sua destinação de proteger o corpo e a roupa de quem o usa. Com a transição da Maçonaria Primitiva para a Maçonaria Especulativa, processo histórico que não ocorreu de forma instantânea, a figura e a função do Avental foram paulatinamente se alterando. Ressaltamos mais uma vez que, por um considerável tempo, tanto a Especulativa quanto a Operativa conviveram, especialmente pelos relatos que se tem da Inglaterra no século XVIII.
Como exteriorização dessa relativa dicotomia entre Especulativa e Operativa, temos na Inglaterra a existência de duas grandes potências justamente nesse século de transição. Note-se que não se trata de uma correspondência absoluta entre ambas as dicotomias, embora ambas guardem uma não desprezível ligação. De um lado havia as Grandes Lojas dos Antigos, formadas principalmente por Maçons mais tradicionais, mais “conservadores”, nas quais não ocorreram grandes mudanças em relação ao Avental, predominando, exceto pelo couro de ovelha que passou a ser o material mais utilizado, uma relativa padronização e simplicidade nos Aventais de todos os Graus, tendo em vista que os próprios eram adquiridos, em sua maioria, pelas próprias Lojas e concedidos aos Irmãos. Do outro, as Grandes Lojas dos Modernos, de natureza teoricamente mais democrática, mais aberta, as mudanças mais significativas ocorreram em relação ao Avental. A concepção do simbolismo do Avental decorre justamente do entendimento que a Maçonaria Especulativa passou a conceder ao Avental. O Avental passou a ser visto como um emblema da dignidade, da honra, do trabalho material ou intelectual, trabalho esse que era desprezado. Naturalmente, numa sociedade marcada anteriormente pelos senhores da terra, apenas a propriedade era vista como algo dignificante. A Maçonaria Especulativa alçou o Avental como símbolo do trabalho, da labuta, ao qual o Maçom está ligado ao adentrar na Ordem, dignificando o próprio, o trabalho, perante os olhos da sociedade. Esse é o grande significado do Avental, enquanto instrumento fundamental do Maçom. Esta é a grande razão simbólica pela qual um Aprendiz Maçom não deve adentrar em uma Loja sem estar coberto por essa indumentária. Tal insígnia não nos deixa esquecermos que a labuta é uma constante na vida do Maçom, seja em Loja ou fora dela. Contudo, ao mesmo tempo em que as Grandes Lojas Antigas alçaram o Avental como símbolo, e, conseqüentemente, modificaram sua forma, passando a utilizar tecidos mais leves tal como o cetim, o brim e o linho, a vaidade, algumas vezes exagerada de alguns Irmãos, provocaram uma verdadeira revolução no Avental. Verdadeiras obras de arte, pinturas, foram realizadas nos Aventais das Grandes Lojas dos Modernos. Novos símbolos, tal como roseiras, fitas, bordados, foram introduzidos nos Aventais, especialmente dos Graus de Mestre. Enquanto nas Grandes Lojas Antigas predominavam a simplicidade destes instrumentos Maçônicos tão preciosos, principalmente no Grau de Aprendiz, sendo o branco predominante, até pelo material utilizado, o couro de ovelha, nas Grandes Lojas Modernas houve uma radical transformação exteriorizada nas pinturas das Abetas, na criação de laços, pinturas de novos símbolos, entre outros. Quanto maior o Grau, maiores as “sofisticações” encontradas.
Quanto a esta sofisticação dos Aventais, e esta nova função de certa forma “decorativa”,  dois comentários se mostram muito pertinentes. O primeiro, tendo como base assertivas de Assis Carvalho, tendo como objeto o Cavaleiro Miguel André de Ramsay, codificador do Rito Escocês. Buscando negar a origem Operativa da Maçonaria, e afirmar uma origem Nobre, como sucessores dos Templários, de Jacques De Moley, o Irmão Ramsay  impulsionou a criação de Graus e nomes pomposos na Maçonaria e, conseqüentemente, os mais belos e ricos Aventais foram sendo também criados. Além disso, cabe agora relembrarmos a definição introduzida no começo de nosso trabalho, atribuída a Jules Boucher: “o Avental constitui-se no essencial adorno do Maçom.” Raimundo Rodrigues explica que a palavra adorno tem o sentido de enfeite, decoração. Conclui ele na imprecisão de sintaxe no uso de tal palavra, já que a função fundamental ou essencial do Avental seria simbolizar o trabalho ao qual os Maçons devem se entregar. Contudo, fazendo uma outra análise, podemos compreender a utilização de tal vocábulo, visto que, para muitos Irmãos, a utilização do Avental ficou muito ligada à idEia de enfeitar-se para quando da participação em Loja. Aliás, conforme relata Assis de Carvalho, eram comuns os Maçons das Grandes Lojas Modernas saírem das sessões e caminharem por Londres devidamente trajados, felizes na utilização de seus Aventais, enquanto os Maçons das Grandes Lojas Antigas, por estarem acostumados a utilizar o Avental quando em oficio, visto que muitos ainda eram Operários, utilizarem apenas os simples Aventais quando em Loja ou justamente no local de labuta.
Em 1813, com a unificação das duas grandes Potências Inglesas, houve também a edição de um normativo regulamentando e padronizando os Aventais, de forma a coibir os inúmeros abusos. Logicamente, alguns símbolos introduzidos ao longo do tempo foram consolidados, mas os exageros cessaram, e, até hoje, pelo que afirma Assis Carvalho, não houve grandes mudanças nos Aventais Ingleses, caracterizados pelo rito York. Vale ressaltar também o Congresso Mundial dos Supremos Conselhos em Lausane, datado de 1875. Nesse encontro, decidiu-se também por uma padronização dos Aventais utilizados pelos seguidores do Rito Escocês Antigo e Aceito. Nesse ponto, o autor Assis de Carvalho faz uma critica expressa aos seguidores de tal rito no Brasil, tendo em vista as seguidas mudanças do Avental aqui ocorridas nas últimas décadas, levando em conta que o R.’.E.’.A.’.A.’.  não assistiu a grandes mudanças em outros países. Como último ponto a se destacar do Avental Maçônico, gostaríamos de nos focar na Abeta. Muitos estudiosos Maçons procuram dar significados à sua posição em relação ao Avental. Outros, entretanto, apoiando-se na experiência histórica e mesmo em fotografias antigas, têm demonstrado que a Abeta não tem um sentido simbólico, pelo menos em sua origem. Antony Sayer, primeiro Grão Mestre da Loja da Inglaterra (1717), está caracterizado em fotos com uma Abeta levantada. Ressalte-se que ele era Mestre e que sua Abeta estava levantada. A utilização da Abeta para baixo ou para cima está, segundo esses autores, mais ligada, originalmente, à praticidade do que a qualquer simbolismo. A Abeta era utilizada pelos Irmãos Operativos para prender o Avental à camisa, tendo propositalmente um espaço próprio para este botão. Alguns irmãos baixavam a Abeta como forma de esconder imprecisões, desgastes da alguns Aventais. Alem disso, a forma triangular ou oval não apresentava também qualquer significado. Atualmente, se admite a diferença no posicionamento para se caracterizar o Grau, o que pode ser considerado muito válido. Contudo, originalmente, pela análise histórica da Abeta, há autores que defendem a inexistência de um simbolismo próprio. Além disso, como já se afirmou anteriormente, as correias que prendiam as Abetas ao corpo dos Maçons Operativos, tanto no pescoço como na cintura, nada tinham de especial. Eram apenas correias, sem nenhum magnetismo ou coisa do tipo.
Finalizando, o Avental simboliza, em uma primeira impressão, ainda no cerimonial de Iniciação, trabalho, labor, labuta. O que podemos aprender com significado de trabalho do Avental? Que todo Maçom deve dedicar- se ao trabalho diariamente, e, quando ele está em Loja, ou, mais propriamente ao tema, quando ele está na Oficina,  o trabalho é simbolizado pelo uso do Avental. Mesmo havendo posicionamentos diferentes com relação ao simbolismo do avental ou ao seu uso prático, não há como deixar de mencionar-se a interpretação mais aceita e oportuna com relação a essa indumentária. Ao desbastar a Pedra Bruta com o maço e o cinzel, o avental protege o Aprendiz contra a poeira e os estilhaços provenientes de seu ofício. Cumpre o papel que sempre cumpriu, a saber, o de servir como uma peça extra de proteção no manuseio, por exemplo, da pedra e até mesmo como um meio de transporte de pedras (e outros materiais) de um lugar para outro. O avental, dessa forma, está protegendo o Irmão das consequências do seu trabalho de aprimoramento constante e da eliminação de seus defeitos. Graças à proteção do avental, a roupa do Irmão, como se fosse sua reputação, está a salvo da sujeira representada pela poeira e os resquícios dos defeitos inerentes a todos nós, seres humanos. Cumpre, sobretudo, o Avental, o seu papel de um dos mais importantes Símbolos da Maçonaria e de elo entre aqueles que o portam, como Irmãos Maçons, unidos, através dessa indumentária, pela fraternal amizade.

Bibliografia
·         Ritual do REAA
·         CARVALHO, Assis. O Avental Maçônico e outros Estudos, 2a ed., Londrina: Ed. Maçonica “A Trolha”, 1997;
·         CARVALHO, Assis. Ritos & Rituais, 1a ed., Londrina: Ed. Maçonica “A Trolha”, 2001;
·         CASTELHANI, José. Manias e Crendices em Nome da Maçonaria, 1a ed., Londrina: Ed. Maçonica “A Trolha”, 2002;
·         RODRIGUES, Raimundo. Visão Filosófica da Arte Real, 1a ed., Londrina: Ed. Maçonica “A Trolha”, 2002;

Autores:
IrRoberto Varo Junior        
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Henrique dos Santos Aires          
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Rafael Beccari de Sena    
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Felipe Silva Martinez       
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Ramom Dantas Rotta

ARLS“FRATERNIDADE ACADÊMICA UNIVERSITÁRIA BERNARDINO DE CAMPOS” – nº 3392