Imagem extraída de: focoartereal.blogspot.com
Por Ir.˙. Rui Bandeira
Em Maçonaria, é essencial o trabalho realizado em
Loja: a execução do ritual de abertura, através do qual todos os presentes se
concentram no espaço, tempo, lugar e trabalho que vão efetuar, desligando-se
das vicissitudes do mundo exterior (o mundo profano), o despachar de toda a
parte burocrática e administrativa inerente ao funcionamento da Loja, a
participação na ordem do dia e o ritual de encerramento, pelo qual os presentes
se preparam para a saída do espaço, tempo, lugar e trabalho comuns e conjuntos
e para o regresso ao mundo exterior (o mundo profano).
Mas mal andará qualquer Loja em
que apenas se dê atenção ao trabalho em sessão! Este não é possível, ou, pelo
menos, não é profícuo, nem sustentável, sem o trabalho que, desejavelmente,
todos os maçons efetuam, em si e perante os que os rodeiam, no mundo e tempo
profanos e particularmente sem o trabalho, o esforço e a dedicação dos Oficiais
da Loja entre as sessões desta.
Para que os trabalhos de uma Loja decorram de forma
harmoniosa e profícua, muito tem de ser preparado, estudado, trabalhado e
concretizado fora de Loja. Desde as obrigações legais que a Loja tem de
assegurar, ao enquadramento burocrático, passando pela aquisição, conservação e
guarda dos bens e materiais da Loja, não esquecendo a execução do que se
deliberou em sessão e a preparação dos assuntos a serem postos à discussão e
deliberação nas sessões subsequentes, atendendo à detecção, prevenção e
resolução de problemas, diferentes entendimentos ou divergentes interpretações
e conflitos, reais ou potenciais, tudo tem de ser assegurado e trabalhado pelos
Oficiais do Quadro da Loja entre as sessões desta.
Sem esse trabalho de triagem e preparação, tudo
viria a recair na Loja, transformando as sessões desta numa sucessão de
resolução de problemas, sem dar tempo, espaço e lugar ao mais importante: a
criação, fortalecimento e manutenção da Cadeia de União entre os obreiros da
Loja, pela qual e com a qual cada um recolhe do grupo a energia, o incentivo, a
experiência, os conselhos, a solidariedade e a cooperação que lhe são úteis
para o seu próprio trabalho de aperfeiçoamento e, por sua vez, dá ao grupo e a
cada um dos seus integrantes sua contribuição.
É por isso que a eleição ou designação para Oficial
do Quadro de uma Loja maçônica deve ser, por todos, encarada antes do
mais como um encargo e só depois como uma honra ou o reconhecimento de
qualidades ou esforço do eleito ou designado. O Oficial de uma
Loja maçônica não é um "graduado" que
exerce autoridade sobre elementos de patente inferior, os soldados ou
praças. O Oficial de uma Loja maçônica é assim designado porque lhe é
confiado o exercício de um ofício, de uma tarefa. O Oficial do Quadro da
Loja serve esta e os seus obreiros, através do cumprimento das obrigações do
seu ofício.
Todos os maçons com um mínimo de assiduidade às
sessões da sua Loja sabem quais são os deveres dos Oficiais durante as respectivas
sessões - porque participam nelas e assistem ao respectivo exercício ou efetuam
o exercício de um ofício. Mas o conhecimento das tarefas que os vários Oficiais
do Quadro de uma Loja maçônica devem assegurar no intervalo das sessões não é
tão evidente assim. No entanto, essas tarefas fora de sessão são indispensáveis
para a administração da Loja, a preparação e decurso das sessões desta, o
cumprimento dos objetivos de todos.
É, por isso indispensável que cada um, quando
chegar a sua vez de assumir funções de Oficial do Quadro da sua Loja, tenha bem
presente que as suas obrigações no exercício do seu ofício vão muito para além
do desempenho ritual em Loja, pesam muitíssimo mais do que o o colar de função
que cada Oficial coloca no início de cada sessão da Loja.
Basta que um ofício seja mal ou incompletamente
exercido, fora de Loja, para que o equilíbrio de todo o Quadro de Oficiais seja
afetado, para que a sessão da Loja seja menos produtiva ou menos agradável do
que poderia e deveria ser. O desempenho do ofício fora de Loja é tão ou mais
importante do que é executado em sessão. Este é só mais visível...
Fonte: A Partir Pedra
Extraído de: http://blogomalhete.blogspot.com.br/2016/02/o-trabalho-fora-da-loja.html?m=1
– Acesso em: 011050MAR2016.
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