QUEM SOMOS

CAVALEIROS - alusão aos Templários, às Cruzadas e à Távola Redonda. HERMON - o termo remete-nos ao Monte Hermon, em cujo topo se forma a neblina que se condensa em forma de garoa, o orvalho consagrado pelo Salmo 133. Essa precipitação "tolda parcialmente o sol escaldante do sul do Líbano, e umedece seu solo, transformando-o numa das regiões mais férteis e amenas do Oriente Médio."

Nós Cavaleiros do Hermon, na constante busca para tornar feliz a humanidade, sob a égide do Grande Arquiteto do Universo, que é Deus, nos reunimos às sextas-feiras a partir das 20h00 , na Avenida Pompéia, 1402 - Templo Ir.'. Willian Bucheb - São Paulo - SP.

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

EQUINÓCIOS E SOLSTÍCIOs



Os Equinócios e Solstícios, sempre estudados em Maçonaria,  assinalam as posições do movimento do sol e a incidência de seus raios na superfície da terra. Marcam assim o início de cada uma das estações do ano; tudo diretamente ligado a inclinação do eixo terrestre, somados ao movimento de translação.
 Como resultado, têm-se a existência das estações do ano e uma diferença na duração dos dias e das noites, ao longo do ano. Ou seja, maior período de escuridão, ou maior período de luz. Verifica-se, que o Sol, em determinadas épocas estará mais “ao sul”, ou mais “ao norte”.
O objetivo não é em momento algum contrapor trabalhos já existentes e publicados sobre o tema, mas sim tentar enchergar as causas naturais como alguns povos antigos enchergavam, e sem ao certo saberem o que ocorria na natureza criavam suas alegorias, justificando as enterperes e também as benesses, ao bel prazer das divindades. Veremos que os símbolos utilizados em maçonaria guardam relação estreita com os mitos greco-romanos, e com outros povos da antiguidade e assim compreendendo algumas práticas maçônicas e profanas.
Solstício é o limite máximo alcançado por ele, seja mais ao Norte ou ao Sul. A impressão é de que a posição do sol estabilizou-se.
Quando o Sol atinge o limite máximo, ao sul, inicia-se a estação do verão. Esse dia é o dia mais longo do ano. Ao atingir o limite máximo ao norte no horizonte, o Sol inaugura a estação de inverno. Nesse dia, será a noite mais longa do ano. Quando no hemisfério sul ocorrer o solstício de verão, ao mesmo tempo, no hemisfério norte ocorrerá o solstício de inverno, e vice-versa.
Agora, quando os dois hemisférios posicionam-se igualmente em relação ao sol , surgem os equinócios; tanto o hemisfério sul quanto o hemisfério norte recebem a mesma quantidade de luz, fazendo com que o dia e a noite tenham a mesma duração. Temos então, primavera e outono. Logo, em cada hemisfério, em dois dias do ano, ocorrerão os equinócios[1].
Mas como explicar isso sem a tecnologia, estudos aprofundados e em uma época marcada por dogmas, crenças e mistérios.

Mito da origem das estações
- Deméter e Perséfone
Deméter era a deusa do trigo e, de um modo geral, de toda a terra cultivada. Senhora dos cereais, não admira que os Romanos lhe tenham chamado Ceres.
De seu relacionamento com Zeus, teve uma filha de nome Perséfone (Prosérpina, como a chamavam os Romanos). A jovem deusa, muito bela e feliz, cresceu vivendo em companhia das ninfas e de suas irmãs, Ártemis e Atena.
Hades, o deus do mundo inferior, irmão de Zeus e, portanto, tio de Perséfone, apaixonou-se perdidamente por ela. Certa vez, enquantoa jovem deusa passeava, ao colher uma flor, a terra abriu-se de repente e Hades surgiu, raptando-a, levando-a ao mundo inferior. Ouvindo os gritos da filha, Deméter correu para a ajudar, mas nada pôde fazer. Nem sequer sabia onde ela estava tampouco quem a tinha levado.
Desesperada, percorre o mundo, de Norte ao Sul, de Leste a Oeste, da Superfície ao Céu em busca da filha; sem comer nem beber, sem se preocupar com o seu aspeto nem tratar de si, sem cuidar de nenhuma das suas tarefas. Acabou por conseguir ajuda de Hélios o Sol, que tudo vê, e este revelou quem fora o raptor da filha. Decidiu então não mais voltar ao Olimpo, a morada dos deuses, renunciando às suas atribuições divinas até que a filha lhe fosse devolvida.
A terra ficou estéril e os homens com fome, pois as culturas secaram e morreram. O mundo era devastação e abandono. Então Zeus, responsável pela ordem no mundo, preocupado com a calamidade causada pela mágoa de Deméter, ordenou a Hades que devolvesse Perséfone. A jovem, porém, por fome ou instigada por Hades, comera já um bago de romã no mundo das sombras, tendo o pequeno gesto, como um cunho inextinguível em seu corpo, ligando-a  para sempre ao reino do marido.

- A Romã
Façamos aqui um parêntese, mais uma simbologia maçônica “A Romã”.
A romã é considerada uma infrutescência, símbolo da fecundidade e da fertilidade uma vez que possui uma grande quantidade de sementes. Originária da Pérsia ou do Irã, considerada uma relíquia sagrada da natureza, a romã é utilizada desde a antiguidade e simboliza o amor, a vida, a união, a paixão, o sagrado, o nascimento, a morte e a imortalidade. É ainda o emblema solar, que representa segundo sua cor e forma, a fertilidade (útero materno) e o sangue vital. Em maçonaria, representa a união dos maçons, as sementes do fruto significam a solidariedade, a humildade e a prosperidade. Ou seja, as sementes representam a união fraternal dos filhos de uma mesma mãe, a Romã como um todo personifica a própria Maçonaria.
Voltando a Perséfone, Hades e Demeter; Zeus interveio e então chega a uma solução de compromisso e a um acordo: Perséfone passaria metade do ano com a mãe, no Olimpo, e a outra metade no mundo Inferior.
Assim, quando Deméter, está feliz com a filha a natureza floresce: é o tempo da primavera e do verão. Mas quando Perséfone tem de regressar para junto de Hades, Deméter mergulha de novo na maior tristeza: começa então o outono, seguido do inverno. E é essa a causa do ciclo das quatro estações[2].
Os mitos fonte fecunda do imaginário humano, que ajuda no entendimento as relações humanas guardando a chave para o entendimento do mundo e de sua análise a partir de nossa mente. A clássica mitologia grega, com suas lendas, deuses, semideuses, heróis e suas batalhas tendem a revelar a mente humana e seus caminhos cheios de curva e de características peculiares. Os mitos estão presentes em nossas vidas, não importa em que tempo ou local, por isso característica atemporal.
No mito de Demeter e Perséfone entendemos a explicação dos antigos para as mudanças climáticas promovidas pelas estações do ano. Pudemos verificar que abundancia é sinônimo de felicidade, e que o rigoroso inverno entristece, esteriliza a terra. Daí o ensinamento de sermos precavidos, isso em todos os aspectos de nossas vidas, analisar os fatos, estarmos como Hélios sempre atento a tudo, para sabermos como lidar com tempos difíceis, e caso de infortúnios, aprendemos também a importância de negociar, assim como fez Zeus com Hades garantindo a harmonia, em que pese da disputa entre Demeter e o deus do Mundo Inferior não ter havido um vitorioso em absoluto.

Cornucópia – O Chifre da Abundância
- A Joia do Mestre de Banquetes
Ao estudarmos Equinócios e Solstícios, nos deparamos com outras tantas práticas. As festas pagãs receberam este nome devido a prática utilizada pelos pagãos, do Latim paganus, significando Camponês ou Rustico.
Resumidamente, os pagãos embora religiosos, por vezes não possuíam condições de estarem na cidade, deslocando-se à igreja ou a sede do poder, para assim agradecer pela colheita, bem como pagarem suas indulgências, ou dízimos. Surge então a ideia de realizarem as festas de agradecimento, bem como fazerem suas ofertas no próprio local onde residiam.
Surgem então as festas pagãs. Uma das mais conhecidas era o festival da segunda colheita marcada pela abundância e fartura dos alimentos, onde o quinhão ofertado era armazenado e posteriormente consumido nos difíceis e rigorosos dias de Inverno.
Falamos, portanto, de uma Festa relacionada ao fim do Equinócio de Outono e início do Solstício de Inverno, para nós no hemisfério sul marcado com data próxima ao final do mês de junho, coincidindo com o dia São João Batista. No hemisfério Norte com o dia de São João Evangelista.
Verificamos então que o calendário cristão estabeleceu datas para seus santos próximas das comemorações pagãs. Uma questão estratégica que se perpetrou no tempo.
O Sabá de Mabon, o Equinócio de Outono no hemisfério norte, é um Festival da Colheita. Tem como símbolo, a Cornucópia – o Chifre ou o Corno da Abundância. Mais uma vez deparamo-nos com a Mitologia Grega. Disse o Oráculo que Cronos seria destronado por um de seus filhos; Cronos então, passa a devorar seus filhos logo após o nascimento.
Réia, sua esposa, salva uma das crianças - a quem deu o nome de Zeus entregando-o a Ninfa Amaltéia princesa de Creta e demais ninfas do Monte Ida. Amaltéia faz com que a criança se amamente pela Cabra Aix criação do próprio deus Hélios, o Sol.
Dizia ainda a profecia que Zeus somente venceria Cronos após a morte de Aix. Então Zeus, após a morte da Cabra, em agradecimento, retirou um de seus chifres e presentou Amaltéia. Esse chifre seria uma fonte inesgotável de suprimentos e tudo mais o que ela desejasse. Zeus ainda elevou a Cabra Aix aos Céus e a transformou na Constelação de Capricórnio, eternizando-a.
Zeus sabendo do temor de Cronos e demais Titãs,  pela cabra, retirou sua pele e a entregou a Hefesto o ferreiro dos deuses, e este, fabricou uma armadura a qual foi revestida com o couro do caprino e ficou conhecido como a Égide de Zeus, permitindo a este enfrentar e derrotar os Titãs.
O Sol no Solstício de Verão atinge seu Zênite, ao observarmos a trajetória do astro rei pela esfera celeste, verificamos sua passagem pela Constelação de Capricórnio no período compreendido entre 22 de Dezembro a 20 de Janeiro. O Hélios chega ao ápice de Poder, de luz e calor e declinando quando ainda está passando por Capricórnio – o Signo da Cabra.
O mito de Amaltéia e da cabra Aix simboliza a generosidade e o sacrifício em prol de um bem comum. O Chifre é um Símbolo fálico, de Fertilidade e que representa o Deus Cornífero. Na Antiguidade era muito comum o uso de um vaso chamado Rhyton – um vaso utilizado para beberagens e libações, semelhante à Cornucópia e aos seus atributos de abundância e Fertilidade[3].
Conclui-se então que a Cornucópia, símbolo do Mestre de Banquetes, é muito mais do que um símbolo de abundância e fartura, é também o símbolo do amor fraternal de bem servir, de doação e dedicação aos que comungam do árduo trabalho de construtores sociais, que ao final do dia de labor necessitam repor suas energias com um ágape fraternal.

CONCLUSÃO
Os símbolos utilizados em maçonaria guardam relação estreita com os mitos greco-romanos, e com outros povos da antiguidade. Na peça em questão utilizamos para explicar que Solstícios e Equinócios eram comemorados na antiguidade em agradecimento aos deuses, ou a natureza, pelo alimento conquistado naquele período. Comemoravam ainda, principalmente o findar de mais um ciclo de trabalho, com o findar do Equinócio de Outono e início do Solstício de Inverno; prática esta que chegou às graças dos iniciados, em especial os maçons, os quais em seus banquetes ritualísticos comemoram o findar de cada semestre maçônico.
Ficou ainda notório a interligação dos assuntos, pois verificou-se também a importância de outra figura, as vezes relegada ao ostracismo das práticas em loja, falamos da figura do Mestre de Banquetes, o promotor da concórdia e do sustento dos trabalhadores da pedra e das construções.
Assim, arremata-se mais uma reflexão onde provou-se a sabedoria dos ensinamentos maçônicos, que nos ensinou que amor e ódio caminham juntos, que devemos combater nossas paixões, para não sermos vencidos por elas, como ocorreu com Cronos; submetermos nossas vontades, assim como foi feito com Hades e Demeter, que passaram a dividir a atenção de Perséfone; fazendo assim novos progressos e estreitando os laços de amizade e reconhecimento, assim como ocorreu com Zeus, que por gratidão após ser criado e alimentado por Amaltéia e a cabra Aix, se mostrou agradecido e as eternizou. Fazendo com que as mesmas ganhassem um lugar entre eles, os deuses olímpicos.
Quanto a nós, assim como Demeter, devemos nos esforçarmos, apesar de as vezes parecer impossível, para mantermos a unidade, devemos sermos a romã maçônica, devemos permitir que o mestre de banquetes nos forneça a cada dia uma nova porção de romã, promovendo a união indissolúvel, pois já dizia o velho ditado família que ceia unida permanece unida, tal é esta verdade que Hades usou da alimentação para se unir a Perséfone, Pitágoras, Zoroastro e Jesus, sentavam-se a mesa com seus discípulos. E as Lojas de Mesa, também chamadas “Jantar Ritualístico” é uma prática entre os maçons.
Com certeza esta não é a verdade absoluta, mas sem dúvida é o ponto de partida para explicar simbologias simples que os homens tendem a complicar com teorias das mais variadas.

BIBLIOGRAFIA
Aprediz Maçom, Ritual do Simbolismo/GLESP. 10ª Ed. São Paulo, 2014.
ASLAN, Nicola. Comentários ao Ritual de Aprendiz: Vade-Mecum Iniciático. Ed. A Trolha. Londrina/PR, 1995.
ASLAN, Nicola. Grande Dicionário de Maçonaria e Simbologia. Ed. A Trolha. Londrina/PR. Londrina/PR, 1996.        
BELTRÃO, Carlos Alberto Baleeiro. As Abreviaturas na Maçonaria. Madras Editora. São Paulo/SP, 1999.   
CARVALHO, Assis. Cargos em Loja. 7. ed. Ed. A Trolha, Londrina/PR 1998.
FIGUEIREDO, Joaquim Gervásio de. Dicionário de Maçonaria: Seus Mistérios, Seus Ritos, sua Filosofia, sua História. Ed. Pensamento. São Paulo/SP, 2000.
FRANCHINI, A.S. et  SEGANFREDO, Carmen. AS 100 MELHORES HISTÓRIAS DA MITOLOGIA – Deuses, heróis, monstros e guerras da tradição greco-romana. L & PM Editores. Porto Alegre/RS, 2011
GUIMARÃES, João Nery. A Maçonaria e a Liturgia: Uma Poliantéia Maçônica.
Ed. A Trolha. Londrina/PR, 1998.
PACHECO Jr., Walter. Entre o Esquadro e o Compasso. 2 ed. Editora A Trolha. Londrina/PR 1997.
STEPHANIDES, Menelaos. OS DEUSES DO OLIMPO. editora Odysseus. São Paulo/SP, 2010.
RODRIGUES, Régis. – GEOGRAFIA sitio eletrônico Brasil Escola.
Centro de Estudos Clássicos – Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa  http://www.olimpvs.net/index.php/mitologia/a-origem-das-estacoes/  - Acesso em: 141200DEZ17.

Revista BTW – Wicca Tradicional Britânica - Coven Caldeirão de Cerridwen - RJ - Tradição Gardneriana.


Ir EUCLIDES CACHOLI DE LIMA
MM



[1] Professor Régis Rodrigues – Bacharel em Geografia – Brasil Escola.
[2] Centro de Estudos Clássicos – Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa
  http://www.olimpvs.net/index.php/mitologia/a-origem-das-estacoes/
[3] Fonte : Revista BTW - Coven Caldeirão de Cerridwen - RJ - Tradição Gardneriana

domingo, 7 de janeiro de 2018

ANCORA


ANCORA
Símbolo de uma Virtude Teologal


“Que toquem os sinos em nome da esperança 
Eterna criança que vive, brincando, no peito   
Dos homens que sabem da força que tem o respeito    
Para com os seus semelhantes, 
Na luta por seus direitos
Que traga a alegria o toque feliz deste sino      
E faça dançar nas ruas meu povo menino”.
Gonzaguinha

INTRODUÇÃO
Os símbolos que decoram uma Loja, independente do Rito ali praticado, conduz o construtor social através do esforço e dedicação à Beleza e à Perfeição. Esse construtor social, o maçom, representa em um primeiro momento o homem rude, pedra a ser desbastada, saído das cavernas escuras, que anseia habitar ambientes iluminados, simétricos e harmônicos. No entanto verifica o quão difícil é viver sem o preparo adequado para enfrentar os infortúnios da vida, longe da escuridão chamada ignorância.
Descobrir, conhecer, explorar, viajar em busca do conhecimento, é dúvidas ações satisfatórias, porém devemos ter em mente que o conhecimento deve ser muito bem formado. A ideia de o conhecimento ser algo perigoso não é algo recente. Vejamos o relatado em Gênesis, Adão foi expulso do paraíso após comer do fruto da árvore do conhecimento.
O Painel do Aprendiz trata da representação ideal de uma Loja Maçônica, com todos os símbolos reveladores dos ensinamentos necessários para o Grau de Aprendiz Maçom, é a grande codificação do conhecimento almejado. Identificar, traduzir, tais elementos é se preparar, com os cuidados necessários, para gradativamente adquirir conhecimento e assim enfrentar as dificuldades na vida maçônica e profana. Cada símbolo apresentado no Painel possui, sem dúvidas, profunda significação, muito mais eloquente do que meras palavras, muito mais ancestral do que qualquer filosofia.
Segundo Albert Galetin Mackey “Entre as várias maneiras de se instruir leigos, o estudioso da Maçonaria tem predileção por duas delas: as lendas e os símbolos. Quase absolutamente, tudo o que se sabe e o que se pode saber sobre o sistema filosófico ensinado na instituição se deve a isso. Todos os mistérios e dogmas que constituem sua filosofia são transmitidos ao neófito através de um ou outro método de instrução, às vezes, por uma combinação de ambos. Da Maçonaria – ou dos conhecimentos esotéricos da Ordem – só é possível o entendimento por meio de uma lenda ou símbolo”[1].
Logo, se temos predileção por lendas e símbolos, como diz o codificador dos LandMarks e estamos buscando conhecimento para lapidarmos nossa pedra bruta e nos fazermos verdadeiros Construtores Sociais, dediquemos o presente trabalho ao estudo de um dos símbolos existentes no Painel do Grau de Aprendiz Maçom, A Âncora.

O ESTUDO
Antes de iniciarmos qualquer estudo acerca da simbologia, temos de buscar entendimento do momento histórico no qual foi inserido o símbolo, ou ao menos ter em mente tal período. Ainda segundo Mackey existem questões obrigatórias a um investigador da verdade, as quais este deverá propor, bem no início da inquirição e que devem ser claramente respondidas antes mesmo que se compreenda o verdadeiro caráter da Maçonaria como instituição simbólica. É necessário saber um pouco a respeito de seus antecedentes antes de se poder apreciá-la.
Para chegarmos então ao objeto de estudo, A Âncora, precisamos entender outros conjuntos simbólicos, em especial o Painel de aprendiz utilizado em nossas Lojas (GLESP – REAA), onde se vê as três colunas e a Escada de Jacó, nesta insere-se nos degraus outros símbolos, dos quais está a âncora. O painel, segundo estudiosos, tem sua origem na Grande Loja Unida da Inglaterra e foi pintado por John Harris em 1825.
Sabemos então, que a origem é Inglesa e data de 1825; desta feita precisamos entender agora o que ocorria na Inglaterra na citada data e claro quem foi John Harris e suas influências.
Tirando os escritos maçônicos, nos quais constam assuntos acerca do Painel do Grau, não encontraremos facilmente notas biográficas de John Harris, ao menos esse do Painel.
Mas o mundo em 1825 passava por transformações e a Inglaterra era sem dúvidas o centro do mundo. Instalava-se a primeira ferrovia Inglesa; Sir Humphry Davy presidia a Royal Society; no Brasil, Portugal reconhecia após 3 anos a independência da colônia; Uruguai declarava sua Independência do Império do Brasil, independências lideradas por maçons.
Vemos então um fervilhar político e social no velho e no novo mundo, sempre encabeçados por irmãos influentes, os quais nem sempre estavam do mesmo lado. No entanto todos lutavam por um mesmo ideal, tornar feliz humanidade, claro, cada um dentro de seu ponto de vista.
Assim sendo, é natural que para simbolizar as ações e assim materializar tais ideais, inserindo-os não somente na mente dos mais experimentados maçons, mas principalmente nos neófitos, pois seriam moldados e mudariam a ordem em busca da unidade.
Com certeza Harris, inserido no cenário social, sabia que precisava trazer elementos que garantissem a unidade maçônica e ainda representassem os ensinamentos, mas que também trouxesse conforto aos que buscavam pelo conhecimento e lutavam por nobres ideais.
Daí entendo a razão de se inserir na escada de Jacó os símbolos das virtudes teologais: Fé, Esperança e Caridade (Amor).

A ANCORA
A âncora, símbolo da firmeza, da força, da tranquilidade, da esperança e fidelidade. Destarte, é a representação da estabilidade humana, ou seja, é capaz de manter-nos estáveis frente aos arreveses da vida, assim como real função não simbólica mantém a estabilidade das embarcações.
Possui também uma simbologia negativa, a âncora pode ser tida como a representação do atraso, ser o entrave, na medida em que se fixa em determinado lugar, não permitindo o próximo passo da evolução da consciência. Em sua simbologia mais clássica, a âncora é o último refúgio do marinheiro, ou seja, a esperança frente à tormenta que açoita as embarcações. Simboliza, nesse ínterim, o conflito entre a terra e a água, que deve ser porto a termo e desta forma, a terra e a água juntas fecundem em harmonia.
Aqui vale algumas reflexões, externadas durante discussões sobre o tema, feitas por irmãos. Ao falarmos sobre o aspecto negativo da simbologia deparamos com a questão dos grãos de areia que nos incomoda, sujam o local que foi limpo, porém, com o vento os grãos são levados para longe, assim como os problemas, basta apenas deixar o tempo resolver e este agirá como o vento limpando, levando para longe a areia. A areia seria a ancora que nos deixa estagnados, o vento seria o ato de recolher a ancora e permitir que a embarcação navegue[2]; ou seja simples atitudes como o passar do tempo podem nos devolver a paz.
Do mesmo modo, a embarcação que aportou em um local de mar com águas turvas, mesmo assim o comandante manda que se lançe a ancora,de certo muitos mormuram, “não deveríamos ter lançado ancora neste porto de águas sujas, porém o sábio comandante conhece o momento de parar de navegar, sabe controlar a ansiedade e assim, esperar as águas turvas serem levadas pelas ondas e pela correnteza; aportado o sábio tem a convicção que não irá navergar com as águas sujas, que é uma situação temporária, não deve se desesperar, pois no exato momento levantará sua ancora e poderá navegar em águas límpidas[3].
Tais pensamentos revelam que nem sempre a estagnação é prejudicial, esta se conscientemente empregada poderá ser uma excelente ferramenta de gestão. 
Voltando aos significados do símbolo em estudo.
Há outra representação que separa a âncora em duas partes: um semicírculo e uma cruz, este símbolo, recebe o nome de Cruz de Escora. O semicírculo trata-se da representação do mundo espiritual, enquanto a cruz (eixo central da âncora) é a representatividade do mundo material. Tal simbologia, âncora estilizada, conhecida como Cruz de Escora, serviu na antiguidade para ocultar o verdadeiro símbolo a Cruz dos Cristãos, protegendo da perseguição romana. Encontrar a Ancora era saber que ali poderiam ter um local seguro e assim a esperança em professarem tranquilamente suas crenças.


A ESPERANÇA
A Esperança é a virtude que nos ajuda a desejar e a esperar tempos de bonança em nossas vidas. Frequentemente, passamos por momentos difíceis não existir soluções para os infortúnios. A violência cotidiana é jogada massiçamente em nossos olhos pelos meios de comunicação, banalizando a vida e os bons hábitos.
É preciso mais do que nunca refletir sobre tudo o que está acontecendo, identificar a falha e buscar uma solução. Sozinhos, não somos nada, mas, unidos como verdadeiros Irmãos e sob a égide do Grande Arquiteto do Universo, tudo podemos. A esperança nos conduz identificar os óbices e vencer.

CONCLUSÃO

“…para que nós, que nos refugiamos no acesso à esperança proposta, sejamos grandemente encorajados por meio de duas afirmações imutáveis, nas quais é impossível que Deus minta. Essa esperança é para nós como âncora da alma, firme e segura, a qual tem pleno acesso ao santuário interior, por trás do véu, ...”
(Hebreus 6:18-19)

A Esperança, cantada por Gonzaguinha, nos ensina a autopreservação diante as dificuldades, a nos mantermos estáveis, como a Âncora que a simboliza no meio da Escada de Jacó. Neste ínterim, o Maçom que se faz constante em seus propósitos, sempre empenhado nas causas justas, irá superar as dificuldades, alcançando êxito completo.
Portanto concluímos ser verdadeira a resposta à pergunta O QUE SIGNIFICA A ÂNCORA?    A âncora se traduz na esperança sugerida aos maçons, revelando a estes à segurança com que se alcançará os verdadeiros objetivos traçados na prancheta da vida.

BIBLIOGRAFIA
·         Ritual do Aprendiz Maçom GLESP-2006
·         Bíblia Sagrada – Almeida Revisada e Atualizada.
·         MACKEY, Albert G. O SIMBOLISMO DA MAÇONARIA / Albert G. Mackey. – São Paulo : Universo dos Livros, 2008. Tradução: Caroline Furukawa.
                                
                                             
Ir\ EUCLIDES CACHIOLI DE LIMA


Or\De  São Paulo, 01 de dezembro de 2017 ( E\V\)


[1] MACKEY, Albert G. O Simbolismo da Maçonaria / Albert G. Mackey. – São Paulo : Universo dos Livros, 2008. Tradução: Caroline Furukawa.
[2] SILVA, Nivaldo Ferreira.  Mestre Maçom da ARLS Cavaleiros do Hermon 335 – 1º Vigilante – 2017/2018.
[3] SILVA, Marcelo. Mestre Instalado da ARLS Cavaleiros do Hermon 335 – Venerável Mestre – 2017/2018.