QUEM SOMOS

CAVALEIROS - alusão aos Templários, às Cruzadas e à Távola Redonda. HERMON - o termo remete-nos ao Monte Hermon, em cujo topo se forma a neblina que se condensa em forma de garoa, o orvalho consagrado pelo Salmo 133. Essa precipitação "tolda parcialmente o sol escaldante do sul do Líbano, e umedece seu solo, transformando-o numa das regiões mais férteis e amenas do Oriente Médio."

Nós Cavaleiros do Hermon, na constante busca para tornar feliz a humanidade, sob a égide do Grande Arquiteto do Universo, que é Deus, nos reunimos às sextas-feiras a partir das 20h00 , na Avenida Pompéia, 1402 - Templo Ir.'. Willian Bucheb - São Paulo - SP.

segunda-feira, 22 de junho de 2015

O MAÇOM E O CONFLITO


O conflito faz parte das nossas vidas. Quer queiramos, quer não. Existem interesses divergentes, quantas vezes inconciliáveis. Quando tal sucede, várias formas de lidar com o assunto existem: a força, a imposição de poder, a desistência, a conciliação, a cooperação, a hierarquização, etc..
Os maçons também vivem e estão sujeitos a conflitos. Tanto como qualquer outra pessoa vivendo em sociedade.
Mas os maçons aprendem a lidar melhor com o conflito. Desde logo, porque aprendem, interiorizam e procuram praticar a Tolerância. Esta postura não elimina, obviamente, os conflitos, nem leva quem a pratica a deles fugir, ou a ceder para os evitar. Pelo contrário, ensina e possibilita a melhor gerir o conflito. E mais bem gerir um conflito não é procurar ganhar a todo o custo. Mais bem gerir um conflito consiste em detectar e obter a melhor solução possível para o mesmo. Por vezes, "vencer" o conflito pode parecer a melhor solução no curto prazo, mas revelar-se desastrosa depois.
O maçom aprende a gerir o conflito, desde logo treinando-se a fazer algo que, sendo básico, é muitas vezes esquecido: ouvir! Ouvir o outro, as suas razões, pretensões. Ouvir o outro não é apenas deixá-lo falar. É prestar efetivamente atenção ao que diz e como o diz. Para procurar determinar porque o diz e para que o diz. E assim lobrigar exatamente em que medida existe realmente conflito de interesses entre si e o outro - ou se existe apenas uma aparência de conflito de interesses, por deficiente entendimento, de uma ou das duas partes, de propósitos, intenções, objetivos.
Ouvir o outro é o primeiro exercício prático da Tolerância, da verdadeira Tolerância. Porque esta não é o ato de, condescentemente, admitir que o outro tenha uma posição diferente da nossa e permitirmos-lhe, "generosamente", que a tenha. A verdadeira Tolerância não é um ponto de chegada - é uma base de partida. A verdadeira Tolerância resulta do pressuposto filosófico de que ninguém está imune ao erro. Nem nós - por maioria de razão. Portanto, tolerar a opinião do outro, a exposição do seu interesse, porventura conflitais com a nossa opinião e o nosso interesse, não é um ato de generosidade, de condescente superioridade. É a consequência da nossa consciência da Igualdade fundamental entre nós e o outro. Que implica o inevitável corolário de que, sendo diferentes as opiniões, se alguém está errado, tanto pode ser o outro como podemos ser nós. A Tolerância não é um ponto de chegada - é uma base de partida. Não é demais repeti-lo.
Porque a consciência disto possibilita a primeira ferramenta para a gestão do conflito: a disponibilidade para cooperar com o outro, para determinar (1) se existe verdadeiramente divergência entre ambos; (2) existindo, qual é ela, precisamente; (3) em que medida é essa divergência, superável, total ou parcialmente; (4) ocorrendo superação parcial da divergência, se o conflito se mantém e, mantendo-se, se conserva a mesma gravidade; (5) finalmente, em que medida é possível harmonizar os interesses conflituantes: cada um abdicando de parte do seu interesse inicial? Garantindo ambos os interesses, seja em tempos diferentes, seja em planos diversos?
Treinando-se na prática da Tolerância, o maçom aprende a lidar melhor com o conflito, porque é capaz de, em primeiro lugar, determinar se existe mesmo conflito, em segundo lugar predispõe-se para cooperar na superação do conflito e finalmente adquire a consciência de que existem várias, e por vezes insuspeitas, formas de superar, controlar, diminuir, resolver, conflitos - quantas vezes logrando-se garantir o essencial dos interesses inicialmente em confronto.
E tudo, afinal, começa por saber ouvir e por saber tolerar (o que implica entender) a posição do outro.
Por isso o primeiro exercício que é exigido ao maçom é a prática do silêncio. Para que aprenda a ouvir, para que se aperceba do que realmente é dito, para que reflita sobre a melhor forma de resolver os problemas que ouça expostos.
Através do silêncio, aprende o maçom a sair de si e a atender ao Outro. Através da Tolerância da posição do Outro, aprende o maçom a descobrir a forma de harmonizá-la com a sua. Através da busca da Harmonia, aprende o maçom a gerir os conflitos. Através da gestão dos conflitos, torna-se o maçom melhor, mais eficiente, mais bem sucedido.

Por Ir.˙. Rui Bandeira

Fonte: A Partir Pedra - http://a-partir-pedra.blogspot.com.br/2015/06/o-macom-e-o-conflito-republicacao.html - Acesso em: 221318JUN2015-06-22.


 

 

terça-feira, 16 de junho de 2015

O SIMBOLISMO DA ROMÃ


 
A romanzeira ou pé de romã, em hebraico Rimmôn, é uma pequena árvore, ou até um arbusto pertencente à família "Punica Granatum" – nome latino – e no vernáculo mais purista, diz-se Romãzeira. No sul da Espanha existe uma linda cidade, que foi a capital dos reinos de Castela e Aragão, conquistada aos árabes em 1492 pelos reis católicos, chamada romã = Granada.
Cresce silvestre no Oriente Médio e principalmente na Palestina, onde existem três cidades com o nome desse fruto, Rimon, Gate Rimon e En-Rimon. Da Palestina, através da Diáspora, foi levada a todo o mundo, inclusive, depois dos descobrimentos, ao Novo Mundo e posteriormente à Austrália e Nova Zelândia.
Considerando-se a origem da Romã como sendo hebraica, nada melhor, para uma compreensão inicial, que recorrermos às Sagradas Escrituras. O Velho Testamento refere a Romã, ONZE vezes, enquanto o Novo Testamento, a omite totalmente. Por ordem cronológica, transcrevemos as passagens alusivas a esse fruto: 

1) "Farás, também a sobrepeliz da estola sacerdotal toda de estofo azul. No meio dela haverá uma abertura para a cabeça; será debruada essa abertura, como a abertura de uma saia de malha, para que não se rompa. Em toda a orla da sobrepeliz farás romãs de estofo azul, púrpura e carmesim; e campainhas de ouro no meio delas. Haverá em toda a orla da sobrepeliz uma campainha de ouro e uma romã, outra campainha de ouro e outra romã. Esta sobrepeliz estará sobre Aarão quando praticar o seu ministério, para que se ouça o seu sonido, quando entrar no santuário diante do Senhor, e quando sair, e isso para que não morra." (Êxodo 28-31.35.)
2) "Depois vieram até o vale de Escol, por causa do cacho de uvas, o qual o trouxeram dois homens numa vara, como também romãs e figos." (Números 13:23)
3) "E porque nos fizeste subir do Egito, para nos trazer a este mau lugar, que não é de cereais, nem de figos, nem de vides, nem de romãs, nem de água para beber?" (Números 20:5)
4)"Fez também romãs em duas fileiras por cima de uma das obras de rede para cobrir o capitel no alto da coluna; o mesmo fez com o outro capitel. Os capitéis que estavam no alto das colunas eram de obra de lírios, como na Sala do Trono, e de quatro côvados. Perto do bojo, próximo à obra de rede, os capitéis que estavam no alto das duas colunas tinham duzentas romãs, dispostas em fileiras em redor, sobre um e outro capitel." (II Reis 7:18-20)
5) "Há quatrocentas romãs para as duas redes, isto é, duas fileiras de romãs para cada rede, para cobrirem os dois globos dos capitéis que estavam no alto da coluna." (II Crônicas 4:13)
6) "Os teus lábios são como um fio de escarlate, e tua boca é formosa; as tuas faces, como romã partida, brilham através de véu." (Cantares 4:3)
7) "Os teus renovos são um pomar de romãs, com frutos excelentes." (Cantares 4:13)
8) "Desci ao jardim das nogueiras, para mirar as renovos do vale, para ver se brotavam as vides e se floresciam as romãzeiras." (Cantares 6:11)]
 9) "Levar-te-ia e te introduziria na casa de minha mãe, e tu me ensinarias; eu te daria a beber vinho aromático e mosto das minhas romãs." (Cantares 8:2)
10) "Sobre ele havia um capitel de bronze; a altura de cada um era de cinco côvados; a obra de rede e as romãs sobre o capitel ao redor eram de bronze. Semelhante a esta era a outra coluna com as romãs. Havia noventa e seis romãs aos lados; as romãs todas, sobre a obra de rede ao redor, eram cem." (Jeremias 52:22-23)
11) "Saul se encontrava na extremidade de Gibeá, debaixo da romãzeira em Migron; e o povo que estava com ele era de cerca de seiscentos homens." (I Samuel 14:2)
 
Desconhece-se a origem das cidades acima referidas, mas tudo leva a crer, que os seus nomes derivaram do grande número de Romãzeiras existentes. Alguns autores dão a Romãzeira como originária do Egito onde era conhecida pelo nome de "Anhmen"; fazem, outrossim, certa ligação entre a "Romã" e o nome de "Amon Ra". Prosseguem dizendo não caber dúvida que foi no Egito que o fruto constituía um símbolo sagrado, pois os Sacerdotes egípcios, usavam a romã nos atos litúrgicos iniciáticos. Para os romanos, a sua origem está no norte da África. O seu nome latino – Punica Granatum – sugere a sua origem na cidade de Cartago. Na realidade, esta cidade foi fundada pelos fenícios da cidade de Tiro, que foi fundada pelos sidônios, da cidade de Sidon. Estas cidades situam-se ao norte da Palestina, no atual Líbano.
Platão teria afirmado que dez mil anos antes de Menés já existia a cerimônia que incluía a Romã como fruto, com a sua rubra flor. Somente os sacerdotes de Amon Ra tinham o privilégio de cultivar a Romãzeira. As Romãs, consideradas como oferendas sagradas, eram colocadas sobre os túmulos dos Faraós.
Encontram-se referências a respeito junto ao sacerdote Egípcio de Heliópolis, de nome Manthonm, em sua história dos reis, escrita em grego, 300 anos antes de Cristo. Sobre os Altares dos deuses Horus, Set, Isis e Osiris, este o deus supremo e juiz do além vida, protetor da morte, eram colocadas as mais exuberantes Romãs, como símbolo dos iniciados nos supremos mistérios. Essas oferendas aumentavam de número consoante a categoria do iniciado ou a importância do cargo, como os grandes hierofantes de Amon Ra e de Osiris, que além dessas ofertas serem colocadas em seus túmulos, eram também plantadas nos parques funerários, um número determinado e simbólico de Romãzeiras.
O número variava entre três, cinco e sete, de conformidade com a hierarquia. O rei Thotmesis – Tutmós - da XVIII dinastia, morto no ano 59 a .C. teve plantadas em seu parque funerário, cinco Romãs. Um hábito curioso diz respeito às pessoas que tinham débitos com o falecido. Estas dívidas eram pagas com Romãs, depositadas sobre o seu túmulo. Esse fruto simbolizava a vida e a união geográfica do Egito, compreendido assim o Alto Egito, o Meio Egito e o Baixo Egito, que representavam os três "ninhos interiores" ou a câmara baixa; os cinco "ninhos superiores" ou câmara alta, dos deuses Osiris, o juiz supremo da outra vida, Set, deus das trevas, que matou a Osiris e Horus, que vingou a Osíris, casado com Isis, além da deusa Nefritis ou Isis irmã de Osiris.
No antigo Egito o mês tinha três semanas de dez dias cada uma, e o ano doze meses ou seja, 360 dias aos quais, para corrigir a anomalia astronômica, foram acrescentados cinco dias que eram os correspondentes aos aniversários dos deuses Osiris, Horus, Set, Isis e Nefritis. Esses cinco dias acrescidos eram considerados de maus augúrios, e para aplacar o azar, eram oferecidas Romãs colocadas nos altares. Paralelamente, semeavam no parque funerário, três Romãs, simbolizando as três o Egito e mais cinco em honra aos cinco deuses patronos dos cinco últimos dias, e mais sete, em homenagem às sete trajetórias que as almas deviam percorrer para purificar-se. Essa origem da Romã no Egito conflita com as sagradas escrituras.
Na oportunidade em que Jacó saiu de Israel em direção ao Egito, para fugir da fome que assolava a sua região, levou consigo mudas de videira, de romãzeira, figueiras e demais árvores frutíferas, plantando-as e cultivando-as. Na volta para Canaã, quando os hebreus chefiados por Moisés foram inspecionar a terra prometida, trouxeram de lá, frutos excepcionais, descritos como gigantescos, eis que para carregar um cacho de uvas, foram precisos dois homens, pendurado o cacho numa vara; junto, trouxeram figos e romãs; podemos imaginar, se comparados com o enorme cacho de uvas, o tamanho dos figos e das romãs! Sem dúvida a origem da Romãzeira, é da Palestina.
Para os Assírios, a romã simbolizava a vida e os primeiros frutos da colheita eram entregues ao sacerdote que extraía o seu suco para que o Rei o oferecesse ao ídolo. Os frutos mais formosos que simbolizavam o prolongamento da vida eram preservados para o templo; a Romãzeira era considerada como o pai da vida; com a madeira da árvore, eram confeccionados amuletos. Os fenícios, tinham a Romã, também, como frutos sagrados, bem como os Cartagineses e os Romanos, que os reproduziam nos capitéis de suas colunas e os colocavam nas tumbas dos sacerdotes e dos reis. Para os gregos a Romã era sagrada e eles a denominavam de Roidion, e a Romãzeira de Roía; os frutos eram oferecidos à deusa da sabedoria, protetora da cidade de Atenas. Para os iniciados nos mistérios de Eleusis, Dodone, Delfos, Megara e outros, a Romã simbolizava a fecundidade e a vida.
Se a Romã era usada como símbolo de vida, a concepção hebraica a reforça, considerando a propagação da espécie como o elemento mais relevante da vida. A Romã é de difícil uso como alimento, porque a separação dos grãos, firmemente inseridos em sua polpa, exige certa habilidade; mas, o seu suco, obtido com o esmagamento das suas sementes, que na realidade se constituem cada uma em um fruto separado, é de fácil obtenção. Obtido o suco, de certa forma abundante, fermentado esse, produz-se um vinho de sabor suave e delicado que, talvez para o paladar do ocidental, possa parecer estranho.
Quando de nossa estada em Israel, justamente, em Canaã, adquiri no comércio, uma garrafa de vinho de romã; gelado, nos pareceu de agradável paladar. Retornados ao Brasil, procuramos obter certa quantidade de romãs retirando-lhes os grãos que esmagamos, coamos o suco, acrescentamos um pouco de açúcar e deixamos fermentar. O vinho obtido tinha o mesmo paladar daquele que adquirimos em Israel. Efetivamente, depois de degustá-lo em pequenas doses, decorrido algum tempo, notamos o seu efeito energético; preferimos denominá-lo assim, de afrodisíaco. O relato contém além das insinuações, simbolismos profundos relacionados com os costumes hebreus. A análise meticulosa desvenda preciosas lições.
Por quê Salomão valorizava tanto a romã e o seu vinho? Além do atributo afrodisíaco que os comerciantes dão ao vinho da Romãzeira, o relato de Cantares é claro. O rei Salomão reinou sobre Israel durante quarenta anos, portanto, não se o pode julgar uma pessoa já idosa, mas no vigor da idade. O relato inserido em I Reis 11 nos dá: 

"Ora além da filha do faraó, amou Salomão, muitas mulheres estrangeiras; moabitas, amonitas, edomitas, sidônias e hetéias, mulheres das nações de que havia o Senhor dito aos filhos de Israel: não caseis com elas, nem casem elas convosco, pois vos perverteriam o coração, para seguirdes os seus deuses. A estas se apegou Salomão pelo amor. Tinha setecentas mulheres, princesas, e trezentas concubinas. Sendo já velho, suas mulheres lhe perverteram o coração para seguir outros deuses; e o seu coração não era de todo para com o Senhor seu Deus, como fora o de Davi, seu pai." 

Apesar do texto bíblico denominá-lo de "velho", um homem para contentar a mil mulheres, mesmo com higidez excepcional, deveria valer-se de algum produto afrodisíaco, que não era outro senão o vinho da romã. Isto justifica o seu uso, a ponto de fazer da Romã um símbolo sexual conjugado com os lírios, símbolo da excelência feminina. Colocadas as Romãs e os Lírios, nos capitéis das Colunas do Templo, quis Salomão render destaque à sua condição de rei poderoso em todos os sentidos. Poder-se-ia, contudo, questionar sobre esse evento: mas quando Salomão tinha mil mulheres o Templo já estava construído como as duas respectivas colunas. No entanto, já naquele momento, Salomão possuía mulheres em grande número e é de se supor que a ingestão do vinho afrodisíaco já era um hábito e uma necessidade. Não se conhece a idade exata de Salomão.

No livro I Crônicas, 29:1 lemos: "Disse mais o rei Davi a toda a congregação; Salomão meu filho, o único a quem Deus escolheu, é ainda moço e inexperiente, e esta obra é grande; porque o palácio não é para homens, mas para o Senhor Deus." E no livro I Reis, 3:7 lemos: "Agora, pois, ó Senhor meu Deus, tu fizestes reinar a teu servo em lugar de Davi meu pai; não passo de uma criança, não sei como conduzir-me".
Quando Davi ordenou o censo, excluiu os que tinham a idade de menos de 20 anos. Poderíamos, calcular, a grosso modo, que Salomão sentira-se criança, talvez por não ter atingido a idade de vinte anos. Portanto, se Salomão reinara durante quarenta anos, e assumira o reinado aos vinte anos, ao morrer, teria sessenta anos, idade que não podemos aceitar como de pessoa já velha. Porém, se Salomão se considerou criança, poderia, perfeitamente, ter apenas quatorze ou treze anos de idade, e então ao morrer teria cinquenta e três a cinquenta e quatro anos! Mas, se com essa idade iniciou a construção do Templo, como justificar a presença das Romãs e dos Lírios? Talvez uma manifestação profética, uma vez que esses adornos foram determinados por Davi que os recebera do Senhor. Davi, por sua vez, tivera um grande número de mulheres e concubinas, e o uso do vinho afrodisíaco, poderia ter sido também um hábito seu. Em Jerusalém era muito usada a Alcaparra, denominada em hebraico de Abyynah, cujos brotos e flores excitavam os desejos sexuais; hoje as sementes conservadas em vinagre constituem um condimento muito apreciado em toda a parte.
De qualquer forma, é preciso encontrar-se uma justificativa muito mais coerente sobre a presença das Romãs, do que a simplista de que simbolizava a união fraterna, pela coesão de seus grãos. A necessidade dos excitantes sexuais vem justificada pelo costume que os poderosos tinham de manter junto a si, múltiplas esposas e concubinas; os excessos sexuais da época não constituíam pecado ou falha moral.
Completaremos o estudo sobre a Romã, examinando detalhadamente o seu aspecto interno e externo. O fruto é arredondado, assemelhando-se a um pequeno cântaro, ou a uma laranja de bom tamanho. Sua casca é lisa e manchada na coloração mista do vermelho com o verde, com manchas amareladas.
Na parte oposta ao pedúnculo que se prende ao ramo, apresenta uma coroa formada de pequenos triângulos, e no seu centro, restos de pistilos secos de sua flor. Essa flor é de cor escarlate e composta de três pétalas carnosas que após desabrochar completamente dão lugar a uma rosácea de cinco pétalas; curiosamente, ao formar-se o fruto, surgem mais duas pétalas que se mantêm envolvidas pela coroa, secando paulatinamente até ao completo desenvolvimento do fruto.
A casca é grossa e robusta; quando bem maduro o fruto rompe-se, pondo à mostra alguns grãos; quando colhida e deixada em lugar quente, a Romã seca lentamente; não apodrece; e mesmo seco, o fruto é utilizado, pois os seus grãos apresentam-se mais doces ainda. O interior apresenta duas câmaras: a alta que contém cinco celas onde se espremem dezenas de grãos, e a câmara baixa, que se apresenta da mesma forma; os grãos têm no centro, uma diminuta semente branca e ao redor uma grande parte carnosa e transparente, nas colorações que partem do rosa pálido ao vermelho rubi. Essa parte interna lembra os favos de mel; as celas são divididas por uma espécie de cortina branca e leve.
Essa película resistente é amarga, como o é toda a casca exterior, possuindo propriedades medicinais; pela grande quantidade de tanino que contém, é usada como adstringente para diarréia; a casca, em forma de chá é um excelente vermífugo. Os grãos são saborosos, podendo ser ingeridos agrupados; o gosto esquisito, é agridoce. No Oriente, como já referimos, esses grãos macerados produzem um líquido que fermentado resulta em vinho afrodisíaco. O simbolismo do fruto e de sua flor se adéqua à filosofia maçônica. A planta, ou melhor, o arbusto, tem as folhas pequenas e perenes, de um verde escuro; a planta não atinge altura significativa e desde cedo, quando em desenvolvimento, tendo um metro e meio, já produz frutos. Os grãos simbolizam a união dos maçons em seus vários aspectos: o fisiológico, porque cada grão possui "carne", "sangue" (o suco) e "ossos", (as sementes). Os grãos crescem unidos de tal forma que perdem o formato natural, que seria redondo; espremidos uns aos outros, são semelhantes a polígonos geométricos, com várias facetas; são lustrosos e belos, lembrando os favos de uma colméia de abelhas; as abelhas trabalham sem descanso e assim lutam os maçons.
Os frutos representam os maçons que estão no Oriente Eterno; são pedras totalmente polidas que abrilhantam o Reino Celestial. As câmaras simbolizam a vida externa e a interna, ou seja, a mente humana e o espírito. As cinco células da Câmara Alta representam as fases intelectuais onde se estuda a razão da verdade eterna;, o conhecimento, o impulso para o elevado, para a moral e para a perfeita harmonia.
Representam, ao mesmo-tempo, as cinco raças humanas, perfeitamente unidas, sem preconceitos; também recordam as cinco idades do homem: a embrionária, a infância, a do aprendizado, a construtiva e a madura. As três células da Câmara Baixa correspondem ao aprendizado, ao companheirismo e ao mestrado. As três substâncias do homem: sangue, carne e ossos; ao homem Templo, ao homem Altar e ao homem Alma. As três luzes: Ven.’. e Vvig.’.. O formato externo, representa a Terra, seja pela sua esfera, seja pela sua coloração e conteúdo.
O astronauta soviético Yuri Gagarin, quando pôde contemplar a Terra do Cosmos, exclamou: "Ela é azul!". Hoje passada quase uma geração, o jornalista japonês Akiyama, a bordo da estação orbital russa Mir enviou a seguinte mensagem: "O ar e as águas estão visivelmente sujos. Estou muito ocupado aqui, em cima, para ser filosófico; mas sinto que realmente faço parte da mãe Terra, agora, e acredito que temos que realmente fazer alguma coisa para salvá-la - acrescentou: eu não estou falando dos desertos, mas em outras partes da África e da Ásia não há muitas árvores". Que expressiva diferença após poucos anos! A Terra para Gagarin era azul; para Toyohiro Akiyama, a Terra perdeu a suavidade colorida!
A Romã expressa, na sua coloração, a realidade. A coroa de triângulos ou coroa da virtude, do sacrifício, da ciência, da fraternidade, do amor ao próximo, está colocada numa extremidade da esfera. Simboliza o coroamento da obra da Arte Real. A flor rubra representa a chama do entusiasmo que conduz o Neófito ao seu destino, iluminando a sua jornada. As cores da Romã simbolizam: o verde, o reino vegetal; a amarela, o reino mineral; e a vermelha, o reino animal. As membranas brancas, que não constituem cor, mas a mistura de todas as cores como as obtidas quando o raio transpassa o cristal formando o arco-íris, simboliza a paz e o amor fraterno.
Podemos acrescentar que o simbolismo da romã se equivale, na Arte Real, ao simbolismo da Cadeia de União, da Orla Dentada, da Corda de 81 Nós, e ao do Feixe de Esopo.

Em suma, a romã simboliza a própria Loja e a sua a Egrégora.

                             IRMÃO ANTÓNIO ROCHA FADISTA

M.'.I.'., Loja Cayrú 762 GOERJ / GOB – Brasil

 

 


quarta-feira, 10 de junho de 2015

OS ESSÊNIOS

 
NOSSOS IRMÃOS, OS ESSÊNIOS - A COMUNIDADE ESSÊNIA
Há utopias sonhadas e utopias tentadas. Umas assumem feições políticas, outras se mantém no terreno da religião. Algumas são apenas sonhos de filósofos, que jamais saem do papel. Nesse rol alinhamos as Utopias renascentistas de Thomas Morus e Cidade Mágica do Sol, de Tommaso Campannela.  
A Maçonaria é uma utopia filosófica e seus cultores, não raras vezes, tem influenciado na vida prática dos povos. Seu envolvimento com a política é muito mais estreito do que com a religião, embora muitas vezes seja confundida com uma, justamente pelo fato de incorporar em seus catecismos diversos motivos temáticos e litúrgicos inspirados por seitas religiosas, algumas inclusive, anteriores ao Cristianismo.
Uma das seitas que muito influenciaram a Maçonaria, em sua face espiritualista, foi a seita dos essênios, cuja organização, estrutura, doutrina e prática de vida a coloca na categoria de uma utopia politico/religiosa.
Os essênios constituíam uma comunidade místico-religiosa formada por iniciados nos mistérios da religião hebraica. Seus membros acreditavam ser detentores do verdadeiro conhecimento sagrado, aquela sabedoria que Deus comunicara aos primeiros homens e que desaparecera da terra após o dilúvio. Muitos escritores de orientação espiritualista os fazem herdeiros dos atlantes, atribuindo-lhes diversos conhecimentos iniciáticos, que a eles teriam sido repassados por mestres egípcios.
Duas das tradições legadas pelos essênios á História do pensamento místico, tradições estas que são aproveitadas no simbolismo maçônico de vários graus superiores, são a idéia do Homem Universal e o mistério ligado ao verdadeiro significado do Nome de Deus. Tanto a mística do Filho de Deus que se faz Filho do Homem para redimir a humanidade pecadora, quanto o poder que se encerra no Inefável Nome de Deus foram tradições desenvolvidas pela doutrina essênia e repassadas á tradição da Cabala. Pela Cabala elas entraram na Maçonaria e tornaram-se simbolismos utilizados para veicular ensinamentos morais no catecismo das Lojas de Perfeição e Capitulares, e nos graus filosóficos das Lojas do Kadosh.[1]
 QUEM ERAM OS ESSÊNIOS
Entre os judeus, os essênios podem ser considerados uma espécie de sociedade secreta, de caráter religioso, cujos membros discordavam da orientação imprimida á sua religião. Formando uma verdadeira Fraternidade, eles se afastaram do convívio social e desenvolveram uma espécie muito particular de comunidade, que na verdade, tinha um objetivo bem definido: preparar uma nova sociedade de eleitos de Deus, que seria a herdeira da Nova Aliança, quando o Messias viesse ao mundo.
Nesse sentido, eles desenvolveram um complexo sistema religioso de cerimônias de iniciação, semelhante ao das seitas iniciáticas do antigo Egito e da Grécia Clássica. Exigiam juramentos solenes de obrigações fraternas e um estrito silêncio sobre suas práticas, crenças e tradições, ao mesmo tempo que inculcavam na cabeça de seus adeptos uma filosofia de vida que muito se aproximava das seitas ascéticas da época, particularmente os cristãos.
As pesquisas mais recentes sobre os documentos essênios encontrados em Qumrân, localidade próxima ao Mar Morto, em 1948, revelaram que suas doutrinas tinham uma grande semelhança com aquelas pregadas por Jesus, o que levou muito autores a considerá-los como inspiradores dos cristãos.
A idéia que se fazia dos essênios, a partir de informações extraídas de escritores antigos, como Philo de Alexandria, por exemplo, que já no século I da era cristã confessava a influência que deles teria recebido, era a de que eles constituíam uma comunidade de magos, grandes conhecedores de segredos da natureza, detentores de uma sabedoria muitas vezes milenária, oriunda, talvez, de uma civilização desaparecida.
Por força de tais informações, os essênios sempre foram envolvidos por uma aura de misticismo e mistério. Porém, com as descoberta dos pergaminhos do Mar Morto, uma nova luz foi lançada sobre essa interessante comunidade, que sobreviveu por mais de dois séculos em condições políticas muito adversas, graças á prática de um tipo muito peculiar de Irmandade.
SÍNTESE HISTÓRICA
A comunidade essênia foi fundada por um personagem misterioso, referido na sua literatura ora como Mestre Perfeito, ora como Mestre Verdadeiro. Não se sabe quem foi realmente esse personagem singular, mas acredita-se que tenha sido um sacerdote levita, que revoltado com a corrupção do clero israelita da época, (início do século II a. C.), retirou-se para a clandestinidade, arrastando com ele um vasto contingente de seguidores, insatisfeitos com os rumos que a religião vinha tomando em Israel.
Uma ligeira síntese histórica ajuda a fazer uma idéia daqueles tempos. No século II a C., Israel fazia parte do chamado mundo helênico, pois desde o século IV a C. a Palestina tinha sido incorporada ao império persa, o qual por sua vez, fora conquistado por Alexandre Magno entre 326 e 323 a C.
Após a morte de Alexandre, seu império foi dividido entre seus generais. A parte correspondente á Síria e Palestina ficou com Antioco, que estabeleceu a sede de seu governo na Síria. Por volta do início do século II a C. reinava na Síria um de seus descendentes, chamado Antioco Epifanes.
O historiador Flávio Josefo nos dá uma idéia do ambiente que reinava em Israel naquela época. Naquele tempo Israel era governado por uma casta sacerdotal, que além de orientar os rumos da sua política, também era responsável pela manutenção da pureza da religião de Israel. Mas essa casta só se preocupava em manter seus privilégios, submetendo-se ás pressões e influências estrangeiras, permitindo a opressão politica e econômica do povo e tolerando que sua religião fosse contaminada pela idolatria dos cultos gregos e egípcios, que os exércitos de Alexandre haviam espalhado por todo o Oriente.[2]
Os israelitas sempre foram muito ciosos a respeito de sua religião. Muitos preferiam morrer a adorar ídolos estrangeiros ou violar os preceitos da Torá. Essa situação, que existiu durante toda a época da dominação helênica, e se prolongou durante a ocupação romana, não raramente ensejava motivos para a eclosão de sangrentas revoltas.
Durante a época de Jesus, essa situação não se modificara, como se pode perceber no seu magistério. Jesus fazia ferrenha oposição á classe sacerdotal da sua época, conforme se lê nos Evangelhos. Essa classe, composta pelos escribas, fariseus e saduceus, interpretava a lei em seu próprio beneficio e lançava sobre os ombros do povo cargas insuportáveis, “que nem com um dedo queriam levantar”, como ele dizia.
Na verdade, os escribas e fariseus que “se sentavam” na cadeira de Moisés e lançavam “cargas insuportáveis” sobre os ombros do povo, faziam parte de uma classe que, desde a conquista helênica, preferira se aliar aos dominadores ao invés de defender suas próprias crenças e tradições. Com isso não concordavam os “puristas”, os ortodoxos, os cultores da idéia de uma religião isenta de qualquer influência pagã. Esses“puristas” julgavam ser o culto á deuses estrangeiros, a maior das ofensas que se podia fazer a Jeová. Entre esses grupos de puristas, estavam os zelotes e os essênios.
O MESTRE VERDADEIRO
Um desses homens “puros” foi, sem dúvida, o chamado Mestre Verdadeiro, que fundou a comunidade essênia. No inicio do século II a C., o sacerdócio era exercido pela família de Matatias, um rabino da tribo de Levi, famoso por suas posições de defesa intransigente da lei mosaica. O rei sírio Antioco Epifanes, desejando quebrar a resistência israelita, quis implantar em Israel o culto a Zeus Olímpico. Com essa intenção, invadiu o santuário do Templo de Salomão em Jerusalém, colocando no altar do Santo dos Santos uma estátua daquele deus. Os israelitas não suportaram a violação do mais sagrado dos seus locais, e comandados por Judas, o filho mais velho do sacerdote Matatias, iniciaram a rebelião que ficou conhecida como a Revolta dos Macabeus.[3]
Foi durante a Revolta dos Macabeus que um grupo de israelitas ortodoxos fugiu de Israel e se instalou na chamada “Terra de Damasco”. Liderados pelo chamado Mestre Verdadeiro (talvez o próprio Matatias, ou ainda um dos filhos), sua intenção era praticar a verdadeira religião de Israel, na sua pureza primitiva.[4]
O Mestre Verdadeiro, além de líder de invulgar talento, revelou-se profeta, legislador e poeta de excelente qualidade, a se julgar pelos hinos que compôs.
Durante todo o período de dominação helênica, o núcleo de reação judaica se concentrou em dois grupos: Os essênios e os zelotes. Quanto aos zelotes, o interesse para este estudo é secundário, tendo em vista que eles permaneceram principalmente no terreno militar. Foram eles, inclusive, que forneceram os combatentes que, nos anos 67-70 d.C., sustentaram uma guerra sem quartel contra as tropas romanas.
Já os essênios, conforme se percebe na literatura recuperada através dos pergaminhos do Mar Morto, pregavam uma resistência ora política, ora espiritual. Essa resistência estava sempre conexa com a idéia de um herói, um Messias, que libertaria Israel do domínio estrangeiro e renovaria a Aliança daquele povo com Deus.
Chamando-se a si mesmos de “convertidos, penitentes, pobres, justos, santos, eleitos, etc”,os essênios diziam que o seu grupo era a verdadeira Israel, aquela nação cujo modelo Deus teria transmitido a Abraão como grupo e realizado através de Moisés como nação. Acreditavam que por ocasião da fuga dos israelitas do Egito, Deus teria transmitido a Moisés a verdadeira sabedoria, a qual ele teria depositado na Arca da Aliança, segredos esse que Moisés não revelou no Pentateuco, mas transmitiu oralmente aos sacerdotes mais antigos da tribo de Levi.[5] Esse era um dos segredos que os essênios julgavam-se depositários, e por conta dessa sabedoria eram capazes de realizar muitos prodígios, inclusive curas milagrosas e intervenções nos poderes da natureza.[6]
Acreditando que a maioria dos ensinamentos bíblicos havia sido escrito em código, eles desenvolveram uma interessante forma de interpretação do Livro Sagrado, que certamente deve ter servido de inspiração para os rabinos que desenvolveram a grande tradição da Cabala.
 A ORGANIZAÇÃO DOS ESSÊNIOS
Os essênios fundaram uma verdadeira Fraternidade, com características de sociedade secreta. Para se tornar membro dela era preciso que o neófito fosse portador de três atributos básicos: ser israelita, inteligente e disciplinado. Exigia-se do candidato um juramento para com a Irmandade e para consigo mesmo, no qual ele se comprometia a submeter-se á disciplina da Ordem e a perseguir os objetivos pelos quais se tornara membro dela.[7] Em principio, o iniciado deveria viver na comunidade durante um ano antes de tornar-se membro efetivo. Após esse período, ele se tornava um “numeroso ou sectário pleno”, ocasião em que deveria juntar seus bens aos da comunidade.[8]
O objetivo da comunidade era não só preservar a pureza dos fundamentos da religião israelita, mas principalmente preparar um Messias, um líder que fosse capaz de libertar o povo de Israel da influência estrangeira e reconstituir depois, o reino de Deus sobre a terra. Toda sua organização e o conjunto da sua doutrina eram dirigidos para esse objetivo.
Não só o Messias deveria ser preparado, porém. Quando o seu reino fosse instalado, ele iria necessitar de “quadros” para governar. Assim, toda a rígida disciplina da Fraternidade era orientada também para a produção de “juízes, guerreiros e administradores”, enfim, todo o “staff” necessário para a administração da nova sociedade que seria fundada com a sua vinda.
Na infância, e até os 20 anos, o iniciado era instruído no Livro da Meditação e nos Preceitos da Aliança; a partir dos 20 anos, passava a viver na Comunidade dos Irmãos e podia casar-se. A partir dos 25 anos poderia ocupar cargo na Congregação; com 30, ser juiz e liderar grupos. Todo esse processo era realizado mediante uma análise de mérito, onde se avaliava a “inteligência e perfeição de conduta” do iniciado, pois como previam as Regras da Irmandade, todos os homens estavam sendo treinados para formar a elite que governaria o reino que seria instalado pelo Messias.
Em função desse objetivo, os essênios desenvolveram uma organização eclesiástica, uma organização militar e uma organização judiciária. Os juízes seriam em número de dez, eleitos periodicamente entre os Irmãos com idade entre 25 e 60 anos; após os 60 deixariam a função; um sacerdote com idade mínima de 30 anos e máxima de 60, “detentor de todos os segredos dos homens e conhecedor de todas as línguas faladas na terra”, seria o juiz supremo da congregação judiciária.
Quanto á ordem militar, entre 25 e 30 anos, o irmão poderia ocupar funções de intendente; entre 30 e 45 podia-se ser cavaleiro, entre 45 e 50 oficial de campo, e entre 50 e 60, comandante de campo. Havia também um Conselho Superior da Comunidade, do qual participavam “os homens de renome”. Esses homens eram escolhidos por suas virtudes, seu desempenho nas funções administrativas ou militares, ou dotes sacerdotais.
Esse Conselho constituia uma espécie de Parlamento, que por sua vez era controlado por um Colégio composto de doze irmãos e três sacerdotes, “perfeitos em tudo o que é revelado em toda a lei, para praticar a justiça, a verdade, o direito, a caridade afetuosa e a modéstia de conduta, uns em relação aos outros, guardar a fé sobre a terra, com uma disposição firme e um espírito constrito, para expiar a iniquidade entre aqueles que praticam o direito e sofrem a angustia da provação e para se conduzir com todos na medida da verdade e da norma no tempo”[9]
A DOUTRINA DOS ESSÊNIOS
Os essênios eram ascetas que desprezavam os prazeres dos sentidos e a acumulação de bens. O tesouro comum só devia ser utilizado para prover as necessidades mais estritas. Um essênio, ao entrar para a comunidade, devia votar “ódio eterno aos homens da fossa por seu espírito de entesouramento. Ele deixará para a Irmandade seus bens e a renda do trabalho de suas mãos, tal como um escravo em relação ao seu amo, e tal como um pobre diante do que lhe tem domínio. Mas ele será um homem pleno de zelo para com o preceito e cujo tempo é destinado ao dia da vingança”.[10]
Dessa forma, todo membro, ao ingressar na Ordem, tinha que entregar a ela todos seus bens. Esse regime de comunhão foi observado também pelos primeiros cristãos, como se observa nos Atos dos Apóstolos, e o desprezo pelos bens materiais constituía um dos pontos mais altos da doutrina ensinada por Jesus. [11]
Acima de tudo, porém, os membros da seita deviam observar e estudar a lei mosaica. A lei devia ser cultuada, pois a comunidade era, mais que tudo, “a casa da lei”.Isso explica também o fato de Jesus, não obstante ser considerado pelos judeus como um reformador da lei mosaica, sempre concitou seus discípulos a segui-la. E no conceito de observação á lei, estava o respeito aos rituais e celebrações estabelecidas pela religião, bem como os cuidados com a higiene corporal.
Para os essênios, a Gnose divina que Jeová revelara á Moisés não fora exposta nos cinco livros do Pentateuco. Era uma sabedoria secreta que consistia no conhecimento do Nome Verdadeiro de Deus, na prática do direito justo, e no aprendizado dos comportamentos necessários para se atingir a perfeição.
Os essênios acreditavam que no homem coexistiam dois espíritos. Um presidia o bem o outro presidia o mal. O presidente do bem era o Príncipe da Luz e o do mal o Príncipe das Trevas, chamado Belial ou Satã. Nesse sentido, o mundo seria um campo de batalha dividido entre esses dois princípios.[12]
Para eles, o mal não podia ser vencido simplesmente pela ação humana. Era necessária a intervenção divina, o que ocorreria quando o Messias começasse seu ministério. Escolher entre o bem e o mal não era uma opção humana. Deus elegia seus escolhidos, mas mesmo os escolhidos podiam ser desviados para o mal. Para os não escolhidos não havia possibilidade de opção para o bem. Os escolhidos eram aqueles que Deus reuniu na “Congregação”, ou “Casa da Verdade”. Esses eram os ”Filhos da Luz”. Essa era uma diferença entre os ensinamentos essênios e cristãos, pois Jesus, ao contrário dos essênios, advogava um livre arbítrio para os homens, no sentindo de que estes podiam escolher entre o bem e o mal. Para os essênios essa escolha era feita por Deus.
Por outro lado, todos aqueles que aderiram á cultura estrangeira, desprezando a Aliança, eram “filhos das trevas”.
O COMBATE ENTRE O BEM E O MAL
A idéia de um combate entre trevas e luz, na verdade, não é originária dos essênios. Foi tomada de empréstimo aos antigos egípcios, que já viam no psicodrama de Osíris e Seth uma luta entre esses dois princípios. Mais tarde os persas desenvolveram essa mesma idéia, identificando o Deus Marduc como o deus da luz e Arimã como deus das trevas.
Entre os povos antigos sempre se acreditou que tudo que existe no universo é produto da reação interativa entre dois princípios contrários, que podem ser o espírito e a matéria, o bem e o mal, a verdade e a mentira, a luz e as trevas, etc. Na história da humanidade, uns assumem o papel de um deus do bem outros do deus do mal. Segundo essa concepção, tudo, na sociedade humana, é produzido pela reação á ação que um dos lados provoca no outro. Essa idéia, bastante antiga também aparece em tempos modernos, fundamentando o materialismo dialético desenvolvido por Karl Marx, que faz na luta entre o capital e o trabalho o motor da História. [13]
No caso dos essênios, eles assumiram o papel dos filhos da luz e retiraram-se para as terras de Damasco para não serem corrompidos pelos filhos das trevas, e ali, separados do mal, preparar uma reação contra a ação deles. Os filhos da luz, quando ocorresse o triunfo, seriam vingados de todos os males que os filhos das trevas lhes havia infringido. E mesmos aqueles que estivessem mortos ressuscitariam para participar do conflito final entre os defensores dos dois princípios, ocasião em que o mal, por fim, seria vencido.[14]
O MESSIANISMO
Uma das mais interessantes concepções essênias foi a alegoria do Homem do Céu e o Homem da Terra. Delas derivou-se outra figura que ficou conectada á pessoa de Jesus Cristo, com o enigmático título de Filho do Homem.
A figura do Homem do Céu, como bem lembra Schonfield, é de inspiração persa. Ele representa a figura do deus Mitra, que por sua vez é uma projeção de Aura-Mazda, o Deus reconhecido como sendo o principio da luz. Esse deus, segundo as tradições persas, assume forma humana e habita entre os homens. É interessante verificar que os persas tinham em Mitra uma espécie de mediador, ou salvador da humanidade, papel esse que Jesus viria a assumir entre os cristãos.
O Mitraísmo, tal como as religiões do Egito, Pérsia e Mesopotânea, era uma religião solar. O sol era sempre representado como aquele que permite a vida na terra. Mitra era o representante solar, cujo nascimento se comemorava no dia 25 de dezembro. Nesse dia se pagava tributo ao sol, pelo sacrifício de um cordeiro, cujo sangue redimia aqueles que nele se lavavam.
As analogias existentes entre o Mitraísmo e o Cristianismo são notórias. Os próprios líderes da Igreja cristã ficaram estarrecidos com tais semelhanças, pois eles achavam que sua crença era original e os mistraístas as copiavam, por inspiração do demônio. Tanto que proibiram qualquer referência ao Mitraísmo nos trabalhos desenvolvidos pelos escritores cristãos. São Justino, no século II, acusa os praticantes dos mistérios de Mitra de “imitar propositadamente os ritos cristãos’ por inspiração do demônio, e Tertúlio, o patriarca da Igreja, na mesma época, denuncia os praticantes desse culto, dizendo que “o demônio, através do mistério de seus ídolos, imita até a parte principal dos mistérios divinos. Mitra marca com seu sinal a fronte de seus soldados; ele celebra a oblação do pão; oferece uma imagem da ressurreição, apresentando ao mesmo tempo a coroa e a espada (...)”[15]
 O MESSIAS, UM DEUS SOLAR
A religião solar dos persas exerceu profunda influência no espírito místico dos essênios. Na tradição judaica, o mundo também havia sido criado a partir do surgimento da luz.[16] O sol era o símbolo da vida, o evento a partir do qual Deus criara os seres viventes. Flávio Josefo diz que os essênios “não faziam nada, nem pronunciavam qualquer palavra antes do nascimento do sol. A ele ofereciam determinadas orações, que somente os iniciados sabiam, e que se presumiam ser muito antigas. Essas orações imploravam pelo nascimento do sol”.[17]
Daí o desenvolvimento da idéia, presente em alguns escritos essênios, de que o Messias era um “ Ser de Luz”, vindo do sol para libertar o mundo do mal, representado pelas trevas. Esse “libertador” era o Homem do céu, identificado mais tarde como o Adão-Luz dos gnósticos mandeanos e o Metátron das lendas rabínicas.[18]
De acordo com essênios, o mal só poderia ser vencido pela intervenção divina, através de um enviado de Deus á terra. [19] Esse mensageiro era o Messias. Entre os judeus sempre houve polêmica sobre o que seria esse personagem. Para alguns, ele seria um sacerdote que estabeleceria dogmas definitivos a respeito da religião. Para outros, ele seria um rei que libertaria o povo de Israel de todas as opressões, estabelecendo um reino eterno de liberdade , harmonia e ordem.
Na visão dos essênios esse personagem se dividia em três atributos, e não se chegou a um consenso entre os historiadores, se eles pensavam em três personagens diferentes ou apenas um, que integrasse todas essas facetas. O“Escrito de Damasco” fala de um Messias Rei, (Messias leigo), um Messias Profeta e um Messias Sacerdote. Para os fariseus, seita a qual pertencia a maioria das autoridades israelenses, o Messias seria um rei que viria precedido por um Messias Sacerdote.
JESUS E JOÃO BATISTA
Para os essênios, entretanto, apenas o Messias Sacerdote seria o verdadeiro enviado de Deus, pois assim lhes teria ensinado o profeta Malaquias. A fórmula repetia a história de Moisés, que teria sido o sacerdote, e Josué, que teria sido o guerreiro. Mais tarde essa fórmula foi apropriada pelos doutrinadores cristãos que viram em Jesus o Messias que continha em si ambos os atributos, de guerreiro e sacerdote, enquanto João Batista seria o profeta.
Não é sem razão, portanto, que muitos historiadores, e uma expressiva maioria de escritores de orientação espiritualista acreditam que tanto Jesus Cristo quanto João Batista eram essênios. A própria crônica da vida de ambos parece confirmar essa tese. João Batista era um asceta que vivia rigorosamente de acordo com as regras daquela Irmandade; sua pregação ocorreu na mesma região geográfica em que a comunidade de Qumrâm se desenvolveu e suas visões se assemelham sobremaneira ás visões essênias.
Quanto a Jesus, é certo que pregava uma doutrina que muito se aproximava daquela veiculada por eles. Acresça-se a isso a fama de “milagreiro” que sempre acompanhou a sua saga. Essa fama também era associada aos essênios, cujos conhecimentos de medicina eram considerados fantásticos.
Há muitas outras aproximações que podem ser feitas acerca do fenômeno Jesus e a seita dos essênios. Laperrousaz cita, entre outras, o fato de Jesus ser levado pelo demônio a um deserto para ali ser tentado. Esse deserto tem sido identificado como a solidão que os essênios impuseram a si mesmo. Da mesma forma, o deserto onde Jesus teria sido levado é situado no local onde os Pergaminhos do Mar Morto foram encontrados. [20]
Também o fato de Jesus ter recrutado seus primeiros discípulos na região próxima a Qumrâm provoca muita especulação. Jean Daniélou, citado por Laperrousaz, releva ainda o fato de Jesus celebrar a ceia na véspera da Páscoa, o que mostra que ele seguia o calendário essênio e não o calendário judeu tradicional.[21]
Para muitos autores, os Pergaminhos do Mar Morto demonstram, de maneira insofismável, que os fundadores do Cristianismo eram, de fato, oriundos da seita dos essênios. Isso explicaria a presença de algumas lacunas do Novo Testamento, bem como certas questões enigmáticas a respeito da vida, da doutrina e do magistério de Jesus, que nunca foram explicadas a contento pelos exegetas dos evangelhos canônicos.
Explicaria também a origem do gnosticismo, doutrinas que impregnaram de tal forma o primitivo cristianismo, levando a Igreja de Roma a promover uma verdadeira cruzada contra esses chamados “heréticos” da nova religião.
“Levando-nos a conhecer o meio imediato em que surgiu o Cristianismo”, escreve Danielou, “as descobertas de Qumrâm resolvem um número considerável de problemas que a exegese não chegava a solucionar: a origem de João Batista, a data da Páscoa, a origem da hierarquia, o vocabulário de João, a origem do gnosticismo. É provável que a utilização do conjunto de documentos, as comparações que geram, aumentem ainda de forma expressiva o número dos enigmas resolvidos. Por conseguinte, pode-se dizer que essa descoberta é a mais sensacional já feita”.[22]
A INFLUÊNCIA DOS ESSÊNIOS
Diversos centros comunitários dos essênios se desenvolveram a partir do século II a.C. Algumas tradições se referem á aldeia de Nazaré, onde Jesus foi criado, como sendo um centro dessa comunidade. Sabe-se que entre eles desenvolveu-se também a prática mística, bastante antiga, aliás, de usar roupas brancas e não cortar os cabelos. Acreditava-se, com base em antigas tradições, que nos cabelos estava a essência do elo que liga Deus aos homens. Esses homens consagrados a Deus eram chamados de “nazarenos”. Sansão é descrito na Bíblia como sendo um desses homens, e Jesus teria sido criado numa aldeia de “nazarenos”.
Os essênios eram também conhecidos pelos seus conhecimentos de medicina. No Egito, a sua comunidade era conhecida como “Os Terapeutas”. Acreditava-se que possuíam conhecimentos que se assemelhavam a poderes mágicos. Tais conhecimentos provinham de fontes muito antigas, provenientes talvez, de uma civilização extinta. Eram também mestres na escrita criptográfica e no uso do simbolismo para transmitir seus conhecimentos. O uso de pseudônimos aparece frequentemente em sua literatura. Títulos como “Mestre Verdadeiro”, “Mestre da Justiça”,“Sacerdote da Iniquidade”, “Leão da Ira”, “Tempo da Promessa”, etc, eram expressões por ele desenvolvidas para mascarar pessoas e fatos, evitando assim a repressão das autoridades seculares. Escreviam palavras invertendo a ordem das letras, misturavam alfabetos de diferentes línguas, inventavam eles mesmos alfabetos.
OS ESSÊNIOS E A MAÇONARIA
Não somente os primeiros cristãos devem grande de sua doutrina aos essênios. Também muitas das seitas gnósticas se inspiraram em sua doutrina, as quais, em maior ou menor parcela, tiveram influência no desenvolvimento das tradições maçônicas, principalmente nos chamados graus Rosa-Cruzes, onde se desenvolveu a lenda de Ormus.[23]
É fácil perceber a relação que a doutrina professada por aqueles místicos judeus tem com a Maçonaria, em sua face espiritualista. Os Obreiros da Arte Real também acreditam na construção de uma sociedade justa e perfeita, fundamentada no mérito e no trabalho árduo, aliado á disciplina e no respeito ás tradições. Essa sociedade um dia já existiu e pode ser recuperada. Os essênios acreditavam nisso, e por isso julgavam-se guardiões dessa sabedoria perdida, que só poderia ser repassada aos seus iniciados.
A analogia é evidente. A própria organização do currículo maçônico guarda certa identificação com o sistema adotado por aqueles ascetas. Através de um sistema de ensinamentos morais o catecismo maçônico forma, simbolicamente, uma plêiade de guerreiros, juízes, sacerdotes e outros próceres, destinados á edificar, defender e conservar o que de melhor existe na cultura da humanidade.[24]
Os essênios acreditavam que eram detentores de segredos iniciáticos de grande relevância, tal como os maçons. Não é que a Maçonaria, enquanto sociedade formalmente instituída, seja guardiã de segredos dessa ordem. Aliás, nem acreditamos que tais segredos existam no repertório da cultura humana existente, seja do presente, seja do passado. O que há são leis naturais que a razão humana ainda não logrou entender e por isso as cataloga no conceito de sobrenatural. Entender o processo pelo qual essas leis são formadas e como atuam, constitui a verdadeira sabedoria.
Na verdade, no cerne dessa ideia está um processo pedagógico de ensinamento. É que a fórmula pela qual esse conhecimento de nível superior, que permite ao homem entender o processo pelo qual a natureza trabalha e as sociedades são construídas e mantidas, só pode ser deduzida através de um método que seja capaz de integrar uma iniciação, uma ritualística e uma prática de vida. Essa foi a formidável intuição dos essênios e a sua grande realização. Eles eram os guardiões da tradição hebraica, na sua forma mais pura. Não é suficiente pensar uma filosofia. É preciso vivê-la para que ela não se torne apenas uma distração mental. As mesmas verdades que eles intuíram já haviam passado antes pela sensibilidade dos sacerdotes de Heliópolis, que a desenvolveram no conceito, ao mesmo tempo religioso e sociológico da Maat, e pelos iniciados nos mistérios antigos, persas e greco-romanos, que os utilizavam como forma de educação superior de suas elites.
ALEGORIAS MAÇÔNICAS INSPIRADAS PELOS ESSÊNIOS
É originária dos essênios, como já nos referimos, a idéia de que é preciso a formação de um Homem Universal, reflexo terrestre do Homem do Céu, perfeito em conhecimento e obras, pleno de virtude e em harmonia com Deus, pois que ele é o herdeiro da Nova Aliança. Não é por acaso, portanto, que nos graus superiores da Maçonaria, correspondentes ás Lojas de Perfeição e Lojas Capitulares, se insistirá tanto na alegoria da Arca da Aliança, na prática da verdadeira justiça, no exercício das virtudes que fazem um homem justo e perfeito em todos os sentidos.
Outra tradição cultivada na Maçonaria, que tem nos essênios a sua fonte, é aquela que se relaciona com a Procura da Palavra Perdida. Essa Palavra Perdida não é outra coisa senão o Verdadeiro Nome de Deus e o seu significado sagrado, que os essênios reverenciavam como sendo o “ Segredo dos Segredos”. [25]
O reencontro com essa sabedoria perdida teria o condão de conferir ao seu possuidor a totalidade do conhecimento do universo e faria dele um ser superior. Essa crença animou a especulação dos cabalistas durante séculos e os maçons a adotaram como alegoria para simbolizar a aquisição da Gnose, que é a meta última e definitiva dos praticantes da verdadeira Arte Real. Por isso é que a influência desses antigos irmãos, “Filhos da Luz”, não pode ser desprezada em qualquer estudo que se faça sobre a cultura maçônica.
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NOTAS
[1] Capítulos(Lojas de Aperfeiçoamento) e Kadosh (Lojas de Ensino Sagrado), são títulos designativos das reuniões maçônicas dos graus mais avançados, dos graus 14 ao 33 do Rito Escocês.
[2] Flávio Josefo- Antiguidades dos Judeus- Livro II, Kleger Publications- Londres, 1976
[3] Cf. Primeiro Livro dos Macabeus,A tribo de Levi, desde os tempos do patriarca Jacó, havia sido estabelecida como guardiã das tradições religiosas do povo de Israel.
[4] A “Terra de Damasco” é o local conhecido como Qmran, próximo ao Mar Morto, onde existem muitas cavernas, as quais os essênios transformaram em moradias.
[5] Conforme se lê em Êxodo, 10:26, Deus manda Moisés colocar na Arca “o testemunho que Eu lhe der.”
[6] Como os milagres realizados por Jesus, relatados nos Evangelhos. Essa seria uma prova de que Jesus, se não era egresso da colônia essênia, pelos menos era partidário de sua doutrina e conhecia os seus segredos.
[7] Tradição também adotada na Maçonaria.
[8] Costume adotado pelos primeiros cristãos e pelas Ordens iniciáticas medievais, especialmente os Templários.
[9] Regras XXII- E.M. Laperoussaz- Os Pergaminhos do Mar Morto
[10] Idem, Regra XXIV- Foi observado também nas Regras redigidas por São Bernardo de Clairvaux para a constituição dos Cavaleiros Templários.
[11] Flávio Josefo, escrevendo acerca dos essênios, diz que eles desprezavam as riquezas, e que a comunidade de bens que observavam era realmente admirável.”Os essênios”,. diz aquele autor, “ mantem entre eles uma lei, segundo a qual, todos os novos membros admitidos á seita fazem, por si mesmos, confisco de seus haveres em favor da Ordem; resultando daí, que em parte alguma se verá ali, seja a miséria abjeta, seja a desordenada abastança. As posses do individuo se juntam ao existente cabedal comum e eles todos , como verdadeiros irmãos, se beneficiam, por igual, do patrimônio coletivo.”
[12] Ideias que também foram esposadas pelos maniqueístas e pelos cátaros.
[13] Karl Marx acreditava que era a forma pela qual os homens ganhavam a vida que determinava o seu modo de pensar. Assim, as transformações na ordem material determinavam as transformações de ordem ideológica. Como as transformações materiais dependiam da forma como as sociedades se organizavam para produzir, a cultura da humanidade dependia das técnicas de produção. Essa é a razão de a Maçonaria, no ritual de um de seus graus filosóficos, evocar as teses marxistas, como objeto de estudo.
[14] Essa crença foi magistralmente desenvolvida pelo autor do Apocalipse. Nesse estranho e enigmático livro, escrito á maneira essênia, o autor desenvolve a alegoria da luta entre os filhos da luz contra os filhos das trevas, identificando os primeiros com os cristãos fiéis e os segundos com seus perseguidores. Veja-se que a Maçonaria do Rito Escocês muito se vale do simbolismo do Apocalipse para desenvolver alguns dos seus mais importantes graus filosóficos. A tradição maçônica muito se utiliza do simbolismo contido na luta entre a luz e trevas. O próprio maçom muitas vezes, é chamado de" filho da luz".
[15] Hugh Schonfield- A Odisséia dos Essênios, pg. 178
[16]“Disse Deus: faça-se a luz; e fez-se a luz. E viu Deus que a luz era boa; e dividiu a luz das trevas. E chamou á luz dia, e as trevas noite; e da tarde e da manhã, fez-se o dia primeiro.” Gênesis, 1:3
[17] Flávio Josefo- Antiguidades dos Judeus, pg 243
[18] Um dos mais importantes graus da Maçonaria do Rito Escocês (o 28º) é dedicado ao Mitraísmo. Esse é mais um vínculo entre as tradições maçônicas e os essênios, que conservaram e desenvolveram essas tradições, por si sós, denotativas de um profundo conteúdo espiritualista
[19] A tradição messiânica em Israel, no entanto, é fundamentalmente, uma idéia dos fariseus. É bom não esquecer que os fariseus formavam uma casta sacerdotal, puritana e fundamentalista, que chamavam a si mesmos de perushins, que quer dizer “distinguido”. Formavam uma espécie de Confraria religiosa, semelhante a uma sociedade de pessoas selecionadas entre a elite judaica, que socorriam uns aos outros, praticando ainda a filantropia, promovendo a educação religiosa do povo e exercendo o poder político através do Sinédrio, uma espécie de Senado, cujos membros eram eleito entre eles e os Saduceus, outra Confraria semelhante á dos fariseus. Os fariseus assemelhavam-se, em muito á moderna Maçonaria. E da mesma forma, sendo uma sociedade de homens, não conseguiu evitar que a corrupção se instalasse em seu meio, como se nota nos Evangelhos cristãos.
[20]Regras XXII- E.M. Laperoussaz- Os Pergaminhos do Mar Morto.
[21] Idem, pg. 56
[22] E.M. Laperrousaz- Os Manuscritos do Mar Morto, pg. 176 a 180
[23] Referência aos graus filosóficos, ligados principalmente á tradição templária.
[24] Daí os títulos adotados nos altos graus da Maçonaria, tais como Cavaleiro do Sol, Grande Comendador do Templo, Grande Inspetor Inquisidor, Sublime Príncipe do Real Segredo, etc.
[25) Note-se que Jesus jamais pronunciou o nome de Deus, e proibiu, inclusive, seus discípulos, de fazê-lo. Designava-o sempre por “Pai”. Entre os essênios, o Inefável Nome de Deus era uma tradição do mais alto valor iniciático.
Por Irmão João Anatalino
FONTE: RECANTO DAS LETRAS – Com Link em: http://omalhete.blogspot.com.br/2015/06/nossos-irmaos-os-essenios.html -  acesso: 101315JUN15.

 

terça-feira, 2 de junho de 2015

A Estrela de Cinco Pontas


Através dos séculos houve sempre a preferência por uma estrela de cinco pontas como figura dos astros de aparência menor do que a do sol e da lua. O planeta Vênus tem sido representado assim e é considerada uma estrela matinal e vespertina, ensejou lendas sem conta. Por outro lado, A Estrela de Cinco Pontas sempre foi, desde tempos remotos e até hoje, o distintivo de comandantes militares, e de generais.
Como Símbolo Maçônico, A Estrela Flamejante de origem Pitagórica, pelo menos quanto ao seu formato e significado, este muito mais antigo do que aqueles que lhe deram alquimia, a magia e o ocultismo, durante a idade média. O seu sentido mágico alquímico e cabalístico e o seu aspecto flamejante foram imaginados ou copiados por Cornélio Agrippa de Nettesheim (1486-1533), jurista, médico e teólogo, professor em diversas cidades européias. A magia, dizia ele, permite a comunicação com o superior para dominar o plano inferior. Para conquistá-la seria necessário morrer para o mundo (iniciação). Símbolo e distintivo dos Pitagóricos, A Estrela de Cinco Pontas ou Estrela Homonial é também denominada com impropriedade etimológica, Pentáculo (cinco cavidades), Penta Grama (cinco letras ou sinais gráficos, cinco princípios) ou Pentalfa. Importa saber que os pitagóricos a usam para representar a sabedoria (sophia) e o conhecimento (gnose) e provavelmente empregavam no interior do pentáculo a letra gama, de gnosis.

A Estrela Flamejante era símbolo desconhecido pelos pedreiros livres medievais. Seu aparecimento na Maçonaria, a partir de 1737, não encontrou guarida em todos os Ritos, pois o certo é que os construtores medievais conheciam a figura estelar apenas como desenho geométrico e não com interpretações ocultas que se introduziram na Maçonaria especulativa. A Estrela Flamejante corresponde ao Pentagramaton ou Tríplice Triângulo cruzado dos pitagóricos. Distingue-se do Delta ou Triângulo do Oriente, embora, entre os antigos egípcios representasse também Horus que em lugar do pai, Osíris passou a governar as estações do ano e o movimento.

O verdadeiro sentido da Estrela Flamejante é Homonial, eis que o símbolo designa o homem espiritual, o indivíduo dotado de alma, ou de fator de movimento e trabalho. Ou seja, o indivíduo como espírito ou fagulha interna que lhe concedeu o G.·.A.·.D.·.U.·. . A ponta superior da Estrela é a cabeça humana, a mente. As demais pontas são os braços e as pe rnas. Na Maçonaria essa idéia serve para lembrar ao Maçom que o homem deve criar e trabalhar, isto é, inventar, planejar, executar e realizar, com sabedoria e conhecimento. Pode ocorrer que o ser humano falhe nos seus desígnios. O Maçom também pode falhar como ser humano, mas seu dever é imitar, dentro de seus ínfimos poderes o G.·. A.·. D.·. U.·., o ser dos seres. Aí está O principal segredo do Grau de C... . Outra interpretação é a que se refere a 3+2=5, soma em que três é a divindade cuja fagulha é encarnada e dois é o material, o ser que se reproduz por dois sexos opostos e não consegue perpetuar-se de outro modo.

As cinco pontas da Estrela ainda lembram os cinco sentidos que estabelecem a comunicação da alma com o mundo material. Tato, audição, visão, olfato e paladar, dos quais para os Maçons três servem a comunicação fraternal, pois é pelo tato que se conhecem os toques Pela audição se percebem as palavras , e pela visão se notam os sinais. Mas não se pode esquecer o paladar, pelo qual se conhecem as bebidas amargas e doces, bem como o sal, o pão e o vinho. Finalmente pelo olfato se percebem as fragrâncias das flores e os aromas do altar de perfumes. A letra "G", interior com o significado de gnose ou conhecimento lembra a quinta essência, quanto ao transcendental. Quanto ao Homonial, lembra ao Maçom o dever de conhecer-se a si mesmo. No Grau de Companheiro recomenda-se ao Maçom o dever de analisar as próprias faculdades e bem empregar os poderes pessoais em benefício da humanidade.

POSIÇÃO DA ESTRELA FLAMEJANTE NO TEMPLO
Os Rituais do mundo e os diversos Ritos Maçônicos não se entendem também quanto à colocação da Estrela Flamejante no alto do recinto do Templo. Uns a colocam no oriente a frente do trono, outros a configuram no interior do D.·., o que parece mais sugestivo, principalmente quando o Obreiro na elevação de Grau é chamado a contemplar o Triângulo Radiante. Outros, entendendo que ela é de brilho intermediário, isto é, de luminosidade simbolicamente situada entre a luz ativa do sol e a luz próxima ou reflexa da lua, mandam situá-la no meio do teto do Templo, dependurada, ou pelo menos no meio-dia, onde à maneira inglesa está o 2º Vigilante. Outros a consideram uma Estrela do Ocidente. Lojas do Rito Moderno as têm colocado no ocidente ao lado do 2° Vig.·. (norte). Entende-se que a melhor forma é se colocar a Estrela Homonial no meio do teto do Templo, ou de maneira que o Iniciado possa contemplar o Símbolo quando é chamado a fazê-lo.

SIGNIFICADOS MAÇÔNICOS DA LETRA G NO INTERIOR DO PENTAGRAMA
Ficou demonstrado que a melhor significação do G central do pentagrama é gnose=conhecimento. O caráter Homonial da Estrela Flamejante é indiscutível, a luz das fontes pitagóricas e das referências gregas e romanas. Ninguém negaria ao Símbolo o seu sentido mágico, eis que Pitágoras se dedicava à magia. No pentagrama a letra G quer dizer principalmente gnose, porém para satisfazer gregos e troianos tem que se acrescentar os significados, GERAÇÃO, GÊNIO, GEOMETRIA e GRAVITAÇÃO, e também GLÓRIA PARA DEUS, GRANDEZA PARA O VENERÁVEL DA LOJA, ou para A LOJA, e tem sido registrado em muitos Rituais Maçônicos na tentativa de se encontrar ligação entre estes hipotéticos significados da letra "G". Diz-se que GERAÇÃO estaria ligada ao princípio (gênesis da Bíblia) ou a Arquem, dos gregos. Gênio seria o correspondente a "DJINN" dos árabes e a "GINES" dos persas, que no ocultismo tange aos chamados "ELEMENTAIS" ou "SEMI-INTELIGENTES ESPÍRITOS DA NATUREZA" e em outras interpretações quer dizer o espírito criador ou inventor, ou a chama realizadora. GEOMETRIA, ciência da medida das extensões, que lembra as regras do grande geômetra para realizar a Arquitetura do Universo. Na sabedoria ela provocou os diálogos sobre ORDEM, EQUlLÍBRIO  e HARMONIA. A GRAVITAÇAO lembra Newton e sua lei: A matéria atrai a matéria na razão direta das massas e na razão inversa do quadrado das distâncias. ARQUEU, O PRINCÍPIO, O FOGO REALIZADOR A palavra Arqueu, que deriva do grego que queria dizer, princípio, principal, primeiro, príncipe, reino, domínio.

Para os gregos, a palavra tinha o sentido de poder formador da natureza. Seria a essência vital que exprime as propriedades e as características das coisas. Por comparação, corresponderia ao sopro divino que deu vida a Adão na Bíblia. Ensinam certas instruções maçônicas o motivo simbólico das chamas que envolvem a Estrela Pentacular, relembrando Arqueu, o Fogo Realizador, ou ensinando que a letra G significa o gênio ou a BUSCA SAGRADA que anima o C.·. M.·. . à realização.

Tem-se afirmado que a Estrela Flamejante traduz a luz interna do C.·. M:. ou que representa o próprio homem Maçom dotado da luz divina que lhe foi transmitida. A estrela de cinco pontas é então a força que impulsiona o companheiro em direção das suas metas e da sentido as suas realizações, o numero cinco a qual a estrela faz alusão se funde na alma do companheiro que uma vez elevado a um patamar mais alto pode vislumbrar as luzes desta estrela e pode-se então guiar por esta luz pra que a sua caminhada que já é longe das trevas do mundo profano possa se refinar e dar sentido a sua obra interior, absorvendo a luz desta estrela que representa o corpo humano e utilizando a quintessencia o companheiro desperta para as luzes do saber e da compreensão da humanidade e do sentido oculto do saber e do realizar.

Que o GADU ilumine as nossas mentes para que posemos sempre caminhar longe das trevas e em direção a sua Luz. .

Flávio Dellazzana, C.'. M.'.
A.'.R.'.L.'.S.'. PEDRA CINTILANTE, 60

G.'.O.'.S.'.C.'./C.'.O.'.M.'.A.'.B.'.