QUEM SOMOS

CAVALEIROS - alusão aos Templários, às Cruzadas e à Távola Redonda. HERMON - o termo remete-nos ao Monte Hermon, em cujo topo se forma a neblina que se condensa em forma de garoa, o orvalho consagrado pelo Salmo 133. Essa precipitação "tolda parcialmente o sol escaldante do sul do Líbano, e umedece seu solo, transformando-o numa das regiões mais férteis e amenas do Oriente Médio."

Nós Cavaleiros do Hermon, na constante busca para tornar feliz a humanidade, sob a égide do Grande Arquiteto do Universo, que é Deus, nos reunimos às sextas-feiras a partir das 20h00 , na Avenida Pompéia, 1402 - Templo Ir.'. Willian Bucheb - São Paulo - SP.

domingo, 7 de janeiro de 2018

ANCORA


ANCORA
Símbolo de uma Virtude Teologal


“Que toquem os sinos em nome da esperança 
Eterna criança que vive, brincando, no peito   
Dos homens que sabem da força que tem o respeito    
Para com os seus semelhantes, 
Na luta por seus direitos
Que traga a alegria o toque feliz deste sino      
E faça dançar nas ruas meu povo menino”.
Gonzaguinha

INTRODUÇÃO
Os símbolos que decoram uma Loja, independente do Rito ali praticado, conduz o construtor social através do esforço e dedicação à Beleza e à Perfeição. Esse construtor social, o maçom, representa em um primeiro momento o homem rude, pedra a ser desbastada, saído das cavernas escuras, que anseia habitar ambientes iluminados, simétricos e harmônicos. No entanto verifica o quão difícil é viver sem o preparo adequado para enfrentar os infortúnios da vida, longe da escuridão chamada ignorância.
Descobrir, conhecer, explorar, viajar em busca do conhecimento, é dúvidas ações satisfatórias, porém devemos ter em mente que o conhecimento deve ser muito bem formado. A ideia de o conhecimento ser algo perigoso não é algo recente. Vejamos o relatado em Gênesis, Adão foi expulso do paraíso após comer do fruto da árvore do conhecimento.
O Painel do Aprendiz trata da representação ideal de uma Loja Maçônica, com todos os símbolos reveladores dos ensinamentos necessários para o Grau de Aprendiz Maçom, é a grande codificação do conhecimento almejado. Identificar, traduzir, tais elementos é se preparar, com os cuidados necessários, para gradativamente adquirir conhecimento e assim enfrentar as dificuldades na vida maçônica e profana. Cada símbolo apresentado no Painel possui, sem dúvidas, profunda significação, muito mais eloquente do que meras palavras, muito mais ancestral do que qualquer filosofia.
Segundo Albert Galetin Mackey “Entre as várias maneiras de se instruir leigos, o estudioso da Maçonaria tem predileção por duas delas: as lendas e os símbolos. Quase absolutamente, tudo o que se sabe e o que se pode saber sobre o sistema filosófico ensinado na instituição se deve a isso. Todos os mistérios e dogmas que constituem sua filosofia são transmitidos ao neófito através de um ou outro método de instrução, às vezes, por uma combinação de ambos. Da Maçonaria – ou dos conhecimentos esotéricos da Ordem – só é possível o entendimento por meio de uma lenda ou símbolo”[1].
Logo, se temos predileção por lendas e símbolos, como diz o codificador dos LandMarks e estamos buscando conhecimento para lapidarmos nossa pedra bruta e nos fazermos verdadeiros Construtores Sociais, dediquemos o presente trabalho ao estudo de um dos símbolos existentes no Painel do Grau de Aprendiz Maçom, A Âncora.

O ESTUDO
Antes de iniciarmos qualquer estudo acerca da simbologia, temos de buscar entendimento do momento histórico no qual foi inserido o símbolo, ou ao menos ter em mente tal período. Ainda segundo Mackey existem questões obrigatórias a um investigador da verdade, as quais este deverá propor, bem no início da inquirição e que devem ser claramente respondidas antes mesmo que se compreenda o verdadeiro caráter da Maçonaria como instituição simbólica. É necessário saber um pouco a respeito de seus antecedentes antes de se poder apreciá-la.
Para chegarmos então ao objeto de estudo, A Âncora, precisamos entender outros conjuntos simbólicos, em especial o Painel de aprendiz utilizado em nossas Lojas (GLESP – REAA), onde se vê as três colunas e a Escada de Jacó, nesta insere-se nos degraus outros símbolos, dos quais está a âncora. O painel, segundo estudiosos, tem sua origem na Grande Loja Unida da Inglaterra e foi pintado por John Harris em 1825.
Sabemos então, que a origem é Inglesa e data de 1825; desta feita precisamos entender agora o que ocorria na Inglaterra na citada data e claro quem foi John Harris e suas influências.
Tirando os escritos maçônicos, nos quais constam assuntos acerca do Painel do Grau, não encontraremos facilmente notas biográficas de John Harris, ao menos esse do Painel.
Mas o mundo em 1825 passava por transformações e a Inglaterra era sem dúvidas o centro do mundo. Instalava-se a primeira ferrovia Inglesa; Sir Humphry Davy presidia a Royal Society; no Brasil, Portugal reconhecia após 3 anos a independência da colônia; Uruguai declarava sua Independência do Império do Brasil, independências lideradas por maçons.
Vemos então um fervilhar político e social no velho e no novo mundo, sempre encabeçados por irmãos influentes, os quais nem sempre estavam do mesmo lado. No entanto todos lutavam por um mesmo ideal, tornar feliz humanidade, claro, cada um dentro de seu ponto de vista.
Assim sendo, é natural que para simbolizar as ações e assim materializar tais ideais, inserindo-os não somente na mente dos mais experimentados maçons, mas principalmente nos neófitos, pois seriam moldados e mudariam a ordem em busca da unidade.
Com certeza Harris, inserido no cenário social, sabia que precisava trazer elementos que garantissem a unidade maçônica e ainda representassem os ensinamentos, mas que também trouxesse conforto aos que buscavam pelo conhecimento e lutavam por nobres ideais.
Daí entendo a razão de se inserir na escada de Jacó os símbolos das virtudes teologais: Fé, Esperança e Caridade (Amor).

A ANCORA
A âncora, símbolo da firmeza, da força, da tranquilidade, da esperança e fidelidade. Destarte, é a representação da estabilidade humana, ou seja, é capaz de manter-nos estáveis frente aos arreveses da vida, assim como real função não simbólica mantém a estabilidade das embarcações.
Possui também uma simbologia negativa, a âncora pode ser tida como a representação do atraso, ser o entrave, na medida em que se fixa em determinado lugar, não permitindo o próximo passo da evolução da consciência. Em sua simbologia mais clássica, a âncora é o último refúgio do marinheiro, ou seja, a esperança frente à tormenta que açoita as embarcações. Simboliza, nesse ínterim, o conflito entre a terra e a água, que deve ser porto a termo e desta forma, a terra e a água juntas fecundem em harmonia.
Aqui vale algumas reflexões, externadas durante discussões sobre o tema, feitas por irmãos. Ao falarmos sobre o aspecto negativo da simbologia deparamos com a questão dos grãos de areia que nos incomoda, sujam o local que foi limpo, porém, com o vento os grãos são levados para longe, assim como os problemas, basta apenas deixar o tempo resolver e este agirá como o vento limpando, levando para longe a areia. A areia seria a ancora que nos deixa estagnados, o vento seria o ato de recolher a ancora e permitir que a embarcação navegue[2]; ou seja simples atitudes como o passar do tempo podem nos devolver a paz.
Do mesmo modo, a embarcação que aportou em um local de mar com águas turvas, mesmo assim o comandante manda que se lançe a ancora,de certo muitos mormuram, “não deveríamos ter lançado ancora neste porto de águas sujas, porém o sábio comandante conhece o momento de parar de navegar, sabe controlar a ansiedade e assim, esperar as águas turvas serem levadas pelas ondas e pela correnteza; aportado o sábio tem a convicção que não irá navergar com as águas sujas, que é uma situação temporária, não deve se desesperar, pois no exato momento levantará sua ancora e poderá navegar em águas límpidas[3].
Tais pensamentos revelam que nem sempre a estagnação é prejudicial, esta se conscientemente empregada poderá ser uma excelente ferramenta de gestão. 
Voltando aos significados do símbolo em estudo.
Há outra representação que separa a âncora em duas partes: um semicírculo e uma cruz, este símbolo, recebe o nome de Cruz de Escora. O semicírculo trata-se da representação do mundo espiritual, enquanto a cruz (eixo central da âncora) é a representatividade do mundo material. Tal simbologia, âncora estilizada, conhecida como Cruz de Escora, serviu na antiguidade para ocultar o verdadeiro símbolo a Cruz dos Cristãos, protegendo da perseguição romana. Encontrar a Ancora era saber que ali poderiam ter um local seguro e assim a esperança em professarem tranquilamente suas crenças.


A ESPERANÇA
A Esperança é a virtude que nos ajuda a desejar e a esperar tempos de bonança em nossas vidas. Frequentemente, passamos por momentos difíceis não existir soluções para os infortúnios. A violência cotidiana é jogada massiçamente em nossos olhos pelos meios de comunicação, banalizando a vida e os bons hábitos.
É preciso mais do que nunca refletir sobre tudo o que está acontecendo, identificar a falha e buscar uma solução. Sozinhos, não somos nada, mas, unidos como verdadeiros Irmãos e sob a égide do Grande Arquiteto do Universo, tudo podemos. A esperança nos conduz identificar os óbices e vencer.

CONCLUSÃO

“…para que nós, que nos refugiamos no acesso à esperança proposta, sejamos grandemente encorajados por meio de duas afirmações imutáveis, nas quais é impossível que Deus minta. Essa esperança é para nós como âncora da alma, firme e segura, a qual tem pleno acesso ao santuário interior, por trás do véu, ...”
(Hebreus 6:18-19)

A Esperança, cantada por Gonzaguinha, nos ensina a autopreservação diante as dificuldades, a nos mantermos estáveis, como a Âncora que a simboliza no meio da Escada de Jacó. Neste ínterim, o Maçom que se faz constante em seus propósitos, sempre empenhado nas causas justas, irá superar as dificuldades, alcançando êxito completo.
Portanto concluímos ser verdadeira a resposta à pergunta O QUE SIGNIFICA A ÂNCORA?    A âncora se traduz na esperança sugerida aos maçons, revelando a estes à segurança com que se alcançará os verdadeiros objetivos traçados na prancheta da vida.

BIBLIOGRAFIA
·         Ritual do Aprendiz Maçom GLESP-2006
·         Bíblia Sagrada – Almeida Revisada e Atualizada.
·         MACKEY, Albert G. O SIMBOLISMO DA MAÇONARIA / Albert G. Mackey. – São Paulo : Universo dos Livros, 2008. Tradução: Caroline Furukawa.
                                
                                             
Ir\ EUCLIDES CACHIOLI DE LIMA


Or\De  São Paulo, 01 de dezembro de 2017 ( E\V\)


[1] MACKEY, Albert G. O Simbolismo da Maçonaria / Albert G. Mackey. – São Paulo : Universo dos Livros, 2008. Tradução: Caroline Furukawa.
[2] SILVA, Nivaldo Ferreira.  Mestre Maçom da ARLS Cavaleiros do Hermon 335 – 1º Vigilante – 2017/2018.
[3] SILVA, Marcelo. Mestre Instalado da ARLS Cavaleiros do Hermon 335 – Venerável Mestre – 2017/2018.