QUEM SOMOS

CAVALEIROS - alusão aos Templários, às Cruzadas e à Távola Redonda. HERMON - o termo remete-nos ao Monte Hermon, em cujo topo se forma a neblina que se condensa em forma de garoa, o orvalho consagrado pelo Salmo 133. Essa precipitação "tolda parcialmente o sol escaldante do sul do Líbano, e umedece seu solo, transformando-o numa das regiões mais férteis e amenas do Oriente Médio."

Nós Cavaleiros do Hermon, na constante busca para tornar feliz a humanidade, sob a égide do Grande Arquiteto do Universo, que é Deus, nos reunimos às sextas-feiras a partir das 20h00 , na Avenida Pompéia, 1402 - Templo Ir.'. Willian Bucheb - São Paulo - SP.

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

O FOGO SAGRADO



Por: Ir Adílio Jorge Marques

O objetivo deste trabalho é discorrer sobre o PARAMENTA e o simbolismo inerente do fogo. Veremos mais uma vez que a Maçonaria é depositária de antiquíssimas Tradições místicas e espirituais que remontam aos primórdios de nossa atual humanidade. A Lenda de Prometeu também será aqui abordada, assim como a de Agni, deus védico.
Temos no Grau de Cavaleiro R+C a menção de que no primeiro degrau do Altar, no Oriente, repousa o “Pramanta”. Mas, o que é afinal tal objeto? Podemos supor ser uma palavra de origem sânscrita, mas, para que possamos responder a esta pergunta faz-se necessário voltarmos na história da humanidade, onde encontramos religiões unicamente baseadas em fenômenos da natureza. E, entre elas, a religião dos árias era eminentemente naturalista, pois os seus deuses não somente representavam e personificavam os fenômenos da natureza, mas também os próprios elementos do sacrifício: o fogo e os rituais que ajudam a acendê-lo e a preservá-lo nos Templos e/ou cavernas.
Tão vagos eram os deuses védicos e tantas vezes se confundiam que muitas vezes se perguntou aos estudiosos da Tradição Primordial se eles não seriam mais que adjetivos aplicados, segundo as circunstâncias, às várias manifestações de um deus único, muitas vezes personificação do fogo ou do Sol, pois são geradores de vida, calor e luz.
E não havendo imagens ou Templos nesta antiga religião, os altares eram improvisados a cada sacrifício, como na Pérsia de Zoroastro, elevando-se o fogo aos céus como oferenda dos fiéis. Praticamente todas as antigas civilizações tinham no fogo a representação na Terra da energia dos deuses e particularmente do astro-rei. Seu conhecimento de Astronomia (que naquela época se confundia como Astrologia) lhes dava a devida curiosidade para pesquisar os céus em busca da melhor explicação para o que observavam na natureza. Tampouco tinham os árias corpo sacerdotal, pois todos eram iguais, segundo muitas fontes tradicionais. Era o pai de família, o senhor da casa, o grisastha que, assistido por sua mulher, filhos e servos, celebrava os ritos e sacrifícios obrigatórios em benefício de todos. Havia, porém, pessoas exercitadas nas diversas fases do sacrifício, como compositores de hinos, etc. que, aos poucos, foram se transformando em castas de sacerdotes.
O culto védico era exclusivamente constituído pelo sacrifício do fogo, sendo celebrado todas as manhãs, ao nascer do Sol. Consistia em acender o fogo sagrado por meio da fricção de dois pedaços de madeira, depois de embebidos em soma ou manteiga clarificada, sendo tudo acompanhado de recitações ou de canto de hinos e de ofertas de cereais.
O fogo era aceso no meio de um terreno capinado, dentro de um círculo coberto de relva sagrada. Um homem segurava o vaso de manteiga clarificada ou de soma. A soma, bebida sagrada dos vedas, era produzida pelo sumo fermentado da planta chamada soma. Era uma bebida alcoólica lançada pelo sacrificador sobre o fogo sagrado e que servia para animá-lo. A manteiga líquida tinha as mesmas finalidades. Assim vemos que o uso do álcool em nossos rituais não foge a esta antiga tradição. Continuando, outro homem fazia girar rapidamente um bastão no buraco do recipiente de madeira da qual iria brotar a chama sagrada.
A palavra Paramenta ou Pramantha, definida como sendo de origem sânscrita, designa um aparelho pirogênico composto então de duas peças: um bastão redondo, de comprimento variado, e um recipiente de madeira, cilíndrico, ou em forma de bacia, tigela ou gral, tendo um buraco no centro onde se encaixa o bastão.
Geralmente, o nome de Pramantha é dado ao bastão, ao passo que a tigela de madeira que o recebe é chamada rani, havendo mesmo autores que denominam o conjunto das duas peças de os aranis.
Quando queriam obter fogo, faziam girar rapidamente o bastão dentro do buraco feito no recipiente de madeira, não em uma rotação contínua, mas em uma série de voltas em sentido alternado. O operador valia-se para isso de uma corda, da qual mantinha presa nas mãos os dois extremos, puxando-os sucessiva e fortemente. A fricção desenvolvia calor intenso, e no fim a chama acendia os elementos lenhosos colocados no fundo do recipiente. Por analogia os hinos védicos confirmam que o Pramanta tem um poder masculino e o Arani um poder feminino, receptor.
Lembremos que o principal deus védico era Agni – o fogo. Agni era deus do fogo terrestre e também do fogo celeste e atmosférico, logo um tríplice Agni, que representava o fogo, o Sol e o relâmpago, respectivamente, associados à chama sagrada que protegia o lar familiar, sendo também a chama da vida e dos espíritos do mundo. Representavam-no com o corpo vermelho, e com 3 pernas, 7 braços e montado num bode (!) ou carneiro. Empunhava em uma das mãos o machado, que cortava a lenha que o alimentava e, na outra, a colher das libações; 7 línguas saíam de sua boca e 7 raios de seu corpo. Estes são símbolos significativos em nossa Tradição, assim como os animais aqui citados.
Os Vedas, livros sagrados dos árias, estão repletos de hinos ao fogo divinizado em Agni. Como em todas as religiões primitivas, o ato sexual era divinizado e a produção do fogo era comparada entre os árias a um ato de geração, onde o Pramanta era o instrumento macho e a arani a fêmea. Foi assim constituído o mito de Agni, nascendo da fricção sagrada, e Agni lançou-se a conquista do céu.
Este grau 18 nos coloca em contato com grande número de personagens. Entre eles tem logicamente maior destaque para Jesus, do qual se comemora a ceia derradeira. Existem muitas analogias entre o deus Agni, tradição oriental menos conhecida, mas aqui transcrita brevemente, e Jesus, o Cristo, do povo cristão e já conhecido por nós do ocidente.
Por causa do uso do soma ou manteiga que se usava para avivar o fogo sagrado, o deus Agni passou a ser chamado de o ungido, palavra que se traduz em grego por Christós.
Na lenda védica, Agni era filho de Sawistri, o pai celestial. Fez-se homem, nascendo de uma virgem e tendo por pai terrestre a Twasti, que foi, como José, carpinteiro. Nos tempos mais primitivos, quando o aparelho para produzir o fogo era improvisado, ele era formado apenas de dois pedaços de madeira, de essências diferentes que eram colocados em cruz, na forma do Tau invertido. E a cruz, como sabemos, também em forma de Tau, é o símbolo do cristianismo, onde Jesus foi crucificado.
Assim como Jesus, Mitra, Osíris, Tamus, Adônis, Baco, Apolo, Manu, Buda, Agni nasce em 25 de dezembro ou próximo do solstício de inverno para o hemisfério norte. E, como os demais é com efeito, uma personificação do deus Sol, nasce numa gruta e tem como mãe uma virgem.
Todos estes elementos atribuídos aos deuses solares formam um conjunto e constituem um simbolismo que se perde na noite dos tempos. Chegou até nós através do cristianismo, síntese e sincretismo de todas as religiões que o antecederam. Penetrando em tais símbolos arquetipais, como nos diz Jung, o homem alcança a libertação da mente e a própria redenção. Não há aqui a menor intenção em descrer historicamente na existência das personagens acima listadas. Mas, contrariamente e antes de tudo, em enaltecer a missão de cada uma delas, entre nós, tendo sido Jesus sua máxima expressão de Luz e Amor entre os homens, mostrando que o GADU sempre nos envia seus redentores quando a humanidade mais necessita.
Relembremos também o mito de Prometeu, o qual, tal como Agni e Jesus, acha-se ligado ao fogo. O Fogo, IGNE para os romanos, com efeito, está relacionado com a Palavra Sagrada deste grau e do cristianismo, INRI, a qual se traduz pela expressão IGNE NATURA RENOVATUR INTEGRA.
Segundo a mitologia grega, Prometeu era o deus do fogo, mas era também a personificação do gênio do homem, o inventor por excelência e o criador da raça humana. Assim, segundo refere Ovídio em suas “Metamorfoses”, após o dilúvio Prometeu modelara o primeiro homem com o limo sedimentado das águas. E, de acordo com uma variante da lenda, Prometeu animara a sua estátua com o fogo divino. Minerva, que o auxiliara na obra, deu ao homem o temor da lebre, a sutileza da raposa, a vaidade do pavão, a ferocidade do tigre e a força do leão.
Ainda em outra variante da mesma lenda, diz-se que admirada pela beleza de sua obra, Minerva oferecera a seu autor tudo que pudesse contribuir para aperfeiçoá-la. E então Prometeu respondeu que precisava ver as regiões celestiais para escolher o que mais conviria ao homem que havia plasmado. Atendendo a este pedido, Minerva fez Prometeu subir ao céu. O herói verificou que seria o fogo que animava os corpos imortais. E, no seu desejo de servir ao homem ele roubou uma pequena parte do fogo.
Muitas teorias foram arquitetadas sobre tal lenda, algumas das quais o ritual do 18ºgrau menciona em sua leitura. Mas a tradição mais geralmente aceita diz que o herói, decidido a roubar a chispa desse fogo divino sem o qual as artes eram impossíveis, que permitiria a forja do ferro e pelo qual os homens poderiam cozinhar seus alimentos, dirigiu-se à ilha de Lemnos, onde estavam situadas as forjas de Vulcano. Prometeu tomou uma das chamas, escondendo-a no interior de um narthex que lhe servia de bastão. O narthex é uma espécie de caniço em cujas divisões existe uma penugem parecida com o algodão e facilmente inflamável.
Em Atenas eram celebradas as prometheas, festas anuais em honra de Prometeu e que compreendiam sobretudo corridas a pé e a cavalo, executadas por jovens com archotes. A tradição atribuía o estabelecimento das festas ao próprio Prometeu. Este deus também era conhecido por ser um Gênio do fogo, e era chamado muitas vezes de porta-fogo em memória da conquista do fogo divino.
Os povos primitivos achavam que, no meio das nuvens, deuses provindos de Pramantas davam nascimento ao raio e ao relâmpago. Não podemos esquecer que alguns povos antigos usavam o sílex ou pederneiras para produzir fogo e imitar os deuses. Os polinésios o faziam deslizando rapidamente, por movimentos de vaivém, a ponta de um ramo macho na fenda de um ramo fêmea.
Alguns mitólogos acham que o Pramanta esteja etimologicamente ligado ao deus Prometeu como o primeiro produtor de fogo para os homens por meio de um Pramanta animado e divino. O verbo manthanô, que encerra o elemento verbal significativo de Pramanta, é uma forma da raiz math, meth. Tal raiz está entre os vedas, mas também entre os gregos, onde nestes em linguagem primitiva queria dizer“girar”, “acender o fogo”. Com o tempo passou a ser relacionada a “idear”,“meditar”, “saber”.
Assim, o termo que designava o humilde agente do sacrifício passou de geração em geração na figura de Prometeu, o benfeitor dos homens. Passou a se perpetuar então através do fogo, indispensável ao homem. Talvez a maior descoberta até hoje feita pelo homem foi a do domínio do fogo. E isso nos chega brilhantemente através do simbolismo do Paramenta.

 

REFERÊNCIAS
 
·         Instruções para Capítulos; Nicola Aslan; Ed. Maçônica.
·         Dicionário Ilustrado de Maçonaria; Sebastião Dodel dos Santos; Vol.1; Ed. Essinger.
·         Grande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria e Simbologia; Nicola Aslan; Volumes I ao IV; Ed. Artenova.
·        Maçonaria e Astrologia; José Castelani; Ed. Landmark.

Acesso em: http://omalhete.blogspot.com.br/2015/10/o-fogo-sagrado_28.html#more FONTE: MAÇONARIA UNIVERSAL – Acesso em: 29OUT15

 

terça-feira, 27 de outubro de 2015

QUANDO OS MAÇONS TORNAM-SE E SÃO DESNECESSÁRIOS À NOSSA ORDEM


 
 
Uma das situações, talvez a mais dolorosa para um homem, é quando ele se conscientiza de que é totalmente desnecessário, seja, no ambiente familiar, no trabalho, na comunidade ou, principalmente, para nós maçons, na nossa Instituição.

Os maçons tornam-se desnecessários:  

·         Quando decorrido algum tempo de sua Iniciação ao primeiro grau da Ordem, já demonstram desinteresse pelas sessões, faltando constantemente, demonstrando não estarem comprometidos com a Instituição, apesar de terem aceitado a Iniciação e terem feito um juramento solene.

·         Quando, durante as sessões, já “enturmados”, ficam impacientes com as instruções, com as palestras ou com as palavras dos Irmãos mais velhos, achando tudo uma chatice, uma bobagem que atrasa o ágape e a esticada.

·         Quando, ao tempo da apresentação de trabalho para aumento de salário, não têm a mínima idéia dos assuntos dentre os quais podem escolher os seus temas. Simplesmente copiam alguma coisa de um livro e apresentam-no, pensando que ninguém vai notar.

·         Quando, ainda companheiros, começam a participar de grupos para ajudar a eleger o novo Venerável e, não raro, já pensando seriamente em, assim que chegarem a Mestres, começarem a trabalhar para obter o “poder” na Loja.

·         Quando Mestres, não aceitarem que ainda não sabem nada a respeito da Ordem e acharem que estudar e comparecer ao máximo de sessões do ano é coisa para a administração, para os companheiros e aprendizes.

·         Quando Mestres, ao participarem das eleições como candidatos a algum cargo na Loja, principalmente para o de Venerável, e não forem eleitos, sumirem ou filiarem-se a outra Loja onde poderão ter a “honra” de serem cingidos com o avental de Mestre Instalado, que é muito mais vistoso do que o de um “simples” Mestre.

·         Quando já Mestres e até participando dos graus filosóficos não terem entendido ainda que o essencial para o verdadeiro maçom seja o seu crescimento espiritual, a sua regeneração, a sua vitória sobre a vaidade e os vícios, a aceitação da humildade e o bem que possam fazer aos seus semelhantes, e que, a política interna, a proteção mútua, principalmente na parte material, é importante, mas não essencial.

·         Quando, como Aprendiz, Companheiro ou Mestre, não entenderem que a Loja necessita que suas mensalidades estejam rigorosamente em dia, para que possam fazer frente às despesas que são inevitáveis.

·         Quando, como Veneráveis Mestres, deixam o caos se abater sobre a Loja, não sendo firme o suficiente para exercer sua autoridade; não tendo um calendário com programação pré-definida para um período; não cobrando de seus auxiliares a consecução das tarefas a eles determinadas, e não se importando com a educação maçônica, que é primordial para o aperfeiçoamento dos obreiros.

·         Quando, como Vigilantes, não entenderem que, juntamente com o Venerável Mestre, devem constituir uma unidade de pensamento, pois em todas as Lojas nas quais um ou os dois Vigilantes não se entendem entre si e principalmente não se entendem com o Venerável, o resultado da gestão é catastrófico.

·         Quando, como Guarda da Lei, nada sabem das leis e regulamentos da Potência e de sua própria Loja, e usam o cargo apenas para discursos ocos e intermináveis.

·         Quando, como Secretários, sonegam à Loja as informações dos boletins quinzenais, as correspondências dos Ministérios e, principalmente, os materiais do departamento de cultura, que visam dotar as Lojas de instruções e conhecimentos que normalmente não constam dos rituais, e são importantes para a formação do maçom.

·         Quando, como Tesoureiros, não se mostram diligentes com os metais da Loja, não se esforçam para manter as mensalidades dos Irmãos em dia e não se importam com os relatórios obrigatórios e as prestações de contas.

·         Quando, como Hospitaleiros, não estão atentos aos problemas de saúde e dificuldades dos Irmãos da Loja. Quando constatamos que em grande número de Lojas, com uma freqüência média de vinte Irmãos, se recolhe um tronco de beneficência de R$ 10,00 (dez reais) em média, todos são desnecessários, pois a benemerência é um dever do maçom.

·         Quando, como Chanceleres, não dão importância aos natalícios dos Irmãos, cunhadas, sobrinhos. Quando, em desacordo com as leis, adulteram as presenças, beneficiam Irmãos que faltam e não merecem esse obséquio.

·         Quando a Instituição programa uma Sessão Magna ou Branca para homenagear alguém ou alguma entidade pública ou privada, constata-se a presença de um número irrisório de Irmãos, dando aos profanos uma visão negativa da Ordem, deixando constrangidos aqueles que se dedicaram e se esforçaram para realizar o evento à altura da Maçonaria.

Todos esses Irmãos indiferentes, que não comparecem habitualmente a essas sessões, são desnecessários à nossa Ordem.
Muito mais haveria para se dizer em relação aos Irmãos desinteressados da nossa Sublime Instituição. Fiquemos por aqui e imploremos ao Grande Arquiteto do Universo que ilumine cada um de nós, pra que possamos agir na Maçonaria com o verdadeiro Espírito Maçônico e não com o espírito profano, e roguemos ainda, que em nenhuma circunstância, seja na família, no trabalho, na sociedade ou na Arte Real, tornemo-nos desnecessários, pois deve ser muito triste e frustrante para qualquer um sentir-se sem importância e sem utilidade no meio em que se vive.

 


 

terça-feira, 13 de outubro de 2015

A MAÇONARIA E A CARBONARIA


“Nenhuma Sociedade Secreta fascinou tanto as multidões sequiosas de sua liberdade, ou da independência política conquistada à custa de lágrimas e sangue, quanto a Maçonaria Florestal, mais conhecida como “Carbonária”, por ter sido fundada pelos carvoeiros da Hannover, como associação de defesa e de ação contra os opressores e assaltantes de sua classe. Constituída no último Quartel do Séc. XV, ela só veio a entrar na História, como organização de caráter político, após a Grande Revolução Francesa.

Na Itália, ela adquiriu fama de violenta e sanguinária, e introduzida na França por ordem de Napoleão, não tardou em converter-se na mais poderosa força oposicionista ao expansionismo do grande corso, lutando contra ele na França, na Áustria, na Espanha e em Portugal.

O nome de “Maçonaria Florestal”, veio-lhe depois que irrompeu, na Itália e na França.       
“Maçonaria”, porque os Maçons a propagavam e a protegiam, “Florestal”, porque as Iniciações dos seus Membros, lembravam as dos antigos Carvoeiros de Hannover, realizadas nas florestas mais densas, a cobertos das vistas estranhas.

Os Carbonários, antes de serem investidos nos Segredos da Ordem, passavam por duras provas e prestavam os mais terríveis juramentos, como este, que eram assinados com próprio sangue:


“Juro perante esta assembléia de homens livres, que cumprirei as ordens que receber, sem as discutir e sem hesitar, oferecendo o meu sangue em holocausto, à libertação da Pátria, à destruição do inimigo e à felicidade do Povo. Se faltar a este juramento, ou trair os desígnios da Poderosa Maçonaria Florestal, que a língua me seja arrancada e o meu corpo submetido ao fogo lento por não ter sabido honrar a Pátria que foi meu berço.”

Só depois deste juramento é que o Candidato recebia as insígnias de “Bom Primo”, (as insígnias de Bom Primo consistiam de um balandrau preto e Capuz, tendo bordado, em branco, no peito, um punhal (o punhal de São Constantino), com o cabo no formato cruciforme entrelaçado a uma cruz cristã.) O punhal de São Constantino não constava somente de um desenho bordado no Peito do Balandrau Preto, era também uma arma branca, que todos os Carbonários usavam, também em suas execuções, como símbolo da Ordem a qual pertenciam.

O Balandrau Preto, dos líderes, ao invés do Punhal e da Cruz entrelaçados possuía bordado no peito, em dourado, um sol radiante.

O brado de guerra dos Carbonários consistia em, cada um, levantar o seu punhal bem alto.

Normalmente as reuniões dos tribunais carbonários eram realizadas, a exemplo dos carvoeiros de Hannover, no passado, em plena floresta, bem distante dos olhares curiosos e indevidos.

Seus julgamentos eram implacáveis e seus réus, se condenados, eram executados com a máxima eficiência. O Carbonário era, às vezes, juiz e carrasco ao mesmo tempo. Seus afiliados (jamais podiam trair a Ordem. Os que traíram, sempre foram exemplarmente executados) se tornavam Carbonário ou executor das ordens de “Alta Venda”. Em cada país a Organização da “Maçonaria Florestal” obedecia ao esquema italiano: “Alta Venda”, corpo deliberativo superior, composto de um Delegado da cada “Barraca”, composta por sua vez por um Delegado de cada “Cabana”; e as “Cabanas” eram formadas por um Delegado de cada “Choça”. Acima da “Alta Venda” estava, porém, a “Jovem Itália”, composta por um triunvirato que nas lutas pela Unificação e pela queda do Poder Temporal dos Papas, era constituído por Cavour, Mazzini e Garibaldi.

A Carbonária Italiana, a princípio, foi protegida pelo Carbonário Lucien Charles Napoleão Murat, General de Napoleão Bonaparte, e Princípe de Monte Corvo, filho do Marechal Murat, nascido em Milão, em 1803. Ele abandonou a Itália em 1815, com a derrocada de Napoleão em Waterloo, em 18 de julho de 1815, tendo sido capturado na Espanha. Após sua libertação, seguiu para os Estados Unidos, em 1825. Ali se casou, tendo retornado a Paris em 1848.

Mais tarde, Murat foi eleito Grão Mestre do Grande Oriente, conseguindo um progresso muito grande no erguimento da Obediência, com a fundação de muitas novas Lojas.

Um dos elementos que se deve destacar na Carbonária Italiana, não pelos seus atos patrióticos, mas sim pela sua traição à Carbonária, é o Conde Peregrino Rossi. Rossi teve duas atitudes distintas: na mocidade, foi um dos mais ativistas e propagandistas dos ideais da Carbonária, merecendo o respeito de todos os Bons Primos. Todavia, de um momento para outro, bandeou-se para as hostes inimigas.

Rossi aliou-se ao Papa Gregório XVI com a finalidade de conseguir do Papa, condenações às ações dos Jesuítas. Nesse ínterim, morre Gregório XVI e sobe ao Trono de São Pedro o Papa Pio IX, ao qual Rossi se afiliou de corpo e alma. Rossi, que fora até Roma para combater o jesuitismo, volta um fiel defensor dos Irmãos de Inácio de Loyola.

É proscrito da Carbonária em 1820 e se torna um novo Saulo, convertendo-se aos ideais do Papa. Peregrino Rossi era o novo Judas, gritavam em todas as “Barracas”, de punhal em riste, os Bons Primos, seus antigos companheiros.

Conhecedor que era dos métodos de seus antigos companheiros, Rossi teve muita facilidade de nominar seus líderes e encher as prisões da Cidade Eterna, dando um tremendo golpe no movimento revolucionário.

Rossi cada vez mais se dedicava a uma ação repressiva, sem pensar que, desde a mais humilde “Choça” à mais pujante “Barraca”, e com Giuseppe Mazzini tendo o controle de todas as “Altas Vendas”, os punhais de São Constantino eram levantados e descreviam no ar o ângulo reto das decisões fatais. A sentença estava lavrada, terrível e implacável.

Havia sido marcada uma reunião para o dia 15 de novembro, à 1 hora da tarde, com o Ministro Conde Peregrino Rossi. Dissera Rossi no dia anterior: “Se me deixarem falar, se me derem tempo para pronunciar o meu discurso, não só a Itália estará salva, como ficará definitivamente morta a demagogia da Península”. A demagogia da península era o movimento Carbonário.

“La causa del Papa es la causa del Dio”.

 E o Conde Peregrino Rossi desceu as escadarias e entrou na carruagem que o levaria ao Parlamento.

Chegando à praça, a carruagem atravessou lentamente a multidão e entrou pela porta do Palácio e foi parar em frente ao vestíbulo, onde Peregrino Rossi foi saudado por assobios e gritos enraivecidos: Abaixo o traidor! Morte ao vendilhão da Pátria! Só então Rossi notou que nem toda a consciência nacional estava encarcerada na Civilitá Véchia.

Esboçou um sorriso contrafeito para a multidão e quando se dispunha a continuar a marcha, recebeu um golpe na carótida, especialidade dos Bons Primos, que o fez tombar agonizante.

No bolso interno da sobrecasaca, ao ser recolhido o cadáver, foi encontrada a sentença de morte: “Juraste lutar pela unificação da Itália e traíste o juramento! Lembrando: ‘Juro que jamais abandonarei as armas ou desertarei do Movimento Patriótico, enquanto a Itália não for livre e entregue a um governo do Povo, para o Povo. Se eu faltar a esse juramento, prestado de minha livre e espontânea vontade, que o pescoço me seja cortado e o meu nome desonrado e apregoado como o mais vil traidor à Pátria e aos Bons Primos da Carbonária Italiana’. Com coisas sérias não se brinca!”

A transcrição acima é de autoria do maçom Adelino de Figueiredo Lima, um dos raros brasileiros a escrever sobre a Carbonária. O trecho acima nos mostra que a Carbonária estava muito distante da Maçonaria (que nunca usou tais métodos), mesmo assim a Carbonária sempre foi confundida com a Maçonaria, e alguns Maçons ainda acreditam que, no passado, a Maçonaria executava Irmãos e profanos que não cumprissem suas regras.

Jamais a Maçonaria, mesmo no passado remoto, matou ou mandou matar os maus elementos da sociedade. Quem fez isso, foi a Santa Vehme (inquisição) e a Carbonária (chamada de Maçonaria Florestal, talvez aí resida o ponto de confusão entre as duas instituições). A Maçonaria verdadeira sempre foi pacífica, respeitadora da lei e da ordem. Só usando sua estrutura fechada para conspirar contra os maus regimes políticos e algumas instituições nocivas, mas sempre ordeira e pacificamente. É verdade que conseguiu derrubar tiranos do poder e colaborar com a independência de muitos povos, para isso usando sua organização exemplar e suas influências sociais. Em muitas ocasiões seus integrantes, independentemente de suas Lojas, se filiavam a movimentos ou grupos ativistas e vingadores, embora a Maçonaria, como instituição nunca tenha apoiado tais comportamentos. É inegável que, em certas ocasiões, a Carbonária recebeu apoio da maçonaria, entretanto nunca foram uma mesma instituição, seus propósitos e seus objetivos raramente foram os mesmos.

Texto elaborado por: Ir.˙. Honório Sampaio Menezes, 33º do R.˙.E.˙.E.˙.A.˙., Loja Baden-Powell 185, GLMERGS, Brasil.


 

 

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

ESCOTISMO E MAÇONARIA


Baden Powell foi maçom?

Qual a relação Escotismo e a Maçonaria?

“Os escoteiros surgiram da maçonaria, porque Baden Powell eram maçon. Sonhou, segundo ele, fazer com harmonia a convivência entre os filhos de duques e filhos de empregados”.Por certo, “a Igreja antes de apoderar-se do escotismo se opôs a ele duramente”.
“No século XX, os maçons apoiaram importantes organizações esportivas, pacifistas ou direcionadas a internacionalizar os países e o mundo inteiro sob a bandeira da paz. Não era uma globalização desagregadora e destrutiva da pessoa humana destinada aos indivíduos e as sociedades por trás de valores éticos e humanistas.
O maçom suíço Henry Dunant, criou a Cruz Vermelha Internacional (…), Robert Baden Powell fundou o Movimento Escoteiro, visionário e pioneiro, tal como outro maçom, Pierre de Coubertin refundo os Jogos Olímpicos.
Se tantos investigadores citam a Baden Powell, como franco-maçom, por que no Movimento Escoteiro ocultam esse importante dado?         
Dezenas de lojas maçônicas no mundo levam o nome “Baden-Powell’.


O Duque de Connaught

Dentro da família real britânica, o duque de Connaught foi quem mais influenciou na personalidade do fundador do escotismo. Este príncipe era o terceiro filho da Rainha Victória (Príncipe Arthur) e conheceu Baden Powell em 1883 na Índia, onde praticaram juntos a caça ao javali com lança. Poucos anos mais tarde, Baden Powell, dedicaria seu “Pigsticking or hoghunting” ao duque, o “primeiro príncipe de sangue real que havia recebido uma primeira lança”. Em 1906, o duque de Connaught era inspetor Geral do Exército inglês e neste posto nomeou Baden Powell como Inspetor Geral da Cavalaria na África do Sul.
A amizade de ambos aumentou depois da criação do Movimento Escoteiro, Baden Powell nomeia em 1913 o duque como Presidente da Associação Escoteira da Grã-Bretanha. É conhecida a fotografia destes velhos amigos dando início ao terceiro Jamboree Escoteiro Mundial, em Arrowe Park (1929).
A amizade de Baden Powell ao duque foi tal, que colocou o nome de seu primeiro filho Arthur Robert Peter (Arthur pelo duque, Robert pelo seu pai e Peter pelo personagem infantil “Peter Pan”).
Supõem que foi o duque de Connaught quem iniciou Baden Powell nos mistérios da Irmandade maçônica, já que ele era Grão Mestre da Grande Loja Unida da Inglaterra. Havia sido iniciado em 1874 na Loja “Príncipe de Gales” nº 259 e em 1886 se converteu no Grão Mestre provincial de Sussez.
É muito significativo que a mesma pessoa foi Presidente dos escoteiros da Inglaterra e ao mesmo tempo Grão Mestre dos Maçons desse país.

Os reis Ingleses

Um dos principais impulsores do escotismo foi o Rei da Inglaterra, Eduardo VII. Ele havia sido iniciado na Maçonaria de Estolcomo pelo Rei da Suécia, Carlos XV, em 1868. Na Inglaterra, atuou como Venerável na Loja “Príncipe de Gales” nº 259, onde iniciou a seu irmão, o duque de Connaught.
O Rei Jorge VI por sua parte, foi iniciado maçonicamente em dezembro de 1919 dentro de uma loja de oficiais da marinha. Após quatro anos de sua iniciação, ocupou o cargo de Venerável Mestre.
Em 25 de abril de 1925 o duque de Connaught o designa “Grão Primeiro Vigilante” da Loja Unida da Inglaterra.             
Fruto da estreita relação de Baden Powell com este monarca, foi a condecoração de Baden Powell com a Ordem do Mérito de 1937.


Rudyard Kiplin

Baden Powell conheceu Rudyard Kipling na África do Sul, em 1906. Dois anos mais tarde, quando Baden Powell escreveu sua obra “Escotismo para Rapazes” dedicou um bom espaço ao personagem de Kipling conhecido como “Kim”. Kimbal O’Hara era um jovem órfão que vivia na India e que era filho de um maçom inglês, segundo revela a própria obra de Kipling em seu primeiro capítulo.
Em 1914, quando Baden Powell tentava criar uma unidade para os irmãos menores dos escoteiros, decidiu utilizar o livro de kipling “Jungle Books” (O livro da selva) para modelar uma nova mística inspirada em Mowgli. Pediu autorização ao autor e diz Baden Powell que este “era um bom amigo do escotismo desde seus primórdios, autor da canção oficial dos escoteiros e pai de um escoteiro.
É interessante o nome eleito para estas crianças: “lobinhos”, sendo conhecido o nome que os maçons dão às crianças “adotadas” pela Irmandade.
Esta designação é muito antiga e revela que no antigo Egito os iniciados nos mistérios de Isis colocavam uma máscara com a efígie de um lobo dourado. Os iniciados de Isis recebiam o nome de “chacais” ou “lobos”.
Se lermos atentamente “O Livro das Terras Virgens”, não nos será difícil encontrar o paralelismo entre a ideologia maçônica e a “roca do conselho” com sua denominação de “Povo Livre” que dá a matilha de lobos, tendo em conta que o termo inglês “Free-mason” significa “construtor livre” e a primeira condição para todo maçom é que este seja “livre e de bons costumes”.
Maçonicamente, Kipling foi iniciado na loja “Hope and Perseverance” Nº 782 de Lahore, Punjab (India) e em seu retorno a Inglaterra trabalhou na “Mother Lodge Nº 3861″ de Londres.
Estas três pessoas, de notável influência em Baden Powell pertenciam a Ordem Maçônica. Em alguns o impulso na fundação do escotismo esteve dirigido por maçons.
Na França, o barão Pierre de Coubertin foi um dos principais gestores dos “Eclaireurs”, enquanto em nos EUA existiram dois grandes homens que colaboraram na criação dos “Boy Scouts of America”: Ernest Thompson Seton (Escoteiro Chefe Nacional) e Daniel Carver Beard (Comisionado Escoteiro Nacional), este último reconhecido franco-maçom.
Segundo William Hillcourt, dois presidentes norte-americanos colaboraram ativamente com a obra de Baden Powell. Um deles, Theodore Roosevelt, é citado no livro “Escotismo para Rapazes”.
Roosevelt foi nomeado vice presidente honorário dos “Boy Scouts of América” ao ser fundada a instituição. Em sua agitada vida maçônica, foi iniciado na Loja “Matinecock Nº 806″ de Oyster Bay (Nova York), sendo um porta-voz maçônico em todo o mundo.
O outro presidente que lutou pela causa escoteira foi William Taft, que se encontrou com o Escoteiro Chefe Mundial em 1912, prometendo-lhe total apoio na difusão da organização nos Estados Unidos. Taft foi iniciado em 1909 na cidade de Cincinnati (Ohio) e foi fotografado em várias oportunidades com o malhete maçônico que pertenceu a George Washington.

Baden Powell foi maçom?

Lady Olave – esposa de Baden Powell- afirmou em uma oportunidade que Baden Powell nunca foi maçom, porém isto é verdade?           
Primeiramente dizemos que não convém para os interesses da Igreja Católica que Baden Powell seja maçom e é justamente esta Igreja que tem tentado monopolizar o escotismo em muitos países.
Se fosse revelada a participação de Baden Powell na antiga Irmandade, o que aconteceria?
O catolicismo tem sido o inimigo mais duro da maçonaria e ainda hoje “não mudou o juízo negativo da Igreja a respeito das associações maçônicas, porque seus princípios têm sido considerados inconciliáveis com a doutrina da Igreja, e os fiéis que pertencem a ela arrecadam pecado grave e não podem chegar-se perto da santa comunhão”, segundo uma declaração da Congregação para a Doutrina da Fé em novembro de 198.
O certo é que ante a falta de documentação que valide o espírito maçônico de Baden Powell, devemos analisar a similaridade entre o escotismo e a maçonaria.

Alguns pontos de contato entre ambas as instituições que podemos enumerar são as seguintes:

a) A promessa escoteira como uma iniciação do aspirante (profano) em iniciado.

b) Uso e reiteração do número 3. No escotismo existem três princípios e três virtudes, enquanto que na maçonaria se fala das três luzes e das três luzes menores. Os escoteiros basicamente têm três graus de adestramento (Noviço, Segunda e Primeira Classe), enquanto que na maçonaria existem os três graus simbólicos: aprendiz, companheiro e mestre.

c) Os escoteiros e os maçons apertam a mão de uma maneira especial e simbólica

d) É significativo o uso do termo “lobinhos” (como já dissemos) e toda uma mística inspirada no livro de conteúdo maçônico, igual que “Kim”.

e) A ajuda ao próximo é uma particularidade de ambas as instituições.

f) Se utiliza o termo “Irmão Escoteiro” ou “Irmão Maçom”, dando a entender a existência de uma Irmandade Mundial.

g) A cadeira da fraternidade (as mãos apertadas) existe nas duas organizações em alguns momentos transcendentes.
Para finalizar, disse Baden Powell em um Congresso de Escotistas celebrado em Paris em 1922: “O Movimento Escoteiro representa uma união mundial de socorro fraternal, uma associação universal de amizade que não tem fronteiras. Educados na compreensão e que as nações são irmãs, de que formam parte de uma grande família humana cujos membros devem ajudar-se e compreender-se mutuamente, os jovens cidadãos e cidadãs de todas as nações cessarão de olharem-se como rivais e não alimentarão mais que pensamentos de amizade e de estima mútuas”.
Não existe qualquer prova de que o Major-General Lord Robert StephensonSmyth Baden-Powell tenha sido um maçom, seja da Obediência inglesa, seja da irlandesa, seja da escocesa.
É remotamente possível, mas improvável, que tenha sido iniciado em outra jurisdição. George Kendall na, “Maçonaria durante a Guerra Anglo-Boer, 1899-1902″ não faz qualquer menção a ele. Na obra de Paul Butterfield “Centenário: os primeiros cem anos da Maçonaria Inglesa no Transvaal” similarmente não existe também qualquer referência. Se Baden Powell tivesse sido um membro da Ordem, tal teria seguramente vindo a lume durante a guerra na África do Sul, no decorrer da qual a atividade maçônica está bem documentada”.
O criador do Movimento Escotista Baden-Powell, referenciei a existência de diversas Lojas Maçônicas que adotaram como sua designação o nome desse profano ilustre.
No entanto, em Ars Quatuor Coronatorum: Transactions of Quatuor Coronati Lodge No. 2076 se esclarece que Lord Baden Powell claramente que aprovou a Maçonaria, pois entregou à primeira Loja identificada com o seu nome (n.º 488,Victoria) o Volume do Livro da Lei que nela ainda hoje é utilizado.
Segundo George W. Kerr “A Maçonaria e o Movimento Escotista”, existem por todo o Mundo Lojas maioritamente formadas por antigos e atuais escoteiros, agrupadas numa associação denominada Kindred Lodges Association, que promove reuniões bianuais.
Esta associação de Lojas de dupla filiação maçons /escoteiros compreende 28 lojas em Inglaterra, 1 na Escócia, 1 na Irlanda, 2 no País de Gales, 10 na Austrália, 1 na Nova Zelândia e 1 na Alemanha.           
Existem seis Lojas maçônicas com o nome de Baden-Powell na Austrália. Destas, o sítio da n.º 488, de Victoria é referenciada no texto e citações a Loja n.º 505, que publicou em 1982 o opúsculo intitulado A Maçonaria e o Movimento Escotista. A Loja n.º 222 atribui anualmente o prêmio Ted Whitworth, integrado no sistema de prêmios dos South Australian Rovers, uma organização escotista.

Exsitem Sítios de Lojas com o nome de Baden Powell na Irlanda, na Argentina e na África do Sul; ainda referenciada a Loja Baden Powell n.º 381, na Nova Zelândia.
Tambem a Respeitável Loja Baden Powell, n.º 185 da Grande Loja Maçônica do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil, fundada em 4 de Novembro de 2004 e com sede no Oriente de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil.
No Brasil existem ainda mais duas Lojas com o nome Baden Powell, uma no Rio de Janeiro e outra em São Paulo.
Esta velha idéia de cosmopolitismo é notadamente maçônica. Boucher afirmava que “A pátria do maçom é a Terra inteira e não só o lugar de onde nasceu ou se desenvolveu”

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

A MAÇONARIA E O FASCISMO

A formação de um regime autoritário na Itália em 1922 (sendo uma ditadura totalitária a partir de 1925) levou a uma luta contra a maçonaria.
No início, várias associações maçônicas apoiaram a chegada de Mussolini ao poder e havia muitos maçons entre os fascistas. Porém, paralelamente existia uma forte corrente anti-maçônica herdada do nacionalismo, compartilhada pelo próprio Chefe dos “camisas pretas” e por várias lideranças do novo regime. Inicialmente, a maçonaria foi proibida nas fileiras do Partido, para depois ser proscrita (em 1925).
Neste artigo vamos discutir os motivos que provocaram o confronto e o significado da oposição maçonaria/fascismo, a aliança do fascismo com forças liberais, com a Igreja católica e a formação de uma “religião política”, incompatível com a tradição e os valores maçônicos.
A Maçonaria, cujos ideais coincidem com o liberalismo, participava da vida política italiana com maçons em todos os partidos (Cordova, 1990). O rejeição explícita da Maçonaria, além da hostilidade tradicional da Igreja Católica contava com a Associação Nacionalista Italiana e o Partido Socialista Italiano (Braschi, 1984).
Em seu primeiro congresso em 1911 os nacionalistas tentaram declarar a incompatibilidade entre filiação maçônica e filiação partidária. Em 1913, o órgão L’Idea Nazionale nacionalista promove uma pesquisa da Maçonaria, cujos resultados só serão publicados em 1925 quando servirão de base para um projeto de lei para a abolição das sociedades secretas. Alfredo Rocco, um dos mais importantes intelectuais e políticos da ANI e futuro Ministro da Justiça do regime fascista resume a posição Nacionalista: a Maçonaria entrou como um verme destrutivo na sociedade italiana e todos os dias impede a formação de uma sociedade italiana unida e da formação de um consciência nacional forte, assim era a sua opinião. Em primeiro lugar, o anticlericalismo da Maçonaria degenerou em uma luta anti-religiosa, anti-católica. Quase ao mesmo tempo, os socialistas italianos começaram as hostilidades contra a maçonaria, liderados pela estrela em ascensão da socialismo, o jovem Benito Mussolini. Eles diziam que a Maçonaria era contrária aos interesses do socialismo porque pregava concórdia e não a luta de classes, e porque era uma expressão da burguesia. No Congresso do Partido Socialista em julho de 1912, foi apresentada, mas não aprovada uma moção antimasonica por Nino Mazzoni.
Dois anos depois do congresso socialista (Abril de 1914) foi apresentada e aprovda a proposta anti-maçônica de Zibordi Giovanni com um complemento de Mussolini convidando todas as secções do partido a expulsar os maçons conhecidos. O motivo de sua atitude foi, além do repúdio a “burgueses”, desencanto com o Iluminismo humanista e pacifista expresso pela Maçonaria.
Não esqueçamos que Mussolini era ateu e inimigo de todas as crenças religiosas. Os maçons estavam preocupados com o colapso do sistema Liberal onde tinham sido historicamente influente, além disso haviam sinais preocupantes na mobilização Católica e o ativismo socialista radical inspirado na Revolução Russa.
Torrigiani, Grão Mestre do Grande Oriente da Itália, proferiu um discurso (em 19 de Outubro de 1922, uma semana antes da Marcha sobre Roma), alertando os maçons sobre as dúvidas de apoiar o facismo, servindo para amortecer o entusiasmo pró-fascista de Irmãos maçons e identificar os limites de um adesão a um fenômeno político ainda pouco definido (Di Luca, 2007).
Em novembro de 1922, o IV Congresso da Internacional Reunião Comunista em Moscou declarou a incompatibilidade entre filiação em partidos comunistas e filiação na Maçonaria. A hostilidade pessoal e ideológica de Mussolini contra a maçonaria veio de sua formação marxista e de Nietzsche, persistiu durante e depois da guerra, no entanto, os interesses políticos prevaleceram. Maçonaria era uma força que não poderia ser negligenciada, assim mostrou simpatia e promoveu maçons dentro do movimento facista. Mussolini aceitou sem problemas a filiação maçônica e até maçons ocupando lugares no Grande Conselho do Fascismo (o mais alto órgão do Partido Fascista) (Giuriati, 1981). A mudança veio após o sucesso da Marcha sobre Roma e a formação do primeiro governo fascista, entre o final de 1922 e início de 1923. Na ocasião Mussolini teve de escolher entre dois aliados potenciais incompatíveis, a Maçonaria e a Igreja Católica.
Em um encontro secreto entre Mussolini e o cardeal Gasparri, foi selado acordo onde a igreja daria apoio a Mussolini em troca receberia a eliminação da Maçonaria e outros inimigos da Igreja (Savarino, 2007).
Parte do mundo católico apoiava os fascistas e o Partido Popular de Don Luigi Sturzo (fundado em 1919), um partido em princípio Católico, mas apoiava velhos e novos inimigos do catolicismo. Maçonaria, em suma, era uma moeda de troca em um jogo político onde as forças católicas tinha um peso extraordinário.
As cartas de Mussolini não foram descobertas até sua ascensão ao poder, então é revelado os termos do acordo com a Igreja, levando a uma mudança inesperada e conservadora do movimento pró-católico nascido de um socialista, laico e anticlerical. Outro fator que influencia essa mudança é a confluência da ANI com o Partido Fascista, em fevereiro de 1923, com o qual o fascismo recebe uma grande infusão de cultura nacionalista e homens proeminentes Luigi Federzoni, Alfredo Rocco e Emilio Borrero, todos pró-católicos e Anti-maçons. Federzoni escreve em suas memórias que a convergência de ANI com o Partido Fascista “já não era possível sem remover a Maçonaria” e foram os líderes nacionalistas que impuserem esta condição. “Também tive que abrir o caminho para o acordo com a Igreja, porque Mussolini estava disposto a defender a paz religiosa na Itália e respeitar o Papa” (Federzoni, 1967).
O novo governo fascista começa com muitos decretos proclericais e iniciativas, como a introdução do ensino de religião nas escolas públicas, a exibição do crucifixo em edifícios públicos, reconstrução de igrejas afetadas pela guerra e resgata o Bank of Rome, ligado ao Vaticano. Na 5ª reunião do Grande Conselho do Fascismo (13 de Fevereiro 1923) é aprovada uma ordem do dia em que proíbe a inscrição de fascistas nas Lojas Maçônicas.
O início do Estado Totalitário se dá em 03 de janeiro de 1925. Até aquele momento o Partido Fascista era apoiado por uma coalizão de forças liberais e Católicas, e o parlamento ainda representava a oposição. É em 1925 que se dá a extinção de todas as partes apoiadoras (exceto o partido fascista) e, finalmente, o sistema liberal democrático. Um passo importante neste processo é precisamente o decreto proscrição da Maçonaria. A 12 de janeiro Mussolini e o Ministro da Justiça Alfredo Rocco apresentam um projeto de lei sobre a disciplina das sociedades secretas, que tem como principal objetivo a eliminação de Maçonaria. O projeto é discutido no Parlamento, entre os dias 16 e 19 de maio. Neste último dia é aprovado por voto secreto, com 289 votos a favor e apenas quatro contra. A importância deste evento é sinalizada pelas discussões calorosas na Câmara, Mussolini intervém para defender o direito indicando o perigo da Maçonaria, o qual ele já havia detectado durante a sua militância socialista.
Parte do discurso dizia: “Não há dúvida de que as instituições do Estado, que administram a justiça, a educação das novas gerações e que representando as Forças Armadas [...] sofreram e estão sofrendo, com vicissitudes alternadas, a influência da maçonaria. A saber inadmissível, e deve terminar” (Susmel, 1956). O discurso, interrompido por aplausos e vivas conclui com um apelo para promulgar a lei, independente da possível represália da Maçonaria na Itália e em todo o mundo. Outros deputados falaram em favor do projeto de lei, observando que a destruição da Maçonaria representará realização da unidade espiritual da nação italiana. Nos meses seguintes à promulgação desta Lei medidas que levaram à formação do regimetotalitário foram implementadas. Começou com a restrição da atividade da oposição, depois fechamento da imprensa independente, estabelecimento de um código penal mais restritivo e, finalmente, abolição de partidos políticos e associações (em outubro 1926).
Gramsci foi preso no dia 08 de novembro de 1926, juntamente com o outro deputados comunistas e, após um ano de Confino (prisão domiciliar) é enviado para a cadeia. O pretexto para completar a virada autoritária levando a Ditadura é o ataque (descoberto antes que ele acontecesse) contra Mussolini organizado pelo deputado socialista Tito Zaniboni, em 31 de outubro de 1925. O processo que envolve diretamente a Maçonaria, incluindo o Grão-Mestre Torrigiani Domizio (recém- reeleito em 6 de Setembro) e Luigi Capello, pertencentes ao G.O.I. nas Forças Armadas. A imprensa fascista desencadeou uma campanha anti-maçônica feroz e os Camisas Pretas atacam a Maçonaria e tentam queimar a sede maçônica que permaneceu aberta. A seguir todas as lojas do G.O.I. são fechadas e colocadas na Piazza del Gesù sob “custódia”.
A grande maioria dos maçons de fato suspendeu todas as atividades, seja por motivos de força maior ou por convicção, não antagonizar o regime e de acordo com o sentimento antimasonico dos círculos oficiais. A Igreja Católica e as forças anti-maçônicas poderiam descansar, pois um velho inimigo tinha sido eliminado e a Itália, nas palavras o padre jesuíta Enrico Rosa, “tinha se tornada mais cristã e livre do jugo maçônico “. As negociações entre o Vaticano e as forças Fascistas são aceleradas entre 1926 e 1929, em paralelo com a campanha antimasônica, incluindo aí um ataque contra o governo mexicano de Plutarco Elias Calles (Savarino, 2002). A participação do Vaticano termina em 11 de Fevereiro de 1929, com o Tratado de Latrão, pondo fim à questão Romana e reconciliando o Estado italiano com a Igreja e o mundo católico. No mês seguinte (24 de Março), foi realizada eleições nacionais em um “plebiscito”,produzindo 98% votos para o regime fascista. O sacrifício da Maçonaria, juntamente com o Partido Popular Don Sturzo, era o preço a pagar para alcançar este resultado. O custo político para o regime foi relativamente limitado. A Igreja procurou preservar um espaço exclusivo, defendeu a Ação Católica, que pedia medidas para proteger a moral pública e, durante as eleições de 1929 recomendou a exclusão de candidatos anticlericais, maçons e outras pessoas“ruins”.
Por outro lado, os fascistas filiados à Maçonaria, depois de uma explosão anticlerical fugaz em 1931, se sujeitaram à disciplina partidária. Os outros irmãos nunca representaram fator problemático nos 17 anos que se seguiram, até o colapso do Estado Fascista em 25 de julho de 1943.
A natureza essencialmente nacionalista do fascismo não era compatível com o espírito universal da Maçonaria. Mussolini dirigiu a revolução fascista visando a construção de um “novo homem”, forte, viril e marcial, livre dos vícios do velho liberalismo cosmopolita, materialista, pacifista e humanitário. Nesse sentido Mussolini via a maçonaria como uma ameaça para a construção estrutural o Estado totalitário, por sua natureza, a sociedade praticamente secreta era potencialmente incontrolável e exercia influência política considerável.
A maçonaria com seu caráter peculiar de organização ocultista e esotérica expondo o mundo das lojas a alegações de atividade ilegal, conspirações e tramas, levando ao fortalecimento de uma imagem denegrida presente na cultura popular, assim foi facilmente explorada pela propaganda facista. A Maçonaria era incompatível com objetivos do Estado totalitário e teve que ser eliminada para dar espaço a uma nova era do renascimento e da glória nacional.
Na biblioteca da Associação Brasileira de Imprensa há um livro, de autor ignorado, intitulado “Fascismo e Maçonaria”. Nele, narra-se a história da presença e influência da maçonaria na Itália, até o advento do fascismo.
Em resumo, a palavra de ordem de Benito Mussolini, ditador italiano, era: “Tudo no Estado, nada fora ou contra ele”. A luta do fascismo contra a maçonaria foi declarada abertamente pelo Grande Conselho Nacional do Partido Fascista“considerando-se que os últimos acontecimentos políticos e certas atitudes e votos da maçonaria apresentam um motivo fundado para admitir que a maçonaria persegue programas e adota métodos em oposição aos inspirados pela atividade do fascismo…”. A lei aprovada em novembro de 1925 obrigava todas as associações a comunicar à polícia seus estatutos, sócios e deliberações, e proibia aos funcionários públicos de pertencerem às sociedades secretas. Quatro meses depois se publicou a lei de 3 de abril de 1926, submetendo as associações sindicais. Por uma motivação análoga (eliminar uma organização influente, perigosa e incontrolável) o Regime fascista atacou e quase conseguiu destruir a Mafia siciliana em 1928.
Os fascistas que eram maçons foram convidados a escolher entre o Partido Nacional Fascista e a Maçonaria. Para os fascistas não havia uma só disciplina e hierarquia que não fosse as do fascismo e que havia uma só obediência absoluta, devota e quotidiana aos chefes do fascismo.
A maçonaria é uma ordem iniciática presente em todo o mundo e prega a fraternidade universal, defende o nacionalismo e a independência de cada país, mas nunca sob intolerância e opressão. O que os regimes totalitários temem é que em suas Lojas se planejem ações políticas desestabilizadoras e nelas se reúnam homens que ocupem posições politicamente importantes que poderiam combater o regime dominante. Onde existir a maçonaria existirá maçons trabalhando por justiça e pelo bem comum das comunidades.
 
Autor: Honório Sampaio Menezes, 33º, REAA, Loja Baden-Powell 185, GLMERGS, Porto Alegre, RS, Brasil.
REFERÊNCIAS
CORDOVA, Ferdinando. Agli ordini del Serpente Verde: la Massoneria nella crisi del sistema giolittiano. Roma: Bulzoni, 1990.
BRASCHI, Leone. La Massoneria e la Chiesa Cattolica: un terribile scontro, un possibile incontro. Firenze: Nardini, 1984.
DI LUCA, Natale M. La prima guerra mondiale e l’avvento del fascismo. Disponivel em: . Acesso em: 20 ago. 2007.
GIURIATI, Giovanni. La parabola di Mussolini nei ricordi di un gerarca. Roma-Bari: Laterza, 1981.
SAVARINO, Franco; MUTOLO, Andrea. Los orígenes de la Ciudad del Vaticano 1913-1943. México: IMDOSOC-ICTE, 2007.
FEDERZONI, Luigi. Italia di ieri per la storia di domani. Milano:Mondadori, 1967.
SUSMEL, Edoardo; SUSMEL, Duilio. Opera Omnia di Benito Mussolini. Firenze: La Fenice, 1956. v. 19-21.
SAVARINO, Franco. Italia y el conflicto religioso en México (1926-1929). Historia y Grafía, Mexico, n. 18, p. 123-147, 2002.