QUEM SOMOS

CAVALEIROS - alusão aos Templários, às Cruzadas e à Távola Redonda. HERMON - o termo remete-nos ao Monte Hermon, em cujo topo se forma a neblina que se condensa em forma de garoa, o orvalho consagrado pelo Salmo 133. Essa precipitação "tolda parcialmente o sol escaldante do sul do Líbano, e umedece seu solo, transformando-o numa das regiões mais férteis e amenas do Oriente Médio."

Nós Cavaleiros do Hermon, na constante busca para tornar feliz a humanidade, sob a égide do Grande Arquiteto do Universo, que é Deus, nos reunimos às sextas-feiras a partir das 20h00 , na Avenida Pompéia, 1402 - Templo Ir.'. Willian Bucheb - São Paulo - SP.

terça-feira, 13 de outubro de 2015

A MAÇONARIA E A CARBONARIA


“Nenhuma Sociedade Secreta fascinou tanto as multidões sequiosas de sua liberdade, ou da independência política conquistada à custa de lágrimas e sangue, quanto a Maçonaria Florestal, mais conhecida como “Carbonária”, por ter sido fundada pelos carvoeiros da Hannover, como associação de defesa e de ação contra os opressores e assaltantes de sua classe. Constituída no último Quartel do Séc. XV, ela só veio a entrar na História, como organização de caráter político, após a Grande Revolução Francesa.

Na Itália, ela adquiriu fama de violenta e sanguinária, e introduzida na França por ordem de Napoleão, não tardou em converter-se na mais poderosa força oposicionista ao expansionismo do grande corso, lutando contra ele na França, na Áustria, na Espanha e em Portugal.

O nome de “Maçonaria Florestal”, veio-lhe depois que irrompeu, na Itália e na França.       
“Maçonaria”, porque os Maçons a propagavam e a protegiam, “Florestal”, porque as Iniciações dos seus Membros, lembravam as dos antigos Carvoeiros de Hannover, realizadas nas florestas mais densas, a cobertos das vistas estranhas.

Os Carbonários, antes de serem investidos nos Segredos da Ordem, passavam por duras provas e prestavam os mais terríveis juramentos, como este, que eram assinados com próprio sangue:


“Juro perante esta assembléia de homens livres, que cumprirei as ordens que receber, sem as discutir e sem hesitar, oferecendo o meu sangue em holocausto, à libertação da Pátria, à destruição do inimigo e à felicidade do Povo. Se faltar a este juramento, ou trair os desígnios da Poderosa Maçonaria Florestal, que a língua me seja arrancada e o meu corpo submetido ao fogo lento por não ter sabido honrar a Pátria que foi meu berço.”

Só depois deste juramento é que o Candidato recebia as insígnias de “Bom Primo”, (as insígnias de Bom Primo consistiam de um balandrau preto e Capuz, tendo bordado, em branco, no peito, um punhal (o punhal de São Constantino), com o cabo no formato cruciforme entrelaçado a uma cruz cristã.) O punhal de São Constantino não constava somente de um desenho bordado no Peito do Balandrau Preto, era também uma arma branca, que todos os Carbonários usavam, também em suas execuções, como símbolo da Ordem a qual pertenciam.

O Balandrau Preto, dos líderes, ao invés do Punhal e da Cruz entrelaçados possuía bordado no peito, em dourado, um sol radiante.

O brado de guerra dos Carbonários consistia em, cada um, levantar o seu punhal bem alto.

Normalmente as reuniões dos tribunais carbonários eram realizadas, a exemplo dos carvoeiros de Hannover, no passado, em plena floresta, bem distante dos olhares curiosos e indevidos.

Seus julgamentos eram implacáveis e seus réus, se condenados, eram executados com a máxima eficiência. O Carbonário era, às vezes, juiz e carrasco ao mesmo tempo. Seus afiliados (jamais podiam trair a Ordem. Os que traíram, sempre foram exemplarmente executados) se tornavam Carbonário ou executor das ordens de “Alta Venda”. Em cada país a Organização da “Maçonaria Florestal” obedecia ao esquema italiano: “Alta Venda”, corpo deliberativo superior, composto de um Delegado da cada “Barraca”, composta por sua vez por um Delegado de cada “Cabana”; e as “Cabanas” eram formadas por um Delegado de cada “Choça”. Acima da “Alta Venda” estava, porém, a “Jovem Itália”, composta por um triunvirato que nas lutas pela Unificação e pela queda do Poder Temporal dos Papas, era constituído por Cavour, Mazzini e Garibaldi.

A Carbonária Italiana, a princípio, foi protegida pelo Carbonário Lucien Charles Napoleão Murat, General de Napoleão Bonaparte, e Princípe de Monte Corvo, filho do Marechal Murat, nascido em Milão, em 1803. Ele abandonou a Itália em 1815, com a derrocada de Napoleão em Waterloo, em 18 de julho de 1815, tendo sido capturado na Espanha. Após sua libertação, seguiu para os Estados Unidos, em 1825. Ali se casou, tendo retornado a Paris em 1848.

Mais tarde, Murat foi eleito Grão Mestre do Grande Oriente, conseguindo um progresso muito grande no erguimento da Obediência, com a fundação de muitas novas Lojas.

Um dos elementos que se deve destacar na Carbonária Italiana, não pelos seus atos patrióticos, mas sim pela sua traição à Carbonária, é o Conde Peregrino Rossi. Rossi teve duas atitudes distintas: na mocidade, foi um dos mais ativistas e propagandistas dos ideais da Carbonária, merecendo o respeito de todos os Bons Primos. Todavia, de um momento para outro, bandeou-se para as hostes inimigas.

Rossi aliou-se ao Papa Gregório XVI com a finalidade de conseguir do Papa, condenações às ações dos Jesuítas. Nesse ínterim, morre Gregório XVI e sobe ao Trono de São Pedro o Papa Pio IX, ao qual Rossi se afiliou de corpo e alma. Rossi, que fora até Roma para combater o jesuitismo, volta um fiel defensor dos Irmãos de Inácio de Loyola.

É proscrito da Carbonária em 1820 e se torna um novo Saulo, convertendo-se aos ideais do Papa. Peregrino Rossi era o novo Judas, gritavam em todas as “Barracas”, de punhal em riste, os Bons Primos, seus antigos companheiros.

Conhecedor que era dos métodos de seus antigos companheiros, Rossi teve muita facilidade de nominar seus líderes e encher as prisões da Cidade Eterna, dando um tremendo golpe no movimento revolucionário.

Rossi cada vez mais se dedicava a uma ação repressiva, sem pensar que, desde a mais humilde “Choça” à mais pujante “Barraca”, e com Giuseppe Mazzini tendo o controle de todas as “Altas Vendas”, os punhais de São Constantino eram levantados e descreviam no ar o ângulo reto das decisões fatais. A sentença estava lavrada, terrível e implacável.

Havia sido marcada uma reunião para o dia 15 de novembro, à 1 hora da tarde, com o Ministro Conde Peregrino Rossi. Dissera Rossi no dia anterior: “Se me deixarem falar, se me derem tempo para pronunciar o meu discurso, não só a Itália estará salva, como ficará definitivamente morta a demagogia da Península”. A demagogia da península era o movimento Carbonário.

“La causa del Papa es la causa del Dio”.

 E o Conde Peregrino Rossi desceu as escadarias e entrou na carruagem que o levaria ao Parlamento.

Chegando à praça, a carruagem atravessou lentamente a multidão e entrou pela porta do Palácio e foi parar em frente ao vestíbulo, onde Peregrino Rossi foi saudado por assobios e gritos enraivecidos: Abaixo o traidor! Morte ao vendilhão da Pátria! Só então Rossi notou que nem toda a consciência nacional estava encarcerada na Civilitá Véchia.

Esboçou um sorriso contrafeito para a multidão e quando se dispunha a continuar a marcha, recebeu um golpe na carótida, especialidade dos Bons Primos, que o fez tombar agonizante.

No bolso interno da sobrecasaca, ao ser recolhido o cadáver, foi encontrada a sentença de morte: “Juraste lutar pela unificação da Itália e traíste o juramento! Lembrando: ‘Juro que jamais abandonarei as armas ou desertarei do Movimento Patriótico, enquanto a Itália não for livre e entregue a um governo do Povo, para o Povo. Se eu faltar a esse juramento, prestado de minha livre e espontânea vontade, que o pescoço me seja cortado e o meu nome desonrado e apregoado como o mais vil traidor à Pátria e aos Bons Primos da Carbonária Italiana’. Com coisas sérias não se brinca!”

A transcrição acima é de autoria do maçom Adelino de Figueiredo Lima, um dos raros brasileiros a escrever sobre a Carbonária. O trecho acima nos mostra que a Carbonária estava muito distante da Maçonaria (que nunca usou tais métodos), mesmo assim a Carbonária sempre foi confundida com a Maçonaria, e alguns Maçons ainda acreditam que, no passado, a Maçonaria executava Irmãos e profanos que não cumprissem suas regras.

Jamais a Maçonaria, mesmo no passado remoto, matou ou mandou matar os maus elementos da sociedade. Quem fez isso, foi a Santa Vehme (inquisição) e a Carbonária (chamada de Maçonaria Florestal, talvez aí resida o ponto de confusão entre as duas instituições). A Maçonaria verdadeira sempre foi pacífica, respeitadora da lei e da ordem. Só usando sua estrutura fechada para conspirar contra os maus regimes políticos e algumas instituições nocivas, mas sempre ordeira e pacificamente. É verdade que conseguiu derrubar tiranos do poder e colaborar com a independência de muitos povos, para isso usando sua organização exemplar e suas influências sociais. Em muitas ocasiões seus integrantes, independentemente de suas Lojas, se filiavam a movimentos ou grupos ativistas e vingadores, embora a Maçonaria, como instituição nunca tenha apoiado tais comportamentos. É inegável que, em certas ocasiões, a Carbonária recebeu apoio da maçonaria, entretanto nunca foram uma mesma instituição, seus propósitos e seus objetivos raramente foram os mesmos.

Texto elaborado por: Ir.˙. Honório Sampaio Menezes, 33º do R.˙.E.˙.E.˙.A.˙., Loja Baden-Powell 185, GLMERGS, Brasil.


 

 

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