Augusta e Respeitável Loja Simbólica Cavaleiros do Hermon 335 - GLESP - Fundada em 13/05/1988.
QUEM SOMOS
CAVALEIROS - alusão aos Templários, às Cruzadas e à Távola Redonda. HERMON - o termo remete-nos ao Monte Hermon, em cujo topo se forma a neblina que se condensa em forma de garoa, o orvalho consagrado pelo Salmo 133. Essa precipitação "tolda parcialmente o sol escaldante do sul do Líbano, e umedece seu solo, transformando-o numa das regiões mais férteis e amenas do Oriente Médio."
Nós Cavaleiros do Hermon, na constante busca para tornar feliz a humanidade, sob a égide do Grande Arquiteto do Universo, que é Deus, nos reunimos às sextas-feiras a partir das 20h00 , na Avenida Pompéia, 1402 - Templo Ir.'. Willian Bucheb - São Paulo - SP.
Nós Cavaleiros do Hermon, na constante busca para tornar feliz a humanidade, sob a égide do Grande Arquiteto do Universo, que é Deus, nos reunimos às sextas-feiras a partir das 20h00 , na Avenida Pompéia, 1402 - Templo Ir.'. Willian Bucheb - São Paulo - SP.
sexta-feira, 23 de dezembro de 2016
quarta-feira, 7 de dezembro de 2016
SOCIEDADES SECRETAS – MAÇONARIA E O PERÍODO DITATORIAL
NOTA INTRODUTÓRIA
Curiosidades -
Você sabia que Getúlio Vargas mandou fechar a Maçonaria Brasileira?
Para
quem conhece um pouco da Ordem, sabe que absolutismo e ditadura nada tem haver
com nossos ideais de Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Getulhão sabia disso
também! Pois bem, o historiador e nosso Irmão Frederico Guilherme costa em seu
livro “A Trolha na Universidade” no capítulo 34, publicou uma ata da Loja
“Fraternidade de Santos” de 1º de fevereiro de 1938 que reproduzirei parte dela
a seguir para contextualizar a informação acima.
“Levando-se
em conta a situação da loja e seu patrimônio, os Obreiros deliberaram, entre
outras medidas o seguinte:
a)
– Considerando, que a Comissão Executiva do Estado de Guerra, nomeada pelo Exm°
Sr. Presidente da República, deixou uma ordem mandando fechar o Grande Oriente
do Brasil, os Grandes Orientes dos Estados e todas as Lojas maçônicas do país;”
Diante
do exposto, acredito que a Maçonaria com seu currículo de lutas contra a
tirania pelo mundo, deve ter deixado o Getúlio desconfortável, levando o mesmo
a tomar a atitude de fechar nossa Augusta Fraternidade a fim de evitar futuras
ameaças.
SOCIEDADES SECRETAS – MAÇONARIA E O PERÍODO DITATORIAL
A
maioria dos maçons apoiou inicialmente o golpe, em um contexto que a situação
do país era caótica. Castellani ainda afirma que o apoio da Maçonaria se deu
devido à intenção do presidente de dar um rumo ordeiro à nação e devolver o
governo aos civis, fato que não ocorreu devido a influencia da ala radical do
exército. Ao contrário do Estado Novo, período ditatorial em que o Presidente
Getúlio Vargas mandou fechar quase que todas as lojas maçônicas, o governo
instaurado em 64 praticamente não repreendeu a instituição maçônica, de fato, o
autor ressalta que era a própria Maçonaria que expurgava os membros
considerados radicais. Além disso, existiam aproveitadores na ordem que usavam
da tendência política dominante para perseguir outros maçons considerados
adversários e os acusá-los de serem comunistas.
Este
clima tenso fez que com que pessoas de destaque como o secretário de cultura sofressem
pressões da ordem e fossem julgados como “pessoas de esquerda”, portanto,
inadequados de pertencerem à Maçonaria. A partir de 1968 o sistema ditatorial
começou a ficar mais repressivo. Artur da Costa Silva era o presidente do
período, o congresso foi fechado e foi instaurado o Ato Institucional n° 5(AI
5) que acabava com várias garantias institucionais e jogava o Brasil em um
período de muita censura e repressão. Devido á tensão da época, a atividade
maçônica começou a diminuir se restringindo a fatos administrativos internos.
Castellani afirma que no dia 24 de junho de 1969, o Grão Mestre Geral Moacir
Arbex Dinamarco escreveu no seu relatório geral a seguinte mensagem: “(…)
Demonstramos o pensamento da Maçonaria sobre a relevância do papel das forças
armadas na defesa do regime democrático. Não nos acomodamos quanto à crise
estudantil e, em declaração incisiva, colocamo-nos como mediador da mesma,
procurando serenar o episódio”. Apesar de o Grão Mestre Moacyr afirmar que
defendia um regime democrático, ele fazia exatamente o oposto, defendendo em
nome da Maçonaria, um regime ditatorial.
Depois
de Costa e Silva, o Brasil foi governado por Emílio Garrastazu Médici, que
inaugurou a época mais dura e repressiva do regime. Essa época foi marcada por
dissidências dentro da Maçonaria, em partes causadas pelo aumento do número de
maçons contrários à ditadura militar. Em 1973 ocorreu uma cisão na Ordem
Paulista, que ficou conhecido como “Cisma
Paulistinha”, esse evento foi causado basicamente por disputas políticas
internas referentes às sucessões de cargos maçônicos.
Depois
da Era Médici, o general Ernesto Beckmann Geisil assumiu o controle do regime,
e foi o principal responsável pelo início da lenta e gradual abertura política
do país. O auge do apoio institucional da Maçonaria aconteceu no dia 15 de
março de 1974, quando o presidente Geisel recebeu em audiência, o Grão Mestre
Geral Osmame Vieira de Resende e o seu Adjunto o senador do partido
situacionista Osíris Teixeira. No referido evento, Teixeira leu um ofício que
reafirmava o apoio do Grande Oriente ao governo instaurado em 1964. De acordo
com Castellani esse evento se fez sem consulta ao chamado “povo maçônico”, que
desiludido e não percebendo a volta do regime democrático, já não apoiava, em
sua maioria, o regime vigente.
Em
1979, João Batista Figueiredo assumiu a presidência, em um governo que se
caracterizou por atitudes menos repressivas. No dia 28 de agosto, o presidente
sancionou a lei de anistia, que foi promulgada no dia 1º de novembro. A Maçonaria
apoiou a lei da anistia, apesar de haver maçons que não concordaram com essa
ideia. A instituição também apoiou as eleições diretas para presidente no ano
de 1984, o que de fato não ocorreu, visto que alguns grupos políticos queriam
manter-se no poder. Pela via indireta foi eleito Tancredo Neves, que morreu
antes de tomar posse, sendo assim o cargo foi entregue a José Sarney. Sarney
conduziu o país em um regime impopular e marcado pela alta inflação, mas que
entraria na história por ter sido o primeiro governo civil depois de duas
décadas de ditadura militar.
Texto:
Marcus Vinícius Galindo
Saiba
Mais:
·
ALMERI,
Tatiana. Raízes Secretas. In: Sociedades Secretas: Maçonaria,
Illuminatis, Cavaleiros Templários. Direção: Sandro Aloísio. Ed: Escala. São
Paulo, 2009. P. 104.
Illuminatis, Cavaleiros Templários. Direção: Sandro Aloísio. Ed: Escala. São
Paulo, 2009. P. 104.
·
CASTELLANI,
José. A Ação Secreta da Maçonaria na Política Mundial. Ed:
Landmark , São Paulo. 2007
Landmark , São Paulo. 2007
Extraído de : http://monicanobrega.com.br/sociedades-secretas-maconaria-e-o-periodo-ditatorial/
sábado, 26 de novembro de 2016
RETORNANDO AO EIXO
RESILIÊNCIA: A capacidade do indivíduo construir-se positivamente frente as adversidades.
“Mas, se a sociedade não pode igualar os que a
natureza criou desiguais, cada um, nos limites da sua energia moral, pode
reagir sobre as desigualdades nativas, pela educação, atividade e
perseverança”. (Ruy Barbosa)
“Não existe discípulo igual ao mestre, todo aquele, porém, que for bem
instruído será como seu mestre”. Nessa instrução contida no Evangelho de
Lucas 6:40, podemos claramente ver a necessidade de instruirmos para sermos
constantemente lapidados.
Sabemos que nos dias
atuais vivemos em uma concorrência constante com as facilidades, sejam estas
promovidas pelo avanço tecnológico, seja pelo sentido putrefo do termo, ou
seja, se dá um jeitinho para tudo. Desse modo, questionamos como devemos nos
portar sem sermos passados para trás, ou o que fazer para não ser prejudicado
pela pesada mão da falta de ética, ausência da sã moral, ou a falta de
profissionalismo que envolve grande parte dos jovens viventes em um período
imediatista. Voltemos ao dia de nossa iniciação, “-Não vos assustem essas espadas voltadas para vós!... Pela direção que
tomam, são a irradiação intelectual que cada Maçom, de hoje em diante,
projetará sobre vós...”[1],
deste trecho podemos extrair que os
maçons mais experientes naquele momento emanaram sobre o iniciado as benesses
da Arte Real, devendo portanto o iniciado, o novo maçom, debruçar-se as
práticas do agir nos ditames da razão e assim, gradativamente ser treinado com
finalidade de chegar a plenitude maçônica em condições de prever dentro de
probabilidades situações nas quais possa se ver envolvido, sabendo como agir
quando a situação puder tomar um viés diverso do pretendido.
O fato, dificílima é a
tarefa de nos mantermos calmos a frente de adversidades, mas temos que entender
isso como necessário, e criar diante as pequenas frustrações um método para
treinarmos nossos espíritos para uma situação realmente dificultosa.
E a esta conduta que
nos encoleriza chamaremos de humor, mas um humor maldoso, nefasto ou mesmo
vingativo pueril.
Um grande talento nunca
se rende às alterações de humor nem permite que seu temperamento peculiar corra
cegamente[2].
Ergue-se acima de tão vulgar falta de compostura. Um dos grandes efeitos da
sabedoria é autorreflexão o que entendemos por V\I\T\R\I\O\L\, quando conseguirmos
reconhecer a presente disposição, conseguiremos realmente dominar nossos
espíritos, vencendo os humores e não se arrastando tiranicamente de uma loucura
para outra.
Ao exercitarmos a
previsão de consequências lógicas, conseguiremos afastar esse humor, pois esse
humor nefasto que nos toma e nos cega nada mais é do que uma indisposição do
Espírito tacanho que se aloja em cada um de nós, mas os sábios, há! Sempre os
sábios, estes se comportam perante esta doença como se esta fosse uma doença
física. As pessoas doentes condenam o elixir sublime como bebida de forte
amargor, mas o pensamento corrige-as e assim devemos nos policiar para corrigir
nossos maus humores, dando livre passagem ao nosso temperamento básico, trata-se
de aplicarmos a técnica da emoção oposta, a fim de equilibrar as escadas da
prudência. Neste sentido, toda vez que for tolhido de um direito, buscará a
forma racional e justa de reavê-lo, não se pode deixar-se levar pela síndrome
do “talião” olho por olho; quando aviltados e instigados a sairmos de nossa
emoção, sermos frívolos bastante para mantermo-nos serenos e não alterarmos o status quo, retribuir a ofensa com
sorriso e entender que aquele que nos ataca não possui argumentos, motivo pelo
qual tenta nos rebaixar ao seu nível. Esta é a hora de voltar à prancheta.
Passados alguns anos
tivemos a satisfação de ouvir a apresentação do Trabalho de 3ª Instrução do
grau de Aprendiz, elaborada pelo Irmão Marcelo Silva, o noviço sabiamente
ensinou a todos nós ao concluir que “Todos
os dias, e em todos os momentos invocamos a presença do G\A\D\U\ para que nos guarde e
guie com a luz da verdade e sabedoria divina, nós Maçons a cada dia aprendemos
mais sobre nossas virtudes, e qualidades
dos seres humanos, e trabalhamos duramente para adquirirmos a cada dia o de
melhor de todos os sentimentos existentes, buscando no nosso passado os erros e
acertos e transformando a saudade em esperança de mudança”[3]. Ficando demonstrada na brilhante peça
de arquitetura a importância de nos renovarmos e de ensinarmos seriamente aos
nossos iguais, um pouquinho daquilo que aprendemos, a final as qualidades dos
seres humanos nem sempre são louváveis, e não sendo eles obrigados a entenderem
isso, a nós nos cabe essa obrigatoriedade, e assim ensinando pelo exemplo e
pela doutrinação.
Sathya Sai Baba na obra
Krishna e a Arte de Liderar ensina que “Os
alicerces do contentamento devem surgir da mente, e aquele que tiver tão pouco
conhecimento da natureza humana a ponto de procurar a felicidade modificando
qualquer coisa que não sua própria disposição, desperdiçará sua vida em
esforços inúteis e multiplicará as mágoas que tenciona remover”[4].
Demonstrando que às vezes devemos mudar de estratégia, rever os conceitos e
posicionamentos que adotamos para assim alterarmos todo um sistema viciado e
corrompido.
CONCLUSÃO
Ao estabelecermos em
nossas vidas o V\I\T\R\I\O\L\, estaremos automaticamente revendo as estratégias para nosso dia
a dia, assim conseguindo prever os possíveis óbices, desse modo, faz-se
necessária a colocação de limites aos nossos desejos, os seja, invés de desejar
destruir, ou que os problemas que nos rodeiam sejam afastados, devemos ser
resilientes e como ensinado pelo Mestre Ruy Barbosa “nos limites da sua energia moral,
pode reagir sobre as desigualdades nativas, pela educação, usando
portanto dos ensinamentos adquiridos dentro do Templo Maçônico e aplicarmos a
todos que nos cercam, assim construindo não apenas o nosso templo interior, mas também estaremos
assentando com a argamassa mística da Moral cada tijolo da grande fortaleza da
ética e das boas práticas.
O Conhecimento representa a peça
fundamental para o desenvolvimento coordenado e seguro. O homem, desde seu
surgimento, busca verdades e confirmações que sempre estiveram ao seu alcance.
Bastando, para alçá-las apenas o olhar introspectivo.
BIBLIOGRAFIA
·
Ritual do Aprendiz Maçom GLESP-2006
·
DA CAMINO, Rizzardo. Simbolismo do
Terceiro Grau. Madras Editora Ltda. São Paulo, 2006.
·
CHIBBER,
Dr. M.L. Krishna
e a Arte de Liderar. Do original: Leadership – Book for Yout, Parents and Teachers. Fundação Sri Sathya Sai Baba
do Brasil. Madras Editora Ltda. São Paulo, 2003.
·
GRACIAN, Baltasar. Espelho de Bolso
para Heróis. Original: A Pocket Mirror for Heroes. Edições
Temas da Actualidade, S.A. Lisboa / PT, 1996.
·
DA SILVA, Marcelo. Terceira Instrução
de Aprendiz Maçom. ARLS Cavaleiros do Hermon – 335 GLESP. São Paulo, 2010.
Rogo ao G\A\D\U que à todos Ilumine e Guarde, Fraternalmente:
Ir\ EUCLIDES
CACHIOLI DE LIMA
Past-Master
Or\De São Paulo,
25 de novembro de 2016 ( E\V\)
[1] Ritual do
Aprendiz Maçom, pg. 55 – REAA – GLESP - 2ª Edição, Janeiro, 2006.
[2] Espelho
de Bolso Para Heróis, pg. 13.
[3] Marcelo
Silva – 3ª Instrução do Grau de Aprendiz. Outubro de 2010.
[4] Sathya
Sai Baba – Krishna e a Arte de Liderar. Pg. 115 – Citando Peter F. Drucker, Effective Executive, Pan Books
London.
quinta-feira, 27 de outubro de 2016
A PARÁBOLDA DO PASTOR E O FIEL
As parábolas sempre
ilustram com muita força e até com certa dramaticidade os ensinamentos morais.
A frequência dos irmãos aos trabalhos é um dos itens constantes de
todas as pautas das reuniões.
Há os que não vão aos trabalhos da oficina, porque acham que a mesma nada mais
tem a lhes ensinar. São os presunçosos. Se forem telhados, não sabem fazer o
sinal de Aprendiz. Há os que não vão à Oficina porque acham que as reuniões se
tornaram desinteressantes e monótonas. Estes fazem parte daquele grande grupo
que entraram para à Maçonaria, mas a Maçonaria não entrou neles. Acham as
reuniões desinteressantes mais nada fazem para torná-las melhores. São os
reformistas e críticos de palavras, nada fazem porque faltam-lhes luzes para
fazer, ou porque são egoístas, não querem dividir os seus conhecimentos, quando
raramente possuem algum, são os verdadeiros inoperantes da Ordem.
Os argumentos, de todos os grupos de faltosos, são extremamente frágeis e na realidade se baseiam, também com a Maçonaria em três colunas, ou melhor, três antes coluna: a ignorância, o desinteresse e o perjúrio. Ser perjúrio não é somente quem revela os nossos segredos Iniciáticos, mas também é perjúrio aquele que não cumpre com as obrigações contraídas para com a sublime Ordem no Cerimonial da Iniciação.
Outro dia encontramos um destes pseudo irmão e perguntei-lhe: por que não tens mais ido à Loja? - ao que ele me respondeu de pronto: para que, só para bater malhetes? - Então lhe repliquei: sabes o que significa "bater malhetes"? - Ele se coçou todo, gaguejou, desculpou-se e se escafedeu-se deixando atrás de si a poeira ofuscante da sua ignorância.
Aprendemos com um Mestre, a quem respeitamos e admiramos uma parábola que vamos aqui tentar reproduzir aos irmãos.
Londres, fria, úmida, nevoenta e cinzenta, havia num bairro um templo religioso, possivelmente Anglicano, no qual pregava um mesmo pastor há mais de vinte anos. E os Londrinos, como os ingleses de um modo geral, são extremamente tradicionalistas e naquele Templo, vinham fiéis das redondezas, sempre os mesmos, sempre ocupando os mesmos lugares, a sucessão de cada semana e desta forma todos já se conheciam pelos nomes conforme devem ser os Maçons em Loja.
Num certo final de semana, o pastor notou ausente, uma cadeira que estava vazia e era a cadeira de um dos mais assíduos fiéis.
O pastor preocupou-se, mas passado o culto, o fato foi esquecido, absorvido que foi o pastor pelas suas outras atividades.
Nova semana, novo culto, e novamente a mesma cadeira vazia, o pastor perguntou aos fiéis: alguém viu o fulano, estaria doente, estaria acontecendo alguma coisa? - Ninguém soube responder.
Na semana seguinte o fato se repetiu pela terceira vez e o pastor, após o culto resolveu visitar o fiel.
Chegando lá, encontrou-o à beira da lareira, em frente ao fogo. Então o pastor lhe perguntou:
- Estás doente?O fiel lhe respondeu:- Não, estou muito bem de saúde.E o pastor replicou:- Estás com algum outro problema?O fiel lhe respondeu:- Não, não estou com problema nenhum, muito pelo contrário, estou muito bem:Então o pastor lhe admoestou:- Mas não tens ido mais ao culto...Dito isso o fiel dirigindo-se ao pastor disse:
- Eu frequento aquele culto há mais de vinte anos, sento naquela cadeira, efetuo as orações e entoo os mesmos hinos, durante todo este tempo eu já aprendi tudo de culto, sei todo o livro do culto de cór. Então eu acho que não preciso mais ir lá, por isso não estou indo. Atônito, o pastor pensou um pouco, dirigiu-se à lareira, atiçou o fogo e de lá retirou a maior das brasas que se encontrava na lareira, colocando-a sobre a saleira de mármore da janela, ante o olhar curioso do fiel.
A brasa, em questões de minutos, perdeu o brilho, se revestiu de uma túnica cinzenta, transformando-se em carvão e cinza, fora do convívio com as outras brasas.
O fiel levantou-se colocando as mãos na cabeça, disse:Por favor, homem para com isso, eu compreendi a lição.Doravante não mais faltarei ao culto.Tornando-se, a partir daquele dia, a cadeira, novamente ocupada.
Meus irmãos, os Maçons são como as brasas, para manterem a luz dos conhecimentos, o calor da fraternidade e a chama do ideal, necessário é, que estejam no convívio permanente das outras brasas.
Não faz Maçonaria fora do Templo. A Maçonaria que se pratica na vida profana é uma obrigação do iniciado e é reativada à cada Sessão, como uma espécie de bateria que precisa ser recarregada.
Se algum irmão acha que nada mais tem aprender, então ele dever ter atingido a Gnose perfeita e é chegado o momento dele começar a ensinar.
Os argumentos, de todos os grupos de faltosos, são extremamente frágeis e na realidade se baseiam, também com a Maçonaria em três colunas, ou melhor, três antes coluna: a ignorância, o desinteresse e o perjúrio. Ser perjúrio não é somente quem revela os nossos segredos Iniciáticos, mas também é perjúrio aquele que não cumpre com as obrigações contraídas para com a sublime Ordem no Cerimonial da Iniciação.
Outro dia encontramos um destes pseudo irmão e perguntei-lhe: por que não tens mais ido à Loja? - ao que ele me respondeu de pronto: para que, só para bater malhetes? - Então lhe repliquei: sabes o que significa "bater malhetes"? - Ele se coçou todo, gaguejou, desculpou-se e se escafedeu-se deixando atrás de si a poeira ofuscante da sua ignorância.
Aprendemos com um Mestre, a quem respeitamos e admiramos uma parábola que vamos aqui tentar reproduzir aos irmãos.
Londres, fria, úmida, nevoenta e cinzenta, havia num bairro um templo religioso, possivelmente Anglicano, no qual pregava um mesmo pastor há mais de vinte anos. E os Londrinos, como os ingleses de um modo geral, são extremamente tradicionalistas e naquele Templo, vinham fiéis das redondezas, sempre os mesmos, sempre ocupando os mesmos lugares, a sucessão de cada semana e desta forma todos já se conheciam pelos nomes conforme devem ser os Maçons em Loja.
Num certo final de semana, o pastor notou ausente, uma cadeira que estava vazia e era a cadeira de um dos mais assíduos fiéis.
O pastor preocupou-se, mas passado o culto, o fato foi esquecido, absorvido que foi o pastor pelas suas outras atividades.
Nova semana, novo culto, e novamente a mesma cadeira vazia, o pastor perguntou aos fiéis: alguém viu o fulano, estaria doente, estaria acontecendo alguma coisa? - Ninguém soube responder.
Na semana seguinte o fato se repetiu pela terceira vez e o pastor, após o culto resolveu visitar o fiel.
Chegando lá, encontrou-o à beira da lareira, em frente ao fogo. Então o pastor lhe perguntou:
- Estás doente?O fiel lhe respondeu:- Não, estou muito bem de saúde.E o pastor replicou:- Estás com algum outro problema?O fiel lhe respondeu:- Não, não estou com problema nenhum, muito pelo contrário, estou muito bem:Então o pastor lhe admoestou:- Mas não tens ido mais ao culto...Dito isso o fiel dirigindo-se ao pastor disse:
- Eu frequento aquele culto há mais de vinte anos, sento naquela cadeira, efetuo as orações e entoo os mesmos hinos, durante todo este tempo eu já aprendi tudo de culto, sei todo o livro do culto de cór. Então eu acho que não preciso mais ir lá, por isso não estou indo. Atônito, o pastor pensou um pouco, dirigiu-se à lareira, atiçou o fogo e de lá retirou a maior das brasas que se encontrava na lareira, colocando-a sobre a saleira de mármore da janela, ante o olhar curioso do fiel.
A brasa, em questões de minutos, perdeu o brilho, se revestiu de uma túnica cinzenta, transformando-se em carvão e cinza, fora do convívio com as outras brasas.
O fiel levantou-se colocando as mãos na cabeça, disse:Por favor, homem para com isso, eu compreendi a lição.Doravante não mais faltarei ao culto.Tornando-se, a partir daquele dia, a cadeira, novamente ocupada.
Meus irmãos, os Maçons são como as brasas, para manterem a luz dos conhecimentos, o calor da fraternidade e a chama do ideal, necessário é, que estejam no convívio permanente das outras brasas.
Não faz Maçonaria fora do Templo. A Maçonaria que se pratica na vida profana é uma obrigação do iniciado e é reativada à cada Sessão, como uma espécie de bateria que precisa ser recarregada.
Se algum irmão acha que nada mais tem aprender, então ele dever ter atingido a Gnose perfeita e é chegado o momento dele começar a ensinar.
Bibliografia: ENTRE O ESQUADRO E O COMPASSO
IRMÃO WALTER PACHECO JR
terça-feira, 9 de agosto de 2016
O SEGREDO DA MAÇONARIA
Por João Anatalino
Em: http://omalhete.blogspot.com.br/2016/08/o-segredo-da-maconaria_8.html#more -
Acesso:081744AGO2016
A lenda da
Palavra Perdida
A Lenda da Palavra Perdida é uma alegoria
cabalística, provavelmente criada pelos autores gnósticos dos primeiros séculos
da era cristã. Ela tem como tema central a crença no poder do Nome Sagrado de
Deus e que este era um segredo iniciático da maior relevância. Embora os
sacerdotes da religião judaica já trabalhassem com esse tema desde os
primórdios da adoção do Javismo como religião nacional, foi, entretanto, com o
entrelaçamento das crenças judaicas com a filosofia grega, que o tema ganhou
maior relevância e passou a integrar o conjunto das alegorias que davam corpo á
doutrina que nós hoje conhecemos como gnosticismo.
Na Maçonaria o simbolismo que envolve o Inefável
Nome de Deus é um tema de grande importância iniciática. De uma forma geral, os
maçons adotaram a tradição cabalística de que o verdadeiro significado desse
Nome é um segredo guardado a sete chaves pelos Mestres da sabedoria arcana.
Assim, os ritos maçônicos trabalham com a ideia de que os sons vocálicos
originais do Tetragrama YHVH são interditos ao vulgo, e a pronúncia correta
dessa palavra está confinada á sabedoria de muitos poucos escolhidos.
Essa ideia está expressa na alegoria da Palavra
Perdida, que é desenvolvida no ritual de alguns graus dos Ritos Escocês e do
Arco Real através da Lenda de Enoque e as Duas Colunas de Bronze. Em resumo
essa lenda diz o seguinte:
As colunas
de Bronze
Enoque, durante um sonho que teve, foi informado
que Deus tinha um nome secreto que aos homens não era lícito saber, porque se
tratava de uma palavra de grande poder. Esse nome, Deus o comunicou aos seus
ouvidos, mas proibiu que o divulgasse a qualquer outro ser humano. Nessa
ocasião o Senhor o informou também sobre o castigo que iria ser lançado sobre a
humanidade pecadora, através do dilúvio.
O Inefável Nome de Deus era a chave que poderia
proporcionar aos homens todo o conhecimento secreto e um dia, quando fossem
merecedores, ele lhes seria revelado. Mas para que essa Palavra Sagrada não
fosse perdida após a catástrofe que destruiria a humanidade inteira, Deus
instruiu Enoque para que a gravasse numa pedra triangular, numa língua só
inteligível aos anjos e a ele próprio (a Cabala). Portanto, mesmo que alguém
descobrisse um dia a grafia do Verdadeiro Nome de Deus, isso de pouco
adiantaria ao seu descobridor, pois a pronúncia dessa Palavra Sagrada lhe
estaria interdita.(1)
Antes do dilúvio havia sobre a terra civilizações
bastante desenvolvidas em termos de artes e ciências. Era uma civilização
bárbara, liderada por homens gigantes, os filhos que os anjos caídos (os
nefilins da Bíblia) tiveram com as filhas dos homens. Essa civilização era má,
arrogante e descrente. Por isso Deus anunciou a Enoque que iria
destruí-la. Para preservar os conhecimentos dessas antigas civilizações Enoque
fez com que vários textos, contendo conhecimentos científicos, fossem gravados
em duas colunas, e em cada uma delas esculpiu o nome sagrado. (2)
Uma delas era feita de mármore, a outra
fundida em bronze. Essas colunas ele as pôs como sustentáculo em um
suntuoso templo que mandou construir em um lugar subterrâneo, só dele e de
alguns eleitos, conhecidos. Esse templo tinha nove abóbadas, sustentadas
por nove arcos. No último arco Enoque mandou gravar o Delta Luminoso, que
simbolizava o Nome Inefável, e fez um alçapão onde guardou a pedra na qual ele
havia gravado esse Nome.
Com o evento do dilúvio todas as antigas
civilizações foram destruídas e seus conhecimentos científicos e artísticos
perdidos. Noé e sua família, os únicos sobreviventes dessa catástrofe, nada
sabiam dessas antigas ciências. Das colunas gravadas por Enoque, somente a de
bronze pode ser recuperada pelos descendentes desse patriarca. Nela constava o
Verdadeiro Nome de Deus, mas não a forma de pronunciá-lo, pois essa
sabedoria estava escrita na coluna de mármore. Assim, essa pronúncia
permaneceu desconhecida por muitos séculos, até que Deus a revelou a Moisés em sua
aparição no Monte Sinai.
Mas Moisés foi proibido de divulgá-la, a não ser ao
seu irmão Aarão, que seria, futuramente, o Sumo Sacerdote do povo hebreu. Deus
prometeu a Moisés, todavia, que mais tarde o poder desse Nome seria recuperado
e transmitido a todo o povo de Israel. Segundo a tradição cabalística isso só
aconteceu nos tempos de Shimon Ben Iohai, o codificador da Cabala, mas nem todo
o povo de Israel compartilhou dessa sabedoria, uma vez que ela continuou sendo
transmitida apenas aos rabinos que atingiam os graus mais altos na chamada
Assembléia Sagrada.
Segundo essa lenda, Moisés havia mandado que o Nome
Inefável, com a pronúncia correta, fosse gravado em uma medalha de ouro e
guardado na Arca da Aliança juntamente com as tábuas da lei. Dessa forma, o
Sumo Sacerdote, em qualquer tempo, poderia compartilhar dessa sabedoria e
invocar o Grande Arquiteto do Universo na forma correta.
Esse era o segredo da Schehiná, ou seja, a
estratégia segundo a qual Deus se manifestava ao povo de Israel, através da
Arca da Aliança. Porém, a Arca da Aliança foi perdida em uma batalha que
os israelitas travaram contra os sírios. Mas, guardada por leões ferozes, os
sírios nunca conseguiram abri-la e mais tarde ela foi recuperada pelos
sacerdotes levitas. Durante as batalhas que o povo de Israel travou contra os
filisteus pela posse da Palestina, a Arca foi perdida mais uma vez, sendo
capturada pelo exército inimigo. Os filisteus, que não sabiam do poder que
tinham nas mãos, fundiram a medalha de ouro com o Nome Inefável e a colocaram
num ídolo dedicado ao Deus Dagon.(3)
Esse foi um dos motivos pelos quais Deus instruiu
Sansão para que este praticasse seu último ato de força no Templo dos filisteus
em Gaza, matando um grande número deles. E dessa forma o registro escrito dessa
Palavra foi perdido para sempre.
Assim, durante longo tempo a forma de
pronunciar o Nome Inefável ficou oculta, até que Deus o revelou a Samuel e este
o transmitiu aos reis de Israel, Davi, e depois a Salomão.
Após construir o Templo de Jerusalém, (que
reproduzia a forma e a estrutura do templo construído por Enoque, inclusive com
os nove arcos, onde, no nono, se erguia o Altar do Santo dos Santos, no qual a
Arca da Aliança estava depositada), Salomão determinou a Adoniran, Stolkin e
Joaben a construção de um templo dedicado á Justiça. Estes, após escolher e
cavar o terreno para a preparação dos alicerces verificaram que o lugar
escolhido era exatamente o mesmo onde Enoque havia construído o seu templo.
Após demoradas pesquisas e árduos trabalhos escavando as ruínas, descendo a
diversos níveis subterrâneos, os mestres destacados por Salomão, sob o comando
de Adonhiran, descobriram a coluna de bronze onde o sagrado Delta estava
gravado. Foi essa coluna que serviu de modelo para Hiram fundir as duas colunas
de bronze que ornavam o Templo de Salomão.
Dessa forma, o Verdadeiro Nome de Deus foi
recuperado e pode ser transmitido ao povo de Israel na sua forma escrita, mas a
sua pronúncia permaneceu um segredo compartilhado por poucas pessoas, pois a
coluna de mármore, onde essa sabedoria estava inscrita, fora destruída pelo
dilúvio. Somente Salomão, o Rei de Tiro e os três mestres que desceram ao
subterrâneo detinham esse conhecimento, pois este lhes fora transmitido pelo
profeta Samuel, antes de morrer. Com o desaparecimento daqueles personagens,
ficou perdida novamente a pronúncia da Palavra Sagrada.
Os mórmons e
a Lenda de Enoque
Esse é o conteúdo da lenda maçônica, que revela um
conhecimento iniciático de grande relevância, pois o personagem Enoque não é
exclusivo da tradição hebraica. Ele, na verdade, é um arquétipo presente na
mitologia de vários povos antigos e cultuado como “mensageiro dos deuses” e
arauto do conhecimento divino, transmitido aos homens na terra.
No Egito ele era associado ao deus Toth, que teria
trazido aos homens o conhecimento da escrita, da metalurgia e da agricultura.
Na Grécia foi conhecido como Hermes, o Senhor da Magia e da ciência. Na
tradição celta havia um personagem análogo, que ficou conhecido na mitologia
daquele povo como Merlin, o mago, guardião dos portais do conhecimento. Entre
os maias ele foi Quetzacoatal, o civilizador, que trouxe para aquele povo o
conhecimento que ostentava aquela antiga civilização.
Em todas essas tradições, o personagem aparece como
guardião das chaves do conhecimento, que antigas civilizações ostentaram e
perderam em virtude do mau uso que fizeram deles.
A lenda maçônica, tal qual ela aparece nos rituais,
não será encontrada nos chamados apócrifos de Enoque. Ela provavelmente foi
inspirada nos textos dessas obras, mas não consta textualmente delas. Vale
registrar que ela encontra um curioso paralelo no Livro de Mórmon, onde um
personagem chamado Mórmon, referido como profeta-historiador, invoca os
conhecimentos de uma antiga civilização que teria sido a antecessora dos maias,
astecas e incas, as grandes civilizações da América.
Um desses livros registra o ministério pessoal que
Jesus Cristo teria desenvolvido junto aos povos americanos logo após a sua
ressurreição, ensinamentos esses que teriam sido registrados por Mórmon, que os
entregou ao seu filho Morôni, que por seu turno os ocultou em um monte chamado
Cumora. Durante cerca de dezoito séculos esses ensinamentos, que haviam sido
gravados em placas de ouro, ficaram perdidos. Mas em 21 de setembro de 1821
Cumôni teria aparecido a um maçom- profeta de nome Joseph Smith e mostrado o
lugar onde as placas estariam escondidas. Depois ensinou ao mesmo Smith como
decifrar e traduzir para o inglês os referidos escritos.(4)
Assim nasceu o Livro de Mórmon, Bíblia da Igreja
dos Santos dos Últimos Dias. Trata-se, como se vê, de uma curiosa versão da
lenda maçônica das Colunas de Enoque, e não é possível saber no que uma
influenciou a outra. Considerando que tanto o profeta-historiador Joseph Smith,
quanto seu sucessor no comando da Igreja mórmon, Brigham Young, eram maçons,
bem como um bom número dos primeiros líderes dessa seita, pode-se especular que
eles tinham conhecimento dessa fonte e a utilizaram para compor o seu curioso trabalho.
A Lenda de
Enoque na Maçonaria
A lenda de Enoque, na tradição maçônica se refere
ás viagens que o iniciando tem que fazer, a exemplo dos três Mestres de
Salomão, para encontrar a Palavra Sagrada. Simbolicamente, para o maçom, essas
viagens equivalem a uma descida dentro de si mesmo a fim de liberar a luz que
existe dentro dele. Aqui temos novamente a evocação, tão cara aos gnósticos e
aos alquimistas, da necessidade de encontrar “dentro de si mesmo” aquela
energia que faz o homem integrar-se à divindade.
Diz a lenda maçônica que com a perda do verdadeiro
significado, o Nome Sagrado foi substituído pelas iniciais IHVH, que
depois de pronunciada é coberta com três Palavras Sagradas, três sinais e três
palavras de passe; somente após o cumprimento desse ritual se chega ao Nome
Inefável. De acordo com essa tradição, os cinco primeiros iniciados no grau de
Cavaleiro do Real Arco foram os próprios reis Salomão e Hiram, rei de Tiro, e
os três Mestres que descobriram o templo sagrado de Enoque. Um juramento de não
pronunciar o Verdadeiro Nome de Deus em vão foi feito pelos mestres
recém-eleitos, juramento esse que se repete na elevação ao referido grau.
Diz ainda a lenda que mais tarde outros Mestres
foram admitidos nessa sabedoria, até o numero de vinte e sete, sendo a cada um
deles distribuído um posto. Outros Mestres, que tentaram obter o grau sem o
devido merecimento receberam o justo castigo, sendo executados e sepultados no
subterrâneo onde a pedra gravada com o Nome Inefável fora encontrada.(5)
A
cristianização da lenda
Por fim, cabe considerar que a Maçonaria cristã se
apropriou dessa lenda para aproximá-la da tradição associada com o magistério
de Jesus Cristo. Essa transposição iniciática foi feita pelos adeptos da filosofia
rosa-cruz, que incorporaram nela a mística da paixão, morte e ressurreição de
Cristo. Assim, a Palavra Perdida passou a ser soletrada pelas iniciais da
inscrição que Pilatos mandou colocar na cruz de Jesus: INRI, que na tradição
rosacruciana designa as iniciais de uma de suas mais significativas metáforas.
Isso porque INRI é um acróstico da frase “Ígnea
Natura Renovatur Integra”, que quer dizer “a natureza se renova pelo fogo”,
metáfora alquímica que simboliza o processo pelo qual os alquimistas obtinham a
pedra filosofal, ou seja, diluindo e recompondo a matéria prima da obra
infinitas vezes até atingir a sua “alma”. Assim, Pilatos, na verdade, estaria
revelando, nos dizeres colocados na cruz de Cristo, o processo segundo o qual
nossas almas poderiam obter a salvação, ou seja, morrendo e revivendo infinitas
vezes, até depurar por completo o “grão de luz” que constitui o seu núcleo.
Dessa forma, o corpo de Jesus simboliza a “matéria prima” da Grande Obra de
Deus.
Para os maçons, todavia, face á influência dos
pitagóricos e dos gnósticos, a questão que está ligada ao Verdadeiro Nome de
Deus exprime também as idéias que a Maçonaria tem de tempo infinito, espaço
infinito, a vida infinita, enfim, todas as manifestações da essência divina na
realidade universal, que são tanto adjetivas quanto substantivas. Explicando
que nenhum dos nomes de Deus adotados pelo homem é considerado pela Ordem como
certo e definitivo, a Maçonaria sugere que o Irmão apenas admita que Deus
existe, mas não lhe dê nenhum nome nem tente conformá-lo á uma imagem, pois que
esse conceito não pode ser reduzido á fórmulas que a mente humana pode
desenvolver.
Esse postulado sugere ainda que o espírito humano
está ligado á essência primeira e única de todas as coisas e não necessita de
quaisquer outros canais de ligação com a Divindade, a não ser a sua própria
consciência e a sua sensibilidade.
Assim, pode-se dizer que para a Maçonaria o
simbolismo do Nome Sagrado está no ensinamento iniciático que ele veicula. Esse
ensinamento nos diz que existe uma chave, uma palavra, um verbo, a partir do
qual todas as coisas foram e são construídas. Essa palavra, esse verbo, se
traduz peloInefável Nome de Deus, verdadeiro e único Principio Criador,
imutável e apriorístico, de onde tudo emana e para onde tudo um dia retorna. É
uma inspiração que vem do Evangelho de São João, onde se diz que no principio
era o Verbo, o Verbo era Deus, e um Deus era o Verbo. Que ele estava no inicio
com Deus e nada do que foi feito foi feito sem Ele, e tudo o que foi feito, foi
feito por Ele. Na doutrina joanista, esse Verbo, o Logos, é o atributo
de Jesus Cristo, pois este, sendo o Filho de Deus, é feito da mesma essência do
Pai e representaria a própria encarnação divina na terra. Assim, para os
cabalistas cristãos, Jesus é a própria Shehiná, a manifestação divina no mundo.
A Palavra
Perdida é o “Logos”
A Bíblia diz que quando Deus se apresentou a Moisés
no Monte Sinai ele não disse qual era seu nome. Ele, conhecido pelos israelitas
como oInominado, por ser absoluta potência, não tinha um nome que pudesse ser
pronunciado por lábios humanos. Ele Era. Por isso Ele disse “Eu sou”,
significando com isso que Ele era o Verbo Divino, a partir do qual tudo o que
existe no universo toma forma e consistência. Ser é a qualidade essencial de
Deus. Qualidade essa que Ele transmitiu aos homens quando lhes deu nome e
consciência de si mesmos.
Porque todo verbo é uma potência a ser
desenvolvida. E todo verbo, em si mesmo, não tem sentido nem significado se não
tiver um predicado. Deus então criou o universo para que ele fosse o seu
predicado, da mesma forma que os homens têm uma missão a cumprir, missão essa
que os predica.
Isso significa que o Verbo, transmitido ao homem na
forma do seu espírito, o fez senhor da criação terrestre. E como o homem
aprendeu a articular “eu sou”, teve também que perguntar a si mesmo “o
que?” E foi para responder a essa inquietante pergunta “eu sou o que?”, que
ele também se viu obrigado a construir um predicado para si mesmo. Esse foi o
detalhe que fez a diferença entre os homens e as outras espécies animais.
Por isso é que “ser é verbalizar”. Ser é dar
sentido á existência, é ter uma resposta para a pergunta: o que somos nós? Em
certos momentos da vida até podemos confundir o ser com “estar” ou
“ter”. Mas estar vivo não é ser vivo, estar feliz não é ser feliz,
e ter algo que se parece com vida ou felicidade não é ser realmente
vivo e feliz. Ser é um estado de perfeita organização interior que
não pode ser afetado por nenhum acontecimento exterior.
É nesse sentido que a Maçonaria adota como núcleo
simbólico a procura da Palavra Perdida, alegoria que evoca o poder místico
que o Verdadeiro Nome de Deus possui. A Palavra Perdida é
o chamado Nome Inefável, cujo conhecimento confere ao seu detentor o
supremo conhecimento, senha necessária, segundo as tradições gnósticas e
cabalistas, para o homem possa entrar no céu, depois de subir todos os graus da
Escada de Jacó. E nessa alegoria tipicamente cabalista está presente todo o
conteúdo iniciático da proposta espiritual da Maçonaria. E na Maçonaria, como
na Cabala, esse é o seu verdadeiro e único segredo.
NOTAS
(1) Na imagem, o Delta com o Tetragrama Sagrado.
(2) A Bíblia se refere aos três descendentes de
Cain, Jubal, Jabel e Tubal-Cain como aqueles que iniciaram a civilização nas
técnicas da agricultura, pastoreio e metalurgia.
(3) Conforme o ritual da Maçonaria.
(4)Foto de Joseph Smith, fundador da Igreja Mórmon.
Fonte: veja.abril.com.br
(5) Aqui se encontra outra referência á Lenda de
Hiram.
terça-feira, 26 de julho de 2016
A ORIGEM E O DESENVOLVIMENTO DO RITO ESCOCÊS ANTIGO E ACEITO
Por Kennyo Smail
Afinal, qual é a origem do Rito Escocês Antigo e
Aceito? Ele é Escocês, Francês ou Americano? Muitos são os maçons que afirmam,
sem pestanejar: "É francês!" Mas veremos que tudo depende do que você
considera por "origem".
Se você responder que a origem do REAA é escocesa,
você não estará de todo errado. A base do Rito é historicamente tida como
levada pelos Stuarts e sua corte, quando exilados na França. Todos eram de
famílias escocesas.
James VI era rei da Escócia em 1601 quando, com 35
anos de idade, foi iniciado na maçonaria escocesa, na Loja Petth and Scone.[1]
[2] É o primeiro Chefe de Estado que se tem notícia da iniciação na Maçonaria.
Dois anos após sua iniciação, ele assumiu também o trono da Inglaterra e
Irlanda, passando a ser para esses "James I" e iniciando assim a 'Era
Stuaitista", O Rei James I ficou conhecido por ter idealizado e
patrocinado a tradução da Bíblia para a língua inglesa, a qual até hoje é
descrita como versão autorizada pelo Rei James. Acredita-se que todos os homens
da família e nobres de sua corte tradicionalmente ingressavam na Maçonaria.
Resumindo um pouco a história, de forma a focarmos
no que realmente interessa à Maçonaria, em 1715, os Stuarts foram exilados na
França, mais precisamente em Bar le Duc.
Nesse mesmo ano, James Radclyffe, Conde e melhor
amigo do pretendente ao trono, James III, "The Old Pretender",
acompanhado de seu irmão Charles Radclyffe, ambos fiéis declarados à causa
Stuart, retomaram à Escócia para participarem de uma rebelião. A rebelião fracassou
e ambos foram presos, sendo que o Conde James Radclyffe foi executado e Charles
Radclyffe conseguiu fugir e retomar à França
Dez anos depois, Charles Radclyffe, então
secretário do Príncipe Charles Edward Stuart, conhecido como The Young
Pretender", na França, atendendo o desejo do príncipe e de sua corte,
funda a primeira Loja Maçônica "Escocesa” em território francês. [3] Através
de sua liderança, as Lojas jacobitas, logo chamadas na França de Lojas
Escocesas rapidamente se proliferam em território francês. E, na mesma
intensidade da proliferação de Lojas, ocorreu a proliferação de graus e de
ritos.
Em 1745, apoiando uma frustrada tentativa dos
Stuarts de retomada do trono da Inglaterra, o Conde Charles Raclyffe é
capturado e executado em Londres. Porém, sua iniciativa maçônica foi o embrião
do que viria a se tornar, dentre vários ritos maçônicos, o Rito de Heredom.
Já a partir do Rito de Heredom, se você responder
que a origem do REAA é francesa, isso não será de todo um equívoco. Os 25 graus
do Rito de Heredom e sua difusão nos Estados Unidos é que deram origem ao REAA.
Entretanto, temos aí uma diferença de 8 graus entre o Rito de Heredom (25
graus) e o Rito Escocês Antigo e Aceito (33 graus). Que Maçom nunca se
perguntou quais seriam esses 8 graus, não é mesmo?
Para desvendar esse mistério, apresento a tabela na
página anterior, comparativa entre os 25 Graus que formavam o Rito de Heredom e
os 33 Graus que formam o Rito Escocês Antigo e Aceito.
Interessante observar que, originalmente, o grau de
Intendente dos Edifícios precedia o grau de Preboste e Juiz, ao contrário do
que se tem hoje. O mesmo ocorreu entre o grau Cavaleiro Prussiano, que precedia
o Grande Patriarca (atual Mestre Ad-Vitam], e que também foram invertidos
quando da organização do REAA. Os graus que surgiram nos Estados Unidos e foram
acrescentados entre os graus do Rito de Heredom, formando o sistema do Rito
Escocês Antigo e Aceito como o conhecemos, são os graus hoje numerados entre o
23º e o27º, e os graus 29, 31 e 33.
Mas do Rito de Heredom, O REAA não herdou apenas os
graus. Para isso, precisamos retomar à França do Século XVllI.
Nos anos 1750, o Rito de Heredom, então
popularmente chamado entre os Maçons franceses de Maçonaria Escocesa, estava se
desenvolvendo rapidamente, dominando a política interna da Maçonaria naquele
país.
Foi então que, em 1756, surgiu o Conselho dos
Cavaleiros do Oriente, dirigido por Maçons da classe média [burgueses], com o
intuito de organizar os Altos Graus do rito.
Já os Maçons de classe mais alta e da nobreza, não
desejando ficar para trás dos burgueses, criaram o Supremo Conselho de
Imperadores do Oriente e do Ocidente[5] Ora, um Supremo Conselho soa maior do
que um simples Conselho, e Imperadores são logicamente superiores do que
simples Cavaleiros. Além disso, Oriente e Ocidente é o dobro do que apenas
Oriente!
Dessa forma, esse Supremo Conselho de Imperadores
do Oriente e do Ocidente conseguiu prevalecer sobre o semanticamente diminuído
Conselho dos Cavaleiros do Oriente, se tornando a legítima
"incubadora" do Rito de Heredom.
Como emblema, esse Supremo Conselho de Imperadores
do Oriente e do Ocidente buscou inspiração no Império Romano que, em seu auge,
governou o Oriente e o Ocidente e adotou um sistema de dois governantes
simultâneos. Nessa fase do Império Romano, adotou-se a águia bicéfala para
simbolizá-lo.[6]O Supremo Conselho encontrou na águia bicéfala o símbolo ideal
para Oriente e Ocidente e acrescentou uma coroa sobre ambas as cabeças da águia
para simbolizar a realeza, afinal de contas, tratava-se de um Conselho de Imperadores.
Quando do surgimento do Supremo Conselho do Rito
Escocês Antigo e Aceito, em Charleston, nos Estados Unidos, com seu sistema de
33 Graus, aproveitou-se o emblema do Rito de Heredom, da águia bicéfala coroada
sobre uma espada, acrescentando acima dessa um triângulo inscrito com o número
33.
E já que mencionamos os Estados Unidos, se você
responder que a origem do REAA é americana, não haverá como desmenti-la. Foi
nos Estados Unidos, que, por iniciativa dos chamados 11 cavalheiros de
Charleston, na Carolina do Sul, definiu-se o sistema composto por 33 graus e o
batizou com o nome de Rito Escocês Antigo e Aceito. Nessa ocasião, lá nos
Estados Unidos, nasceu o primeiro Supremo Conselho do REAA no mundo, em maio de
1801[7]
Assim sendo, se você considerar a origem com base
no nome e formato, o Rito é americano. Se considerar a origem com base no local
onde sua prática se desenvolveu, o Rito é francês. Mas se considerara origem
com base em suas raízes e tradições, o rito é escocês.
Não há como dizer que uma origem é mais legítima
que a outra. Não podemos ignorar o fato de que, no mundo inteiro, os negros são
chamados de afrodescendentes, os descendentes de japoneses de nipônicos, os
judeus de sionistas. Os bisnetos de irlandeses nascidos nos EUA, por exemplo,
ainda se consideram irlandeses. Em todos esses casos, a origem não está no
local onde nasceram, mas no local onde, de alguma forma, estão suas raízes. Foi
seguindo essa linha de raciocínio que os americanos denominaram o Rito de
Escocês. Já seguindo o ponto de vista formal, legalista, o rito é
indiscutivelmente americano, pois foi nos EUA que ele foi organizado, definido,
nomeado, e onde a primeira instituição para administrar o Rito foi criada.
Porém, ao observar suas práticas, não há como descartar
a essência da Maçonaria Francesa incrustada em seus rituais.
Enfim, temos então um. rito de raízes escocesas,
desenvolvido na França e concluído nos EUA. Uma polinacionalidade condizente
com a complexidade e profundidade de seus graus, e com sua prática em dezenas
de países espalhados pelo mundo.
Notas
(1) SCHUCHARD, Marsha Keith. Restring the
Temple of Vision;: Cabalistic freemasonry and Stuart Culture. Leiden: E. J.
Brill, 2002.
(2) LOMAS, Robert. The Early History of
freemasonry, in: OLSEN, Oddvar. The Templar Papers. Franklin Lakes, NJ: The
Career Press, 2006.
(3) ORVAL, José. Une historie humaine de la
Franc-Maçonnerie spéculative. Liege: Céfal, 2006.
(4) MACKEY, A. G. An Encyclopedia of
Freemasonry and its Kindred Sciences. New York e Londres: The
Masonic History Company, 1914.
(5) MORRIS, Brent, The Complete Idiot's Cuide
to Freemasonry . New York: Alpha Books/Penguin, 2006.
(6) MACKEY, A. G. An Encyclopedia of
Freemasonry and tis Kindred Sciences. New York e Londres: The Masonic History
Company, 1914.
(7) COIL, Henry Wilsom BROWN, William
Moseley. Cotl's Masonic Encyclopedía. NewYork: Ed. Macoy, 1961.
Fonte: Revista Astreia
Extraído de: http://omalhete.blogspot.com.br/2016/07/a-origem-e-o-desenvolvimento-do-rito.html#more -
Acesso: 261322JUL16.
quarta-feira, 25 de maio de 2016
COERÊNCIA MAÇÔNICA ENTRE RITOS
Texto de Kennyl Ismail
“Eu não sei a chave para o sucesso,
mas a chave para o fracasso é tentar agradar a
todos.”
Bill Cosby
A Sublime Ordem
Maçônica sempre teve como um de seus pilares a exaltação da razão e o combate à
sua ausência, ou seja, a ignorância, a intolerância e o fanatismo. A coerência,
um fruto da razão, é a relação lógica e não contraditória entre as ideias. Seguindo
uma retórica dedutiva, seria “coerente” supor que o maçom, enquanto ser
pensante, deve ser “coerente” em suas escolhas. Porém, infelizmente, não se
pode esperar isso de todos. O uso da razão gera conhecimento, e o conhecimento
é necessário para a busca da coerência. Entretanto, se você não usa a razão ou
não detém o conhecimento determinado, não há como ser coerente.
Há aqueles que
querem agradar a todos. Contudo, o oposto da razão, como se sabe, é a emoção. E
agradar é, em sua natureza, uma ação emocional. Com isso, corre-se o risco de
ser incoerente. Há também aqueles que não possuem o conhecimento necessário
para a ação, realizando assim ações não racionais. E ações não racionais também
tendem a serem incoerentes. O maçom deve tentar não cair na tentação de tais
incoerências, as quais são suscetíveis na Maçonaria Brasileira, principalmente
quando se trata da adoção de Ritos.
O
Rito Adonhiramita é um importante rito na história da Maçonaria Brasileira.
Porém, é o único Rito Adonhiramita num país que adota uma série de ritos
Hiramitas. Ou você compreende que o princípio Adonhiramita é o correto ou que o
Hiramita é o correto. Considerar os dois corretos é impossível. No Brasil,
houve nos últimos anos uma tentativa de “hiramizar” o Rito Adonhiramita, interpretando
que o nome Adonhiram era a junção do prefixo “Adon” com o nome “Hiram”, o que
significaria “Sr. Hiram”, entendendo assim se tratar da mesma pessoa.
Importante
registrar que esse não era o entendimento inicial dos maçons adonhiramitas, que
compreendiam que Adonhiram e Hiram eram personagens distintos, mas defendiam a
teoria de que Adonhiram era o responsável pela construção do Templo. Mackey
declarou que isso se deveu pelos ritualistas franceses criadores do rito não
serem versados no conteúdo bíblico, tendo confundido o papel dos personagens.[1] Esse problema do desenvolvimento dos ritos latinos já foi
abordado nesta obra, e concordamos com Mackey nesse ponto. Mackey ainda aponta
os escritos de Guillemain de St. Victor (1786, p. 77-78 apud MACKEY,
1914, p.20), um dos principais nomes do Rito Adonhiramita, que declarou:
Todos nós
concordamos que o grau de Mestre é baseado no arquiteto do Templo. Agora, as
Escrituras dizem, de forma muito clara, no 14º versículo do 5º capítulo do 3º
Livro de Reis, que a pessoa foi Adonhiram. Josephus e todos os escritores
sagrados dizem a mesma coisa, e, sem dúvida, distinguem ele de Hiram de Tiro, o
artífice dos metais. De modo que é Adonhiram então quem somos obrigados a
honrar.
Sobre a
tentativa de “hiramizar” Adonhiram, temos que considerar que nomes próprios são
nomes próprios. Não entendo por correto utilizar um acrônimo de um nome sagrado
de Deus para dizer que “Adonhiram” é “Adon + Hiram”, que significaria “Lorde
Hiram”. É como pegar “Donald” e dizer que é “Don + Ald”, que significaria “Dom
Ald” ou “Lorde Ald”. Adonhiram é um nome próprio. Moisés não é “Monsenhor
Isés”. Isaac não é “Ilustre Saac”. Abraão não é “Abade Raão”. Salomão não é
“Santo Lomão”. E Adonhiram não é “Lorde Hiram”.
Ainda sobre o
Rito Adonhiramita, o qual tem origem francesa, sabe-se que, tendo por um dos
principais motivos as duras críticas das quais o rito era alvo, o Rito Francês
ou Moderno surgiu na França para substituí-lo, e isso foi devidamente feito. Em
outras palavras, o Rito Moderno foi considerado pelos franceses como uma
evolução, em detrimento do Rito Adonhiramita, o qual foi descontinuado na
época. Nada impede de uma Obediência discordar dos franceses e adotar o Rito
Adonhiramita. Porém, um maçom praticar o Rito Adonhiramita, extremamente
místico, e praticar ao mesmo tempo o Rito Moderno, o qual veio substituí-lo,
com a proposta oposta, de desmistificar, é incoerente. Uma incoerência
histórica e filosófica.
O próprio Rito
Moderno também tem seus conflitos. Em 1817, quando passou pela reforma
doutrinária no Grande Oriente da França, o qual suprimiu a obrigação da crença
num Ser Supremo, a reação da Grande Loja Unida da Inglaterra foi rápida e
drástica, declarando a irregularidade daquela Obediência, rompimento que dura
até os dias de hoje. Considerar a decisão do Grande Oriente da França como
justa é considerar a decisão da Grande Loja Unida da Inglaterra como injusta,
ou o contrário. Tendo o Rito Moderno como símbolo da maçonaria francesa
adogmática e o Ritual de Emulação como símbolo da maçonaria inglesa teísta, é
evidente que seus princípios são conflitantes. Praticar ambos também o é.
Outra clara
incoerência é adotar o Rito Escocês Retificado – RER e adotar o Rito Escocês
Antigo e Aceito – REAA. O RER foi uma iniciativa de Jean Baptiste de Willermoz
com o propósito de “retificar” a Maçonaria chamada “Escocesa”, na época o Rito
da Estrita Observância e, em especial, o Rito de Heredom, cujos 25 graus
serviram de base para o REAA. Willermoz foi explicitamente contra os graus “de
vingança” presentes no Rito de Heredom, os quais permaneceram no REAA.
Ainda, podemos
recordar aos Irmãos que o Rito Schröder, criado por Ludwig Friedrich Schröder,
rejeita todo tipo de esoterismo e Altos Graus na Maçonaria. Um irmão que opta
por ser adepto desse rito não deveria ingressar em qualquer Alto Grau de rito
algum da Maçonaria.
Assim, uma mesma
Obediência abrigar Adonhiramita com Moderno, Moderno com Emulação, RER com
REAA, ou Schröder com outros ritos pode ser justificado como resultado de
decisões condescendentes de seus dirigentes ao longo da história, fruto daquele
desejo de agradar a todos, e revestido pelo conceito de “Colégio de Ritos”. Por
outro lado, os maçons, esses sim não podem ignorar completamente as histórias e
filosofia própria de cada rito, praticando-os de forma ignóbil e superficial,
desconsiderando seus princípios e suas histórias em nome de uma visão
pseudo-holística, praticando simultaneamente ritos e rituais originalmente
conflitantes.
Nenhuma desculpa
histórica local ou fraterna justifica incoerências lógicas. Também não se está
discutindo aqui o poder e querer, a legalidade ou a regularidade. Apenas
deve-se levar em consideração que, sendo a Maçonaria uma organização baseada na
Razão, não é isso que muitas vezes seus adeptos têm refletido. Cada maçom,
sendo homem livre e dotado de razão, tem a capacidade de ser coerente em suas
escolhas e atos, em vez de querer agradar a todos ou mesmo seu próprio ego.
É como praticar
diversas religiões, em especial as que se contradizem mutuamente, como as de
uma única vida terrena com as reencarnatórias, ou o judaísmo com o
cristianismo, por exemplo. Você pode ser adepto de uma e conviver
fraternalmente com os adeptos de outras, e até mesmo visitar cerimônias
religiosas dessas, respeitando-as. No entanto, ser adepto de duas ou mais
contraditórias é logicamente impossível. Na Maçonaria também.
Por fim, antes
que alguém diga que tudo é Maçonaria, tudo é lindo, e são apenas caminhos
diferentes que levam ao mesmo lugar, devemos mostrar também a imensa
incoerência de tal justificativa: se assim for, sejam coerentes com tal
pensamento e aceitem todas as centenas de Ritos e Obediências que existem por
aí como regulares, pois “é tudo Maçonaria”. Caso contrário, usem a peneira de
suas consciências corretamente, sem relativismo, inclusive nos Ritos.
[1] MACKEY, A. G. Adonhiramite Masonry. In: An
Encyclopedia of Freemasonry and tis Kindred Sciences. New York e Londres:
The Masonic History Company, 1914, p. 19.
Fonte: No
Esquadro
Extraído de: http://omalhete.blogspot.com.br/2016/05/coerencia-maconica-entre-ritos.html - Acesso em: 251553MAI2016.
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